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História Duologia "You are not alone" Livro I - Do trauma à ruptura - Capítulo XVI


Escrita por: Unheimlich

Notas do Autor


Oi!

*tira todo o pó*

Jesus! Que saudade do meu bebê! T_________T

Enfim, obrigada à todos que leram, comentaram, favoritaram e esperaram a atualização!
Vocês são absolutamente incríveis!
Logo, logo tem mais. O próximo capítulo está quase pronto =D

Boa leitura!

Capítulo 16 - Capítulo XVI


- Mas, olhe só para todos vocês! – Anne exclamou alto, sorrindo, assim que abriu a porta de sua casa, naquela noite de segunda-feira. – Vamos entrando, não fiquem aí na porta! Sintam-se à vontade, por favor!

Aos poucos, a família de Liam foi tomando espaço dentro da casa de Harry, cumprimentando quem viam, comentando coisas e se fazendo confortáveis. Harry, que tinha ouvido a movimentação da casa de onde estava, na cozinha, correu para a sala. Assim que ele alcançou o cômodo, porém, ele achou estranho não ver nenhum de seus amigos recém-chegados ali.

Ansioso demais, ele esperou que Karen terminasse de cumprimentar Jay e se aproximou das mulheres. Sorrindo muito, Harry chamou a atenção da mãe de Liam e a puxou para um abraço.

- Que bom que vocês conseguiram vir, Karen! – Ele exclamou feliz dentro do abraço e a soltou depois. – Mas, onde estão os meninos?

- Eles estão no carro ainda - Karen sorriu de volta para Harry. – Liam me pediu para chamá-lo, aliás. Eles estão lá esperando por você.

Preocupado, sem saber o que havia acontecido, Harry assentiu freneticamente para a mulher, pediu licença e saiu pela porta. Assim que alcançou a calçada, ele percebeu o carro de Zayn estacionado ali e se adiantou. Liam estava parado em frente a porta traseira, que estava aberta, conversando alguma coisa com o namorado.

- Hey, Liam! – Ele chamou feliz.

Liam virou-se para voz e, sem que esperasse, foi arrebatado pelos braços longos do amigo. Ele devolveu o abraço, tão forte quanto conseguiu, e sorriu sincero. Ele sentira tanta falta de Harry, que estar na presença dele novamente era algo fora da realidade.

- Que saudade, Harry! – Ele disse alto, completamente eufórico.

- Eu senti sua falta também! – Harry disse, se afastando e voltando-se para Zayn. – E aí, Zayn?

- Oi, Harry!

Zayn sorriu para Harry, aquele sorriso genuíno com a língua entre os dentes, enquanto acariciava levemente os cabelos de Niall. Acompanhando o movimento, foi então que Harry percebeu o “pacote” nos braços do amigo. Era Niall, ele sabia. O loiro estava coberto por uma manta marrom, com uma parte do pano cobrindo a orelha que não estava imprensada no peito de Zayn. E ele dormia tão tranquilo, com um sorriso tão suave em seu rosto, que Harry sentiu o seu coração derreter dentro do peito.

- Oh, meu Deus! – Ele sussurrou baixinho. – Não sabia que ele estava dormindo, me perdoem pela algazarra.

Zayn deu de ombros.

- Não se preocupe, Harry – o moreno pediu. – Nialler não vai acordar tão já. Ele está com a barriga cheia e confortável demais para fazer isso.

Harry sorriu largo.

- Sim, claro! Mas, porque vocês não entraram ainda? – Ele perguntou.

- Bem, queríamos saber primeiro se você tem uma cama disponível para o nosso menino dormir – Liam respondeu, um pouco sem jeito. – Nós não queríamos acordá-lo...

- Mas, é obvio que sim, Liam! – Harry garantiu rápido, não perdendo a forma como Liam havia se referido a Niall, como o “menino deles”. – Tem cama para todo mundo aqui!  Vem, vamos levá-lo lá para dentro, aqui fora está muito frio.

Liam sorriu assentindo.

- Obrigado, Harry – o maior respondeu, voltando-se para Zayn. – Eu vou pegá-lo, Zee. Você pode trazer a mochila dele, por favor?

- Claro, Lee.

Liam pegou Niall em seu colo, com cuidado, e o loiro abriu os olhos, chiando pela perda de contato com o calor de Zayn. Levantando a cabeça do ombro de Liam, completamente perdido sobre o que estava acontecendo, ele se percebeu seguro no colo de seu papai e relaxou instantaneamente. Mas, ainda estava frio e ele ainda estava com sono.

- Papai – ele choramingou. – Frio, papai.

- Eu sei, baby – Liam respondeu rápido, fazendo com que Niall voltasse a deitar a cabeça em seu ombro. – Papai já vai te colocar na cama, amor. Vai ser rapidinho.

Niall se ajeitou no colo de seu papai e voltou a dormir, ao passo que Zayn aproximou-se deles e estendeu sobre o seu menino bonito a manta que ele estava usando anteriormente. O moreno só parou de ajeitar o pano quente quando teve a certeza de que Niall estava completamente coberto, e longe do vento gelado. Então ele fechou a porta do carro, vendo como Liam ligava o alarme.

Harry apenas observava a cena, maravilhado. Era a primeira vez que ele via os meninos naquela nova fase de sua relação e, não mentiria, achava tudo genuinamente lindo.

- Deus, vocês são tão fofos – o cacheado sussurrou, mais para si mesmo do que para os seus amigos.

Liam e Zayn coraram, sorrindo um para o outro, e o maior deixou um beijo casto estalado na bochecha corada de seu bebê.

- Nós podemos ir agora, Harry? – Zayn perguntou, ajeitando a mochila de Niall em seu ombro. – Eu não quero que meu menino tome friagem.

- Claro, vamos! – Harry respondeu, saindo de seu torpor.

Os meninos fizeram o seu caminho até a entrada da casa e, uma vez lá dentro, Harry fechou a porta atrás de si. Havia algumas pessoas na sala, as irmãs de Louis, Jay e as irmãs de Liam, que conversavam animadamente sobre algo. Elas não falaram nada quando perceberam a presença dos três convidados que faltavam, querendo respeitar o seu espaço. Mas, quando Gemma entrou na sala, a fim de conversar algo com Ruth e Nicola, e percebeu Niall dormindo no colo de Liam, ela não se fez de rogada.

- Eu achei que vocês queriam esconder o bebê de mim! – Ela acusou, mesmo que sorrisse muito, e se aproximou o suficiente para ver Niall de perto. – Own, tadinho, ele está cansado da viagem, não é?

Liam e Zayn sorriram para a irmã mais velha de Harry.

- Ele acabou dormindo – Zayn respondeu para Gemma. – A viagem não foi tão longa, mas Nialler teve um dia agitado hoje.

Gemma assentiu.

- Tenho certeza que sim! Mas, levem ele lá para cima, uh? – Ela falou. – Quero ele bem descansado amanhã, para abrir os presentes! As irmãs do Lou fizeram um bom trabalho com a decoração da árvore e, eu tenho certeza, Niall vai ficar encantado com ela! Não é mesmo, meninas?!

Dayse e Phoebe foram as primeiras a se pronunciar, muito animadas. Elas se levantaram e se aproximaram um pouco, começando a tagarelar sobre o que haviam feito com a árvore de Natal.

- Eu coloquei todas as luzinhas – Phoebe disse, orgulhosa de si mesma. – Elas são todas coloridas e são muito bonitas.

- Oh, é mesmo? – Zayn perguntou, ajoelhando-se no chão para ficar da altura das meninas. – E elas piscam também?

Phoebe chacoalhou a cabeça freneticamente, concordando.

- Piscam muito, olha lá – ela disse, apontando para a árvore do outro lado da sala.

Zayn viu a árvore e, ele tinha que admitir, estava linda. Antes de daquele mês maluco ter sido empurrado para suas vidas, Niall já era um amante de festas e comemorações. O loiro estava sempre sorrindo ao redor de todos, sempre exalando aquela energia positiva e não se privando de apreciar decorações e gastar seu tempo com coisas bonitas e chamativas. Agora, sendo um bebê, Zayn imaginava que aquela adoração toda fosse aumentar ainda mais. E ele não via a hora de expor seu bebê aos inúmeros estímulos coloridos e brilhantes que se espelhavam pela casa de Harry. Zayn queria que Niall se sentisse feliz, acolhido e que se divertisse ao máximo.

- Nialler vai gostar das luzinhas que você colocou, Phoebe – ele garantiu para a menina.

Dayse, não gostando muito que sua irmã gêmea estava com toda a atenção do moreno para si, resolveu se pronunciar.

- Mas, eu que coloquei a estrela no topo da árvore! – Ela falou, um pouco arrogante. – E eu fiz isso sozinha!

- Wow, mas aquela é uma árvore bem grande, não é? – Zayn perguntou, desconfiando muito do que a menina havia dito. – Como você conseguiu isso?

Dayse corou um pouco.

- Eu subi na escada, quando não tinha ninguém olhando – ela admitiu. Jay já havia ralhado um monte com a filha, por ela ter se arriscado daquela forma. Dayse sabia que tinha errado muito ao quebrar uma regra, e se sentia envergonhada por isso agora. – Mas, eu não vou fazer isso de novo! Mamãe disse que é errado.

Zayn segurou uma gargalhada e olhou para Jay rapidamente. A mulher, que estava sentado em um dos sofás, apenas deu de ombros, como se dissesse que não havia muito o que fazer.

- Acredito que você não vai – ele respondeu para Phoebe. – Mas, a estrela é muito bonita também.

- Niall vai gostar? – A menina perguntou, esperançosa.

- Vai sim! Ele vai gostar de tudo o que vocês fizeram para ele!

Zayn levantou-se e olhou para Harry, com uma expressão agradecida. Fazer Niall se sentir bem era a sua prioridade e, ele sabia, o cacheado havia tomado o cuidado de preparar tudo para que aquele Natal fosse inesquecível para o seu bebê. Harry, por sua vez, apenas sorriu, pensando que, se pudesse, teria feito muito mais.

Phoebe e Dayse havia entrado numa discussão sobre a árvore naquele momento, obrigando Jay a se levantar e colocar um pouco de ordem nas meninas.

- Se vocês não pararem com isso, vão acordar o Niall – ela ralhou, vendo as meninas pararem a pequena briga.

- Não se preocupe, Jay – Harry se pronunciou. – Nós já estamos subindo. Gemma, pede para a mãe subir, por favor?

Gemma assentiu e saiu da sala, sorrindo mais uma vez para a visão fofa que era Niall, todo enrolado no colo de Liam. Os meninos então pediram licença para os ocupantes da sala e subiram as escadas. A casa de Harry era grande e havia vários quartos. Pensando um pouco na hora de distribuir onde cada um ficaria, Harry havia decidido que era melhor manter os três amigos juntos, numa das suítes, para facilitar as coisas.

- Eu escolhi esse quarto aqui para vocês ficarem – ele informou, adentrando o quarto no final do corredor. – Ele tem essa cama de casal e meu pai montou uma de solteiro aqui também, para o Niall. E tem o banheiro ali do outro lado.

- Obrigado por isso, Harry – Zayn agradeceu, deixando a mochila de Niall em cima da cama de solteiro. – Eu prefiro manter Niall dormindo no mesmo quarto que a gente mesmo.

- Zee, onde eu coloco ele? – Liam pediu, sem saber o que fazer. Se ele fosse sincero, admitiria que queria manter o seu menino na cama grande com eles, mas achava melhor pedir a opinião de Zayn.

- Vamos colocá-lo na cama de casal por enquanto – o moreno falou, vendo como o sorriso de Liam se alargava. Ele achava que, enquanto não estivesse no quarto junto com Niall, o melhor era deixa-lo na cama grande, para evitar uma possível queda. – Mas, depois ele vai para a cama de solteiro, Liam. Pode tirar esse sorriso da cara.

Harry via a interação, mas não entendia muito. De forma que não falou nada.

Liam, por fim, resolveu tentar persuadir o namorado. Não custava tentar, não é?

- Mas, Zayn – ele começou a falar -, se nosso menino acordar sozinho, num quarto estranho, ele vai se assustar. Vamos deixá-lo dormir conosco, sim? São só duas noites.

Zayn sabia que Liam tinha razão, mas ainda assim.

- Eu sei, Lee. Mas, se Niall acordar amanhã na cama com a gente, ele vai querer isso sempre – o moreno pontuou, lembrando-se do que Karen havia lhe ensinado antes sobre as questões do colo. – Ele precisa dormir na própria cama.

O maior revirou os olhos.

- Não é você que vai dormir uma semana inteira com ele, quando voltarmos para a casa? – Liam lembrou o namorado, sentindo-se injustiçado. – É meio incoerente você usar esse argumento agora...

O moreno ouviu aquilo e apertou os olhos. Ele não deixaria que o castigo que dera a Liam se voltasse contra ele. Não naquele momento, e só porque ele tinha razão.

- Niall sabe o motivo de poder dormir comigo, Liam – Zayn explicou. – E, não se preocupe, eu vou explicar para ele novamente, quando estivermos em casa. Vou deixar bem claro que será apenas por uma semana, e que é porquê o seu papai está de castigo.

O maior murchou visivelmente com a argumentação de Zayn e se resignou. Ele sabia que não teria chances. Ainda em seu lugar, Harry soltou uma risadinha.

- Castigo, é? – O cacheado perguntou divertido, encarando Liam. – Eu quero todos os detalhes, Liam!

- Depois eu te conto, Hazz – Liam lhe respondeu, suspirando um pouco. Ele tinha a certeza de que Harry o zoaria, e muito, por causa da história.

Harry assentiu, rindo um pouco. O cacheado ia soltar um comentário debochado sobre aquilo, mas Zayn voltou a se pronunciar, interrompendo-o.

- Vamos logo com isso, Liam – ele demandou. – Não quero que Niall acorde de verdade no seu colo.

- Você está falando igual a minha mãe, já – Liam resmungou, enquanto alcançava a cama de solteiro e Zayn apenas riu um pouco.

Já que Niall não dormiria com eles, que já ficasse confortável em seu próprio lugar, sem correrem o risco de ele acordar na hora de trocarem de cama.

Harry viu Liam ajeitar o corpo adormecido de Niall na cama, e sentiu-se derreter mais uma vez quando viu o menino loiro levar o polegar à boca e começar a chupar tranquilo.

- Nós precisamos comprar uma chupeta logo, Zayn – Liam comentou, voltando-se para o namorado. – Não gosto que Niall chupe o dedo.

- Sim, vamos tentar fazer isso amanhã – o moreno concordou. – Mas, vamos tirá-lo dessas roupas agora. Depois vamos descer para cumprimentar o pessoal.

- Vocês querem que eu saia? – Harry perguntou de seu lugar, chamando a atenção dos meninos. – Para vocês trocarem ele – ele emendou.

Liam e Zayn trocaram um olhar e deram de ombros.

- Não há necessidade disso, Harry – Liam garantiu. Não era como se eles fossem deixar o seu bebê completamente nu, aos olhos de Harry – Pode ficar, se quiser. Vai ser rápido.

Harry assentiu e se aproximou o suficiente para sentar na cama de casal, de onde poderia observar tudo de perto. Ele viu como Liam começou a retirar os sapatos de Niall e como Zayn trabalhava na camisa que o menino usava. O cacheado pensava que eles já eram especialistas naquela tarefa. Quando estava só de boxer já, Niall começou a se remexer na cama, como sempre fazia quando estava dormindo e os seus papais lhe trocavam. Ele nunca abria os olhos, somente resmungava um pouco, como estava fazendo agora.

- Calma, amor – Zayn pediu baixinho. – Mamãe e papai já estão terminando.

Niall se acalmou e Harry sentiu os seus olhos arregalarem. Zayn se referia a si mesmo como “mamãe” com uma facilidade incrivelmente adorável.

Terminado a tarefa, Liam voltou a cobrir Niall e, junto com Zayn, eles decidiram que de meia em meia hora um deles subiriam para ver o loiro. Eles já tinham saído do quarto, após deixarem um beijo na testa de Niall, e Zayn os parou no corredor.

- Onde está o Louis, Harry? – Ele foi direto.

Harry suspirou.

- Ele estava no quintal com o Mark e meu pai, da última vez que eu vi ele – o cacheado comentou. – Nós meio que brigamos pouco antes de vocês chegarem....

Liam se preocupou com aquilo. Harry e Louis se desentendiam de vez em quando, mas ele nunca tinha ouvido o cacheado se referir a um desentendimento como uma “briga”.

- O que aconteceu, Harry? – Ele questionou, estranhando ao ver o amigo corar.

- Olha, eu não vou mentir para vocês – Harry voltou a falar, escolhendo as palavras que usaria. – Louis está um pouco relutante com a situação de vocês. Ele disse algumas merdas e nós acabamos brigando.

- Eu sabia! – Zayn disse alto. – Ele é um idiota!

Zayn não queria estar se sentindo mal com Louis porque, além de tudo eles eram amigos e naquela segunda-feira, que estava chegando ao fim, era aniversário dele. Mas, ele não podia evitar se sentir irritado.

- Acalme-se, Zayn – Liam pediu, segurando-o pela cintura. – Deixe o Harry nos explicar isso primeiro.

Zayn assentiu, contrariado, e encarou Harry.

- Não há muito o que explicar, Liam – Harry disse, derrotado. – Louis não aceita que Niall esteja doente e se comportando como um bebê agora, e também não aceita o fato de que vocês estão bem com isso e cuidando dele....

- Mas, ele espera que façamos o que? – Zayn questionou, se alterando de novo. – Se ele visse como Niall está realmente agora, ele nos daria razão.

- Eu entendo, Zayn – Harry falou rápido. – Juro que entendo e que estou com vocês! Mas, vocês conhecem o Louis, ele é muito cabeça-dura e está irritado. Ele acha que a culpa de Niall estar assim é de vocês....

Harry realmente não queria falar sobre aquilo, mas seus amigos acabariam sabendo de uma forma ou de outra, assim que tivessem que encarar Louis. O cacheado conhecia bem o namorado que tinha. Ele sabia que, apesar de ter prometido que tentaria ser razoável, Louis falaria ou faria alguma coisa, que deixasse claro o quanto ele achava aquela história um absurdo, assim que tivesse a chance. Louis era impulsivo demais no fim das contas.

Liam, por sua vez, não tinha se assustado ao saber que Louis não estava sendo fácil. Porém, ele não esperava que seu amigo estivesse culpando Zayn e ele pelo o que tinha acontecido. Tomar conhecimento daquilo o havia feito se sentir doente. Ele não acreditava que Louis fosse capaz de pensar algo tão ruim quanto aquilo.

- Como é que é? – Ele perguntou, atordoado. – Ele está nos culpando? Como isso pode ser culpa nossa?!

- Ele pensa que, se vocês não tivessem tratado Niall como uma criança desde o começo, talvez ele não tivesse desenvolvido esse Transtorno Mental agora – Harry explicou. Ele queria chorar. Porque Louis estava sendo irracional demais e ele não sabia o que fazer para trazê-lo de volta para a razão das coisas. – Eu tentei explicar para ele.... Tipo, não é a coisa mais normal do mundo realmente, mas, vocês estão bem com isso, nunca se importaram! E Niall sempre foi tão receptivo ao cuidado de vocês, ele sempre esteve tão feliz e saudável.... Isso tinha que ser justificativa mais que suficiente, mas, aparentemente, para ele não é.

- O que Louis pensa ou deixa de pensar é irrelevante, Harry – Zayn disse firme. – Realmente, Liam e eu tratamos Niall como o nosso filho desde que nos conhecemos. E o nosso menino sempre gostou, sempre se sentiu bem, como você mesmo pontuou. Nós não precisamos da aprovação do Louis para continuar com isso. Se ele não é capaz de aceitar, o problema é dele.

Liam assentiu freneticamente.

- É isso mesmo, Harry – ele começou a falar. – Nós sempre fizemos isso e, agora que Niall está doente e completamente dependente de nós, não vamos parar de cuidar dele. Niall é o nosso bebê agora, ele precisa de atenção e cuidado, e Zayn e eu não vamos negar isso nunca para ele.

Harry ouviu os discursos de seus amigos e sentiu os olhos marejarem. A força e certeza na voz de Liam e Zayn eram tão genuínas e tão certas, que ele não conseguia dar conta. Aquilo não era brincadeira para eles, seus amigos estavam levando o cuidado de Niall realmente à sério. Harry só conseguia agradecer pelo loiro ter agora em sua vida duas pessoas maravilhosas que estavam dispostas, de todo o coração, a fazê-lo se sentir bem de novo.

Liam e Zayn haviam se doado de forma gratuita, sem esperar nada em troca. O sentimento que eles, claramente, exalavam a respeito do loiro, era tão complexo, tão puro e tão seguro de si mesmo, que era simplesmente injusto Louis colocá-lo à prova. Porque, quem no mundo se entregaria daquela forma à outra pessoa? Só o amor, em sua forma mais singular, poderia justificar o ato.

E era isso o que ele via em seus amigos.

Amor.

- Vocês estão certos – Harry afirmou fungando um pouco. – E eu estou com vocês! Louis e eu brigamos justamente por isso.... Eu disse que se ele fizesse qualquer coisa para atacar vocês, eu o mandaria embora. Quero que Niall tenha o melhor Natal da vida dele, e eu não vou permitir que Louis se comporte como um babaca e que estrague tudo.

Liam assentiu. Zayn e ele já tinham conversado a respeito de Louis. Se o baixinho fizesse qualquer coisa, eles simplesmente pegariam Niall, sua família, e iriam embora. Simples, rápido e fácil. Porém, se ele fosse sincero consigo mesmo, admitiria esperar que Louis fosse mais maleável do que era pressuposto ser. Louis era o seu melhor amigo, depois de tudo, ter o apoio dele era o que Liam, naturalmente, mais queria.

- Vamos conversar com ele primeiro, sim? – Liam pediu. – Dependendo de como as coisas caminharem, nós apenas vamos embora. E depois vemos o que fazer.

Ao seu lado, Zayn concordou.

- Tudo bem – Harry respondeu cansado.

Ele ia dizer mais alguma coisa, porém, a figura de Anne irrompendo pelo corredor o fez recuar.

- Está precisando de alguma coisa, filho? – Anne perguntou, olhando para Harry. Depois ela voltou-se para Liam e Zayn e os cumprimentou. – Sejam muito bem-vindos, meninos! Fiquem à vontade e, se precisarem de qualquer coisa, não hesitem em me pedir, sim?

- Obrigada, Anne – Zayn respondeu, devolvendo o sorriso para a mulher, acompanhado de Liam.

- Mas, então, Harry?

Harry pigarreou um pouco antes de falar.

- Eu só queria saber se a senhora sabe onde o Lou está.... – Ele perguntou, meio incerto. Harry não trocara uma só palavra com Louis desde a briga, e queria saber se a barra estava limpara, para que ele pudesse descer com os seus amigos.

- Bem, ele está conversando com a prima do Liam agora – Anne respondeu suspirando. A mulher sabia que Louis e seu filho haviam brigado. – Os dois estão no quintal, com o restante do pessoal.

- Certo – Harry concordou. – Vamos descer então.

Harry esperava que o seu namorado conseguisse manter a língua presa dentro da boca, por estar rodeado por tantas pessoas. Ele movimentou-se em seu lugar, preparando-se para voltar para a escada, porém sua mãe o parou.

- Harry, eu sei que você e Louis não estão em bons termos agora.... Mas, converse com ele, sim? – Anne pediu. – Você preparou aquela surpresa para ele.... Acho melhor se resolverem, antes de tomar qualquer decisão, okay?

O cacheado assentiu, sentindo os olhos marejarem novamente. A vida de todos eles tinha virado de cabeça para baixo, mas ele não se esquecera do que planejara para o aniversário de Louis. Apesar de não estar vestindo a camisa de linho branca, cheia de flamingos rosas, como havia prometido que faria, Harry ainda tinha em mente, com todos os detalhes, a surpresa que faria para o seu namorado. O cacheado queria fazer aquilo, mais que qualquer outra coisa. Mas, o andar da carruagem naquele dia, a briga de mais cedo, e a incerteza de como Louis se comportaria, deixava Harry sem muitas escolhas.

Aquele, definitivamente, não era o momento.

Zayn percebeu como a expressão de Harry mudara, para um misto de decepção e tristeza, e se preocupou. Ele não fazia ideia do que Anne estava dizendo, sobre a tal surpresa, de forma que fez uma nota mental para chamar o cacheado para conversar, na primeira oportunidade que tivessem, e se disponibilizar para ajudá-lo. Harry era uma pessoa boa demais e, vê-lo daquele jeito tão derrotado e meio perdido, fazia o peito de Zayn doer em pesar.

Sem comentar nada, porém, os quatro fizeram o seu caminho até o térreo, e foram se encontrar com os outros. Ao alcançar o quintal da casa, que estava completamente decorado, com uma farta mesa exposta no meio de um jardim, e uma música pop qualquer tocando ao fundo, Liam sentiu-se um pouco tonto. Ao seu lado, Zayn agarrou-lhe a mão, dando um leve aperto, como se dissesse que estava ali, e que Liam não deveria se preocupar com nada.

Aquele era o momento de encarar Louis.

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Por volta das três da manhã, praticamente todos os adultos já tinham bebido mais que o recomendável, de forma que sentiam leves, tagarelavam alto e sem parar, e parecia que nada, nunca, havia estado fora do lugar antes. Gemma, junto com Vanessa e as irmãs mais velhas de Louis trocavam figurinhas sobre maquiagens, enquanto os homens mais velhos comentavam acalorados sobre os desatinos do último jogo de futebol da temporada.

Harry, Liam e Zayn mantinham-se perto das mulheres da casa. O casal porque estava muito interessado naqueles papos de “donas de casa”, que havia começado depois que Jay levara as gêmeas sonolentas para a cama. E Harry, bem.... Harry porque gostava de ver o quão interessado seu amigo moreno parecia estar sobre o que fazer com a rotina de crianças pequenas, sendo muito felizmente apoiado por Liam. E porque ele ainda queria o ter o seu próprio bebê com Louis e sentia que poderia aproveitar a situação para, silenciosamente, colher algumas informações importantes.

Louis e ele estavam brigados sim, a noite já avançara muito e eles não tinham conversado ainda. Mas, isso não alterava o fato de que Harry tinha uma surpresa para o seu namorado – uma que o cacheado vinha preparando há muito tempo. De forma que, Harry não podia evitar se sentir um pouco ansioso, triste e animado ao mesmo tempo.

Liam e Zayn não poderiam se sentir mais tranquilos, apesar de tudo. Mesmo que não tivessem conversado com Louis, quem parecia estar fugindo deles descaradamente durante toda a noite. A chegada da meia-noite havia sido algo muito bom, pois todas as famílias estavam reunidas e felizes. Pairava no ar aquele sentimento compartilhado de paz, aquele sentimento de recomeço que a mãe de Zayn havia comentado, logo depois da tragédia quando estavam em Londres. E o casal tentava se agarrar àquilo o máximo que podiam. Era o recomeço deles também afinal.

Durante a conversa, entre outras coisas, Anne havia falado sobre a importância das sonecas no meio da tarde, para que o bebê estivesse plenamente descansado, para voltar à sua rotina feliz de colorir, brincar, assistir desenhos. Pois, podia não parecer, mas ser criança era uma tarefa muito difícil e cansativa. Os estímulos do ambiente externo praticamente bombardeavam os pequenos em formação, sem trégua. Havia sempre muita coisa para se fazer, coisas novas para se descobrir. Novas palavras, novos sentimentos, novos movimentos.... Aprender o que era certo e o que era errado, o que se podia e não podia fazer, falar, aprender a comer sem se sujar, coordenar braços e pernas, eram coisas que, naturalmente, exauriam a criança.

E também, ela tinha vindo com aquela quase palestra, que era firmemente enfatizada por Karen e Jay, sobre as questões de higiene, que envolviam principalmente a troca de fraldas naquela fase. Pois, o xixi era muito ácido e se o bebê usasse a mesma fralda por muito tempo, poderia acabar com erupções cutâneas, assaduras vermelhas e quentes e doloridas, em sua pele sensível. O que era todo um horror!

Àquelas alturas da conversa, Liam sentia sua cabeça rodar à mil por hora, enquanto Zayn empalidecia um pouco e sentia sua garganta ressecar. Eles sabiam que não era fácil cuidar de uma criança completamente dependente deles. Porém, não haviam realizado, de fato, que existiam tantos pormenores, tantos detalhes, no meio da história. Por um momento, então, eles tinham trocado um olhar e, claramente, mais um acordo mudo havia acabado de se firmar entre eles: Liam e Zayn fariam o impossível para estarem preparados para cuidar adequadamente de seu bebê. Independentemente do que tivessem que fazer.

Por isso, para começar logo, diferente dos outros eles não tinham se permitido beber nada além de refrigerante e água. Pois, seu menino bonito não estava ali no quintal com eles, mas ainda era sua responsabilidade. Liam e Zayn eram pais agora e, mesmo que não estivessem completamente conscientes de tudo o que a novidade alteraria em suas vidas dali para frente, tinham aquele acordo mudo de fazerem absolutamente tudo certo com Niall. Porque Niall era o seu bebê e, bem, eles queriam ser os melhores pais do mundo para seu menino bonito.

Assim, então, a cada meia hora, eles se revezavam para ir dar uma olhada em Niall, como haviam combinado anteriormente. E, agora, era a vez de Liam.

- Eu vou subir para checar o Niall – ele sussurrou no ouvido de seu namorado, não querendo interromper a calorosa conversa que ele mantinha com as matronas da casa. Zayn estava particularmente interessado naquela história das fraldas.

O moreno assentiu e deixou um selinho nos lábios de Liam, voltando a atenção para a conversa. Ele sabia que Liam daria conta de seu turno e, sabia também, que o maior o chamaria se precisasse. Porém, quando Karen percebeu seu filho deixando a roda, ela sorriu e facilmente mudou o assunto.

- Niall?

Zayn demorou um segundo para entender o que sua sogra estava perguntando, e devolveu o sorriso logo em seguida.

- Sim – ele respondeu. – Liam foi ver se está tudo bem com o nosso bebê.

- Oh, mas isso é realmente muito adorável! – Jay comentou. – Mas, vendo vocês se revezando para checar seu menino a todo o momento, faz eu me sentir como uma péssima mãe!

Harry e Zayn franziram o cenho com a fala de Jay, não entendendo muito o que ela queria dizer. O cacheado, sem conseguir se segurar, resolveu então perguntar o motivo daquilo.

- Bem – a mãe de Louis voltou a falar -, Liam e Zayn parecem realmente preocupados.... Eu coloquei as gêmeas na cama há mais de quatro horas agora e não subi para checá-las nenhuma vez.

O moreno corou.

- Mas, as meninas são grandinhas já, sim? – Ele deu de ombros, se esquecendo de que Niall era bem mais que grandinho, porque para ele não era. – Meu menino é apenas um bebê ainda, eu tenho medo de que ele caia da cama, ou acorde sozinho num lugar que ele não conhece.... Niall não gosta de acordar sozinho, Karen sabe disso.

Karen concordou com a fala, achando bonito o jeito que seu genro usava para se referir à Niall. E ela sentia agradecida, pois, se a história do loiro tivesse se desenrolado daquela mesma forma, porém Liam e Zayn não tivesse abraçado a causa dele, como abraçaram, Karen não conseguia nem imaginar o que eles fariam.

- Isso é certo – Jay concordou. – Mas, eu acho que vou subir também.... Phoebe andou tendo alguns acidentes durante a noite, então é melhor dar uma olhada.

Ao ouvir aquilo, Zayn arregalou os olhos. Ele viu como Jay pedia licença e começava a caminhar para dentro da casa, lembrando-se de que Niall também não estava totalmente no controle de seus esfíncteres e que já havia passado muito tempo sem ir ao banheiro. Ele sabia que aquele seu súbito interesse pelas fraldas não era algo atoa, apenas curiosidade. Ele sabia que era a sua mente lhe indicando que alguma coisa estava errada. Zayn se amaldiçoou por um momento, então, porque queria não ter demorado muito para sacar o que estava acontecendo dentro de si. O moreno não queria ter demorado tanto para responder àquele seu novo, e muito bem-vindo, instinto materno.

- Oh, não! – Ele chiou em seu lugar.

- O que aconteceu, Zayn?

- Niall – o moreno respondeu simplesmente, vendo um vinco se formar na testa de seu amigo. – Ele também está tendo problemas com acidentes.... Dr. Hanz nos avisou sobre a possível necessidade de fraldas, mas Liam e eu não ficamos muito atentos a isso. A gente queria esperar Niall nos mostrar a tal necessidade, mas é óbvio que ele não vai simplesmente chegar na gente e falar que não pode usar o banheiro! Somos tão estúpidos!

Zayn estava nervoso. Se amaldiçoando ainda mais agora, ele pensava que a primeira coisa que Liam e ele deveriam ter feito era ir atrás de um pacote de fraldas, logo que chegaram em casa com Niall naquela tarde – ao invés de incitar o loiro a ir ao banheiro de tempos em tempos, e colocá-lo para dormir na cama que Harry cedera sem a bendita fralda.

- Oh, querido! Não se martirize tanto, sim? – Karen se aproximou de seu genro e esfregou um pouco suas costas. – Provavelmente, Niall já molhou os lençóis à essas alturas, mas....

- Exatamente! – Zayn a interrompeu. – Ele deve estar molhado há horas agora! Porque Liam e eu somos pais inúteis e, em nenhuma das vezes que subimos para checá-lo, pensamos em ver a situação de suas calças!

- As assaduras! – Harry exclamou em seu lugar, arregalando um pouco os olhos verdes, imaginando o quão ruim deveria ser ter que ficar enfiado em roupas molhadas de xixi.

- Por Alá! Eu sou um monstro!

O moreno estava quase colapsando, olhando para Harry com aquela expressão desolada, de quem havia errado muito. O cacheado olhava de volta, sem saber muito o que fazer ou dizer. Karen e Anne, porém, apenas reviravam os olhos e riam divertidas.

- Isso não é o fim do mundo, okay? – Anne se pronunciou em meio a uma risadinha. – Mantenham a calma, vocês dois!

- Zayn – Karen chamou -, suba e vá dar uma olhada, sim? Troque as roupas do menino e o coloque na cama de casal, para que ele possa dormir. Logo amanhece e nós vamos atrás das fraldas.

- Okay! – Zayn chacoalhou a cabeça freneticamente, concordando. – Subir, trocar as roupas, mudar de cama e comprar fraldas daqui a pouco. Isso mesmo....

Ele ia dizendo aquelas coisas para si mesmo, enquanto se retirava da roda de conversa. Tentando respirar fundo, para se acalmar, em pouco tempo ele chegou ao quarto que dividiria com seus meninos e esqueceu de todos os seus problemas quando seus olhos caíram na cena bonita que viu.

Liam estava sentado na cama, com um Niall meio adormecido meio acordado deitado em seu colo, enquanto tomava uma mamadeira, fazendo aqueles barulhinhos típicos. Seu namorado acarinhava os cabelos loiros e ia cantando uma canção de ninar baixinha.

- Lee? Está tudo bem?

O maior desviou seu olhar para Zayn, parando de cantarolar para o menino mais novo e sorriu.

- Está sim – ele sussurrou em resposta, não querendo atrapalhar a calmaria que envolvia o seu bebê. – Eu só achei melhor dar uma mamadeira para ele agora, porque a última foi há muito tempo....

Zayn viu o seu namorado encolher os ombros, como se estivesse um pouco envergonhado. Mas, ele sorriu largo em resposta, se sentando ao lado dele.

- Não achei que você fosse se aventurar pela mamadeira tão cedo, Lee – o moreno provocou um pouco.

- Ouvir aquelas coisas todas que elas estavam dizendo lá embaixo me deixou um pouco preocupado. Eu não quero que nosso bebê passe fome.

Liam tinha se explicado tranquilo, sentindo-se corar um pouco, porém. Ele não queria parecer como um pai desesperado e paranoico. Ele só não podia evitar se preocupar. Assim, sorrindo para a resposta, as mãos de Zayn fizeram o seu caminho para a barriguinha saliente e descoberta de Niall, e ele esfregou um pouco o local, ouvindo o menino suspirar em deleite. Então ele percebeu, o loiro estava nu da cintura para baixo.

- Eu te entendo, Lee – Zayn foi sincero. – Eu subi porque fiquei preocupado também.... Mas, com a questão do xixi e das fraldas que a gente não comprou.

Liam deu uma risadinha.

- Eu reparei nisso assim que cheguei aqui e peguei ele....

- Percebi – Zayn o acompanhou no sorriso, sentindo-se muito mais leve agora. – A gente vai dar conta de fazer isso funcionar, certo?

O maior retirou a mamadeira da boca de Niall antes de responder, vendo que o leite tinha acabado. Então ele viu e sentiu como o loirinho se espreguiçava todo em seu colo, não se preocupando nenhum pouco com a falta de espaço, e depois abriu os olhos azuis para ele.

Niall sorriu para o seu papai. E seu papai sorriu de volta.

- Seu leite estava gostoso, amor? – Liam perguntou, juntando suas mãos às mãos do moreno, que ainda acariciavam o menino.

- Muito! – Niall garantiu, bocejando e murmurando algumas palavras inteligíveis.

- Olha só, mamãe – o maior começou a brincar. – Nosso bebê ainda está com sono, uh?

Zayn ia responder alguma coisa, mas Niall se agitou demais no colo de Liam e se sentou. Seu cabelo era uma adorável bagunça, junto com a face corada e um pouco babada pelo recente sono, a mamadeira e, a agora evidente, nudez de seu pequeno corpo.

- Não! Sono não! – O menino foi taxativo. – Alladin, papai?

Liam ouviu o pedido, vendo seu bebê esfregar os olhos ainda um pouco cansado, e estava com um “sim” bem sonoro na ponta da língua. Ele pensava que Niall estava dormindo há tempo de mais agora e que, bem, naturalmente, não estaria mais com sono. Prevendo aquilo, Zayn se levantou da cama, pronto para intervir. Liam ainda era um pai babão e muito complacente depois de tudo.

- Está muito tarde para assistir Alladin, Ni – o moreno falou, pegando o loirinho no colo. – Agora é hora de dormir.

Niall franziu o cenho. Sua mamãe havia sido taxativa, mas ele não queria dormir.

- Alladin, sim! – O menino gritou enfezado, se remexeu no colo de Zayn, e forçou para sair dali.

Já de pé e meio cambaleante, Niall cruzou os braços em frente ao peito, sustentando aquela carranca de quem estava se sentindo muito contrariado e zangado, e o moreno suspirou. Lembrando-se do que Nicola falara sobre os horários de sono de seu pequeno, e o que Anne havia pontuado sobre sonecas, Zayn decidiu que assim que o dia amanhecesse, Liam e ele estariam caminhando para começar a organizar a rotina de seu bebê. Pois, sendo adultos, eles conseguiam gerenciar situações adversas, como ficarem acordados até as quatro da manhã sabendo que teriam de se levantar no outro dia às sete.

Mas, Niall era um bebê agora e aquilo não funcionaria com ele.

Liam, por sua vez, não pensava em nada daquilo. Ele só se concentrava em não puxar o loiro para os seus braços de novo e enchê-lo de beijos. Porque seu bebê estava lá parado, olhando feio para eles, como se quisesse intimidá-los para conseguir assistir ao filme que queria. Mas, na verdade, só estava conseguindo fazer o peito de seu papai explodir em adoração. E, ainda, havia toda sua nudez exposta sem nenhum problema e, claramente, o bebê não se dava conta do fato.

- Niall James! – Zayn ralhou, num tom de voz baixo e controlado. – Não grite! Eu estou dizendo que agora é hora de dormir, e é exatamente isso que você vai fazer, mocinho!

Como a boa criança contrariada que era, Niall deixou que seus olhos azuis aguassem facilmente. Seus lábios tremiam, enquanto tentavam formar um bico enorme e ele levou suas mãos para o rosto, fazendo a tão conhecida bagunça de lágrimas e coriza por toda sua face. Ao ver a reação de seu menino, Liam levantou-se da cama e se adiantou. Ele circulou o corpo pequeno de Niall com seus braços e deixou um beijo casto em seus cabelos.

- Não há necessidade de chorar, amor – Liam falou, tentando soar tão firme quanto Zayn.

- Não quero dormir, papai – o loiro choramingou, virando-se para abraçar seu papai e esconder o rosto no peito dele.

Liam suspirou.

Ele amava Niall mais que qualquer outra pessoa no mundo e, de verdade, queria poder fazer absolutamente tudo o que o seu bebê quisesse, para estar feliz. Porém, tendo ouvido a fala de seu namorado, ele se lembrou de que Niall não estava em condições de decidir as coisas por si mesmo, e que a responsabilidade agora era dele e de Zayn. Além disso, ele também se lembrou que estava de castigo agora justamente por sempre ceder às vontades de Niall. Liam não era bobo. Se ele fizesse as coisas direito daquela vez, Niall poderia começar a ser inserido na rotina que ele precisava por ser um bebê, e ele próprio evitaria piorar sua situação com Zayn.

Todo mundo sairia ganhando.

- Eu sei, amor.... Mas, olhe lá fora – Liam pediu, pegando o menino em seu colo de novo e se aproximando da janela. – Está escuro, não é?

- É, papai – Niall choramingou em resposta.

- Então, quando o céu está escuro desse jeito, é porque é hora de dormir.

O loiro ficou reticente por um segundo, mas então ele se lembrou de que quando estavam no carro de sua mamãe, indo para a casa do Tio Harry, ele tinha visto a escuridão do lado de fora da janela, e se sentia com fome e cansado, porque era a hora de dormir. Então, o bebê pensava que não estava com sono agora, porém, que o seu papai e sua mamãe tinham razão. Seu papai já tinha lhe dado uma mamadeira de leite quentinho e ele se sentia confortável.

- Cama grande, papai? – Ele perguntou, tentando parar de chorar. Se ele tinha que dormir, que fosse com os seus papais. – Com a mamãe e o papai?

Zayn sorriu. As coisas estavam funcionando.

- Claro que sim, amor – o moreno concordou, aproximando-se. – Sua cama tem xixi agora, não é mesmo? Mamãe não vai deixar você dormindo numa cama ruim.

Niall acenou com a cabeça, as lágrimas sendo deixadas para trás e um sorriso genuíno aparecendo em seus lábios. Ele gostava tanto de dormir com os seus papais! Ele não tinha se dado conta ainda daquela história de xixi, mas agora ele pensava que era algo bom molhar sua cama. Pois, assim, ele não precisava dormir sozinho mais.

- Otay! – O loiro respondeu animado.

- Isso é ótimo, amor! – Liam exclamou. – Mamãe vai te dar um banho bem gostoso agora, enquanto o papai vai arrumar a nossa cama, sim? Amanhã quando você acordar, vai poder ir direto brincar. Não é legal?

- Alladin, papai? – Niall perguntou esperançoso.

Liam revirou os olhos.

- Claro que sim! Não poderia ser nada diferente disso, uh?

Zayn estava confiante que conseguiria colocar Niall para dormir de novo, mas ainda assim sentia-se um pouco temeroso. Seu bebê parecia desperto demais agora. Porém, ele se resignou e enquanto balbuciava para o loirinho o quanto o amava, o moreno ia pegando-o no colo e se dirigindo ao banheiro do quarto. Niall tagarelava animado já dentro do banheiro, porque ali tinha uma enorme banheira e ele poderia brincar e se divertir na água. Sua mamãe já tinha tirado dele sua camiseta de dormir e, como já estava nu, ele forçou para que sua mamãe o colocasse no chão e sem demora correu para dentro dela. O moreno sorriu enquanto colocava a banheira para encher, tomando o cuidado de regular a temperatura da água até que ela ficasse morninha, e seu bebê pudesse tomar um banho relaxante.

Satisfeito com a altura da água, que estava a poucos centímetros acima da cintura de Niall, Zayn alcançou uma bucha macia, o sabonete e começou a limpar o loiro. Niall ainda tagarelava algumas coisas, como se estivesse conversando sozinho, mas encarou o moreno quando percebeu que estava dentro de uma banheira e tomando um banho sem bolhas.

- Bolhas, mamãe?

O moreno ouviu a pergunta e quis morrer. Não era para aquele ser um banho longo. Porém, ele pensou que Niall merecia um banho com bolhas agora, pois ele não tinha conseguido nenhum até ali.

- Claro, amor – ele sorriu. – Mamãe vai pegar as bolhas para você.

Depois de tudo pronto, as bolhas já espumando dentro da banheira, Niall apenas se preocupou em brincar enquanto Zayn lavava seu corpo. Quase meia hora depois, a água já começava a esfriar e, muito feliz, o moreno percebia seu bebê dar pequenos bocejos, enquanto ainda se divertia. Aquela história de banho morno com bolhas tinha funcionado depois de tudo.

- Hora de sair, baby – Zayn avisou calmo, temendo que Niall começasse a chorar de novo, dizendo que não queria.

Porém, diferente do que ele esperava, o loirinho apenas o encarou e levantou os braços, naquele gesto universal de quem queria ser pego no colo. Assim, o moreno esvaziou a banheira, rapidamente enxaguou o sabão para fora do corpo de seu menino bonito e o enrolou em uma toalha macia. Quando os dois chegaram ao quarto, Liam já tinha retirado o lençol molhado de xixi da cama de Niall, já tinha separado uma camiseta velha e uma boxer para o bebê vestir e também já tinha preparado a cama de casal para que eles pudessem ir dormir, finalmente.

O maior viu como seu namorado deitava o loiro na cama, para terminar de lhe enxugar e vesti-lo, e sorriu. Niall tinha o polegar firmemente preso em sua boca, chupando tranquilo, enquanto tentava inutilmente manter seus olhos azuis abertos, já tomados pelo sono novamente. Então, ele tornou-se consciente do quanto estava cansado e, também, do quanto o próximo dia seria, possivelmente, um inferno.

Pois, Zayn e ele ainda não tinham conversado com Louis e Liam não sabia o que esperar da bendita conversa, quando ela acontecesse.

- Papai – Niall chamou, tirando Liam de seus pensamentos.

Ele se adiantou para a cama, pegando Niall no colo, já vestido e começou a balançá-lo, para que dormisse. Zayn agora arrumava a pequena bagunça que havia feito e, depois de tudo no lugar, voltou-se para Liam, vendo que o loiro, finalmente, já dormia de novo.

- Tira esse sorrisinho idiota da cara, Payne – o moreno sussurrou. – Niall só vai dormir conosco hoje por causa do xixi.

- Eu sei – Liam revirou os olhos. – Mas, eu gosto de mantê-lo por perto, você sabe. E, agora, você não pode me culpar por conseguir isso.

Zayn sorriu para o namorado, mas não se deixou levar.

- A culpa é sua, sim, e minha também – ele admitiu. – Deveríamos ter comprado as fraldas antes de virmos para cá.

- Vamos fazer isso logo cedo, sim? – Liam pediu. – Vou colocar meu celular para despertar às seis, então a gente pode levar nosso bebê para usar o banheiro, sem causar mais nenhum acidente.

- Tudo bem.... Mas, agora, coloque ele na cama e troque a roupa para ir dormir. Eu vou descer e avisar ao Harry que estamos nos despedindo da festa.

- Okay, mamãe – Liam provocou, mas fazendo exatamente o que seu namorado havia mandado.

- Bobo! Eu volto logo.

~.~.~.~.~.~.~.~.~.~.~.~.~.~.~.~

Louis observava ao longe o seu namorado conversando animadamente com Zayn, e, por um brevíssimo momento, quis se chutar por ser tão idiota. Desde que seus amigos haviam chegado à casa de Harry, o baixinho havia se mantido afastado, descaradamente fugindo deles, evitando ter de encará-los e conversar sobre aquilo que, não, ele não queria. Não era que Louis estivesse completamente contra o que estava acontecendo com Niall. O caso era que ele estava muito preocupado, pois, por mais que pensasse, não conseguia encontrar uma solução para aquele problema.

O baixinho ainda achava que a culpa da doença de Niall era de Liam e Zayn, e ele ainda achava que, se Niall não melhorasse logo, aquele seria o fim da One Direction. Seria o fim de sua carreira, o fim de seu sonho. Um fim injusto, arbitrário e que, de verdade, não tinha nada a ver com ele. Nenhum deles havia escolhido ter Niall preso a um Transtorno Mental. Aquilo apenas havia sido empurrado para eles. Louis sabia. Mas, ainda assim, não conseguia conceber, realizar e apenas se resignar e aceitar as consequências.

Louis amava seus amigos, mas tinha que ser sincero, amava ainda mais o seu trabalho. E, como se tudo já não estivesse um caos, ainda tinha Harry no meio daquela história, declaradamente a favor de seus amigos inconsequentes e, muito provavelmente, muito inclinado a de fato dar um fim na banda em prol da recuperação de Niall.

Então ele se sentia muito confuso, sem saber o que pensar e o que fazer. Pois, ele queria que Niall se recuperasse, mas não queria que o preço a ser pago por isso fosse a sua carreira.

Mark havia tentado chegar nele, perguntando o que diabos havia acontecido, porque ele, e todo mundo, podia perceber que as coisas não estavam bem entre Harry e seu filho. E eles também podiam perceber que Louis estava, deliberadamente, ignorando a presença de Liam e Zayn na festa. Seu filho já tinha lhe pedido a oportunidade de uma conversa de qualquer forma, e ele tinha a certeza que o assunto era a atual situação de Niall.

Mas, o baixinho de olhos claros apenas havia pedido, tão gentilmente quanto conseguiu, para que Mark deixasse de lado aquelas questões, porque ele não queria falar sobre elas. Seu pai, então, resignado, havia feito o que Louis pedira, deixando-o sozinho em um canto, curtindo suas inúmeras garrafas de cerveja, remoendo seus pensamentos doloridos e confusos, e chafurdando em sua própria desgraça.

Porém, agora, depois de ter se embebedado para além da conta, Louis se sentia muito inclinado a trocar um par de palavras com Zayn e, quem sabe, conseguir dizer tudo o que queria a respeito daquela história. Louis sabia que não deveria se comportar como um idiota, porque Harry já havia deixado bem claro que não hesitaria na hora de escolher quem se manteria em sua casa e quem daria o fora dali. Mas, ele estava bêbado depois de tudo, e não estava completamente consciente de que as coisas que planejava falar para seu amigo moreno, poderiam ser facilmente interpretadas como uma afronta.

Por isso, Louis não se arrependeu das palavras que deixaram seus lábios, no momento em que alcançou a dupla e, simplesmente, começou a falar.

- Meu amigo Zayn! Então? Você e Liam realmente estão brincando de casinha com o meu amigo Niall, não é?! Quão patéticos vocês são?!

No ato, Harry arregalou seus olhos verdes e sentiu seu coração disparar em seu peito. Ele queria dizer algo, mandar Louis parar com a cena, mas não conseguiu. Zayn, por sua vez, automaticamente ergueu os ombros e encarou Louis com aquele olhar de quem ameaçava socá-lo a qualquer momento.

Louis, sem perceber aquilo, apenas continuou seu falatório bêbado, desajeitado e acusador.

- Eu sabia que essa relação doentia de vocês três daria merda em algum momento – Louis riu. – E eu tentei avisar, eu tentei parar vocês! Mas, não, ninguém me ouviu e vocês apenas continuaram com esse teatro ridículo, tratando Niall como se ele fosse um maldito bebê chorão. E, olha onde estamos agora! Aquele estúpido realmente acredita que é um maldito bebê chorão e, como se isso não fosse o suficiente, Liam e você realmente estão acreditando que são seus papais. Parabéns, Malik! Vocês são, definitivamente, o trio mais patético e doente que eu já tive o desprazer de conhecer na minha vida!

Ao terminar seu discurso, o baixinho batia palmas, fechando com chave de ouro sua cena debochada. Zayn, àquelas alturas, sentia seu corpo todo tremendo de pura raiva, seus olhos faiscavam e sua respiração nunca estivera tão acelerada antes. Ele sabia que Louis seria um páreo duro. Mas, ele não tinha imaginado que seu companheiro de banda, seu amigo, aquele cara com quem dividia praticamente todos os seus dias há dois anos agora, fosse ser tão cruel daquele jeito.

- Cale essa maldita boca! – Ele gritou em resposta. – Não se atreva a falar do que não sabe, Tomlinson!

- Louis.... – Harry se adiantou para o seu namorado, o segurando pelo braço.

Mas, Louis não estava pensando. De forma que apenas empurrou Harry para o lado, quase fazendo o cacheado se desequilibrar e cair, chamando a atenção de seus pais e seus irmãos para a eminente briga que se formava ali. Atordoado, então, o baixinho deu alguns passos cambaleantes para a frente, tentado agarrar um punhado da camisa que Zayn vestia. O moreno se afastou, respirando fundo, dizendo para si mesmo que deveria manter a calma, pois seu amigo estava bêbado e ele não podia, deliberadamente, entrar em uma briga física com ele naquele momento.

- Eu acho melhor você ir tomar um banho e dar um fim nessa bebedeira, Tommo – Zayn sugeriu num tom ameno, o mais controlado que pode. E, ainda, tomou o cuidado de usar o apelido do baixinho, para indicar que não estava caminhando para comprar a briga que ele estava vendendo.

- Não, Zayn! – Louis gritou em resposta, ignorando a tentativa do outro. – Nós vamos conversar sobre essa situação ridícula agora! Pois, por sua culpa, de seu namoradinho e do bebê chorão, a minha carreira está a um passo de desmoronar! E eu não vou deixar isso acontecer!

O moreno arregalou os olhos ao ouvir aquilo.

Então aquela era a real preocupação de Louis?

Há quase um mês a vida de Niall, o seu bebê, havia simplesmente ruído diante dos olhos do mundo inteiro, e a única coisa com que Louis estava preocupado era a sua maldita carreira?! Não que Zayn não se preocupasse, Liam e ele até mesmo já tinham conversado sobre o caso antes. Porém, eles estavam passando por uma pausa agora, ainda tinham tempo para pensar sobre como agir diante de tudo o que estava acontecendo, angariar estratégias para que Niall se recuperasse e, finalmente, voltasse a ser o que era antes. Obviamente o mais importante agora era Niall. Seu menino bonito estava quase literalmente destruído, precisando de todo o cuidado e apoio que pudesse obter. Zayn não conseguia acreditar que Louis realmente incidira sobre o aspecto de menor relevância.

- Que merda você está dizendo, Tomlinson?! – Zayn voltou a gritar, então, esquecendo-se completamente da ideia anterior, de não comprar a briga do outro. – Niall está passando pelo momento mais difícil da vida dele e a única coisa que você consegue fazer é pensar na sua maldita carreira?! Você não pode estar falando sério!

Louis riu histérico, totalmente perdido em si mesmo e em sua ira. Ele não tinha se dado conta, porém os adultos àquelas alturas já tinham mandando Gemma, Lottie, Fizzie e uma Vanessa muito assustada para a cama, e comentavam entre si sobre o que fazer. Mark estava a um mísero passo de simplesmente puxar Louis pelo braço e o levar para fora da casa, para que seu filho pudesse se acalmar e ele pudesse fazê-lo entender que aquele, definitivamente, não era o momento para terem uma conversa daquelas.

- Eu estou falando muito sério aqui, Malik! – Louis voltou a gritar possesso, sentindo que poderia explodir a qualquer momento. Harry tinha se aproximado agora, engajado em fazer Louis parar com a cena, porém o baixinho apenas o havia empurrado de novo. – Não me toca, Styles! Você é tão culpado quanto Liam e Zayn, por ser conivente com esse teatro doentio deles!

- O que?! – Harry gaguejou, sentindo os olhos marejarem.

Definitivamente, tudo o que ele temia estava acontecendo agora. Louis estava realmente caminhando para mostrar o quão descontente e frustrado estivera com o relacionamento de seus companheiros e, de verdade, o cacheado pensou que deveria fazer o que tinha ameaçado antes: colocá-lo para fora de sua casa. Seu peito doía como no inferno e ele meio que se obrigava a acreditar que aquela era a melhor forma de agir. Pois, apesar de amar Louis com todas as suas forças, apesar de ter desejado nos últimos anos construir sua vida e sua nova família ao lado dele, Harry não podia ignorar o fato de que a prioridade ali agora era Niall. De forma que, se Louis não estava disposto a ajudá-lo no enfrentamento daquele problema, o melhor era que ele fosse embora e se mantivesse realmente afastado de uma vez – pois, já dizia o velho ditado: muito ajuda, quem não atrapalha.

Antes que ele pudesse se pronunciar, entretanto, Louis tinha voltado a gritar um monte de maldições e impropérios, sobre o quanto ele era a única pessoa sensata naquela história, sobre o quanto Liam e Zayn precisavam de ajuda psicológica tanto quanto Niall, por simplesmente aceitarem e agirem como se o loiro fosse realmente um bebê, fosse a merda do filho deles. Quando ouviu a ladainha de Louis sobre o seu bebê, Zayn sentiu seus punhos cerrarem automaticamente, formigando de vontade de marcarem o rosto bonito do outro e fazê-lo calar a boca. Se Louis quisesse expor ao mundo inteiro o quanto Liam e ele eram completamente doentes e o que quer que fosse, Zayn não se importaria. Mas, se atrever a continuar dizendo aquelas coisas sobre Niall....

Entretanto, a gota d’água, foi quando ele ouviu Louis dizer o maior dos absurdos.

- Vocês deveriam aproveitar a ala psiquiátrica daquele hospital e manterem Niall internado lá de uma vez! – Louis gritava sem sentido e ainda bêbado, andando de um lado para o outro agora, esquivando-se de Harry, parecendo uma fera enjaulado. – Ele claramente ficou louco! Niall já matou toda a família dele, porque vocês sabem que foi culpa dele a porra do acidente! Não era para nenhuma de nossas famílias estarem no show daquele maldito dia, mas Niall sempre foi essa porra de moleque chorão e com certeza obrigou todos eles a viajarem! Onde eles estão agora? Estão mortos! Niall está definitivamente louco agora e eu não dou um par de dias para que ele encontre uma forma de matar vocês dois também.

Wow.

Uma única veia pulsou na têmpora de Zayn.

Para além de tudo, Louis ainda tinha a ousadia de sequer cogitar a ideia de culpar Niall, o seu menino bonito, pelo acidente que matara a família original dele?

O moreno pensava que, se aquela história deveria ter um assassino no final, o cara de mente perversa seria ele mesmo. Pois, agora, definitivamente, Zayn estava caminhando com toda a força, coragem e fé que tinha, para matar Louis.

- Seu miserável! – Zayn rugiu e cuspiu para fora de seu corpo toda a incredulidade que lhe sufocava, tremendo, irradiando ódio e sede de vingança.

Então ele se jogou contra Louis, com a clara intenção de feri-lo.

A única coisa que o baixinho conseguiu ser capaz de perceber em seguida, foi o punho de Zayn acertando-o diretamente em um dos olhos, fazendo-o cair estatelado no chão – resultado do forte soco e de seu equilíbrio falho pela bebedeira anterior – e a gritaria que se seguiu foi ensurdecedora. Havia tanta confusão agora, mas Louis não conseguia focar sua atenção bêbada em nada além da dor lancinante que se alastrava por sua cabeça e corpo.

Zayn estava cego de ódio e raiva, intencionando realmente socar Louis até que ele tivesse engolido cada uma das palavras cruéis que havia dito, até que ele estivesse inconsciente de tanto apanhar, até que ele estivesse morto. Seu corpo todo tremelicava e sua cabeça não conseguia pensar em absolutamente nada. Só havia aquela comichão em seus punhos ainda fechados, doloridos pelo forte soco anterior, e aquele maldito desejo de se vingar do baixinho. Nunca, em toda a sua vida, Zayn seria capaz de se manter alheio a qualquer coisa que pudesse ferir Niall. E ele realmente se sentia capaz de matar qualquer um que ousasse sequer pensar em fazer mal ao seu filho.

Foi por isso que ele não esperou nem meio segundo para se jogar contra Louis novamente, ignorando toda a movimentação alucinante ao seu redor. Sentando-se em cima do quadril de Louis, Zayn o prendeu contra o chão e ergueu o punho mais uma vez, fazendo com que mais uma vez Louis sentisse uma dor lancinante em seu rosto e, instantaneamente, sua mente começando a se apagar.

- Nunca mais se atreva a dizer algo como isso, seu filho de uma puta! – Zayn gritou ensandecido, socando Louis às cegas. – Nunca mais use essa sua boca suja para falar sobre Niall!

No momento seguinte, quando estava pronto para socar Louis mais uma vez, e continuar dando vazão a toda ira que lhe corroía e só parecia aumentar cada vez que seu punho chocava-se contra o rosto do baixinho, o moreno sentiu-se sendo puxado para cima e começou a lutar, gritando para o deixassem acabar com aquele idiota de uma vez. Geoff, que o segurava fortemente pelos braços agora, pedia para que Zayn mantivesse a calma, porque brigar não levaria nenhum deles a lugar nenhum. Mark e Des ajudavam Louis a se levantar do chão, enquanto Anne e Jay tentavam acalmar Harry. O cacheado chorava profusamente, impossibilitado demais para sequer se mover. De tão chocado, Harry apenas havia ficado lá parado, vendo como Zayn socava Louis com toda a força que tinha, prevendo o momento em que a situação pioraria ainda mais se possível.

Prevendo o momento que seu namorado não aguentaria mais apanhar e, finalmente, acabaria cedendo à inconsciência.

- Me solta! – O moreno voltou a gritar, tentando se livrar do agarre de Geoff.

- Acalme-se, Zayn!

- Eu não vou me acalmar! Eu vou é acabar com a raça desse desgraçado!

Zayn encarava Louis em pé agora, sendo segurado por Mark e Des. Ele percebia o rosto de Louis todo vermelho e molhado por lágrimas grossas e profusas, o olho direito inchado, com um filete de sangue saindo de alguns pequenos cortes ao redor. A própria mão de Zayn estava ferida, a pele vermelha e irritada, mas ele sorria satisfeito, porque aqueles machucados eram apenas o começo do que ele queria fazer realmente. Quando Louis começou a tossir engasgado, visivelmente atordoado e confuso demais, Zayn achou que era um bom momento para pegá-lo novamente. Porém, Geoff ainda o segurava firmemente, Jay havia se aproximado de Louis e Liam tinha aparecido do quintal.

- O que está acontecendo aqui? – Liam perguntou chocado, com os olhos arregalados e ofegante por ter corrido para chegar ali. – Zayn?!

Ele correu para o lado de seu namorado, não entendendo o motivo de ele estar sendo segurado daquele jeito por seu pai. O moreno parecia ter sangue nos olhos e Liam não demorou dois segundos para identificar o quanto ele estava puto da cara. Olhando ao redor, Liam observou num panorama geral a situação de todos e, de novo, não demorou para sacar finalmente o que havia acontecido. Harry ainda chorava sendo abraçado por Anne, Mark e Jay conversavam desesperados com um Louis extremamente machucado, enquanto Karen e suas irmãs observavam tudo de longe, absolutamente chocadas e paralisadas pelo medo. No momento seguinte, Liam viu Louis sendo carregado aos tropeços para dentro da casa, enquanto sua mãe e suas irmãs se aproximavam deles.

- Liam, pegue suas coisas – Zayn ditou, assim que se deu conta da presença do outro. Geoff ainda mantinha-o preso, porém racional como sempre fora, o moreno achava melhor colocar um fim naquilo de uma vez. – Nós estamos indo embora.

- Zayn....

- Agora Liam!

O moreno tinha gritado novamente, e finalmente conseguido se livrar dos braços de Geoff. Sem questionar qualquer coisa então, sabendo que Zayn não tomaria uma decisão daquelas se o caso não fosse realmente sério, Liam assentiu enfaticamente, balançando a cabeça e respirando de maneira ruidosa.

- Tudo bem, mas se acalme – ele pediu. – Não podemos pegar a estrada com você nesse estado. Nosso bebê ainda está dormindo e nós não queremos que ele acorde assustado, okay?

- Filho, vá para o quarto – Geoff se pronunciou então, sem ter muito o que fazer. – Leve Zayn com você e tente acalmá-lo, sim?

- Okay.

Sem demora, Liam passou um dos braços pela cintura de Zayn e o forçou a caminhar. Enquanto tomavam espaço dentro da casa, eles não tinham sido capazes de ver ninguém, algo que o maior agradecia agora. Quando os meninos chegaram ao quarto, assim que terminaram de subir as escadas da casa, a situação que já era de fato muito ruim, piorou ainda mais. Niall estava sentado no chão, com grossas lágrimas manchando todo o seu rosto corado, enquanto puxava seus cabelos com as mãos e choramingava baixinho palavras que nem Liam e nem Zayn tinham sido capazes de entender. O loiro ainda havia puxado a roupa de cama para junto de si e, provavelmente por causa de sua coordenação motora muito falha agora, havia tentado enrolar-se nos panos, fazendo toda uma confusão ao redor de seu corpo.

Harry tinha tudo planejado de antemão para que o aniversário de Louis e o primeiro Natal de Niall com a nova família fossem perfeitos.

Porém, estava na cara, aquele final de ano seria para sempre lembrado como o pior da vida de todos eles.

           

            


Notas Finais


Não fiquem com raiva do Louis, por favor.
A história precisava de um vilão, então sim =D

Obrigada por tudo até aqui!
Até a próxima,

Abraços!


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