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História Dwell In Your Soul - Intensity


Escrita por: filialsfifth

Notas do Autor


Espero que gostem.

Capítulo 2 - Intensity


Apagar as velas de aniversário, fazer um desejo no escuro. Observar a lua, sentir a frieza dos seus sapatos molhados em um dia chuvoso, ficar resfriada e ainda se divertir com isso. Sentir a grama salpicar seu corpo todo enquanto observa as estrelas à noite. Coisas simples, coisas que valem a pena sentir, coisas intensas. Sentimos leveza na alma, tranquilidade e conforto. Nos damos conta de que esse mundo é nosso e que nada se resume a tão pouco. Não, não aceitamos tão pouco. Vamos lá, esse mundo inteirinho está aí pra você, pra nós. Esse é o melhor da vida. Então me diga, por que as pessoas vivem abdicando disso para viver coisas superficiais que não as fazem feliz? Medo. É sempre o medo.

[...]

Camila

Desde bem pequena me considero uma pessoa bastante intensa. Minhas amizades, meus bichinhos de estimação, meus brinquedos... Todas essas coisas eu amei com muita intensidade.

- Camila, se você não for pra escola amanhã eu juro que vou fazer da sua vida um inferno. - reviro os olhos ao telefone para tal afirmação. Ela sempre era um poço de gentileza.

- Dinah, relaxa! É só a primeira semana, e aliás, você mesma diz que nem gosta tanto assim da minha companhia. - e ela desatou a falar de novo ao telefone tentando me chantagear com um almoço na cantina de graça.

Reviro os olhos, ela deve estar pensando que ando passando fome na casa de praia onde passei as férias.

-Você sabe que não têm como voltar agora. Os vôos só estão disponíveis para próximo final de semana, e Veronica estará aí com você durante todo esse tempo. - tentava bajular ela enquanto enrolava o fio do telefone no dedo. - Chee, não fique brava, em uma semana estou aí com você. - usei de todo o meu charme pra convencê-la disso.

- Tem certeza? Eu e você?

- Aham, você e eu sempre.

- Tá bom bunda gorda, me liga amanhã.

E com isso desligou na minha cara. Isso sempre acontece.

Dinah e eu nos conhecemos a mais de dois anos. No começo foi um pouco difícil me acostumar à esse jeito grosseiro e rude dela, mas quando meu avô morreu à pouco mais de um ano ela e Veronica foram as únicas pessoas que sabiam como eu me sentia, e isso fez nos aproximarmos ao ponto dela convencer seus pais a tirarem-na da sua antiga escola só para poder se juntar à mim. Apesar das grosserias diárias ela sempre me apoiou e sei que esse jeitão dela é só para evitar se magoar por amor mais ainda.

Sou de ascendência cubana, mas depois que as coisas ficaram difíceis em Cuba eu e minha família viemos aos Estados Unidos atrás de melhores condições de vida. Apesar de ser um país justo, Cuba era praticamente miserável, então não tivemos outra escolha senão nos mudarmos para Miami. Na época Sofia, minha irmã, ainda não era nascida e eu com meus quatro anos foi fácil me adaptar a rotina e aprender o idioma. Demorou um pouco para as coisas ficarem instáveis, mas com trabalho árduo todos os dias, minha mãe e meu pai conseguiram dar uma boa educação, boa comida e conforto pra mim e posteriormente Sofia com o passar dos anos. Tivemos uma infância pouco complicada já que meus pais foram sempre muito presentes em minha vida.

Passamos noites em frio, aquecidos somente pelas roupas do corpo e nossos corpos em atrito num abraço coletivo.

Com tudo isso nós aprendemos a viver um dia de cada vez, e a aproveitar as coisas mais simples que a vida nos oferece. Podíamos não ter muito dinheiro, mas a companhia deles já bastava para eu ter a certeza de que, logo logo, tudo iria se resolver.  

Então veio a estabilidade e, como eu disse, as coisas se resolveram. Isso me ensinou que nada é mais importante do que as pessoas à nossa volta. Tudo se trata dos sentimentos delas, de como elas vivem bem consigo mesmas e de como são tratadas.

Colégios particulares, mansões... nada disso não tem a mínima importância.

Sempre estudei em colégio público e fui muito bem educada estando nele. E não acredito quando dizem que ensino público é coisa de gente pobre. Somos todos iguais.

Dinah e Veronica concordam comigo e nesse começo de ensino médio será só eu e elas em uma escola nova.

A ansiedade me corrói enquanto me deito sobre a cama. Tudo novo.

Faz algum tempo que não tenho essa sensação. De qualquer maneira não tenho nenhum plano por agora, só resta esperar o que vai acontcer comigo durante todo esse tempo no ensino médio. Não sou, de maneira alguma, uma dessas pessoas que fazem planos. Para quê exatamente? Quando os faço sempre acabo frustrada por não atingir às minhas expectativas. Não, eu gosto é de surpresas, gosto da expectativa e da experiência que aprendo com elas.

Nenhum plano, nenhuma dor de cabeça.

Amanhã será meu primeiro dia de ensino médio. Veronica irá ficar no segundo ano, por conta de ser um ano mais velha que Dinah e eu, mas eu espero que as coisas fiquem bem, afinal ela e Dinah sempre foram ótimas para fazer amizade rápido, diferente de mim que sou bem tímida pra essas coisas.

Esse ano eu pretendo fazer alguma atividade extra curricular, não para ter um currículo bom, apesar de ser ótimo ter isso à meu favor na faculdade. É só pra não ficar acomodada na mesma rotina de sempre. Quem sabe eu faça parte do clube de matemática da escola, apesar de sempre ter sido uma negação em relação à essa matéria. Quem sabe o clube de artes, o coral ou até mesmo o grupo de xadrez - como se eu já não tivesse tentado participar desse antes - não sei. Daqui pra lá as coisas irão se resolver.

Eu só espero profundamente que esse ano eu me descubra em alguma coisa.

Notas de um futuro próximo:

"Em meio a tantas pessoas, aquela garota, ela me descobriu. Ela vai contra todas as minhas crenças."

 coisas na vida acontecem por acaso, outras são premeditadas desde cedo, como quando vamos à viagens por exemplo, sentimos a necessidade de planejar cada mínimo detalhe, e precisamos dizer que isso é necessário. Mas você irá concordar comigo que as melhores coisas não são premeditadas, muito menos planejadas, sabe por que? Porque não podemos planejar o que iremos sentir por alguém, muito menos a intensidade com a qual esse alguém estará envolvido em nossas vidas. Simplesmente sentimos. Sem planejamento, sem objetivos. Nos entregamos de corpo e alma sem saber exatamente o que irá acontecer adiante. É a forma mais inocente de sentir. Você está disposto a acreditar nesse alguém, e a confiar seu futuro àquela pessoa. Confiar para que não estrague tudo, nem que tudo que estão vivendo agora será algo em vão algum dia.

[...]

Lauren

Eu sou dessas que acredita em natais passados em família, e em algumas tradições, como quando mamãe, papai e eu íamos toda quinta comer pizza, e ainda vamos, ou quando todo final de semana eu devo ir à casa dos meus avós. Acredito em almoços e jantares reunidos com toda a família, nós nos sentamos à mesa para que todos falem sobre como foi seu dia. Acredito em tudo isso. Mas se tem uma coisa na qual eu não acredito, essa coisa é o destino. Por que diabos algo ou alguém lá em cima ou onde for vai torcer pra, não sei, duas pessoas ficarem juntas e depois se magoarem, se cansarem uma da outra e no final se separarem? Existem atos e existem as suas consequências. Mas as pessoas gostam de poetizar as coisas.

A alguns meses atrás uma amiga minha conheceu um garoto super legal, dizia que o destino colocou-os juntos, diziam que se amavam, isso até ver ele a traindo atrás da arquibancada da quadra de basquete. Eu estava lá, as mãos dele agarrando o peito da outra garota, e eu vi minha amiga passar um mês inteiro calada, sofrendo por algo que não foi culpa dela. Quer dizer, onde tinha ido parar o destino agora? Se o destino queria tanto os dois juntos, por que fez ele a trair? Entendeu onde quero chegar? Gostam de pôr amor e destino juntos para que nunca tenham que explicar as consequências de suas atitudes tomadas na hora errada. Atitudes babacas. É muita maldade se dizer a alguém 'eu te amo' sem amar de verdade.

-Lauren, já está tarde e amanhã você precisa ir à escola. - ouço minha mãe gritar lá de baixo.

Sempre gostei do porão da minha casa. Quando eu era pequena lembro que meu tio separou da mulher dele e foi morar lá. Claro, na época meu pai teve que tirar as teias de aranha, colocar uma pintura nova e mudar os móveis, mas ficou bem legal. Lembro que na época eu não desgrudava dele e nós sempre encontrávamos um jeito de brincar de bola, mesmo o lugar sendo um espaço consideravelmente pequeno. A alguns anos quando meu tio morreu fiz do porão o meu lugar pra pensar. E é onde sempre trago minhas amigas.

Ouço batidas insistentes na porta. Minha mãe nunca foi do tipo que tem uma virtude chamada paciência.

-Mãe, já estou indo. - grito e logo vou abrir a porta.

Ela sempre foi do tipo controladora. Talvez seja por isso que eu seja a menininha perfeita do papai. Notas razoavelmente boas, adiantada na escola, nunca namorava, nunca saia, nunca se divertia e nunca era eu mesma. Depois de um tempo você se acostuma.

Durante toda as férias de verão tudo o que fiz foi trabalhar em uma cafeteria e, vez ou outra, ir a alguma festa com Lucy, Normani e Keana. As coisas têm sido extremamente normais desde sempre, então não tenho com o que me preocupar em relação ao meu futuro.

Normani e eu somos basicamente irmãs. Desde muito cedo passávamos a tarde uma na casa da outra, brincávamos de boneca e jogávamos softball pelo time da escola no ensino fundamental, bom, eu jogava, ela só torcia para mim na quadra. Temos tudo em comum e nossas mentes funcionam quase que igualmente.

Conheci Lucy em um clube de piscina quando tínhamos uns nove anos. Foi amizade instantânea. Junto com ela veio Keana e aí somos só nós quatro desde então. Lucy, por ser a mais nova, é a mais prepotente e sempre discutimos por coisas bobas, mas eu entendo que, por causa da idade, ela é ainda um pouco imatura e tem muito o que aprender. Keana sempre se dá mal em relações amorosas, prova disso é a traição, e eu sempre estive lá pra ajudá-la. No ensino fundamental enquanto eu e Lucy jogávamos softball pelo time, Normani e Keana torciam no canto da quadra e a cada jogo era uma coreografia diferente e animada. Passamos o ensino fundamental todo juntas, e será assim no ensino médio também. Elas respeitam meu tempo e entendem toda essa pressão em cima de mim, e eu sou muito grata por tê-las em minha vida. Elas são a verdade em meio a tanta superficialidade na minha vida.

Tomo um banho e vou me deitar. Amanhã será outro dia. Faz sete longos anos que estudo naquela escola. Não gosto daquela gente e eu não sou eu mesma lá. Na verdade eu não sou eu mesma em lugar algum.

Todos os anos eu espero alguma coisa acontecer, mas nada nunca acontece. Por essas e outra razões não acredito em destino. Que coisa mais sem graça. Se quiser alguma coisa, faça. Esse é meu lema.

Planejamento, essa é a chave. Planeje alguma coisa e se esforce pra cumprir, não tem como dar errado. Isso me faz manter a linha e não enlouquecer com todas as cobranças em casa. Por ser a filha mais nova, sou a que mais teve oportunidade de um bom estudo. Na época do Chris, meu irmão mais velho, meus pais tinham que batalhar pra pôr comida na mesa. Minha mãe sendo dona de casa e com a empresa do papai quase falindo, não tinham muito o que fazer quanto a conforto e fartura de dinheiro, a crise tinha chegado para todos. Quando Chris se formou em arquitetura as coisas melhoraram bastante e a empresa do meu pai começou a decolar com as vendas de carros. Então ele deu o seu máximo pra dar um bom estudo pra mim e eu sou grata por isso todos os dias. Meus pais não esperam nada mais, nada menos que o meu melhor.

Esse ano vou me dedicar bastante aos estudos, dizem que o segundo ano sempre é o mais difícil. Pretendo cursar advocacia e preciso de boas notas pra isso. Com todo esse planejamento não tem porquê se desesperar. Nada irá mudar meus planos.

Notas de um futuro próximo:

"Depois que eu me apaixonei foi tudo por água abaixo. Eu lembro desse dia fatídico. Deus, ela desgraçou a minha vida, e ela sabe."



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