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História Duke Of Blood - O Duque


Escrita por: jinyoungs e jiminstand

Notas do Autor


PRIMEIRAMENTE, OBRIGADA PELOS 433 FAVORITOSSSSSS E +100 COMENTÁRIOS VOCÊS SÃO 10/10
segundo, leiam as notas finais ♡

Boa leitura!

Capítulo 13 - O Duque


Jimin prendeu a respiração. A brisa fria queimava-lhe as bochechas, mas ele estava atordoado demais para se preocupar com isso.

Atrás de si, Jeongguk cerrava os olhos na tentativa insignificante de conseguir enxergar melhor no ambiente noturno.


ㅡ O que está fazendo? - o mais jovem sussurrou apreensivo.


Jimin travou. No breu, conseguiu notar a silhueta apagada com roupas consideravelmente anormais. Mesmo se tomasse como base o enorme hanbok Real, as roupas ㅡ ou o que aparentemente seriam roupas ㅡ eram muito maiores. Aquilo definitivamente não era um hanbok, concluiu o que já suspeitava.

Ele piscou duas vezes antes de se dar conta do que estava fazendo. Tentara ligar os pontos, mas ainda assim sentia-se confuso. Ele abriu a boca para pronunciar algo, queria perguntar quem estava ali e por que estaria ali em uma noite fria e nevoeira como aquela. Porém, quando estava prestes a fazer isso, sentiu um puxão brusco empurrar-lhe pelos ombros, ouvindo barulho da porta ligeiramente sendo fechada logo em seguida.

Ele caiu de lado, batendo suas costelas em alguma coisa feita de metal com aparência fina e cheia de curvas. Talvez um castiçal enferrujado, ele chutaria caso fosse preciso.

Jimin deixou sair alguns gemidos de dor e exaustão. Jeongguk apareceu logo atrás tampando a boca do mais velho com a mão coberta pela luva.

O mais novo jogou as costas contra a porta e fez pressão para mantê-la fechada, arrastando Jimin consigo pelo impulso.


ㅡ Você está louco? - sussurrou quase inaudível enquanto tirava a mão de cima de Jimin, que se afastou à procura de algo que nem ele sabia dizer o quê. Se desse sorte, talvez encontraria a própria sanidade que acabara de perder, pensou.

"O que você está fazendo, Park Jimin?" Jeongguk perguntava-se mentalmente. Mas, de nada valia, pois sentia-se hesitante quanto a pronunciar palavras em tom audível naquele momento. Algo no seu cérebro acreditava que, se falasse, poderia dar dicas sobre a existência de pessoas do lado de dentro da choupana abandonada, mesmo sabendo que o barulho ocasionado pela queda de Jimin já denunciara isso.

Mais passos do lado de fora; eram assustadoramente tranquilos e calmos, o que dava uma maior angústia a situação. Depois de alguns segundos, Jeongguk conseguiu encontrar a fechadura da porta e a trancou. Glorificou mentalmente por não terem encontrado a cabana trancada antes, assim não precisariam arrebentar porta e junto dela a fechadura; caso isso tivesse se sucedido, estariam em maiores apuros agora.

Ainda encostado sobre a madeira afim de certificar-se que ela continuaria fechada, Jeongguk notou que algo no interior da cabana brilhou iluminando o rosto de Jimin vagamente, mas logo se dissipou. Ele não teve tempo de decifrar o que era, mas deu graças pelo fato de não haver janelas naquele lugar.

Velas. Jimin procurou por velas no emaranhado do que ele havia julgado ser castiçais, enquanto a pólvora do segundo fósforo permanecia queimando. Ele sabia que tinha tocado em algo feito de algum material parecido com cerâmico de vela. Tinha de ser velas. Não custava nada conferir, mesmo em um momento como aquele, era necessário.

Como se tratava de uma criação recente, embora não soubesse usar (e por isso falhou miseravelnente na primeira tentativa), por sorte, ele havia encontrado aquela caixa de fósforo em algum lugar da cabana abandonada.

Ele encontrou um material roliço e arrastou as mãos até a ponta para certificar-se que se tratava de uma vela. Ela não estava congelada; parecia  ter sido usada não muito tempo atrás. Jimin sentiu o peito encher de gratidão, mas logo o sentimento se esvaiu ao perceber que, se as velas foram usadas recentemente, o conceito da cabana abandonada mudara: aquele lugar não era abandonado. Não totalmente.

Jimin acendeu a vela sem pestanejar, logo encontrando e acendendo mais. Algo dentro do seu sistema nervoso central simpático apitou emitindo luzes vermelhas de alerta em seus olhos. O que seria aquilo que viu minutos atrás?

"Seria o proprietário daquele lugar? Por que suas vestimentas eram tão peculiares?" 

Nesse mesmo momento, houve uma forte pancada na porta e o coração de Jimin disparou junto. O que quer que esteja lá fora, agora estava tentando entrar, e não parecia que iria desistir sem antes conseguir completar o que desejava.

Jimin levou a mão até a boca tentando inutilmente silenciar sua respiração pesada.

Novamente, a porta foi empurrada com uma força brutal, quase anormal. Qualquer frio que Jimin tivesse sentido antes, desapareceu completamente; na mesma hora, o suor começou a brotar de sua pele de dentro para fora, como se fosse um dos sintomas de uma febre alta.

Mais um chute. O coração de Jimin começou a bater tão forte que ele tinha certeza de que Jeongguk também ouvia. Os dois se encararam; os olhos arregalados demonstrando completo pavor. Então, Jeongguk resolveu fazer algo que ele nem mesmo acreditou estar fazendo.


ㅡ Quem é? - perguntou ele, tomando conta de quão inútil e arriscado seria sua pergunta.


Na mesma hora, a frequência de chutes aumentou na pequena porta que chacoalhou, como se a pressão na cabana tivesse se alterado de repente. Os chutes vieram tão incontroláveis que Jimin pensou que a porta não podia aguentar mais. Um dos garotos fechou os olhos esperando o momento que o som da madeira explodindo aos pedaços cortaria seu campo de audição, quando o outro ciciou brandamente:


ㅡ Não há nada que você queira aqui.


ㅡ Park Jimin! - berrou Jeongguk.


E tudo pareceu quieto, de repente.

Os segundos pareciam ser arrastar junto com a respiração instável de ambos. A luz fraca da vela faziam com que suas sombras tremeluzisse sobre a parede; era o único movimento dentro da cabana além do sobe-desce dos pulmões frenéticos.


ㅡ Já foi? - perguntou baixinho depois de algum tempo consideravelmente longo.


ㅡ Eu não sei - respondeu o menor. ㅡ Não ouço mais nada.


Ele ainda sentia-se nervoso, mas nada como antes.


ㅡ O que exatamente é esse lugar? - quis saber Jimin, só então voltando a realidade. Desde que chegara, não houve possibilidade para analisar o local.


ㅡ Eu não sei, mas me parece estranho - falou o outro, se aproximando de uma das mesas no centro. Jimin passou uma visão periférica por todo o local. Haviam caixas, mesas com alguns utensílios em cima, garrafas de material preto e várias machadinhas em um dos cantos. Logo mais ao fundo, algo parecido com uma grade pousava inexorável suspenso ao chão.


ㅡ Seria isso aqui uma choupana de algum caçador? - se perguntou em voz alta.


ㅡ Jimin... - chamou ignorando a pergunta, do outro lado da pequena sala


ㅡ O quê? Também acha que está cabana é pertencente a um caçador?


ㅡ Não me parece que seja...


ㅡ Por que diz isso? Você viu aquela jaula? Talvez seja para alguma armadilha, sem contar as machinhas. Muito provável que sejam para serem usadas em...


ㅡ Jimin - chamou de novo, dessa vez interrompendo o mais velho. ㅡ Eu acho que você precisa ver isso.


Jimin respirou fundo. Ainda estava chocado demais para ter que lidar com as piadas sem graça de Jeongguk. No entanto, após deixar escapar um brando bufo, ele se encaminhou até onde o mais jovem estava. Jeongguk olhava fixamente para algo no centro da mesa, parecia que ele ia chorar a qualquer momento. Desconfiado, Jimin se aproximou lentamente tentando enxergar o que tinha ali. Ele cerrou os olhos tentando focalizar melhor o objeto, a luz das velas ainda eram um pouco insuficiente, mas nada que impedisse de enxergar completamente. Jimin abaixou a cabeça próximo a uma sombra sobre a mesa. Um cheiro pútrido invadiu suas narinas, então ele fez uma careta até perceber o que estava em sua frente.

Instintivamente, ele arqueou para trás, empurrando Jeongguk consigo e fazendo com que os dois caíssem no chão com um baque surdo. Um grito de horror disparou de sua garganta quando ele pôde distinguir a arcada dentária humana que jazia sobre a mesa.

De repente, pensamentos desesperados e irracionais bombardearam a mente de Jimin. Agora ele entendia o que estava acontecendo e sabia que ele tinha que sair dali. Ele tinha que sair dali o mais rápido possível. Tinha que correr. Talvez ele não fosse congelar na floresta; talvez tivesse chances de sobreviver. Ele iria correr esse risco, tudo para ficar longe do Palhaço. Sim, o Palhaço!

Jimin sentiu a cabeça latejar. Como não pudera desconfiar que uma casa no meio da floresta não seria de um assassino, do palhaço ou o que quer que fosse?! A única certeza que ele podia ter no momento, era que aquele lugar, muito provavelmente, pertencia a uma assassino. Era perfeito; no meio da floresta desértica e sem testemunhas por perto, tinha de ser! Por esse motivo, ele iria correr. Correr sem parar; correr até estar fora de perigo.


ㅡ Precisamos ir.


ㅡ O que?


Jeongguk parecia assustado. Mais do que ele, talvez.


ㅡ Só precisamos sair deste lugar.


ㅡ E se o Palhaço ainda estiver aí fora?


Jimin parou, como se estivesse pensando.


ㅡ Acredito que qualquer lugar será melhor do que aqui. Essa cabana é a casa dele! - Jimin berrou, estava nervoso. Jeongguk engoliu em seco.


ㅡ Tem razão - aquiesceu enquanto se preparava para sair às pressas. Ao passar pela porta, algo veio-lhe a cabeça.


ㅡ Hyung... - chamou e Jimin esperou que ele continuasse o que começou. ㅡ O que acontecerá se dissermos sobre este lugar a polícia?


ㅡ Eu... não sei. Mas, acho que precisamos dizer. Meu irmão, ele...


ㅡ Huyng... - Jeongguk interrompeu. ㅡ Eu não acho que continuará vivo quem souber deste lugar.


ㅡ O que quer dizer?


ㅡ Ele não iria deixar testemunhas à solta.


Jimin sentiu-se esfriar por dentro. Quase como se tivesse engolido uma grande pedra de gelo.


ㅡ Nós iremos ficar a solta, com certeza - disse mais para tranquilizar a si mesmo que para o outro.


ㅡ Quanto mais pessoas souberem sobre isso, mais riscos eles irão correr - concluiu Jeongguk. Jimin pensou.


ㅡ Acho que não precisamos pensar nisso agora - disse ele por fim. Jeongguk confirmou com um balanço de cabeça que Jimin não pôde ver na penumbra.


ㅡ Nesse momento, precisamos nos preocupar conosco primeiro - completou.


○●○


Jungsan andava de um lado para o outro arrastando seu sapato de couro no enorme tapete de sua sala no Palácio. Ele parou em frente a estante repleta de seus livros favoritos, colocou a mão no queixo e se pôs-se a pensar. Estava preocupado. Não tinha sentido falta do filho, é claro! Nem ao menos tinha notado que Jeongguk ainda não havia voltado para o palácio mesmo já sendo tarde. Embora fosse pai, Jungsan nunca gostou de afeto para com familiares, aliás, achava isso uma grande perda de tempo. Por isso, não deixou com que sua esposa, Hyoyeon, o atrapalhasse com problemas externos enquanto pensava.


ㅡ O presente Real já está pronto, alteza - proferiu Lee Wan. Desde que Jeongguk parou de receber aulas particulares, seu antigo professor, Lee Wan, havia se tornado o braço direito de Jungsan. Tanto Lee Wan, quanto Jungsan possuíam interesses semelhantes, por isso, não demorou muito até os dois tornarem-se inseparáveis sobre peculiares assuntos.


ㅡ Majestade.. - Lee Wan chamou mudando de assunto com cautela. ㅡ Sua majestade Hyoyeon deseja vê-lo; disse que tem algo a dizer sobre seu filho.


Jungsan levou a mão à testa como se tivesse acabado de notar uma dor de cabeça.


ㅡ Já disse que não quero ser interrompido.


ㅡ Como queira, Majestade.


ㅡ E Taeyang?


ㅡ Ouvi que ele pediu que fizessem um anel de ouro puro.


Jungsan riu.


ㅡ Isso foi o que eu dei no aniversário do Rei ano passado - afirmou enquanto encaminhava-se para a credencia. Colheu um copo e pôs vinho neste.


ㅡ Taeyang.. - ele continuou como quem pensa consigo mesmo. ㅡ Está cada vez mais fácil tomar a herança do trono de você.


ㅡ De fato, alteza - concordou Lee Wan e Jungsan tomou um gole.


ㅡ E como está a preparação da festa?


ㅡ Quase pronta.


Jungsan concordou enquanto arrastava o dedo tranquilamente sobre a borda do copo. Lee Wan se preparou para sair com uma reverência.


ㅡ Mas, antes... - Jungsan pensou em como dizer e Lee Wan congelou no lugar onde estava. ㅡ Quero que o embrulhe em papel de fibra chinesa.


ㅡ Por que isso de repente, alteza? - Lee Wan se interessou.


ㅡ Apenas faça o que ordenei se não quiser arranjar problemas - foram as últimas palavras de Jungsan antes de mandar um sinal para que o outro o deixasse sozinho.


○●○


Jimin sentiu os pulmões pressionando as costelas. A respiração havia começado a se acalmar. Mas não o coração, que estava disparado feito uma lebre dentro do peito. Embora ao seu redor tudo ainda estivesse coberto por neve, as roupas de frio estavam pesadas de suor quando parou na beira de um riacho no meio da floresta.

Jimin respirou fundo por uns instantes. Ele lembrava daquele lugar. As árvores altas, o barulho do rio. Ele sempre gostou de ir até ali com a família e correr onde antes havia uma rede de trilhas no terreno íngreme; um desafio que fazia o ácido lático de uma criança gordinha queimar na musculatura.

Lembrava que gostava de brincar ali quando jovem, na beleza do rio; gostava de sentar-se no terraço molhado pela chuva e coberto de plantas e olhar para algumas pedras que ele, seu irmão e seu pai haviam colocado em locais proporcionais, formando uma estrutura como de uma mini-caverna que outrora fora dele, mas que agora não passava de somente pedras desbotadas e repletas de lodo. Ele lembrava de ter arrastado todas aquelas rochas para aquele lugar com o pai e o irmão mais velho enquanto a mãe gritava para não se machucarem. Lembrou-se que, na época, ele gostava de imagimar que lá embaixo havia uma cidade que ficava numa depressão cercada de colinas por todos os lados e uma única saída pelo fiorde. Reforçando a brincadeira, seu pai e Jin diziam que aquele lugar era a cratera de um vulcão morto. Anos depois, em algumas noites silenciosamente insuportáveis, Jimin pensava na época em que sua imaginação fluía dessa forma e como era bom se pudesse voltar à esse tempo até que, em algum momento, Jimin assemelhou a cratera da caverna que criara ao sumidouro que engoliu seus pais.


ㅡ Eu sei sobre esse local - disse ele tentando manter uma linha de raciocínio coerente em meio ao caos.


ㅡ Como?


ㅡ Este lugar é onde meus pais... desapareceram. Tem que ser esse rio!


As memórias pareciam penetrar sua mente como veneno. Jeongguk agarrou seu braço e Jimin fechou os olhos. Ele respirou fundo e continuou:


ㅡ Se estamos aonde eu formei a pequena caverna, então... - Ele tentou formular as imagens daquele local mentalmente. As ideias e as imagens da floresta estavam em um completo emaranhado, mas Jimin não queria ceder ao medo.


ㅡ Jimin, você está bem?


ㅡ Estamos a oeste do Palácio - disse quando, enfim, lembrou-se. ㅡ Logo a direita há um caminho, se seguimos reto, poderemos encontrar uma estrada e voltar.


ㅡ E se estiver bloqueada?


ㅡ É melhor que continuar aqui, tendo em vista o que pode estar escondido por de trás das folhas.


Sem delongas e interpretando o papel do mais velho, Jimin puxou Jeongguk pelo braço consigo, sendo guiado dolorosamente por suas memórias fracas. Tinham dado alguns passos silenciosos, estavam indo bem. Jimin achou que poderiam conseguir, não faltava muito até chegar ao Palácio - pelo menos era o que ele queria acreditar. Naquela altura, o riacho parecia fluir no meio de um lençol branco, sobre uma depressão no chão da floresta.

Jimin entrou direto nele, seguido por Jeongguk. A água chegava até o meio dos tornozelos e não demorou em penetrar todo o tecido de suas roupas. O frio era tanto que paralisou a musculatura.

Ele se retesou. Havia escutado um galho se partir ao longe? Impressão.

Sentiu o coração voltar a bater enquanto esquadrinhava a escuridão. Começaram a correr de novo. Na mesma direção da água. Lançavam grandes borrifos ao levantaren bem as pernas em passos largos. Estava quase no fim, pensou Jimin triunfante. E as batidas do coração desaceleraram, apesar de estar correndo.

Neste momento, um ruído atravessou a floresta, fazendo com que os dois garotos parassem abruptamente. Não, o barulho que ouviu agora não era mera impressão causada pelo medo.

Após subir o barranco, Jeongguk afastou alguns galhos que pendiam sobre o riacho e, de canto de olho, viu alguma coisa, um bicho, reagir com um movimento assustado e desaparecer nas trevas cinzentas da floresta. Ele se assustou, claro; estava sozinho com Jimin naquela floresta e não esperava encontrar mais nenhuma outra coisa que tivesse vida depois do incidente na cabana. Resquícios de luz do início da manhã começavam a espreitar o céu cinzento e a primeira coisa que ele havia notado fora aquela sombra que parecia-lhe familiar. E, quando a Coisa que surgiu novamente em sua frente começou a mover-se em direção ao mais velho, lentamente compreendeu que eles eram as presas, que era Jimin quem iria ser atacado.

Jimin pareceu notar o mesmo. Sangue começava a correr mais devagar em suas veias, como se já estivesse começando a coagular. Repentinamente, a Coisa voou em cima de Jimin, fazendo os dois caírem intrincados no chão. Um grito de horror saiu de dentro de sua garganta, cortando o ar úmido em potência.

Era ele. Jimin pensou. Era a mesma criatura que encontrara horas atrás na choupana velha.

Sentindo as costelas doerem com o impacto, completamente aterrorizado, Jimin arrependeu de ter gritado assim que ouviu o som do próprio terror no eco breve e desagradável. Porque agora Aquilo também sabia como ele se sentia. Ignorando esse pensamento, ele lutou para tirar o que acreditou ser o Palhaço de cima de si. Pressionou com força contra a criatura que arqueou ligeiramente. Usando toda a força dos pés, afastou a Coisa para longe com um chute certeiro. O Palhaço não emitiu nenhum som; nem de dor ou angústia. Pelo contrário, caiu suntuosamente sobre as folhas molhadas. Se recuperou rapidamente e, quando Jimin se preparava para atacar novamente, a coisa ciciou algo inaudível e desapareceu na densa escuridão tão rápido como surgiu. Jimin sentiu-se tonto.


ㅡ Você está bem, hyung?


De forma penumbrosa, Jeongguk entrou em seu campo de visão agora. Se aproximou do mais velho e o ajudou a levantar.


ㅡ Você está bem? - repetiu.


ㅡ Acho... acho que sim. O que era aquilo?


ㅡ Eu não tenho ideia, hyung, seja o que for precisamos sair daqui! Não há lugar seguro se continuarmos nessa floresta.


Jeongguk parecia frenético, mas Jimin continuava atordoado.


ㅡ Ei, ei...


Jimin levou as mãos levemente até as bochechas geladas de Jeongguk e passou os dedos ali, carinhosamente.


ㅡ Eu estou bem, vai ficar tudo bem. Vamos sair daqui, ok?  - emendou tentando ignorar toda a pontada de medo que apertava em seu peito. Tão próximo ao mais jovem, de repente, um ímpeto desejo de beijá-lo surgiu, sem que Jimin entendesse o porquê; ele respirou fundo e pensou. Não era hora para isso, primeiro ele precisava tirar os dois dali o mais depressa possível.

Por alguma razão ainda desconhecida, a criatura na qual Jimin julgou ser o palhaço, foi embora. Mas, isso não significava que ele não iria voltar e talvez, mais preparado para matar que antes.

Após levantar e balançar a cabeça acreditando que com o movimento poderia voltar a sã consciência, Jimin retomou o caminho que decorara quando criança.

Depois de algumas tentativas falhas afim de chegar em algum percurso onde não houvesse mato e neve por todo o lado e, parando para se esconder sempre que ouvia algum barulho suspeito, os dois conseguiram chegar a uma estrada de cascalho que encontrava-se ainda coberta por uma fina camada de neve. O sol já estava visível no céu, o que levou Jimin a pensar que já eram mais de 5 da manhã. Ele fez uma careta por alguns instantes, não sabia como explicar toda essa situação ao irmão mais velho quando chegasse em casa. Tinha até medo do que poderia acontecer caso contasse que, praticamente, se envolveu em uma briga com um assassino vestido de palhaço no meio de uma floresta a noite. Poderia ter morrido, algo assim parecia surreal e até mesmo cômico.


ㅡ Estamos chegando - disse o mais novo ao seu lado. Jimin subiu o olhar para o horizonte e pôde enxergar o topo do Palácio Real.


Alívio. Embora estivesse completamente exausto, uma onda de alívio tomou conta de seu corpo por inteiro. Ele sorriu na direção de Jeongguk. Não acreditava que haviam conseguido escapar sãos e salvos. Na verdade, nem ao menos conseguia raciocinar direito.


ㅡ Alteza! - exclamou um dos empregados do Palácio, quando avistou Jeongguk.


ㅡ É o jovem mestre! Ele está aqui! - gritou mais alguns. Vários dos subordinados que ali estavam, largaram o que faziam e correram para ajudar Jeongguk, formando uma mine algazarra.


ㅡ Calem a boca, não façam escândalos! Não quero que ninguém nos veja chegando - cortou o jovem sentindo-se extenuado. Jimin nunca havia visto Jeongguk dar uma ordem naquele tom. Talvez, o cansaço e a pressão da noite passada havia o deixado desorientado. Seja o que for, Jimin pensou que ele parecia realmente alguém da família Real e não apenas o amigo e a paixão de Jimin naquela hora.


ㅡ Esqueci que hoje haverá uma festa - disse ele para Jimin quando entrou no castelo.


Jimin olhou para trás. Na entrada, vários empregados voltavam a fazer o que estavam fazendo antes; carregando alimentos, flores, outros objetos de decoração e utensílios para a cozinha.


ㅡ É aniversário do vovô - concluiu Jeongguk e Jimin tropeçou na escada a sua frente, continuando estarrecido no chão. Sentia dores em cada parte dos seus ossos. Estava exausto. Passar a noite naquele situação o esgotara por completo.


ㅡ Tenha, cuidado! - pediu Jeongguk baixinho. ㅡ Por favor, ajudem-o.


Um dos que ajudavam Jeongguk, rapidamente, agarrou o mais velho pelo braço, puxando-o lentamente para o interior do Palácio. Jimin queria agradecê-lo, mas não conseguiu juntar forças suficiente para dizer uma única palavra.


ㅡ Sua mãe procurava por você, jovem mestre. Até mesmo ordenou para que o procurassem. O que devo fazer? - perguntou um dos soldados do Palácio. Só agora Jeongguk havia o notado. Jimin empertigou-se sentindo a urgência brotar-lhe a garganta.


ㅡ Jisoo e Jin... - começou, mas logo foi interrompido pela tosse.


Jeongguk pensou. Sua cabeça estava lenta em raciocínio.


ㅡ Diga a ela que estou bem e que não venha me procurar por agora.


Jimin encarou Jeongguk.


ㅡ ... e mande algum de seus soldados até a casa do agente pericial Seok Jin e avise-o que seu irmão encontra-se no Palácio Real e não pôde retornar na noite interior por conta da densa neve.


O soldado confirmou com aviso cabeça e saiu para cumprir suas ordens.


ㅡ Onde está Taehyung? - perguntou para os outros servidores que restaram. Jeongguk estava cansado de falar, mas queria saber sobre aquilo.


ㅡ Não o vimos ainda hoje. Deve estar dormindo, alteza.


Jeongguk concordou sonolentamente com a cabeça, como quem quisesse encerrar o assunto.


ㅡ Apenas nos leve para o meu quarto.



○●○


Foi engraçado, não acha? O rumo que as coisas percorrem independente da situação... É hilário, assuma!

Você poderia dizer que fui um pouco burro a ponto de deixar meu local desprovido de proteção e com todas meus matérias de tortura naquela lugar.

Talvez você teria razão, se essa situação não se tratasse de mim.


Quando decidi que começaria essas memórias, admiti que iniciaria-as no término. Desde o princípio não escondi que iria morrer, mas todo mundo morre um dia, afinal.

Somos rotulados como um produto que contém um selo com sua data de fabricação e vencimento. Eu fui assim, você é assim e todos que estão ao seu redor também. Para ser sincero, eu não queria ser daqueles que estragam a história contando o final dela, mas isso tudo iniciou-se pelo meu fim. No entanto, onde estaria meu começo? É difícil pensar? Não consegue chegar a lugar nenhum com as provas que tem? O que realmente significaria um começo para você?

Talvez o problema seja que, como Jin, você tenta buscar por coisas complexas demais. Talvez seu ego seja grande o suficiente a ponto de pensar que as coisas perfeitas precisam ser realizadas escondidas nas profundezas da escuridão inalcançável. Procuram-se por alguém que tem problemas com a família ou sofreu bullying na escola. Vocês ficam tão preocupados em traçar um perfil para o assassino que não exergam que tem um ali vindo de mansinho, bem diante do seu nariz; vivendo tranquilamente ao seu lado, bem diante dos seus olhos e você simplesmente não o vê.

Quem eu sou? Como posso explicar-lhes? Eu sou a sordidez, o promíscuo, o ignóbil e o feérico. Eu sou todas as coisas que vocês podem imaginar e ao mesmo tempo não. Eu sou o bem, o mal e até mesmo o profano. Eu sou o que você quer ver mas não consegue enxergar mesmo que eu esbarre em você.

E, se vocês ainda se perguntam como escaparam da floresta ou do meu palhaço... a resposta que poderei dar-lhes é que não escaparam. Não escaparam pois ainda não chegou o momento certo para isto.

O prazo de validade ainda não se esgotou. Entretanto, isso não significa que não posso acelerar o processo.

Sem querer tomar-lhes mais o tempo, apenas me deixem saber de uma coisa:

Estão prontos para o verdadeiro começo do fim?


○●○


 



Notas Finais


Sim, sabemos que o fósforo foi descoberto acidentalmente em 1669, mas apenas demos uma adaptação para encaixar no enredo, assim como o rádio e o balanço(playground), que inclusive foi um personagem original quem criou (na estória).

Demorou, mas saiu hcljjxjk esperamos que tenham gostado!! (se sim, por favor comentem! é de muuuita importância todo o apoio de vocês ♡)
até o próximo??


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