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História Dyed Storm - Dois amores impossíveis. - Ira.


Escrita por: Soadetica

Notas do Autor


Gostaria de pedir muitíssimos perdões para vocês pela minha demora de praticamente um mês sem postar.
Mi perdoí pessoas ;-;

Capítulo 73 - Ira.


Fanfic / Fanfiction Dyed Storm - Dois amores impossíveis. - Ira.

Minha avó e meu avô decidiram que me deixariam entrar antes para falar com a minha mãe e após dez minutos eles fariam o mesmo. A enfermeira me deu um avental com mangas que desciam até meu pé e uma touca para os cabelos para que eu vestisse antes de entrar no quarto da minha mãe.

Eu estava nervosa, não sabia explicar exatamente "porque." Sabe aquela sensação que você fez algo de errado e precisa se explicar ? Era isso que eu estava sentindo. Abri a porta do quarto e após a fechei.

Acho que até esse momento eu ainda não havia se dado conta de que minha mãe estava realmente doente. De todas as vezes que eu a vi eu nunca tive a imagem de que ela era uma mulher vulnerável, diferente de agora.

Ela fechou o livro que estava lendo se certificando de que o marca página estivesse bem colocado, a mesma olhou para mim e abriu um sorriso. O sorriso dela me surpreendeu muito, me surpreendeu mais do que descobrir que ela tinha câncer. Minha mãe nunca sorria para mim, sua expressão sempre era a mesma, severa. Olhei para trás para ver se ninguém mais havia entrado ali, mas era só eu.

- Onde estão seus modos ? - Falou ela ainda com um sorriso nos lábios. - Depois de tanto tempo sem ver sua mãe, ao menos um "oi" você deveria ser capaz de dizer.

Era realmente estranho vê-la sorrir.

- Oi. - Disse desconfiada.

- Venha aqui Lilian. - Falou ela dando leve batidas na cama ao seu lado.

Foi inevitável não franzir a testa, apontei para a cama.

- Aí ? - Indaguei.

- Se apresse.- Falou ela. - você não me ouviu ?!

Me aproximei, ela foi um pouco para o lado dando espaço para que eu se sentasse em sua cama.

- Tem certeza ? - Perguntei. - Tem uma cadeira aqui do lado.

- Não se preocupe com isso.

Me sentei ao lado dela. Aquela situação era estranha, eu não sabia o que deveria dizer. Olhei para a porta.

- Lilian. - Chamou ela.

Olhei para minha mãe e ela levou as mãos a touca em minha cabeça.

- Eles disseram que eu não deveria tirar a touca. - Contei. - Pode ter sujeiras lá de fora em meu cabelo.

- Não me lembro de ter lhe perguntado algo. - Ela disse terminando de tirar a touca de meus cabelos. - Quero ver seus cabelos e me certificar de que não fez nada imprudente com eles enquanto estava com seu tio.

Me mantive em silêncio. Eu realmente deveria tê-los contardo! Talvez raspado de um lado ou embaixo... quem sabe.

- Que bom! - Ela disse sorrindo.

Senti os dedos dela adentrarem meus cabelos, aquilo estranhamente parecia um carinho.

- Que você não cortou. - Concluiu ela.

Não importava a maneira como eu olhasse, ela não parecia minha mãe! Não só por ela estar sendo toda gentil, mas aparência dela estava toda mudada.
Minha mãe sempre teve orgulho de seus longos cabelos dourados, pouca coisa mais escuros que os meus, mas isso os fazia muito mais belos que os meus. Os cabelos dela sempre foram longos, lisos e com leves ondulações nas pontas, porém geralmente ficavam presos em um coque, pois quase sempre estava vestida a caráter de bailarina. 
Mas agora, não havia nada. Nem sequer um fio para lembrar aqueles cabelos enormes de antes, a cabeça dela estava toda raspada e até mesmo os cílios que antes eram longos e muitos agora estavam quase todos extintos. Talvez a sobrancelha dela também já estivesse ido embora, porque ela havia feito com lápis o contorno da mesma.

- Lilian. - Falou ela sério. - Você não parou com seus treinos só porque foi morar com seu tio. Certo ? Afinal esse era um dos acordos de eu permitir isso.

Eu finalmente tinha me livrado dela e daqueles treino diários, ela estava louca se achava mesmo que eu iria continuar com aquilo!

- Certo. - Menti.

- Ótimo. - Falou ela. - Assim você não estará tão atrasada para a seleção da companhia de Ballet Bolshoi.

Olhei nos olhos dela. Aqueles azuis cianos frios, que sempre me davam medo. Ela estava séria, embora ela não passasse toda aquela autoridade e convicção de antes.
Respirei fundo.

- Mas eu não quero fazer isso. - Falei. - Eu não vou.

- O quê ? - Indagou ela deixando claro sua indignação.

- Eu não vou! - Disse. - Não tem porque. Eu não quero competir!

Desafiar minha mãe sempre me fora algo impensável... antes pelo menos. Sair do meu pequeno mundo de antes me mostrou uma nova visão sobre as coisas, eu tinha que fazer o que eu desejava. Eu não deveria viver em prol do desejo dos outros. Afinal essa era a minha vida!

Conhecer Moon, Gylla e Lucca, pessoas da minha idade que não aceitam fazer algo por obrigação, que defendem seus ideais e vontades e não se deixam ser controlados deve ter me dado alguma coragem, me influenciado de alguma forma e eu me sentia feliz por isso.

- Você vai! - Ela falou como se estivesse me desafiando a dizer mais.

- Eu não vou e você não vai me obrigar. - Disse séria.

- Você vai! - Gritou ela.

Eu me levantei da cama e olhei para ela. Eu não iria fazer aquilo! Eu não queria. Não era puro egoísmo, mas era algo que me deixou infeliz por muito tempo. Me virei de costas para sair do quarto, mas ela segurou meu pulso.

- Eu já fiz a sua inscrição e você irá. E não aceitarei uma derrota!

- Não aceita uma derrota ? - Disse. - Então é por isso que nunca me aceitou ?

Ouvi a porta do quarto se abrir.

- Sua ingrata! - Falou ela. - Se eu não tivesse lhe aceitado você não estaria aqui hoje.

- Você nunca me aceitou. Nunca me amou. - Falei. - Você sempre me usou para alcançar seus objetivos, porque dizia que eu fui o motivo de você não poder mais dançar. Você e ninguém nunca me explicou isso!

- Eu tinha toda uma carreira pela frente! - Gritou ela batendo a mão ao peito. - Por culpa sua. Sua! Eu não pude conquistar meu sonho, eu seria mundialmente famosa e você estragou tudo e agora nem ao menos que se responsabilizar por seus erros.

- Como eu poderia ter feito algo para te impedir ?! Para mim isso sempre foi uma mera desculpa para a sua preguiça! Afinal você não perdeu nenhum braço ou uma perna.

- Lili... - Ela começou a dizer mas a interrompi.

- É muito mais fácil culpar os outros do que a si mesmo. E mesmo agora eu tenho certeza que você queria me ver apenas para querer algo de mim.

- Eu sei que é difícil para você acreditar. - Ela ergueu o volume da voz. - Mas enquanto estive aqui só consegui pensar em você.

- Por quê ? - Indaguei erguendo o volume da voz. - Você quer um transplante ?

Senti algo em meu ombro me puxando para trás e me obrigando a se virar. Olhei para trás com raiva, foi rápido. Senti algo pesar em minha bochecha levando meu rosto para o lado, um som alto veio seguido disso. Senti minha bochecha arder, queimar. Minha avó tinha me dado um tapa.

Levei a mão em meu rosto. Ela estava louca, qual era o problema ? Ninguém além da minha mãe já tinha feito isso comigo! Devia ser coisa de sangue. Sangue ruim!
Era humilhante, estava me sentindo envergonhada. Olhei para minha avó e senti uma raiva me consumir, eu já estava com raiva antes... mas dessa vez eu era muito mais forte. Levantei minha mão para o alto e olhei nos olhos dela. Não era só minha avó que estava ali, todos estavam. Se fosse outra pessoa tinha a certeza que eu já teria revidado. "Não vou me igualar a elas." Pensei. 
Fechei meu pulso, por um momento eu devo ter perdido o juízo. Eu não era uma garota malcriada, mas eu agi vergonhosamente como uma.

- Como você é capaz de dizer uma coisas dessas para a sua mãe ? - Indagou minha avó.
 

Cerrei meus pulsos e comecei a caminhar em direção a porta.

- Lilian eu não terminei de falar com você! - Falou ela autoritária.

Senti a mão de alguém em meu pulso mas eu me livrei da mesma puxando meu pulso de forma brusca.

Assim que saí do quarto tirei o avental e o joguei no chão. Eu sabia o peso das palavras que eu havia pronunciado, mas eu não estava arrependida, na verdade eu queria voltar lá falar coisas muito piores que aquilo. Eu queria quebrar os quadros da parede daquele hospital... queria quebrar tudo à minha frente. Meu maior desejo agora é que alguém puxasse briga comigo.

Apertei o botão do elevador repetidas vezes, eu não estava nem mesmo com paciência para esperar o elevador. Abri um sorriso de desdém. Assim que o elevador chegou eu entrei o mesmo estava vazio, olhei para fora do elevador e lá estava meu tio, olhando para mim. Fechei o senho e desviei o olhar, apertei o botão do térreo as portas começaram a se fechar ele se apressou e colocou um das mãos em uma das portas do elevador e elas se abriram, ele entrou. Cruzei os braços e olhei para o lado. O que significava aquilo ?

Permaneci em silêncio ele fez o mesmo. Assim que cheguei ao meu destino eu saí do elevador, coloquei meu fones e após saí do hospital. Fazia muito tempo que eu não andava por essa cidade, mas isso não significava que eu me perderia, comecei a caminhar devagar sem rumo, tentando me acalmar. Eu definitivamente não queria voltar para minha vida de antes e qual era o problema disso ? Não é porque praticamente a família toda pratica ballet que eu também preciso fazer isso!

Após andar algum tempo, eu fui para longe das ruas mais pavimentadas. Cheguei em uma parte do bairro onde as ruas onde tinham grandes sobrados e a rua era pouco movimentada.

Nos intervalos entre uma música e outra além dos meu passos eu conseguia ouvir passos constantes de outra pessoa. Olhei para trás desconfiada e para a minha surpresa era meu tio, ele estava com as mãos nos bolsos da calça, me olhando sério. Franzi a testa, eu queria fazer as pazes com ele, mas no momento eu estava muito irritada para pensar em "paz" e além disso me lembrava muito bem das palavras que ele disse para mim. Parei de andar e me virei de frente para ele.

- Por que está me seguindo ? - Disse irritada enquanto cruzava os braços.

- Não estou. - Disse meu tio. - Só estou dando uma volta.

- Pois bem. - Falei. - Continue com sua volta.

Fui um pouco para o lado deixando o caminho livre para ele continuar a andar.

- Eu continuo quando bem entender. E agora não estou com vontade.

- Ótimo. - Disse.

Passei por ele seguindo na direção oposta da de antes.

- Lilian. - Chamou ele.

Se fosse qualquer outra pessoas eu continuaria a andar e ignoraria completamente, mas era o meu tio. Parei de andar me virei de frente para ele e tentei deixar a minha expressão mais simpática que conseguia no momento, ou seja sem estar com a testa franzida ou com um ar de ignorância.

- Não quer dar uma volta comigo ? - Indagou ele.

Isso podia ser um passo para a nossa reconciliação? Ele me perdoaria ? Guardei meu fone e meu celular no bolso e assenti com a cabeça. Ele esboçou um sorriso e começou a andar, comecei a acompanhá-lo.

- Qual o seu objetivo com isso? - Perguntei.

- Nenhum. Apenas caminhar. - Falou ele olhando para a frente. - E claro refletir um pouco sobre algumas coisas.

- Que tipo de coisas ?

- Coisas que só conseguimos chegar a uma boa conclusão quando estamos calmos.

- Isso quer dizer que você vai me pe...- Ele me interrompeu.

- Não se apresse.- Ele disse olhando para mim. - Posso dizer que isso depende.

- Depende ? - Perguntei confusa.

Ele parou de andar e olhou para mim, fiz o mesmo.

- Prometo que vou tentar entender seu lado se me prometer uma coisa.

Olhei para baixo, o que eu mais queria era o perdão dela então é lógico que a resposta era sim.

- Okay. - Disse olhando nos olhos dele.

- Quero você tente entender o lado da sua mãe. - Ele disse. - Já que estou tentando ver o seu.

- O quê ? - Disse de supetão.

- Você não está sendo injustiçada. É uma troca que vai ser difícil para ambos lados.- Ele disse sério. - Como disse, ainda não te perdoei e ainda não consigo aceitar a ideia... mas vou tentar.

Era uma troca equivalente, ,mas eu não conseguia deixar de ter pensamento egoístas. Eu queria o perdão dele e queria que ele aceitasse o fato de eu namorar com Meeth mas eu não queria perdoar minha mãe, eu simplesmente não a aturava.

- Tudo bem. - Disse relutante.

- É claro que como uma prova que eu estou tentando não irei... - Ele levou a mão a testa e respirou fundo. - Não irei falar nada disso com Meeth ainda... porque tenho certeza de que se eu ir falar com ele vamos acabar brigando.

Não consegui evitar abrir um sorriso. Se ele ainda não havia falado com Meeth significava que Meeth não estava bravo comigo e nem iria ficar.

- Olha para sua expressão de felicidade... - Ele balançou a cabeça para ambos lados em desaprovação.

- Desculpe... - Disse. - Mas é impossível evitar, eu estou tão feliz.Não queria ficar brigada com você, porque você...

Meu tio abriu um sorriso e bagunçou meus cabelos.

- Eu sei.- Falou ele. - Não precisa dizer nada.

Ele abriu os braço me convidando para um abraço, não hesitei e o abracei forte. Ele me envolveu em seus braços, ficamos em silêncio por um tempo. Eu estava com um nó na garganta. 

- É claro que você também irá ter que me dar um prova de que está tentando.

Respirei fundo e afrouxei um pouco meus braços para poder olhar para ele.

- Qual ? - Indaguei surpresa.

- Você terá que conseguir entrar na Academia de Ballet Bolshoi. 


Notas Finais


Comentários ??? *-* <3


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