Alguns dias depois:
Foi até divertido escolher roupas com Cristiano, ouvir conselhos sobre combinações e até mesmo sobre o que postar no Instagram, já que eu aleguei não saber o que compartilhar na rede.
- Vamos a escolha dos óculos. – Cristiano me sacode.
Eu estava praticamente dormindo em pé. Meu pai tagarelou durante um bom tempo no Skype e depois minha mãe fez o mesmo, ou seja, dormi com o dia quase amanhecendo.
- Cris, eu estou com sono... – resmungo.
- Vamos logo com isso, antes que o time volte. – ele fala.
Reviro os olhos e vou com ele até a ótica.
Eu liguei o piloto automático e apenas concordava com o que Cristiano falava.
- Sabia que a escolha dos óculos é algo pessoal? – Cristiano pergunta me cutucando.
- Hum... confio no seu gosto. – digo desanimada.
- Você está uma morta viva hoje, em? – ele fala.
- Mozão, me deixa quietinha, vai? – peço usando o apelido que Marcelo me ensinou.
Encosto minha cabeça no ombro dele, enquanto esperamos a vendedora trazer mais uns quinhentos modelos de óculos.
Experimento e vou pela opinião de Cristiano. Compro quinze pares de óculos de grau e mais dez modelos de sol. Cristiano Ronaldo o rei do consumismo.
- O Real Madrid te paga bem para você torrar com óculos. – ele diz brincalhão.
- Fico o dia quase todo com a cara enfiada numa tela de computador, tenho que ser compensada. Além do mais, papai é Sheik e ainda me dá uma mesada... – digo e dou risada.
- E a vergonha na cara? – ele pergunta.
Saímos da loja e ele para pra tirar fotos com alguns fãs, enquanto eu espero.
- Jorge estava comentando ontem sobre a festa que vai ter... – ele comenta enquanto partimos para o meu apartamento.
- Meu pai me fez dormi de madrugada falando dessa festa. – digo e reviro os olhos.
Cristiano ri.
- Como você já deve saber, todos do clube estarão presentes juntamente com suas acompanhantes e todo aquele blá, blá... então nesse dia você fará a sua grande reapresentação. – ele diz.
Fico olhando para ele sem entender nada.
- Você pode continuar andando meio mendiga e meio macho, só que a partir do dia dessa festa você irá apresentar uma nova Joana. – ele diz.
- Ok. Só um esclarecimento, eu não ando meio mendiga. – digo.
Ele ri.
- Versace e Balmain são caros.
- Os panos são caros, mais os rasgos e a aparência é de velho. – ele rebate.
- Isso é customização. – falo.
- Vou te indicar alguns blogs que irão te ensinar a fazer isso da maneira certa. – ele diz enquanto eu aciono o controle para abrir o portão.
- Vai se ferrar. – digo e dou risada.
Seguimos para o meu apartamento e no caminho encontramos alguns moradores que não resistem e pedem foto ao blanco mais midiático da cidade.
- Fica a vontade, porque eu vou tirar um cochilo de quinze horas. – digo a Cristiano e largo as sacolas no sofá.
- Nem pensar, pode se sentar porque nós vamos estudar. – ele diz tirando meu tablet do carregador e se sentando no sofá.
- Estudar o que cara pálida? – pergunto.
- Comportamento e outras coisas. – ele diz com os olhos fixos no tablet.
Solto o ar pela boca.
Ser DUFF é fácil, porque deixar de ser DUFF tem que ser tão difícil?
Me jogo ao seu lado e olho o que ele está fazendo.
- Você gosta mesmo da Rihanna, em? – pergunto ao ver que ele procurava por algo dela.
- Ela sabe ser inesquecível. – ele diz malicioso.
- Eu não preciso saber disso. – digo rindo.
- Agora falando sério, ela é uma boa fonte para empoderamento feminino. – ele diz.
Olho para ele com certo estranhamento.
- Você pode não achar, mais você não é uma pessoa confiante. Você é boazinha demais, sempre compreensiva...
- Ei, eu não sou assim. – digo.
- É sim, caso não fosse, você ia falar na cara da Aurah que ela é vadia e na cara do Jesé que ele se acha muito para aquilo que ele é. – ele diz naturalmente.
Olhando por esse lado...
- Ok, eu fui boazinha, mais eu não quero me transformar num monstro sem coração. – digo.
- Eu só quero que você escute com atenção as frases da Rihanna, elas vão te ajudar em muita coisa. – ele fala.
- Você me confunde. – digo.
- Só presta atenção flor branca. – ele diz.
Valeu pai, meu segundo nome me rendeu apelidinhos no clube. Meu segundo nome foi escolha do meu pai, Noura, ele é de origem árabe e o significado é flor branca e graças a Karim todo mundo sabe disso.
“Pra mim, sexo é poder. É empoderador quando você transa porque você quer.”
“Eu não me importo com preliminares... eu quero agora.”
“Algumas vezes eu visto algo e penso: ‘Vou ser tão criticada por isso amanhã’, mais se eu quero vestir, eu vou vestir...”.
- Sentiu o peso? – ele pergunta.
- Para ela é fácil falar isso. – digo.
- Por quê? – ele me questiona.
- Porque ela é a Rihanna. – digo como se fosse obvio.
- E você é Joana. Ela fala isso porque sabe o quanto as pessoas podem querer tirar proveito da fragilidade dela, isso é como uma defesa. – ele diz.
- Hum...
- Mais ela também fala porque é o que ela sente... você tem que despertar esse seu lado confiante. – ele diz.
- Como é que faz isso? – pergunto.
- O primeiro passo você já deu, que foi com a postura. Uma postura ereta, faz com que passe confiança. Você mostra que está tranquila, que a situação é sua e isso desestabiliza o outro. – ele começa.
Pedi ajuda a pessoa certa.
- Você agora precisa aprender a inflar o seu ego. – ele diz.
- E ai? Compro uma bomba de ar e começo ou faço o que? – pergunto e ele ri.
- Tem um espelho grande aqui? – ele pergunta.
- Tem no meu quarto. – falo.
- Então vamos para lá. – ele diz.
- Vou contar ao Karim sobre isso. – digo brincalhona.
- O francês vai perder para o português mais uma vez... – ele diz entrando na brincadeira.
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