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História Duality (HIATUS) - Wrong Side Of Heaven


Escrita por: elusive

Notas do Autor


Postando na velocidade da luz (quase) porque a ansiedade está me matando. Daqui pra frente tudo vai ficar bem intenso (é o que eu planejo, pelo menos), então preparem os nervos \o
Btw eu acho esse pedaço da letra de Wrong Side Of Heaven muito a cara do momento que a Susannah está passando <3

Capítulo 8 - Wrong Side Of Heaven


Fanfic / Fanfiction Duality (HIATUS) - Wrong Side Of Heaven

 “Right or wrong

I can hardly tell

I'm on the wrong side of heaven and the righteous side of hell”

A rua atrás do cemitério era vazia e estreita. O relógio ainda não batia uma da tarde, então os estrangeiros continuavam esperando pacientemente recostados à lataria de uma Mercedes Sprinter preta. A escuridão total da van e dos vidros a fazia parecer um veículo funerário.

Corey estacionou a alguns metros e seguiu até os negociantes. Shawn carregava a mochila num dos antebraços grossos e Susannah, apesar de não ser chamada, acompanhou-os, mantendo-se a alguns passos de distância.

— Olá. — Paget cumprimentou. — Você deve ser Clown.

— Para os íntimos, somente. — Shawn cruzou os braços acima da barriga ignorando a mão vacilante que esperava um aperto de saudação.

— Me pergunto o porquê do apelido.

— Não queira saber. — sorriu sem humor. — Mas então? Mercadorias?

— Pagamento primeiro, por favor.

Shawn bufou pelo nariz e entregou o pacote. Paget abriu o zíper, conferiu o conteúdo e repassou para o companheiro.

— Vá contando, Matt. Vocês venham comigo.

Seguiram o comerciante até o outro lado da van. Susannah, intimidada em ficar a sós com o outro desconhecido, acompanhou o trio.

A porta da Mercedes deslizou para o lado e Paget se encolheu para entrar no veículo e destampar os caixotes retangulares de madeira. Susannah deu um passo instintivo para trás quando enxergou a mercadoria. Nunca tinha visto antes tanto armamento de fogo amontoado. Ouvir Corey falar que eles eram traficantes de armas não era a mesma coisa que dar de cara com todo aquele material ilegal.

— Aqui temos as pistolas e coletes. — disse o inglês apontando para o primeiro lote. — E aqui as submetralhadoras, fuzis e os rifles sniper. Todas as numerações raspadas.

Corey conferiu uma submetralhadora com as próprias mãos. Parecia uma criança entretida com um novo brinquedo.

— Vocês realmente têm mercado para tudo isso?

— Enquanto houver traficantes de drogas e outros criminosos por essa cidade, sim, teremos mercado, Padge. — e largou a arma de volta à caixa. — Nós estamos, aos poucos, tentando monopolizar o comércio de armas aqui em Des Moines.

— Bom, — Padge finalizou fechando os baús. — isso significa que continuaremos fazendo negócios, então.

— Espero que sim. — Shawn parecia um pouco menos tenso agora. — Mas não se esqueça do que fazemos com comerciantes que se acreditam mais espertos do que nós.

O estouro inesperado foi seguido de uma exclamação vindo do outro lado do carro. Susannah, que já estava em choque com a situação e completamente perdida com a casualidade da cena, congelou-se com a rapidez dos acontecimentos.

Um Matt ensanguentado se arrastou o mais rápido que pode para trás da Mercedes enquanto outros tiros acertavam a lataria do carro. Padge pulou para fora e sacou da cintura uma pistola; o mesmo fez Shawn.

— Que merda é essa? — Padge gritou vendo o amigo sangrar pela coxa.

Clooown! — foi uma voz completamente estranha que ecoou do outro lado da rua, cantarolando o apelido do mais velho e soando intencionadamente assustadora.

— Puta que pariu. — Shawn já sabia o que viria.

— Vamos, vamos, palhacinho, apareça. Eu sei que está aí.

Outra série de tiros atingiu novamente a lataria e os pneus do carro. Susannah se encolheu ainda mais, só conseguindo focar a atenção na perna machucada do rapaz ao seu lado que se controlava para não continuar gemendo de dor. O sangue já corria e começava a sujar o asfalto.

— Shawn? — Corey chamou se sentindo desnorteado. Não tinha nenhuma proteção consigo e as armas novas estavam todas sem munição.

— É o filho da puta do Larry. Ele certamente não está sozinho. — o mais velho deslocou o pente da pistola para checar quantas balas ainda tinha. Somente cinco.

— O que os Horsemen estão fazendo aqui? Como nos descobriram?

— Eles sabiam que estaríamos recebendo mercadoria nova hoje, devem ter nos seguido com facilidade. Afinal, estávamos muito dispersos com assuntos fúteis. — Susannah sentiu o olhar ameaçador de Shawn sobre ela.

— Vamos, Clown! — a voz do outro lado voltou a chamar. — Não me faça esperar muito.

— O que vamos fazer? — Corey parecia inquieto.

— Pensaremos sobre isso depois. Por agora teremos de arcar com nossa invigilância.

* * *

Corey odiou a ideia de entregar tudo tão facilmente aos Horsemen, mas a carência de companheiros e munição deixava-os sem mais escolhas. Não poderiam começar uma troca de tiros ou eles acabariam mortos. Eram quatro homens, uma garota e dois únicos revólveres praticamente vazios — o que era tragicamente irônico — contra um bando de dez homens fortemente armados.

Após o grupo inimigo redê-los e recolherem da van todo o dinheiro e armamento deles como se fossem policiais arrogantes tirando o ouro de bandidos incompetentes, a expressão de ódio no rosto de Shawn já denunciava que ele certamente iria atrás de uma vingança contra os ex-clientes e mais novos inimigos.

— Leve-os para o ninho. — Shawn pediu a Corey com a voz rouca após serem deixados para trás com as mãos abanando. — Ligarei para Chantel pedindo para que vá até lá e marcarei uma reunião para as cinco da tarde.

Corey não teve coragem de nem mesmo perguntar se Shawn viria com eles. Padge, que já havia feito um torniquete na coxa esquerda do amigo com um cinto, ajeitou Matt no banco do carona e jogou-se para o assento de trás junto com Susannah.

— Porra, vocês vão me dever uma lavagem interna completa no lava-jato. — Corey comentou assim que deu partida no seu Dodge e viu o sangue sujando o banco de couro de seu adorado automóvel.

— Conversaremos sobre dívidas depois que você resgatar nosso dinheiro, Taylor. — Padge murmurou com um tom de aborrecimento.

O “ninho” era um casarão com aspecto de galpão abandonado no meio de um enorme lote desértico. Ficava ao norte da cidade e bem longe do centro. Susannah, ainda bastante perdida, perguntou se não levariam Tuck para um hospital, mas tudo o que recebeu foi um não bastante seco de Padge.

Corey estacionou ao lado de um Honda City vermelho levantando poeira do barro amarelado e seco que cobria todo o lote. Chantel, que havia chegado pouco antes, vinha até eles com um rosto muito mais sério do que Susannah lembrava que ela teria.

— Vamos levá-lo para dentro. — ela ordenou dirigindo-se a Corey e Padge que carregavam o ferido.

— Você está bem, Chantel? — Corey perguntou com uma sobrancelha içada.

— Sim. — sua voz não mais soava tão amigável. — Shawn acabou de me atirar um monte de informações pelo telefone, eu estou tentando saber como lidar com tudo isso.

— Ele sempre te coloca nessas furadas, não é? — ele tentou fazê-la sorrir, mas foi inútil.

— Bom, é uma das muitas desvantagens que nós mulheres temos quando nos relacionamos com vocês.

Susannah sentiu que aquilo poderia ser uma indireta para ela. Preferiu abaixar a cabeça, constrangida, e os seguiu no silêncio violento que se formou entre eles.

Por dentro pode-se notar que o casarão não era nada mais do que um galpão onde eles guardavam tranqueiras, mercadorias e uns dois carros muito velhos, além de um espaço para reuniões e encontros com o grupo. Caixas, ferramentas e carcaças enferrujadas se misturavam com móveis velhos, sofás mofados e alguns poucos eletrodomésticos certamente pertencentes a alguma década passada.

Arrastaram o rapaz ferido até um quartinho nos fundos. Jogaram-no na cama e esta rangeu sofridamente tentando aparar o peso. Chantel abriu os vidros do basculante da pequena janela deixando entrar um pouco de luz e ar no cômodo abafado.

— Vejamos o que temos aqui. — ela se agachou ao lado da cama, tocando a perna ferida com cuidado. — Corey, você sabe do que precisamos, me traga a maleta de prontos-socorros, por favor.

— Você acha que a bala se alojou? — Padge perguntou.

Ela retirou a camiseta molhada de sangue que fora posta como gaze de pressão na abertura do tiro.

— Bom, posso ver a bala daqui. Está bem superficial, não se preocupe.

Corey voltou com uma maleta vermelha e meia garrafa de vodca.

— Ótimo. — Chantel finalmente sorriu. — Agora vamos sair e deixar que Susannah faça o trabalho.

— O quê?

— Sim, querida, — o cinismo na voz da mulher era quase palpável. — eu não tenho nada a ver com isso. Não tenho a menor responsabilidade com a vida desse rapaz, então se não quiser que ele morra com uma hemorragia, é melhor se apressar.

— Ora, deixe que eu...

— Não. — Padge foi cortado pela secura de Chantel. — A garota fará o serviço.

— Mas eu não... — Susannah começou.

— Dê um jeito. Rápido.

A loira arrastou Corey e Padge consigo e fechou a porta do quarto sem mais nenhuma explicação. Susannah chegou a ouvir a voz do outro inglês passar pela porta, mas ninguém voltou para tomar as rédeas da situação. Ela se voltou para Tuck que continuava com uma careta e sangrava com a perna esticada para baixo, mas parecia muito fraco para sequer ajudá-la com instruções. O cheiro de sangue enchia suas narinas e fazia seu estômago vazio revirar, mas sabia que aquilo não era um teste ou uma brincadeira, pôde ver isso no olhar rígido de Chantel.

Ela não pensou muito nem parou para encher os pulmões e tomar coragem. Apenas foi fazendo o que parecia ser o menos errado a se fazer naquela situação. Sentia que, com a perda de sangue, Matt poderia desmaiar se ela continuasse imóvel.

Primeiro rasgou o jeans para facilitar o processo. Pediu para Matt engolir um pouco da vodca e depois jogou a bebida por cima do ferimento, o que o fez chiar do mesmo jeito. Da maleta tirou uma pinça longa e antes que conseguisse enfiá-la na carne embebeu-a na vodca para esterilizar e engoliu um pouco da bebida também. O álcool e o cheiro forte do sangue fez sua cabeça tontear por um breve momento.

A bala estava próxima da superfície, mas Susannah teria de enfiar o metal por, mais ou menos, dois centímetros de carne até chegar ao pequeno objeto. Penetrar a carne viva e sangrenta fê-la prender a respiração e projetar uma careta de repulsa. A expressão de agonia da vítima só a deixava mais nervosa. Quando sentiu que a pinça tocou o corpo estranho, moveu-a para que sentisse a base firme na ponta da ferramenta e puxou devagar para que não a perdesse outra vez dentro do ferimento.

Achou que o tilintar do pequeno projétil no chão do quarto a acalmaria e finalizaria o sofrimento, mas o novo jorro de sangue que desceu pela abertura fez seus braços tremerem.

— Chantel! — chamou. — Chantel, por favor, está sangrando muito!

A mulher entrou imediatamente no quarto e portou-se ao seu lado.

— Estanque com a gaze, vamos. — a voz agora era confiante e calma. — Pressione, Susannah, não tenha medo. Você está se saindo muito bem.

* * *

Conseguiram controlar a hemorragia do ferido e Chantel o fez engolir alguns comprimidos que ninguém se deu o trabalho de perguntar o que eram, mas que fizeram Matt cair no sono. Agora ele descansava sozinho no quarto e Paget tinha saído com Corey para algum lugar.

Melissa, a mulher de Chris, e Stacy, esposa de Mick, chegaram juntas e agora as quatro mulheres estavam reunidas na espécie de sala improvisada. Susannah não queria estar ali porque todos os olhares pareciam julgá-la, mesmo depois de Chantel ter voltado a, aparentemente, agir e tratá-la normalmente.

— Susannah? — ela chamou. Seu tom parecia cada vez menos intimidador. — Você entende o que nós somos?

O assunto começara tão repentinamente que ela levou um bom tempo para analisar a simples pergunta. Parecia mais difícil raciocinar com três pares de olhos femininos sobre ela.

— Hm, vocês são traficantes de armas. — sua voz soou mais como uma dúvida.

— Não se trata somente disso. — Chantel suspirou e sentou-se ao lado da garota num dos velhos sofás. — Somos como uma família, tomamos conta uns dos outros e nos comprometemos com o grupo. Isso aqui é muito mais do que um negócio, é a nossa vida.

— Eu não entendo por que vocês precisam fazer coisas tão ruins... — calou-se quando notou a infantilidade na voz.

— Nenhum de nós teve uma vida boa. — foi Melissa quem tomou a palavra. — Todos aqui têm um passado difícil que não conseguimos superar. Por mais que tentássemos, tudo parecia dar errado na vida. É uma sina: algumas pessoas, por mais sofridas que sejam, conseguem viver uma vida tranquila, mas outras ficam muito afogadas na lama. O que fazemos é aprender a respirar dentro do lodo, sobreviver o caos ao qual nascemos. Não escolhemos sermos traficantes, assassinos, ladrões... A vida nos trouxe aqui e cá estamos nós, sobrevivendo.

— Mas é... errado. — a garota abaixou o tom de voz tentando não ofendê-las.

— Tudo depende do ponto de vista. Ninguém julga o instinto de um leão faminto ao atacar um cervo. É somente seu instinto animal, sua sobrevivência falando mais alto, mas seu ataque ao inocente cervo não deixa de ser violento e assassino.

O silêncio se instalou por um longo minuto. Imagens de um passado doloroso voltavam a assombrar a mente da garota e suas concepções de virtude e maldade lentamente começavam a ser questionadas.

— Susannah? — Chantel chamou sua atenção. — Nenhuma de nós está contra você. Na verdade, os rapazes não sabem, mas nós conversamos sobre você possivelmente acabar dentro dessa família algum dia, só não esperávamos que fosse acontecer tão rápido. Sabíamos que você era uma de nós, diferente de Scarlett. Mas você precisa entender que nós precisamos que você se mostre confiável e forte.

— O que há com a Scarlett, aliás? Vocês parecem achar que ela é uma ameaça...

— É claro que ela é. — Stacy finalmente deixou sua voz soar. — Nós nunca confiamos nela. Scarlett é uma garota mimada, filha rebelde de algum grande fazendeiro de Des Moines. Corey a conheceu numa festa e, de repente, ela já sabia de tudo sobre nós e se esforçava para estar dentro do grupo. Mas Scarlett era só uma rebelde idiota querendo chamar a atenção, nós víamos isso, mas Corey não. Shawn a deixou entrar para o grupo porque nossa vida já tinha sido escancarada para ela, graças à Corey.

— Scarlett é muito mais do que uma rebelde. — Melissa continuou. — Ela é perigosa, manipuladora e vingativa. Nós percebemos desde o primeiro dia. A obsessão dela com Corey e o grupo não era nada saudável e comum. Ela era uma vadiazinha querendo deixar o pai louco. Nós avisamos a Corey que ela seria um perigo, mas ele não nos ouviu. Agora ele vê quem ela é e se arrepende.

— O que ela pode fazer contra vocês? — Susannah estava inteiramente entretida com a história.

— Ela não tem o menor comprometimento com essa família, e por saber demais, por ter provas demais, ela pode nos entregar para o FBI. — Chantel explicou. — Basta que Corey dê a ela o mínimo dos motivos para ela dar com a língua nos dentes. E vamos combinar que ele já a deu muito mais de um motivo para ela nos entregar... Com a sua presença, Susannah, o ciúmes dela chegou a um nível ainda mais doentio e ela pode fazer uma merda a qualquer momento somente para se vingar de Corey.

— Teremos de dar um jeito nela por causa disso. E, não deixe que os outros saibam ainda, mas nós, juntamente com Corey, queremos que você tome o lugar de Scarlett nessa família. Temos certeza de que você não vai nos decepcionar. — o olhar de Melissa parecia sincero e até mesmo um pouco esperançoso, apesar de sério. — Ficamos irritadas ao saber que, por sua causa, o grupo acabou sofrendo esse ataque dos Horsemen, mas não é nada que não possamos reparar.

— Você é só uma garota ainda, Susannah, — Chantel agarrou uma mão da garota e envolveu-a com as suas. — mas eu sei reconhecer uma guerreira quando vejo uma.


Notas Finais


Hmmm... Será que vai ter vingança mesmo?? Será que a Suh vai segurar essa marimba?
Daqui pra frente é só treta cabulosa, e é claro eu estou adorando escrevê-las! haha Também estou muito agradecida por todos que acompanham, o retorno que recebo de vocês é maravilhoso ❤
Nos vemos no próximo!~


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