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História Duas colheres de plástico e uma caixa de tinta - Único


Escrita por: Lullaby

Notas do Autor


Ao fim de oitenta e quatro anos, eu regresso. Com o quê? Namjin. Porquê? Porque Namjin é vida.

É só uma fanfic onde os dois estão numa relação estável e partilham um apartamento. É algo super lamechas e feliz, sem drama, e completamente fluffy. Há referências ao programa de variedades Law of the Jungle, onde o Jin, de momento, está a participar (e reza a lenda que levou duas colheres de plástico e um batom da Sephora).

Eu não sei/estou habituada a escrever em terceira pessoa, porque ando sempre a mudar o foco de narração, por isso isto é um teste.

A história é 3/4 fluffy e 1/4 smut (também é cómica).
Nem sequer era para ser smut, mas foram os personagens que fizeram acontecer, então no fim existe smut q (Quem quiser ir diretamente para essa parte pode ir para baixo e começar no diálogo "— Posso saber o que tanto observas?". Quem não se sentir à vontade para ler isso, pode parar no "(Só para que conste, também não estavam relacionados com os sais de banho.)".

A história está dividida por partes, onde há pequenos saltos no tempo (de minutos), que se podem ler individualmente.

Se isto fosse dedicado a alguém seria à Rafinhas, mas como lhe quero dedicar algo melhor, irei dedicar-lhe algo melhor, no futuro, e não esta fic asdfaghk

Boa leitura <3

Capítulo 1 - Único


Duas colheres de plástico e uma caixa de tinta

 

Depois de ter ficado quase três semanas fora, para gravar o Law of the Jungle, algures numa pequena ilha da Indonésia, e de provar que conseguia sobreviver numa espécie de selva apenas com duas colheres de plástico e um batom hidratante (todos duvidavam que isso iria acontecer, mas aconteceu), Jin, finalmente, regressava a casa.

A ideia era a seguinte, não avisar nenhum dos membros que tinha chegado uns dias mais cedo que o previsto e fazer uma surpresa a Namjoon que, muito provavelmente, e se tivesse sorte, de momento estava a jantar por casa.

Jin parou à frente da porta de entrada, com as chaves na mão e o trólei a arrastar atrás de si. O familiar tapete castanho e retangular, com um simpático Sweet Home, escrito a letras cursivas e cor de rosa – escusado será dizer que foi Jin que o escolheu, porque Namjoon queria apenas reutilizar uma coisa feia e de plástico, com buraquinhos – fê-lo sorrir e abanar levemente os ombros num movimento bem-humorado.

 Jin rodou a chave na fechadura e abriu a porta, sem fazer muito barulho. O corredor estava escuro, em contraste com a luz que vinha da porta aberta da cozinha. Podia-se ouvir o som baixo da televisão, num canal que passava um jogo de futebol.

Era quase impercetível, principalmente porque Jin tinha um cascol branco e felpudo enrolado à volta do pescoço e enterrado no nariz, mas ele podia jurar que havia um cheiro diferente no ar. A condimentos e spray impermeabilizante. O que significava, muito possivelmente, que tinha chegado aquela altura do ano em que Namjoon se encarregava de impermeabilizar todos os sapatos daquela casa para os dias de chuva. Isso e que se andava a alimentar de noodles instantâneos. Facto que se confirmou quando Jin parou à porta da cozinha e viu a figura de Namjoon, sentada à mesa, com um copo fumegante de noodles à sua frente e os hashis na mão, com a massa a caminho da boca.

A massa ficou pendente no ar, entre os dois pauzinhos, e depois retornou para o copo, quando Namjoon desviou os olhos da TV e olhou para quem estava à porta, de casaco ainda vestido, nariz avermelhado pelo frio, e cascol por tirar.

— Jin! — Os lábios de Namjoon repuxaram-se num sorriso, que apareceu à velocidade da luz, e lhe afundava covinhas nas bochechas e fazia com que os seus olhos parecessem meias luas deitadas, e aquilo, por Deus, era adorável. Levantou-se num salto da cadeira e deixou os hashi afundarem-se no caldo da massa. Estendeu as mãos na direção de Jin, com a intenção de as entrelaçar na nuca dele. — Voltaste!

E quando Jin lhe pousou as mãos frias nas bochechas e lhe afagou as maçãs do rosto com o polegar e olhou para Namjoon como se quisesse guardar na memória todos os traços do seu rosto, que poderiam ter ficado esbatidos durante as semanas que esteve fora, Namjoon tinha quase a certeza de que Jin o iria beijar. Por isso moldou os lábios num O apertado, fechou os olhos e entrelaçou os dedos atrás da nuca do seu hyung. Porque, segundo os filmes românticos, os livros de amor e o senso comum, era isso que acontecia quando dois amantes se reencontravam ao fim de muito tempo sem se verem. Era isso mesmo que era suposto acontecer, mas…

— O que é que fizeste ao cabelo?! — Jin prendeu a cara de Namjoon entre as mãos, inclinando-a ligeiramente para cima, depois para o lado esquerdo, depois para o direito, e o que via só parecia piorar quando a luz do candeeiro embatia diretamente contra as mechas de cabelo de Namjoon.

— Foi o Yoongi que pintou. — Jin inclinou a cabeça de Namjoon para baixo, passou-lhe os dedos pelo couro cabeludo. — Só que a cor não ficou bem igual à do pacote. Talvez porque não esperámos deixar a tinta atuar os minutos que estavam na caixa. Mas não ficou assim tão mal, pois não?

Jin esbugalhou os olhos. Não ficou assim tão mal? Não ficou assim tão mal?! O cabelo de Namjoon estava verde. E não era um verde bonito, como o verde água, ou o verde mentolado. Yoongi e Namjoon já tinham pintado os cabelos dessas cores e tinha ficado bonito e estético, digno das fotos do tumblr.

Também não era um verde petróleo, ou um verde escuro, que era algo elegante e à noite quase aparentava ser preto.

Era um verde… era um verde que nem tinha, nem merecia, um nome. Jin conhecia, pelo menos, vinte tipos de verde, e o que estava no cabelo de Namjoon não entrava na lista.

Era uma espécie de verde tropa, mas acinzentado e moribundo. Os zombies do pântano provavelmente tinham aquele tom de pele. E Jin já tivera uma camisola com aquela cor, que inicialmente era verde musgo, mas após ter ido à máquina mais de mil vezes, e de ter caído em lixívia, ficou com uma cor parecida à do cabelo de Namjoon.

 — Há quanto tempo é que andas assim? — Perguntou Jin. Namjoon franziu as sobrancelhas e mordeu o canto do lábio, com um ar pensativo. — Por favor, não me digas que foi logo depois de eu ter ido embora.

Namjoon ainda tinha as mãos coladas à nuca de Jin. Os dedos entrelaçados entre a pele quente do pescoço dele e o tecido felpudo do cascol que usava.

— Pintei-o ontem. E desde então não saí de casa. Agora dá-me um beijo, que já não te vejo há quase um mês, pelo amor de Deus.

— Pensava que eras ateu. — Provocou Jin, com as sobrancelhas levantadas.

— Se esse beijo demorar a chegar vou tornar-me demente.

— E nós não queremos que isso aconteça.

 

(…)

 

 

Namjoon esperava vários cenários, mas não assim tantos, para quando Jin retornasse a Seul.

Esperava ir busca-lo ao aeroporto, de carro e a cheirar a sabonete, como o bom namorado que era. Esperava encher-lhe a banheira com água quente e sais de banho efervescentes e coloridos, que prometiam hidratar a pele. Esperava acender a lareira e enrolar-se com Jin na manta aos xadrezes, que era a mais quente que tinham, enquanto viam um filme na televisão. Namjoon esperava até mesmo, (ele tinha colocado essa hipótese), não evitar mais o livro de receitas que Jin tinha comprado e tentar cozinhar algo quente e simples, que soubesse a casa.

Namjoon achava que todas essas situações eram bastante passíveis de acontecer (exceto a da cozinha, quem é que ele queria enganar?). Mas, se lhe dissessem que a primeira coisa que ele e Jin fariam, quando se encontrassem, era aquilo que estavam a fazer, Namjoon rolaria os olhos até ao cérebro e rir-se-ia com o absurdo que estava a ouvir. E no entanto...

— O Yoongi disse que a avó dele tem um conjunto de sabonetes como aquele. — Lembrou-se Namjoon, sentado no tampo da sanita, com uma toalha enrolada ao pescoço, a olhar para os pequenos sabonetes, cor de rosa pastel e com forma de flores, corações e passarinhos, sobre o lavatório em mármore.

— Sabes o que isso quer dizer? — Perguntou Jin.

— Que nos estamos lentamente a tornar num casal de idosos e que os teus gostos são semelhantes aos de uma velhinha de oitenta anos?

Jin massajou o couro cabeludo de Namjoon com mais força do que o necessário, mas sem o magoar realmente. Este fez uma careta e gemeu um queixume gutural, que fazia lembrar o ronronar de um felino grande.

— Não. Quer dizer que a senhora tem um ótimo gosto.

Jin usava umas luvas de plástico e, pela tinta arroxeada que se agarrava a elas, parecia ter andado a esmagar amoras silvestres. Exceto que estava simplesmente a pintar o cabelo de Namjoon com uma cor chamada “violino”, parecida à sua, que era um castanho com um subtom arroxeado, enquanto este se sentava diligentemente sobre o tampo da sanita e deixava que os dedos de Jin se entrelaçassem no seu cabelo-não-mais-verde.

A luz do teto e do espelho da casa de banho estavam ligadas e Jin já se tinha livrado do casaco e do cascol. Vestia umas calças bege e uma camisola preta de gola alta, que à partida não tinha nada de especial, mas em Jin ficava especialmente bonita, porque lhe envolvia os ombros largos como um abraço apertado. E os bíceps sólidos. E os abdominais firmes, o cérebro de Namjoon fez questão de o relembrar. Também fez questão de o lembrar de que ele era capaz de falar, se bem que o cheiro a químicos da tinta para o cabelo o estava a deixar meio zonzo.

— É verdade que conseguiste sobreviver na selva com duas colheres de plástico e um batom hidratante, de vinte e seis dólares, da Sephora? — Perguntou Namjoon, a assemelhar-se a um daqueles trolls de brinquedo, com cabelos coloridos, puxados para cima.

— É isso que as pessoas andam a dizer? — O canto do lábio de Jin repuxou-se para cima, as pontas dos dedos desenhavam círculos e outras formas abstratas no couro cabeludo de Namjoon — Que sobrevivi durante um mês apenas com duas colheres de plástico e um batom, de vinte e seis dólares, da Sephora?

— Yep. — Respondeu Namjoon; os lábios fizeram um pequeno pop no . A cabeça abanava levemente, a acompanhar os movimentos que as mãos de Jin manobravam no seu cabelo, para que a tinta penetrasse em todos os cantos possíveis.

— E tu acreditaste nisso?

— Eu sei lá! Depois daquele dia em que fizeste uma massa gratinada fabulosa com metade de uma cebola e uma lata de atum eu já não duvido de nada.

Jin riu e os seus olhos comprimiram-se em fendas pequeninas.

— Joonie, — despenteou-lhe vigorosamente o cabelo com as duas mãos enluvadas, tingidas de vermelho arroxeado — és um tolinho.

— Não sou nada. — Resmungou Namjoon.

— És sim. — Retrucou Jin, arrastando a voz e os dedos na pasta avermelhada que era o cabelo de Namjoon — Um tolinho de quem eu já estava a morrer de saudades. — Deslizou os dedos por trás das orelhas dele, num carinho singelo — Saudades das nossas conversas antes de deitar. Saudades dos teus abraços quentinhos. Saudades desses lábios carnudos e perfeitos. Sentia até saudades do teu ressonar e da arte abstrata que fazes sempre que empilhas a loiça depois de a lavar.

Namjoon sorriu um sorriso satisfeito; as covinhas formaram-se nas suas bochechas.

— Foram assim tantas as saudades? — Perguntou.

Jin anuiu com a cabeça.

— Foram do tamanho do mundo.

— Uau. Do tamanho do mundo?

— Maiores, até. Do tamanho da Via Láctea.

 — Jin.

— Hm?

— Estamos mesmo a tornarmo-nos num casal lamechas de idosos. – Jin revirou os olhos e sorriu. — Só mais uma coisa.

— O quê?

— Também tive saudades.

 

(…)

 

Daquela vez, Namjoon esperou que a tinta atuasse o tempo que estava indicado na caixa, e ainda adicionou cinco minutos, não fosse o diabo tecê-las.

Jin ajudou-o a tirar a tinta do cabelo. Namjoon apoiou as mãos na borda da banheira, ajoelhou-se no pequeno tapete oval e inclinou a cabeça para baixo, deixando a água morna e os dedos de Jin escorrerem-lhe pelo cabelo, molharem-lhe as orelhas e acariciarem-lhe a nuca. A água que serpenteava até ao ralo era da mesma cor que o sumo de frutos vermelhos que tinham no frigorífico e que Jin gostava de beber de manhã; aos poucos tornava-se cada vez mais transparente, até não sobrar mais cor alguma.

— Agora pareces uma pessoa de verdade. — Declarou Jin, pegando numa toalha branca e enrolando-a à volta do cabelo, agora castanho escuro, com luzes arroxeadas, de Namjoon. Espreguiçou-se, esticando os braços por trás das costas. — E agora também me apetecia um banho.

Namjoon encarou-se no espelho e alisou as sobrancelhas húmidas, olhou para Jin através do reflexo.

— Então vamos tomar um. — Disse.

– Tu tomaste um antes de jantar. – Relembrou-o Jin, sentado na borda da banheira. Ligou o chuveiro no máximo, para enxaguar os possíveis resíduos de tinta da superfície de acrílico branco.

Namjoon deixou de olhar-se no espelho e virou-se para Jin, com uma sobrancelha levantada.

— Como é que sabes?

— Quando me cumprimentaste cheiravas ao meu gel de duche, que usaste, mais uma vez, por engano. — Respondeu Jin, num tom monocórdico. — Tens de parar de fechar os olhos quando lavas o cabelo e de usares a primeira coisa que te vem à mão. — Namjoon não respondeu logo. Os lábios pressionaram-se um no outro e culminaram num sorriso apalhaçado. As pálpebras superiores quase a tocarem nas inferiores. Jin abriu a boca. Pensou. Depois fechou-a. Abriu-a de novo. — Cheiravas ao meu gel de duche, que não usaste por engano.

Namjoon esfregou a toalha no cabelo com um certo vigor e depois desenvencilhou-se dela com um movimento brusco e quase cómico, atirando-a para a bancada do lavatório. Livrou-se dos chinelos com rapidez, tirando-os com ajuda dos pés e descalçou as meias.

— Então. — Agarrou no cós das calças de fato de treino. Com um movimento apressado inclinou o tronco num ângulo de noventa graus e baixou as calças, com os boxers de arrasto, até aos pés. — Eu já te tinha dito que comprei sais de banho efervescentes?

E Jin, naquele momento, só pensou “meu Deus”, apesar de não estar a ter pensamentos absolutamente nada, de maneira alguma, sem chance, religiosos.

(Só para que conste, também não estavam relacionados com os sais de banho.)

 

(…)

 

— Posso saber o que tanto observas? — Perguntou Jin, com um sorriso. As mãos desapertavam o cinto e desabotoavam o botão das calças. A sua camisola preta, ao contrário da t-shirt de Namjoon, atirada para qualquer canto da casa de banho, tinha sido dobrada à pressa e pousada na bancada do lavatório.

Namjoon estava dentro da banheira, costas encostadas ao acrílico esmaltado, e bochecha enterrada no punho, como uma criança que espera, pacientemente, o seu bolo preferido sair do forno. A água dava-lhe pelo peito e cheirava a rosas da Tailândia e laranjas da Índia, ou algo do género, e era quente e agradável contra a pele.

— Observo o meu namorado, absurdamente bonito, que já não via há quase um mês. — Respondeu, sem tirar os olhos de Jin. Sem mover um músculo.  — Deixa-me viver o momento, sim?

Jin revirou os olhos e deixou escapar um risinho frustrado.

— Só dizes disparates. — Protestou, ainda com o sorriso a repuxar-lhe os lábios. As mãos seguravam o cós das calças, de fecho aberto e cinto pendente, onde o tecido preto dos boxers espreitava. — Até parece que é a primeira vez que me vês sem roupas. — Pousou a mão à frente dos lábios — Assim fico tímido, Jonnie.

Namjoon respirou fundo. Tão fundo que quase tossiu, quando o cheiro dos sais de banho lhe penetrou nos pulmões e fez-lhe cocegas nas narinas. Endireitou a cabeça e submergiu os braços na água.

— Se ficas assim tão tímido despacha-te a tirar a roupa e a vir para o banho. — Disse, num tom queixoso e com uma nota de alarme.

Jin não ficava tímido. Namjoon sabia disso. Seok Jin tinha a doença dos príncipes e fazia questão de olhar sempre para as montras espelhadas na rua, para namoriscar com o próprio reflexo. Jin não estava a ser tímido, na-na-ni-não, Jin estava a ser o rei da provocação, como, por vezes, fazia questão de ser. Levava as coisas com calma, com uma calma absurda, puxava a situação até ao limite, até as costuras quase rebentarem, até a pessoa estar quase a sufocar debaixo de água, e depois, ao último segundo, puxava-a até à tona e dava-lhe a conhecer, de novo, a sensação de respirar e de estar viva.

Namjoon gemeu uma espécie de lamento, que se aninhara na sua garganta. Jin descia as calças o mais lentamente possível, com um sorriso provocador no rosto – aquele seu sorriso principesco e sedutor –  enquanto olhava para os olhos escuros de Namjoon.

E Namjoon aguardava. Pacientemente impaciente, como quem quer prolongar a leitura de um livro maravilhoso, mas ao mesmo tempo quer chegar rapidamente ao final.

As calças eram descidas, vagarosamente. Escorregaram pelo quadril, deslizaram pelas coxas torneadas e bronzeadas, depois pelos gémeos tonificados das pernas; roçaram nos calcanhares e, por fim, aleluia, por fim, tocaram no chão.

Os boxers conheceram o mesmo percurso, só que este aconteceu cinco vezes mais rápido, porque Namjoon ameaçou estar a ficar sem ar. Também ameaçou estar a ficar sem sangue no cérebro, porque este estava a direcionar-se todo para um só sítio, mas Jin calou-o a tempo, respingando-o com água e entrando na banheira.

Jin encostou as costas ao peito de Namjoon; a pele dois tons acima da sua, como um caramelo que se agarra aos dentes. Só percebeu o quão tenso estava ao sentir todos os músculos do seu corpo relaxarem ao serem envolvidos pela água quente. Os seus ossos transformaram-se em borracha.

— A água está boa? — Perguntou Namjoon.

Jin fechou os olhos, afundando a parte de trás do pescoço na clavícula dele. Respondeu um “hmmm” afirmativo, ao qual Namjoon retribuiu com um sorriso.

— Porque é que não avisaste que vinhas mais cedo? Eu podia-te ter ido buscar ao aeroporto.

Jin inspirou fundo. Expirou lentamente, e só depois respondeu.

— Porque queria fazer-te uma surpresa. — Sentiu as mãos de Namjoon a ensaboarem-lhe os ombros e o pescoço; a pressão que ele exercia sobre a sua pele era perfeita, nem demasiado leve, nem demasiado pesada. — Queria passar um tempinho só contigo, sem ninguém saber. Ter descanso durante um dia ou dois. Hmm, Jonnie — Namjoon massajava-lhe o pescoço, os polegares afundavam-se na pele, em movimentos circulares, atrás das orelhas arredondadas de Jin — Isso é bom. — Mordiscou o lábio inferior. — Fiquei feliz quando cheguei a casa e a vi em pé.

Namjoon acariciou-lhe os lóbulos das orelhas; puxou-lhe um deles com um pouco mais de força, ao qual Jin reagiu com um “hei!” bem-disposto, inclinando a cabeça para o lado do puxão.

— É claro que a casa está em pé. — Retorquiu Namjoon, com um ar falsamente indignado — É essa a fé que tens em mim? Só para que saibas, até mudei os lençóis da cama. E lavei a loiça sempre no dia. Impermeabilizei os sapatos para a chuva e tudo.

Jin ajeitou-se melhor nos braços de Namjoon, encostando o fundo das costas contra o corpo dele e deixando que as mãos maiores que as suas repousassem na sua barriga.

— Também puseste o spray nos meus sapatos?

Os dedos de Namjoon deslizaram sobre o estomago de Jin, fazendo com que a superfície da água se agitasse.

— Claro.

Jin contorceu o tronco e depositou um beijo casto na linha do queixo de Namjoon.

— O meu Jonnie é muito prestável.  — Sorriu, encostando a bochecha na curva do pescoço do namorado.

— Óbvio que sou. Super prestável. O arquétipo da prestabilidade. O rei das coisas prestáveis. O-  —  Jin pressionou os lábios contra os do rei das coisas prestáveis.

E, por momentos, deixou de respirar. Literalmente, porque a boca de Namjoon era quente como um vulcão ativo e não se desencostava da sua e, céus, Jin pensou que não se importava de morrer sufocado, porque tinha a certeza que aquele era o caminho para o paraíso. Ou para o inferno. Mas isso não aconteceu. Porque aquilo era algo que tinham praticado, memorizado e aperfeiçoado ao longo dos anos. E quando o cérebro de Jin se começou a queixar da falta de oxigénio e Namjoon lhe mordiscou o lábio inferior, dando-lhe tempo de sugar o ar, este lembrou-se de que tinha um nariz funcional para respirar e de que conseguia acompanhar o ritmo, até que os lábios se separassem.

— O que é que ias dizer? — Perguntou Jin, quando os lábios se afastaram, com o coração a martelar no peito e nos ouvidos. Os lábios rosados e entreabertos, molhados mais por saliva do que por água. — Hm?

Namjoon tinha envolvido a cintura de Jin com os braços, puxando-o mais para si, colando-o a si, a ponto de sentir os batimentos cardíacos dele ecoarem no próprio peito. As coxas de ambos roçavam uma na outra, envolvidas pela água.

— Não faço a mínima ideia. Acho que me esqueci do próprio nome.

Jin sorriu, roçando a ponta do nariz no de Namjoon.

— Há algo que possa fazer para te fazer relembrar?

— Mais beijos destes, por favor. — Pediu Namjoon, deslizando os nós dos dedos pela coluna de Jin.

— Só beijos? — Jin levantou uma sobrancelha, acariciou o pescoço de Namjoon — Tenho algo duro a bater-me na coxa há mais de cinco minutos e tu queres só beijos?

Namjoon franziu as sobrancelhas, com um ar desentendido. Sorriu.

— O quê?

Jin deu-lhe uma palmadinha na testa.

— Não te faças de desentendido.

A mão de Namjoon afundou-se na água com laivos brancos, criados pelo sabão e pelos sais efervescentes. Roçou na coxa de Jin e pegou em algo escorregadio e vermelho.

— Era só o sabonete. — Disse, exibindo o sabonete de glicerina, antes perdido na banheira, ao nível dos olhos de Jin.

Jin piscou os olhos, duas, três vezes. Pressionou os lábios, olhou para cima, para Namjoon, e depois, sem aviso, começou a rir às gargalhadas, como se aquilo fosse a coisa mais engraçada do mundo. Não é que fosse a coisa mais engraçada do mundo, nem algo lá perto, mas Jin estava feliz, e sentia-se confortável, e em casa, e achava que era a pessoa mais sortuda à face da Terra por ter aquele par de braços para onde regressar e aquele par de olhos onde se perder e aquele sorriso de dentes direitos, que criava covinhas nas bochechas, e que agora se abria, todo só para si entre aquelas quatro paredes.

— O que foi? — Perguntou Namjoon, com um olhar confuso, mas sem conseguir parar de sorrir, porque ver Jin daquela maneira provocava-lhe a mesma reação de quando ouvia um bebé gargalhar, ou de quando conseguia terminar de compor uma música, ou de quando Jin desenhava caras sorridentes, com geleia, nas torradas, pela manhã.  

Jin derreteu-se nos braços de Namjoon, deslizando as nádegas pelo fundo da banheira, até ter a água a dar-lhe pelo queixo. Namjoon passou os braços por baixo dos de Jin, cruzando as mãos sobre o peito dele.

— Já disse que te amo?

— Hoje ainda não.

— Então, amo-te. — Retorquiu Jin.  

— Mesmo com o cabelo verde?

— Amo-te mesmo com o cabelo verde.

Namjoon depositou-lhe um beijo sobre o ombro. Depois outro e outro e outro, molhados e leves como a chuva miúda.

— Também te amo. — Confessou Namjoon.

— Mesmo que não tenha sobrevivido na selva apenas com duas colheres de plástico?

— Vou ter de pensar no assunto.

Jin acotovelou-lhe as costelas.

— Já não faço mais aquela massa gratinada. — Protestou.

— Pensando bem, amo-te incondicionalmente, não importa o que acontecer.

 Jin achou muito bem e Namjoon achou que, antes de saírem do banho, porque a água começava a arrefecer, podia roubar outro beijo a Jin, daqueles de levar uma pessoa ao sétimo céu e de tirar o ar.

 

(…)

 

— Jonnie, o sabonete caiu de novo na banheira.

— Caiu?

— Está ao pé das minhas costas.

— Hm.

— Temos quantos sabonetes nesta banheira?

— Um.

— Se o sabonete vermelho está aos meus pés… o que é que está a roçar nas minhas costas?

— Isso é um jogo? Agora é a minha vez. O que é que é branco por fora e amarelo por dentro?

— Namjoon!

— Errado. É um ovo. 


Notas Finais


é um ovooooooo q
Obrigada por terem lido :)


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