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História Drunkenness - Neoqeav


Escrita por: GukChan

Notas do Autor


Olá <3
Olha, serei bem breve aqui. Fiz essa fanfic depois de viciar muito na música nova do Bang S2
Eu espero que todos gostem, e relevem os erros.
Ah, e escutem a música do Guk com a tradução, o link está nas notas finais ^^

Capítulo 1 - Neoqeav


Fanfic / Fanfiction Drunkenness - Neoqeav

Himchan pegou seu casaco e se preparou para mais um dia de trabalho, desde que ele se tornou um empresário renomeado, assumindo o cargo de seu pai na empresa Kim, sua vida virou um inferno, ele sabia que seria assim, pois era o herdeiro de um dos homens mais respeitados e conhecidos na Coréia.

Sua vida foi tão afetada que ele teve que abrir mão de tudo, da faculdade de fotografia, das festas com os amigos, do seu estilo pessoal e também da pessoa que ele mais amava, Bang Yongguk. O empresário não tinha mais tempo para dormir, quem dera cuidar de um relacionamento, as coisas começaram a ficar mais difíceis do que já estavam quando finalmente o mais velho conseguiu o reconhecimento que desejava como cantor de Rap. Além de tudo, o fato dele estar com outro homem era completamente mal visto na Coréia, o que acabaria com sua carreira profissional, ele, perderia todos os contatos e afundaria o que seu pai levou anos para construir.

Ao chegar no escritório, já começou a contar as horas para voltar para casa e se embebedar, pois era o que sempre fazia quando estava triste, e sem Yongguk, ele não tinha nenhum motivo para sorrir. Os primeiros meses para o empresário foram fáceis, pois ele ainda estava se encaixando nesse novo mundo, por isso não tinha tempo para pensar em nada, muito menos sentir falta de alguém. Porém essa última semana foi como um choque de realidade, quando estava indo para casa uma música de Yongguk passou no rádio. Nesse dia Himchan bebeu como se não houvesse o amanhã e acabou indo parar no hospital com coma alcoólico. Depois do acontecido, o rapper não sai mais da cabeça do menor, e tudo que ele pode fazer é se culpar.

Quando acabou o expediente, Himchan saiu praticamente correndo, o dia tinha sido sufocante o suficiente para que ele quisesse se matar. A sorte é que sua casa era perto do escritório, por isso podia ir andando e não enfrentaria o trânsito. No meio do caminho o empresário lembrou que não havia mais vinho em sua casa, muito menos cerveja, por isso passou em um mercado para comprar o que precisava.

De longe viu de longe a cafeteria na qual havia se encontrado com ele pela primeira vez. Desde que eles terminaram Himchan se proibiu de voltar àquele lugar, pois eram muitas as lembranças que tinha feito com ele naquele local, mas também se sentia mal por isso, pois o lugar era de seu melhor amigo Youngjae. O empresário olhou para as sacolas na sua mão com bebidas e suspirou, ele não podia viver assim para sempre, certo?

Quando passou pela porta da cafeteria um sininho soou e as memórias invadiram sua mente. No dia em que se viram pela primeira vez Yongguk estava vestindo uma calça jeans com detalhes rasgados e uma blusa preta que deixava parte de sua tatuagem à mostra, a beleza do moreno era surpreendente, por isso o outro não poderia deixar de capturar aqui, pegou a câmera e tirou uma foto, mas tinha esquecido de tirar o flash da mesma, assim que a luz brilhou o outro olhou em sua direção e sorriu, naquele momento Himchan sabia que estava ferrado.

No mesmo instante em que entrou se arrependeu de ter ido, talvez ainda tivesse chances de ir embora sem ser notado. Quando foi dar a meia volta escutou seu nome ser chamado.

- Chan?

Então ele congelou no lugar, não sabia mais o que estava fazendo, ele era covarde demais para ir embora, mas também covarde demais para ficar. Agora que estava lá não podia dar as costas ao amigo afinal, foi para vê-lo que Himchan foi até o local.

-Chan, ei, você finalmente veio! Pensei que eu teria que te sequestrar para ver meu amigo de novo! – disse abraçando o maior que apenas suspirou e bagunçou o cabelo do outro.

- Dae! Daehyun cuide do balcão para mim, por favor, logo eu volto! Yaah você pintou mesmo o cabelo!

- Oi pra você também Jae – deu uma risada fraca e viu Daehyun encarando os dois depois de ter colocado um Americano para cada – vocês ficam bem juntos, fico feliz que finalmente tenham conseguido a aprovação dos pais dele. Quando sai o casório?

- Aish, não seja apressado estamos namorando tem só alguns meses, ainda temos muito tempo.

Youngjae percebia a tristeza no rosto do outro por mais que ele sorrisse, não estava bem, eles eram amigos de infância, mesmo que ficassem anos sem falar o menor ainda saberia quando o outro está feliz e quando não está.

- E essas garrafas ai, vai dar alguma festa? Viu Himchan revirar os olhos.

- Você sabe que não -

- “Tenho tempo nem disposição para festas” .. é eu sei – Youngjae completou a frase que o outro repetia sempre que era chamado para sair. – Yah, vá devagar, você lembra o que aconteceu da última vez que você bebeu muito né? Não se arrisque por causa dele.

- Tá eu sei, eu sei. – Disse revirando os olhos, o dia em que foi parar no hospital Youngjae foi quem ficou ao seu lado todos os dias, até mesmo quando não podia, por isso tinha um amor muito especial pelo menor.

- Ah! Já sei do que você está precisando! Olha sábado eu estou livre, o que você acha de nós três irmos na boate que abriu aqui perto? Assim você pode esquecer aquele esqueleto ambulante.

- Ya! Não fale assim dele, podemos não estar juntos, mas eu não quero que ninguém fale mal. Principalmente você, que sabe o quando ele foi especial para mim. - Youngjae revirou os olhos e fez uma careta para o amigo. – Aish, não seja infantil.

- Ah, me lembrei de uma coisa... é sobre ele...

- Não quero falar disso Jae eu já disse que não quero saber dele. Não importa se ele ficou preocupado comigo ou não. Eu não suportaria ver ele de novo e fingir que está tudo bem!

- Ei me escuta pelo menos. Ele veio aqui esses dias, e entregou uma carta para Daehyun ... eu disse que ele não deveria ter pego, mas aquele menino tem um coração de manteiga, ficou com dó dele. Disse para te entregar apenas se você viesse aqui, e também só até hoje, se passasse desse dia ele deveria joga-la fora. Eu não sei o porque disso, eu até pensei em jogar fora assim que Dae me contou sobre ela, mas bom, eu não posso fazer decisões por você. – Falou reparando nas feições do outro para ter certeza de que estava fazendo a coisa certa.

Himchan deu um sorriso triste e bebeu seu Americano.

- Você sabe o por que de hoje ser o último dia?

- Não eu não li a carta, e ele também não disse nada. O Dae deveria ter perguntado? Aish.

- Hoje nós completaríamos 12 anos juntos. Sempre nessa data nós escrevíamos cartas um para o outro fazendo promessas, nos xingando, pedindo desculpas, dependia do nosso humor na época.

- Ah Hyung! Eu não sabia. Você quer que eu jogue a carta fora? Caso ele venha aqui eu posso falar que você não apareceu e-

- Não... Apenas.. Apenas me dê.

O menor soltou um suspiro, estava com medo da reação que o outro pudesse ter ficou um tempo analisando seu rosto até que se levantou da mesa e pediu para que Daehyun pegasse a carta atrás do balcão.

- Hyung, você tem certeza?

- Tenho Jae, eu só preciso de coragem para ler, e minha coragem está bem aqui. - disse apontando para as garrafas de vinho. - Depois acerto com você o Americano, vou ler em casa.

- Hyung espera!

Antes que pudesse falar algo o maior já tinha saído do local. Daehyun aproximou-se de si olhando para o local em que Himchan desaparecera.

-Não se preocupe amor, ele já é um homem maduro. Sabe se cuidar. – Deixou um beijo na cabeça do mais novo e apertou seus ombros.

-Da última vez ele parou no hospital por causa de uma música Dae, eu tenho medo do que possa acontecer agora.

-Nada vai acontecer não se preocupe! E dê uma chance à Yongguk também, você sabe que a culpa não foi dele. Agora deixa eu ir atender aquela mesa.

 

Himchan estava correndo na rua, ele precisava ler logo o que Yongguk tinha escrito, por mais que não quisesse admitir, tudo que era relacionado ao maior era como algo que ele precisasse para sobreviver. Quando chegou em casa nem se importou de tirar os sapatos ou mesmo de trancar a porta correu para o sofá e olhou a carta em suas mãos.

Agora que estava sozinho podia deixar suas emoções fluírem sem ter que se esconder de ninguém. Passou os dedos em cima da escrita "Para K. Himchan" enquanto as lágrimas caíram de seu rosto. Por mais que não quisesse, foi inevitável não se lembrar daquele dia.

 

 

Himchan tinha chegado tarde do trabalho mais uma vez e Yongguk como sempre estava esperando o mais novo para que jantassem juntos.

- Jagi, você demorou muito hoje, como os restaurantes já fecharam eu fiz um ramen, você está trabalhando demais, não pode deixar de se alimentar.

- Obrigado, mas não estou com fome, preciso terminar o trabalho, não me interrompa, por favor.

- Channie, você já ficou o dia inteiro no escritório, não dá pra relaxar um pouco?

- Relaxar como Yongguk? Eu tenho infinitos papéis para assinar e preencher. Como eu posso relaxar?

- Se você quiser, eu posso te ajudar...

- E o que você sabe sobre cuidar de uma empresa, se tudo que você faz é escrever umas músicas e ficar o dia todo no estúdio?

Yongguk o olhava com uma cara de espanto. Sabia que estava sendo grosso, mas o mais velho tinha que entender que agora a vida dele não era apenas uma brincadeira.

- O que deu em você hein? Apenas queria te ajudar para quem sabe passar um tempo com você

- Apenas não faça isso, deixa que eu resolvo minhas coisas, preocupe-se com as suas.

Disse já saindo para o escritório da sua casa enquanto sentia o olhar do outro queimando suas costas. Não percebeu quando pegou no sono, muito menos quando Yongguk levou-o para o quarto para que pudesse descansar direito.

Quando acordou sentiu-se triste pelo jeito que tinha falado com o namorado, por mais que ele estivesse se intrometendo, o outro só estava querendo ajudar. Então levantou decidido a pedir desculpas e tentar acabar o trabalho mais cedo.

Ao chegar na cozinha viu Yongguk preparar café enquanto falava com alguém no telefone. Apenas quando desligou que percebeu a presença do outro no batente da porta. Antes que pudesse falar qualquer coisa Yongguk disse:

- Eu acabei de falar com seu pai. Você está precisando descansar, tem mais de meses que você não faz nada a não ser trabalhar, até sua refeição está sendo deixada de lado. Eu pedi para que ele te desse apenas um dia de folga para esfriar a cabeça. Vamos passar lá na casa do campo. Você vai poder descansar, e também passaremos um tempo juntos. - Disse essa última frase com um sorriso no rosto.

- Yongguk você O QUE? - gritou com o maior. - Eu já não disse para se meter apenas na sua vida?! Sabe o que isso que você fez significa? Meu pai vai achar que eu desisti. Que eu não tenho competência para continuar na direção.. Você.. Você é inacreditável..

- Channie..

- Não! Não Yongguk, já deu! Eu não vou a lugar nenhum com você, eu não posso... Eu..

- Himchan..

- Não podemos mais continuar assim,eu estou estressado com todo o trabalho que tenho, mas agora essa é a nova vida que eu tenho, se você não puder me aceitar assim...

- Eu não posso Himchan! Não posso aceitar assim por que nós nem mesmo conseguimos manter uma conversa decente! - Yongguk aumentou sua voz, o que nunca tinha acontecido antes, ele nunca havia perdido o controle, e então lágrimas começaram a cair de seu rosto. – Eu estou tentando fazer de tudo para salvar nosso relacionamento e tudo que você faz é brigar comigo por causa dessa merda de trabalho que você nem mesmo queria estar fazendo, como você espera que eu aceite isso? Eu ainda te amo o suficiente para me preocupar com você.

- Me desculpe Yongguk, mas se você não quer entender que essa é a vida que vamos levar daqui para frente nós terminamos aqui, não dá para continuar. - Disse e com a falta de resposta do outro que o olhava perplexo saiu da casa sem nem se despedir, no dia seguinte Jongup, seu secretário foi buscar suas coisas no apartamento para que não precisasse se encontrar com o outro.

 

 

Himchan estava com medo do que teria naquela carta, por mais que não quisesse admitir, sabia que o errado na história era ele. Foi ele quem desistiu de sua vida para viver uma que sua família montou para si. Estava receoso de ler e encontrar xingamentos, ou que o maior havia encontrado outra pessoa melhor que si e estava feliz, o empresário sabia que isso era egoísmo, mas não podia evitar se sentir assim. Mas no fundo ele sabia que Yongguk não era esse tipo de pessoa. Por isso pegou a carta e abriu.

 

            Olá Channie, espero que não se importe de eu te chamar assim, acho que nunca perderei o costume. Eu sei que não deveria estar vindo atrás de você, mas como sempre eu sou fraco o suficiente para conseguir isso.

            Na verdade, eu já escrevi essa mesma carta incontáveis vezes, mas nunca acho que está bom o suficiente para te entregar. Eu queria poder falar sobre como sinto sua falta, sobre como as minhas músicas já não fazem mais sentido e que até hoje eu me culpo por saber o que aconteceu com você quando ouviu minha música no rádio. Eu pedi para Youngjae deixar eu me encontrar com você, mas ele jogou toda a responsabilidade em cima de mim e pediu para que eu sumisse de vez da sua vida. E eu realmente iria fazer isso, por muito tempo eu pensei que ele estava certo, mas eu só poderia sumir mesmo depois que você deixasse o hospital e estivesse completamente bem, porque, se algo acontecesse com você...

            Nos shows que faço hoje eu excluí ‘X’ da playlist, na verdade eu nem sei porque cantava ela, sendo uma música tão íntima nossa. Mas eu gostava de ver você na plateia sorrindo e ficando envergonhado, e às vezes nem esperávamos chegar em casa para matarmos a saudade um do corpo do outro.

            Hoje eu vejo que você está bem diferente, pintou seu cabelo de preto, continua maravilhoso, mas não posso negar que preferia loiro. Duvido que gostaria de ir em shows de rap, acho que você não tem nem tempo mais de ir na cafeteria certo? Espero que não esteja deixando de se alimentar também.

            Bom, não quero prolongar isso, eu poderia pedir para que Youngjae passasse meu recado para você, mas duvido que ele fizesse. Quando você foi embora, não me deu chance nem de despedir, nem de dizer que eu não saberia viver sem você, nem de tentar te impedir de ir. Desculpe-me pelo transtorno que causei a você no seu trabalho depois daquela ligação, e se me permitir quero apenas que me faça um favor. Hoje as 23:00 ligue seu rádio e escute o que eu tenho a dizer.

            Espero que você seja feliz!

B.Y.G

NEOQEAV

           

Quando chegou ao final da carta o empresário já não conseguia enxergar mais nada, sentia seu coração doer a cada palavra do mais velho e quando viu aquelas siglas sentiu que poderia desmaiar tamanha era a dor que estava sentindo.

Logo no início do namoro, eles tiveram que enfrentar uma briga pelo fato dos pais de Himchan não aceitarem a sexualidade do filho e o obrigasse a terminar o que mal havia começado. Porém, nesse mesmo dia, antes de se deitar recebeu uma mensagem de Yongguk que dizia: “nós vamos superar isso. NEOQEAV”. Ele olhou para a mensagem sem entender o que estava escrito no final, mas antes que pudesse perguntar o celular vibrou anunciando outra mensagem: “Nunca Esqueça O Quanto Eu Amo Você.”. Depois disso, o mais novo percebeu que poderia confiar no outro, e a relação deles ficou cada vez mais forte.

Himchan não estava conseguindo controlar suas emoções, ele sabia que ainda tinha tempo, pois saiu do trabalho cedo, por isso se permitiu deitar no sofá e ficar chorando até que se sentisse melhor.

Quando finalmente parou de chorar olhou no relógio e viu que eram 22:05. Teria que esperar mais uma hora inteira até que pudesse ouvir o que o outro tinha a dizer. Resolveu tomar um banho e jantar, já que sua última refeição tinha sido o almoço e por mais que não estivesse com fome sentiu-se na obrigação de atender o pedido do outro imaginando que ele ficaria feliz sabendo que estava se alimentando direito. Terminou tudo ainda eram 22:47, estava inquieto, não aguentava mais esperar, cada segundo que passava era uma eternidade.

Faltando exatamente 10 minutos para onze horas o empresário ligou o rádio e começou a andar na frente dele, para que sua ansiedade não o matasse antes da hora. Porém teve que se sentar assim que o DJ começou a falar.

“Agora vamos finalmente escutar a nova musica de Bang Yongguk, ele que decidiu revelá-la pela primeira vez hoje nesse horário, não nos contou o motivo de sua escolha, então sem mais delongas vamos escutar: Drunkenness.”

 

Himchan sabia, mesmo que Yongguk não tivesse falando para ele escutar, ele saberia que aquela música era para ele, a cada verso o menor sentia como se tivesse levado uma facada no peito, sentia-se culpado por fazer o outro sofrer, sentia-se culpado por estar sofrendo e sentia falta principalmente da voz rouca dele dizendo que o amava.

 

“É fácil dizer que eu vou esquecer você,

Eu me odeio por tentar esquecer você,

É fácil dizer que eu vou esquecer você,

Eu me odeio tanto por tentar esquecer você, baby”

 

O refrão dizia aquilo que Himchan se negava a dizer, mas que no fundo sabia que também se sentia assim.

 

“Me desculpe, eu não posso continuar”
Estas foram as palavras que você me disse,
“Mas eu ainda te amo”
Estas são as palavras de que eu mais me arrependo agora.

 

Era a segunda vez no dia que ele se lembrava de quando tinham terminado.  Himchan não respondeu ao eu te amo de Yongguk aquela hora, mas a resposta já estava dentro de si, ele também o amava, nunca deixou de amar.

 

“Você de vez em quando irá sorrir ao pensar em mim,
As palavras que nós dissemos um para o outro, porque nós estávamos muito confortáveis…
Eu vou me enterrar na minha cama e me esconder novamente hoje,
Eh-eh, porque uma noite sem você é solitária demais para mim.”

 

Mal sabia o rapper, que Himchan não sorria ao pensar nele, mas sim chorava, pela escolha idiota que tinha feito, pelo medo de ferir o orgulho ao tentar ir atrás e pedir desculpas.

Quando a música chegou ao fim, o empresário chorando pegou seu celular e foi compra-la, ele precisava escutá-la mais uma vez, talvez a noite toda. Sabia que devia dar uma resposta. Mas o que ele poderia falar? “Oi não falei com você esses meses todos, mas ainda te amo” ou então “obrigado”.

            Cansado do trabalho e de toda a carga emocional que recebeu foi se deitar, mas não parou momento nenhum de ouvir a música, muito menos de chorar. Ele não percebeu como nem quando dormiu, mas tinha certeza de que aquele sorriso que apareceu em seu sonho era um que fez com que ele se apaixonasse pela primeira vez.

           

 

            Enquanto a música estava tocando no rádio Yongguk estava ansioso, seu coração batia de uma forma que quem chegasse perto poderia escutar. Ele sabia que as chances de Himchan aparecer na casa dele eram pequenas, mas mesmo assim ainda havia a possibilidade, além de isso ser o que rapper estava esperando acontecer.

            Ele andava de um lado para o outro imaginando se ele realmente estaria ouvindo a música, tinha certeza de que Himchan havia pegado a carta em tempo, pois Daehyun mandou uma mensagem avisando o mais velho.

            Quando a música acabou Yongguk soltou um suspiro e foi na cozinha checar se a comida já estava boa, ele não era um ótimo cozinheiro, mas o mais novo dizia adorar seu frango, por isso resolveu fazer. Depois de tirar do forno ele pegou a rosa que tinha comprado para o outro e colocou em seu quarto, se ele viesse seria estranho já chegar recebendo uma rosa. E antes de sair do quarto o rapper se olhou no espelho, não estava arrumado para um encontro, mas também não estava com as roupas que normalmente usa em casa.

            Já haviam se passado vinte minutos desde que a música tinha acabado e considerando que a viagem da casa dele para a do menor levava uns 15 minutos ele podia estar preso no trânsito, ou então também estava nervoso e ainda não tinha saído.

            Yongguk alternava entre sentar no sofá, olhar pela janela e verificar se o frango ainda estava quente. No fundo ele sabia que o outro não iria aparecer, mas ele não queria desistir. Quando seu relógio do pulso apitou avisando que já eram uma da manhã ele deixou que seu corpo caísse no sofá e que as lágrimas que estava segurando finalmente saíssem, ele não era tão forte quando imaginava, ele não queria ser, queria que o outro aparecesse e tirasse de si toda dor que estava sentindo.

O mais velho tinha prometido para si mesmo que não iria se embebedar para esquecer o outro como fez da primeira vez, mas estava cada vez mais difícil de suportar. Ele se levantou e decidiu pelo menos por hoje se permitiria beber.

 

 

O som insistente do seu celular tocando acordou o rapper que xingou mentalmente quem quer que estivesse te ligando. Já faziam três dias seguidos que ele estava bebendo, sem sair de casa (apenas para comprar mais bebida) ou se comunicar com qualquer pessoa. Talvez isso fosse exagerado, mas para Yongguk não era, ele realmente estava sem rumo na vida, sua maior fonte de inspiração era um rapaz que sonhava em ser fotógrafo e capturar as cenas mais lindas do mundo. Às vezes ele surpreendia o mais velho capturando seu sorriso e falando que já tinha a mais bela foto, revelando-a logo em seguida e colocando no mural de fotos dos dois.

Yongguk bufou com a lembrança e pegou o celular, 65 ligações perdidas e 257 mensagens não lidas. Tudo de Zelo. O mais velho havia se esquecido da música que deveria gravar com participação especial do novo rapper seis anos mais novo que si. Ele jogou o corpo de volta na cama e soltou um grito de frustração, ele não podia deixar sua vida assim por causa de Himchan, mas simplesmente não conseguia. Desbloqueou o celular e nem se deu o trabalho de ler todas aquelas mensagens apenas respondeu:

"Junhong me desculpe por isso, mas no momento eu não tenho tempo ou disposição para gravar essa música, será que não podemos deixar isso para o mês que vem?"

Antes que pudesse pensar a resposta chegou:

"Hyung! Eu estava preocupado. Aconteceu algo, está tudo bem? Não tem mesmo como gravarmos? Se for algo grave acho que podemos esperar sim. O que aconteceu?"

Aish essa criança, muita pergunta para uma mensagem só.

"Nada. Mês que vem então eu volto a falar com você".

"Ya! Hyung".

Yongguk desligou o celular e levantou-se, não fazia ideia de que horas eram, mas precisava comer algo e tomar um banho, estava fedendo a álcool assim como toda sua casa.

De banho tomado foi para a cozinha preparar algo e percebeu que eram seis horas da tarde. Provavelmente não teria nada em sua geladeira e o mercado perto de sua casa já estava fechado. Por sorte achou no fundo do armário um pacote de ramen, colocou água para ferver e resolveu pegar toda a bagunça que tinha feito esses últimos dias. Não entendia como tinha chegado naquela situação em pouco tempo.

Quando finalmente terminou de arrumar tudo foi comer, ele não se lembrava da última vez em que tinha colocado comida na boca, talvez fosse efeito do álcool, pois não se lembrava de praticamente nada depois que começou a beber.

Antes de chegar na metade de seu prato a campainha tocou. Yongguk olhou na direção da porta, mas nem se mexeu talvez se fingisse que não estava a pessoa, que tinha certeza ser o Zelo, iria embora.

Mais uma vez a campainha tocou. O rapper suspirou e gritou:

- Junhong, estou ocupado, já disse que mês que vem gravamos a música.

Deu outra garfada na comida e dessa vez a campainha tocou três vezes seguidas.

De uma vez Yongguk levantou se da mesa e saiu batendo o pé com força até a porta.

- Zelo eu já disse que- . Falou abrindo a porta e se cortando no meio da frase. O maior precisou esfregar os olhos para ter certeza do que estava vendo. Himchan estava parado na sua frente com um casaco grosso fechado até seu pescoço e o cabelo descolorido, não mais naquela cor escura, mas sim no tom que tanto gostava. Quando viu o menor abriu um sorriso pequeno e seus olhos começaram a marejar.

- Oi Bang.

O moreno levou alguns segundos para entender o que estava acontecendo e sentiu como se seu coração fosse parar assim que percebeu que realmente era Himchan parado na sua porta. E ele tinha descolorido mais uma vez seu cabelo, para a cor que Yongguk tanto amava.

- Será que eu posso entrar?

- Chan! C-claro. Despertou de seu transe dando espaço para o outro entrar em casa. Quando imaginou o menor voltando para si, tinha criado uma cena dele se jogando em seus braços como fazia quando passavam muito tempo sem se ver, mas o loiro estava mudado, estava mais maduro, mais sério.

Himchan entrou na sala sentindo se em casa novamente ao mesmo tempo em que sentia que não pertencia àquele lugar. Estava tudo do mesmo jeito de quando saíra exceto pela grande quantidade de poeira e o cheiro de álcool no local. Quando passou pela mesa percebeu o prato de comida do outro pela metade e pensou ter ido em uma má hora.

- Você estava jantando? Pode continuar, eu espero aqui.

- Não – disse um pouco alto por conta do nervosismo – Eu já acabei, não estava com tanta fome assim. – Gesticulou exageradamente com as mãos enquanto falava e o outro percebeu o quando elas estavam tremendo.

- Continua sem saber mentir uh? Eu também estou com fome, será que podemos sair para jantar? Eu estou com meu carro ai fora. – Yongguk deu um sorriso com o canto dos lábios e largou os braços do lado do corpo.

- Nunca consegui esconder nada de você mesmo, né? Só vou pegar minha carteira e –

- Não. – Himchan o interrompeu. – Nos dias pares você paga, dias ímpares, eu. Lembra? Hoje é dia 11, por minha conta.

            Yongguk sorriu e falou que ia pegar um casaco. Quando saiu do cômodo o mais novo andou até a janela olhando para cima para impedir que as lágrimas caíssem, estava sendo mais difícil do que imaginou encontrar com ele e não correr para um abraço, ou dizer que estava sentindo sua falta. Ao escutar os passos do maior enxugou o canto dos olhos e abriu um sorriso.

            - Vamos, acho que mesmo sem reservas conseguiremos alguma mesa! Sorriu e ambos saíram juntos para o carro do loiro.

            O caminho até o restaurante que o menor escolheu foi cheio de tensão, ninguém tinha coragem de quebrar o silêncio, mesmo com mil e uma palavras entaladas na garganta. Quando chegaram Yongguk escolheu um local mais ao fundo com mais privacidade, como sempre escolhiam. Depois de fazerem seus pedidos o mais velho resolveu não deixar o silêncio vencer de novo, se ele estava ali é por que tinha algo a dizer.

            - Você pintou seu cabelo de volta. Está lindo, como sempre. – Deu um sorriso sincero que pegou o outro de surpresa.

            - Ah, isso?.. Sim eu pintei, acho que combina mais comigo. Eu também prefiro assim.

            - Mas seu pai não foi contra? Por você parecer mais – fez sinal de aspas com os dedos – “responsável” moreno?

            - Essa foi outra coisa que mudei também. Eu sei que sou o herdeiro da família, por ser o mais velho, mas... isso nunca foi o que eu quis. – Yongguk arregalou os olhos entendendo onde o outro queria chegar. – Minha irmã desde pequena gostava de ajudar meu pai com os negócios dele. Então eu passei a empresa para o nome dela. E finalmente vou poder me concentrar no que eu quero de verdade. Levou a mão ao colar que usava com um pingente de câmera fotográfica, que Yongguk tinha dado em seu primeiro aniversário que passaram juntos. – Quando terminou de falar percebeu que o outro sorria e chorava ao mesmo tempo.

            - B-bang? O que aconteceu? – Perguntou levando o dedo para secar a lágrima do outro, mas parou no meio do caminho, pegando um guardanapo e entregando a ele.

            - Nada... eu... apenas estou feliz, finalmente está correndo atrás do que gosta. E não deixando que ninguém decida por você. – Olhou para o lado a fim de evitar contato visual com o outro, para não demonstrar sua fraqueza. – Mas como seu pai reagiu?

            O menor suspirou – Bom, praticamente me expulsou da família, disse que ele não merecia um filho que além de ser gay, não tinha capacidades para carregar o nome Kim. – Fez uma pausa e deu um sorriso triste. – Mas não é como se eu me importasse com isso também, desde aquela época ele não me considera mais seu filho. Nem sei como ainda passou a empresa para mim.

            Yongguk percebia o olhar triste do outro, por mais que ele falasse que não se importava no fundo aquilo machucava o outro. O moreno queria poder falar que ia ficar tudo bem, que juntos eles passariam por isso, mas não tinha mais esse direito, por isso apenas se limitou a segurar a mão do outro e dar um sorriso triste.

            - Mas vamos falar de você, depois que nós... de um tempo para cá suas músicas mudaram um pouco o estilo.

            - Depois que você foi embora muita coisa mudou. – A voz de Yongguk estava mais grossa que o normal e mais baixa, Himchan sabia que isso significava um conflito de sentimentos dentro do outro. – Você mudou bastante, mas eu também. – O maior abriu a boca para continuar falando, mas ele balançou a cabeça e começou a comer a comida que há pouco tinha chegado.

            - Sua musica nova.. ela é bonita.

            - Então você ouviu? – Perguntou com um tom triste na voz. O loiro percebeu que o outro estava sim esperando uma resposta para ela. Respondeu apenas com um manear da cabeça e voltou sua atenção para o prato de comida na sua frente. Não estava com fome, apenas queria sair com o mais velho. – Ela tem um grande valor sentimental para mim. Mas talvez eu não devesse ter escrito ela, ou apenas ter guardado para mim, não sei.

            - Não! Foi bom você ter feito isso. – Disse e desviou o olhar do outro, sentia que iria chorar a qualquer momento, sabia que ambos ainda se amavam, não tinha por que continuar fingindo estar tudo bem, estavam apenas perdendo tempo. – Ela também é muito importante para mim... Eu ... eu queria agradecer por ela.

            - Então foi por isso que você veio aqui? – Disse sorrindo, mas podia-se sentir a raiva e ironia em seu tom. E ainda sem encarar o outro Himchan concordou com a cabeça. – Por nada.

            Yongguk terminou de comer e empurrou o prato, vendo que Himchan não tinha comido quase nada perguntou se estava ruim.

            - Não.. ela estava deliciosa, mas eu já estou cheio, podemos ir agora? – Yongguk percebeu o desconforto do outro em continuar conversando e resolveu acabar com isso logo.

            - Claro.

            Himchan pagou a conta e Yongguk começou a falar que não precisava que o outro se incomodasse de levar ele em casa, podia pegar um táxi, mas o menor insistiu em levá-lo até que o outro aceitou. No carro o mesmo clima tenso que teve na ida, estava presente na volta, mas ainda mais intenso, o rádio estava em uma música qualquer, mas por sorte, ou azar do destino, Drunkenness começou a tocar e rapidamente o mais velho desligou o som. Não queria ter que ouvir aquilo, muito menos com o loiro ao seu lado.

            Quando finalmente chegaram o mais velho agradeceu a comida e a carona, desejou boa sorte na vida do mais novo e quando desceu do carro o outro desceu junto.

            - Guk! Espera.

            Ao ouvir o outro chamando por esse apelido, quase desistiu de seu plano de se embebedar, mais uma vez, e implorar para que o outro voltasse para si, mas controlou-se.

            - Sim?

            - É que... bem... eu acho que você merece uma resposta, tanto para a carta, quanto para a música. Mas.. mas eu não sabia muito bem como fazer isso... Eu sei que fui o culpado por causar tudo isso – encarou o chão e continuou – Eu queria me desculpar de verdade por isso, eu fui cego, acho que quis tanto que meu pai me aceitasse de volta, que deixei ele me usar de marionete, e toda raiva que estava sentindo eu descontei em você que queria apenas o meu bem, que foi o único a me ajudar e apoiar.

            Himchan encostou-se no carro e o rapper se aproximou a passos lentos. Então o loiro tirou um papel do bolso de trás da calça e estendeu ao maior tentando desamassá-la. Quando pegou o papel dobrado em dois, logo Yongguk reconheceu o rascunho da música X que fez para o menor após uma noite de sexo, quando eles ainda tinham dificuldades para se encontrar por conta do pai do, agora, fotógrafo.

            Com as mãos trêmulas abriu a primeira metade da folha, soltou um suspiro e ao mesmo tempo em que abriu a outra o menor pronunciou-se:

            - Não sei se você ainda me aceita de volta, mas saiba que eu não tenho a mínima intenção de te deixar de novo Guk! E.. Nunca esqueça o quanto eu amo você!

            Então as lágrimas de ambos começaram a cair, enquanto as de Himchan iam parar na gola de sua camisa, as de Yongguk molhavam o papel que continha a letra da musica e escrito por cima dela, com a caligrafia de Himchan, a sigla NEOQUEAV.

            O rapper cruzou o pequeno espaço que tinha entre os dois e selou os lábios do menor enquanto o outro o puxava para si. E depois de muito tempo puderam matar a saudade dos beijos doces que trocavam, misturado com o salgado das lágrimas. Porém eram lágrimas de felicidade, que selavam a promessa de nunca mais abandonarem um ao outro.


Notas Finais


Drunkenness - https://www.youtube.com/watch?v=YdyK2XTJqG0
X - https://www.youtube.com/watch?v=4LgOIodhXvo

Para quem se interessar eu vou deixar aqui o link da história da sigla NEOQEAV eu realmente acho ela muito linda <3 : http://neoqeav.com.br/

E é isso, eu espero que vocês tenham gostado. Eu realmente gostei muito de escrever, não sei se vou fazer mais fics mas se for, certeza que essa vai ser minha bebezinha kkkk.
Um bjo pra todo mundo que leu, adoro vcs <3


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