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História Duality (HIATUS) - You've got another thing coming


Escrita por: elusive

Notas do Autor


Sim, é a música do Judas Priest! (a que eu mais gosto, aliás) Eu não sei se vocês notaram o óbvio, mas os títulos e as frases no começo dos capítulos são músicas haha É o que eu ouço enquanto penso/escrevo o capítulo e na maioria das vezes algumas letras combinam com a história e eu coloco elas como títulos :)
A partir daqui as coisas começam a esquentar, espero que consiga satisfazer vocês!
Boa leitura~

Capítulo 6 - You've got another thing coming


Fanfic / Fanfiction Duality (HIATUS) - You've got another thing coming

“If you think I'll let it go, you're mad
You've got another thing coming”

O resto da semana seguiu pacífica se comparado aos primeiros dias de Susannah em Des Moines, mas seus medos ainda lhe perseguiam nos pesadelos noturnos. Sempre despertava no meio da madrugada com a visão de seus pais na cabeça. Em seus sonhos eles a encontravam e arrastavam-na, literalmente, de volta para casa. O medo plantado pelas ilusões de sua mente a obrigava a fazer o trajeto apartamento-loja sempre cabisbaixa e paranoica. Qualquer sirene que soasse ao longe lhe arrepiava a espinha e a fazia recolher os ombros.

Na quinta-feira Corey pediu para que Susannah fechasse a loja mais cedo e fizesse compras no supermercado para preencher a dispensa do apartamento. Entregou-lhe os dólares e avisou que só voltaria para casa para o jantar.

Desde o episódio do beijo ele andava muito distante e praticamente incomunicável, estava sempre ocupado com assuntos profissionais e, quando o apartamento estava cheio, agia como se ela não estivesse ali. Susannah começava a acreditar que ele a beijara por pena e depois, provavelmente, se sentiu enojado com a presença de uma garota como ela – vítima de estupro incestuoso.

Às quatro da tarde ela finalizou seu expediente e seguiu para o mercado mais próximo. Apesar de ainda se manter receosa em público, o simples e insignificante fato de se equipar com o carrinho de compras e poder, sozinha, realizar as compras, animavam-na. Era como uma criança livre experimentando pela primeira vez as mais simplórias coisas da vida. Somente a experimentação da liberdade fê-la entender o quanto sua vida foi abusiva e lamentável.

Voltou para o apartamento com sacolas pesadas que carregavam congelados e enlatados, salgadinhos, cerveja e alguns produtos de higiene que ela precisaria e não teria coragem de pedir para que comprassem para ela, como absorventes.

Aproveitou que estava sozinha em casa e, olhando-se no espelho, decidiu modificar um pouco aquele rosto comum que via refletido e que só a fazia relembrar o passado. Arranjou uma tesoura afiada e, sem pensar duas vezes, cortou o longo cabelo até que ficasse na altura dos ombros. Após o corte repicado e irregular jogou nos fios a mistura de tintura que comprara no mercado. Enquanto a química agia, pintou as unhas das mãos com esmalte preto e testou nos olhos a maquiagem que comprara com seu dinheiro: lápis delineador e máscara alongadora para seus finos cílios.

Lavou e secou o cabelo e, por mais que não fosse o resultado que esperasse, gostou do que viu. Ela usara de uma tonalidade de vermelho cereja que, em contato com o castanho claro de seu cabelo, tornou-se algo um pouco mais escuro e natural do que a foto da embalagem apresentava. A garota no espelho agora parecia menos caipira e inocente, e talvez sua verdadeira idade e identidade começassem a transparecer com todos aqueles novos ajustes visuais. Susannah sorriu para si mesma experimentando pela primeira vez em muito tempo uma dose de autoestima.

Saiu do banheiro para a sala e suas pernas congelaram no meio do caminho. Ela ainda esperava que estivesse sozinha no apartamento e, se alguém aparecesse antes do horário marcado, deveria ser qualquer um dos quatro rapazes que moravam ali. Susannah se perguntou como a visita entrara, pois tinha certeza que havia trancado a porta da frente.

Scarlett estava jogada à vontade no sofá. Fumava um cigarro despreocupadamente e tinha uma garrafa de cerveja entre as pernas. Zapeava pelos canais desinteressada em qualquer programação.

— O que está fazendo aqui?

O cabelo loiro esvoaçou e o sorriso lentamente foi se transformando em confusão e criando vincos entre as sobrancelhas. A boca enfeitada com gloss labial colorido se estreitara numa linha reta.

— Onde está Corey? — sua voz parecia ordenar que ele aparecesse imediatamente.

— Não está aqui.

— O que você está fazendo aqui? — Scarlett se levantou e pousou o cigarro no cinzeiro ao lado do sofá.

— Eu estou morando aqui por um tempo.

Susannah não temia a loira, muito pelo contrário, sentia-se irritada com sua presença indesejada. Ela não deveria estar aqui, ouvia sua cabeça ressoar.

— Morando? — Scarlett gargalhou ridicularizando. — Você é mesmo uma vadia mentirosa, não é, garota? Me responda: onde está Corey?

— Eu não sei. — continuou séria mesmo com a aproximação da mais velha. — Você quem deveria saber, já que diz que ele é o seu homem.

Scarlett se irritou com o comentário e largou a cerveja no canto.

— Você acha que vai roubá-lo de mim, sua idiota? Eu sou destinada a Corey!

— Não é o que parece. Honestamente, você está fazendo um papel ridículo, Scarlett.

Susannah não saberia dizer de onde aquilo saiu, mas sentia que até sua voz parecia diferente, mais ágil e sagaz. O coração batia tranquilamente e o canto da boca parecia tomar forma com a falta de respostas da loira.

Ela não deveria estar aqui, ecoou mais uma vez em seus pensamentos.

Scarlett ficou muito próxima. Elas tinham a mesma altura e os olhos se encaravam com tensão.

— Eu sou a única que conhece o verdadeiro Corey, querida. Conheço todos os segredos dele. — Scarlett quase cuspia enquanto falava. — Ele pode ter diversas aventuras, mas sou eu a única que pode suportar a verdadeiro monstro dentro dele. Eu já vi isso acontecer antes. Vadias como você não são novidade para mim. Mas quer saber o que ele vai fazer com você, garota? — ela deslizou uma unha longa e vermelha no maxilar de Susannah. — Ele vai usá-la. Ele vai te violentar como um animal incontrolável, te estuprar de forma tão sedutora que fará você acreditar que ele está caído de paixão por você. E depois de usar seu corpo sujo ele voltará para mim, para quem ele realmente ama.

A loira sorria se deliciando com a situação, acreditando que amedrontaria a inocente garota. Susannah sorriu de volta venenosamente. Sua mente relampejou com a visão de seu pai e seus demônios adormecidos subiram para a superfície da sua alma. No momento pouco lhe importava o que Corey realmente era ou deixava de ser, mas ela tinha um instinto pronto para ser descontrolado. Seus pequenos demônios estavam a tanto tempo esperando para se libertarem que ela não os controlaria no momento. Não mais e talvez nunca mais.

Seu coração estava tão calmo que toda a cena pareceu correr em câmera lenta diante de seus olhos. A mão agarrou a garrafa deixada de lado e, derramando cerveja no carpete, atingiu o alto da cabeça loira à sua frente. O vidro se despedaçou e Scarlett caiu.

— Sua puta! — ela gritou junto com a dor.

— Sim, sim. Uma puta, igualzinha a você.

— Você é louca!

Scarlett recebeu um tapa no rosto e depois foi agarrada pelo pescoço. Susannah estava fora de si, afogada em seu ódio que a consumia por todos esses anos. Os olhos da loira dobraram de tamanho com a falta de ar, as mãos tentavam esbofetear a garota e as pernas se inquietavam para se livrar do corpo encima do seu, mas parecia um esforço feito em vão.

Atrás do sofá Susannah não ouviu a porta sendo aberta, se concentrava em sentir a jugular pulsando em sua mão e os polegares apertando a traqueia. Os braços da loira aos poucos foram parando de se debaterem e os olhos se fecharam em seguida. A garota soltou o pescoço de suas mãos e encheu os próprios pulmões de ar. Levantou o rosto e sentiu uma descarga passar pelo seu corpo, finalmente ativando sua humanidade outra vez. O coração disparou quase como uma repentina taquicardia quando seus olhos se encontraram e ela começou a sentir o ardor nos joelhos que se fincaram sobre o vidro.

— Susannah?

— Corey...

Não soube o que dizer. Corey tinha a companhia de James e Sid, todos atordoados com a cena presenciada. O menor seguiu rapidamente para o corpo de Scarlett e tocou o pescoço com dois dedos.

— Ainda está respirando. — os olhos azuis pareciam pálidos e encararam Susannah com estranheza. — Que porra foi essa?

— Ela... — tomou ar e balançou a cabeça que começava a doer. — Eu não a vi entrar e a encontrei aqui no sofá. Ela perguntou onde você estava e começou falando coisas... E-Eu não sei, ela disse que você me estupraria, que você...

— Cale a boca. — ordenou. — Puta que pariu. Puta que pariu! Susannah, você é louca? — seu tom de voz estava muito próximo de um berro.

— Eu não sei o que eu fiz! — gritou em resposta, mas sentia a garganta se apertando e os olhos começando a umedecer rapidamente.

— Sid? Por favor, leve Scarlett para a casa dela. — pediu tirando do bolso da calça da loira chaves do apartamento que pertenciam a ele mesmo. — Certifique-se que ela esteja acordada antes de voltar.

— Como você quer que eu passe com uma garota desacordada pelo hall do prédio, Corey?

— Não seja retardado, pegue as escadas de emergência. Você sabe exatamente o que fazer, Sidney.

Sid olhou para James implorando por ajuda, mas o mais alto parecia descontente com a situação e ignorou o menor dando as costas e seguindo para a cozinha.

Corey puxou Susannah pelo braço com mais força do que o necessário, o que a machucou um pouco, mas ela foi incapaz de reclamar. Ele a levou para o pequeno estúdio e bateu a porta para que tivesse privacidade para gritar ali dentro.

— Você pode me explicar porque quase matou ela?

Ela não reconhecia o sentimento que Corey expressava. Não sabia se ele estava odioso, revoltado ou decepcionado. Seus olhos estavam em brasa, as mãos fechadas em punho para evitarem quebrar qualquer coisa. Susannah não queria estar chorando, mas era impossível controlar-se. Seus demônios fugiram e deixaram-na sozinha outra vez, fazendo-a, como sempre, se sentir como o réu e não a vítima. Por que as cenas sempre se repetiam?

— Eu não sei o que deu em mim, eu não quis fazer aquilo! Corey, eu juro, foi mais forte do que eu! Ela falou aquelas coisas, falou que você tem segredos e que é um monstro que me violentaria. Eu não sei, eu só consegui enxergar os meu pai fazendo tudo aquilo de novo e...

— O que ela disse sobre os meus segredos?

— Nada, ela não disse nada. Ela só falou que os conhecia. Meu Deus, o que foi que eu fiz? Eu sou uma psicopata...

— Susannah. — chamou impaciente. — Susannah! Porra garota, olhe para mim! — gritou puxando o rosto dela com brutalidade. — Você não está louca, tá bem? Você não está louca, apenas se descontrolou. — ele soltou o ar pela boca fazendo uma pausa. — Nós vamos ter uma conversa depois. Fique aqui até eu voltar.

Ele rodou nos calcanhares, mas deu meia volta com o cenho franzido. Notou que ela estava diferente, mas como não era o momento certo para comentar sobre a aparência da garota, balançou a cabeça e voltou para a sala deixando-a sozinha no silêncio abafado do estúdio.

* * *

Corey esperou para que Sid voltasse – o que demorou mais de meia hora – para que pudesse abrir a boca, já que todos pareciam fazer greve de silêncio após o acontecimento. No quarto Susannah se atreveu a deixar a porta entreaberta, pois não aguentava o terrível silêncio da casa. Buscava com os ouvidos qualquer ruído mínimo, mesmo sabendo que poderia se arrepender de ouvir algo que não deveria.

— Você não vai dizer nada? — Corey perguntou se direcionando ao mais alto.

— Bom, eu não sei. Até quando você pretende continuar atraindo esse tipo de confusão para a sua vida, Corey?

James estava extremamente irritado, podia notar pela mudança do seu tom de voz, mas nem mesmo naquele estado ele se dava o luxo de se descontrolar e berrar com o menor. Sabia que gritos nunca eram necessários, independente da situação.

— Você não é mais aquele adolescente perdido em drogas, álcool e mulheres, Corey. Todos nós já passamos dessa fase e você é o único que continua cometendo os mesmos erros. Nós dissemos para você tomar jeito, para tentar ao menos fingir que tem uma vida normal, mas como você pretende continuar escondendo os nossos segredos quando você ainda se desequilibra facilmente com esse tipo de mulher?

— James, eu estou tentando ajudá-la. Talvez ela seja útil para nós.

— Você disse o mesmo sobre Scarlett. Nós confiamos em você, deixamos que ela fizesse parte das nossas coisas, até mesmo participar de nossos negócios porque acreditamos que ela seria o seu ponto final. E agora, o que vai acontecer? Ela sabe de tudo, Corey. Sabe de coisas demais. E você não soube controlá-la. Agora ela está maluca e, para compensar, você coloca dentro do nosso apartamento uma rebeldezinha sem causa que, sabe-se lá porque diabos, quase a matou enforcada. Você acha que Scarlett vai deixar isso passar em silêncio? Você acha que Susannah vai ser útil para nós, Corey?

— Você se lembra de quando nos deram a nossa primeira missão? Sid, você se lembra?

Wilson, que tragava seu cigarro de menta e desembalava uma pizza congelada da caixa apenas assentiu.

— Se lembram que eu perdi minha cabeça e matei aquele cara? Foi um acidente, eu era um garoto problemático que teve a oportunidade de libertar meu ódio pela primeira vez. Eu quase fodi com a operação, mas nos disseram que foi um mal necessário. É isso o que aconteceu com ela. Vocês não fazem ideia do que essa garota passou. — fez uma pausa esperando comentários, mas quando não os recebeu, continuou. — Eu estava errado, confesso. Scarlett é louca, manipuladora, ciumenta. Mas ela é só uma vadia rebelde. Shawn me disse que ela não tinha nada do que nós precisávamos, mas eu fui teimoso.

— E o que Susannah tem para nós que Scarlett não tem? — James coçou a longa barba. — Psicopatia?

— Ela era abusada. O pai a fodia. Você sabe o que isso faz com a cabeça de uma garota, James? O próprio pai a fodia e a mãe sabia do que acontecia, mas pouco se importava.

Susannah congelou ouvindo a tudo com bastante clareza. Sentiu o peito parar de se mover por longos segundos. A garganta arranhou guardando o início de um choro.

Queria acreditar que não estava ouvindo aquilo. Não vindo de Corey, não aquilo outra vez... Por que tudo voltava a bater nessa tecla? Porque seus piores segredos estavam sendo expostos de forma tão ordinária, como se de nada valessem? Por que Corey estava sendo um monstro?

— Eu não sei... — James suspirou. — Isso é muito delicado, nós não temos nenhuma garantia de que ela vá aceitar o nosso estilo de vida. Ela ainda é só uma estranha, Corey. Ainda acho que você deve desistir, ou pelo menos dar um jeito em Scarlett antes que alguma merda maior aconteça.

— Sid? — Corey chamou. — Você realmente não vai falar nada?

— O que quer que eu fale? — ele já tinha ligado o forno e agora esperava pelo jantar para ficar assado. — Você está fodido Corey, como sempre. E vai foder a todos nós também se não souber dar um jeito nisso. E aliás, saiba que Shawn vai te matar se você não acabar com a Scarlett primeiro.


Notas Finais


Mistérios~ o que vocês acham que os rapazes fazem de tão secreto??
Como disse, Suzanita vai começar a se soltar agora. Já chega de se portar como uma personagem chata e bobinha né miga?
E, claro, para o próximo capítulo finalmente podemos esperar pelos garotos do Bullet! AEE! \o/
Enfim! Espero que continuem aqui comigo :) obrigada a todos por lerem mais um capítulo ❤


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