História Duas almas - O começo

P.O.V ´s  Lara

Eu era uma criança como todas as outras e mas na nossa cultura havia uma coisa chamada “Scapegoat” e de vinte em vinte anos uma criança era escolhida para que toda a maldade do mundo fosse colocada em si.

Eu tinha 5 anos quando a minha mãe me levou para o meio da vila para a escolha da criança. Então todas as crianças de todos os géneros e idades alinharam-se em frente ao nosso ancião. Eu corri para o meu lugar e respirei fundo.

O ancião começou a andar por todos nós fazendo o meu coração acelerar em medo e preocupação eu decidi fechar os olhos e esperar que aquilo acabasse mas passado alguns segundos eu ouvi pessoas a gritar em surpresa.

Eu abri os olhos que arregalaram ao ver o ancião a apontar para mim. Todas as crianças foram ter com as suas famílias enquanto o ancião continuava a apontar para mim.

-Ela é a escolhida! –gritou um homem atrás de mim.

-Sim, temos de começar com a cerimónia! –gritou uma mulher.

O ancião olhou para a multidão e acenou que sim e saiu. Eu fiquei ali parada confusa cerimónia? O que seria? E então um homem atirou-me para o chão e eu gritei.

-Levem-na para o sítio da cerimónia. –disse ele.

E quando dei por mim estava a ser puxada pelo pulso em alguma direção desconhecida, eu olhei em volta com medo e vi a minha mãe a olhar para mim.

-Mamã ajuda-me! –gritei eu esperneando.

Ela baixou a cabeça e foi embora deixando-me a chorar desesperada.

Finalmente os homens pararam e atiraram-me para um curral vazio e fecharam-me ali, eu corri para a porta e comecei a empurra-la gritando:

-Deixem-me sair! E-eu não fiz nada!

Passado algumas horas em desisti e sentei-me num canto do curral agarrada aos meus joelhos e comecei a chorar baixinho.

Já era noite quando abriram a porta fazendo-me olhar para cima.

-Anda. –disse um homem puxando-me pelo pulso fazendo-me gemer de dor.

Ele puxou-me até um sítio com uma enorme fogueira e várias pessoas à sua volta o homem atirou-me para o meio da roda fazendo-me cair.

Eu olhei em volta e vi três homens com um balde com algo dentro e entronaram-no sobre mim fazendo-me gritar e fechar os olhos. Quando os abri vi que estava coberta de um liquido preto.

-Hoje a maldade será punida como merece! –gritou um homem.

-Sim! –gritaram várias mulheres e homens.

E todos começaram a bater-me e a pontapear-me.

Eu deite-me no chão e tapei a cabeça fechando os olhos. Eu gritei em dor até ficar rouca e chorei até não ter mais nada para chorar e ai eles pararam e voltaram-me a atirar para o curral.

-Não fujas, demónio! –gritou o homem que fechou a porta.

Eu arrastei-me devagar para um monte de palha e deixei a escuridão adormecer-me.