História Duas Coroas - The End - "Quando você for maior vou te beijar"

-Eu não posso fazer isso com Edward! –Digo pensando em Isa, no filho deles.

-Alguém citou o nome dele? Acha mesmo que eu o deixaria ser rei? Iléa já é praticamente minha. Ele irá abdicar. Deixe isso comigo. Tudo o que tem que fazer é casar-se com o mais...

-Vick?! Eu não posso fazer isso com ele Thomas! Ele... Ele já ama a...

-Mary? –Ele sorri como se isso fosse apenas parte de seu plano. E é -Será que ele não aceitaria se casar com você pela cura do veneno? –Minhas sobrancelhas se erguem lhe dando a resposta. –Por experiência própria sei que o amor pode lhe levar a fazer qualquer coisa.

-Você não sabe o que é amar –Murmuro e Thomas ignora.

-Mesmo que depois você note que não vale a pena. –Conclui- Acha mesmo que eu cai nessa história de tudo por Iléa? Você está fazendo isso pelo generalzinho e o príncipe fará por Mary. Os dois lutando por coisas que não os levarão a lugar nenhum.

-Do mesmo modo que Mary fez tudo por você. Como você pretende se casar com Adela já estando casado com ela?

-Ah, o juiz? Falso. Não insulte minha inteligência com argumentos baratos. Já dei minhas cartas. –Ele põe a mão sob a cabeça como se estivesse sentindo dor- Irei para os aposentos de minha noiva, não me procure por favor. Uma empregada lhe mostrará os seus. Amanhã você será apresentada como... bem, como você. Descanse. –Thomas já estava a caminho da porta quando eu o chamo.

-Quando poderei ver Liam? –Murmuro.

-Após a sua apresentação amanhã –ele vira apenas a cabeça em minha direção. –Caso se comporte. –Completa e sai andando me deixando sozinha naquela imensa sala.

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Se algum dia já imaginei estar bonita, havia me enganado. Eu estava horrível pela manhã, com olheiras e o rosto inchado, mas as mão habilidosas das criadas aliadas a quilos de fixador para cabelos, cremes com o tom da minha pele e camadas de pó fizeram milagres.

O vestido era transparente na parte de cima e saía longo e cheio da cintura para baixo com um tom de escarlate.

-Ajeite a postura. –Ainda não gostava de ouvir sua voz, ela era frequente em meus pesadelos quando criança. –Adelaide, Anastácia, basta. –Me surpreendo pelo fato dela saber o nome de “meras empregadas” -Me acompanhe alteza.

Tudo que eu queria era tacar qualquer coisa contra sua cabeça, porém por Liam devo me comportar na frente de outras pessoas e os guardas mantinham os olhos fixos -e arregalados- na princesa perdida. –Sim, majestade. –A acompanho, mas antes de poder segui-la um guarda de olhos verde-claros segura meu pulso e deposita um papel em minha mão. Sigo adiante escondendo o papel debaixo da faixa do vestido.

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Não quis ouvir o discurso emocionado de Adela. Fiquei nos bastidores até minha deixa. Subi no palco “emocionada” recebendo um abraço de Adela. –Não faça gracinhas. Você sabe o roteiro. –Mas ainda não me solto do abraço. Ela sabe o que quero ouvir -Ele já concordou se é o que quer saber. –Vick. Ele concordou com tudo isso. Por Mary.

-Meu povo. –Respiro fundo. –Eu estou de volta para cumprir todos os meus deveres como princesa, mas antes gostaria de justificar as vezes em que não cumpri com eles. Fui fraca por amor. Nada do que disse anteriormente é verdade. Aqueles... –Finjo desprezo e meu coração se parte- Insolentes, desrespeitosos e assassinos me ameaçaram com a única coisa que sabiam que me faria ceder. Preferi ele à França e peço perdão por isso. Eles ameaçaram de morte o príncipe Victor, príncipe filho de Iléa. Nossa querida rainha pensou ser ao contrário de modo que Iléa e França chegaram a romper laços. Mas agora eu voltei, os reinos se uniram e vamos juntos contra qualquer um que tente derrubar o governo!

-E para provar a união entre os reinos... –Eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Vick para diante de mim e se ajoelha –Princesa Juliana Amélia Schreave, aceita se casar comigo? –Meu coração para e lágrimas brotam nos meus olhos. O trouxeram até aqui. O obrigaram a isso. Ele me pede em casamento com a boca, mas não com os olhos.

-Sim. Eu aceito. –Meus lábios tremem ao pronunciar as palavras.

Vick se levanta e junta sua testa a minha. –Me desculpe. –E eu nunca havia imaginado isso. Na frente de câmeras, em meio a ameaças, um pedido de casamento falso, mentiras para todos os lados, traições e caos. Queria aquele beijo naquele dia quando ele me deu o quadro. Quando disse que se pudesse viria pra cá comigo. Quando eu teria certeza que ele não estaria pensando em Mary.

E eu não aguento olhar para as câmeras novamente. Enterro meu rosto em seu peito chorando. Adela termina com o show antes que percebessem que minhas lágrimas não eram em hipótese alguma de alegria.

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“Eu escrevi esta carta a sete anos atrás, quando você fugiu. Nunca te entreguei.”

A letra de Liam está tremida. Ele podia pedir para qualquer outro escrever, mas o teimoso quis escrever por si mesmo. Pego o outro papel dobrado –esse mais antigo- e leio.

“Eu sei que você vai voltar pirralha. To com saudade. Não sei como vou te entregar isso, talvez a gente já esteja grande. (Eu já sou grande, você é a pirralha.) Eu estou sorrindo. Vou sorrir mais quando te ver. Sabe de uma coisa? Quando você for maior eu vou te beijar. De verdade. Uma garota já tentou me beijar uma vez. Eu não te contei por que você é muito ciumenta. Queria te beijar primeiro, mas você é muito pirralha. Eu vou atrás de você. Te amo.

Seu feio mais lindo do mundo.”

Ele está certo. Eu teria matado a garota.

~Continua...