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História Dying With You - Birthday


Escrita por: metonimia

Notas do Autor


u a u eu atualizando essa bagaça rápido u a u
ME PERDOEM PELO CAPÍTULO DO TAMANHO DO LIVRO DO HARRY POTTER!

!!! Esse capítulo se passa uma semana depois do capítulo anterior !!!
!!! Terá POV da Selena !!!

Boa leitura!

Capítulo 7 - Birthday


Fanfic / Fanfiction Dying With You - Birthday

 

Bieber’s House — 7:00am

    Eu fritava os bacons para o café da manhã. O cheiro acordaria-me rapidamente caso o autor de tal feito não fosse eu.

    Ri ao prever como Jeremy reagiria ao me ver fazendo o café sendo, assim, a falha em sua missão de acordar mais cedo que eu afim de levar a comida em minha cama logo pela manhã e me desejar um feliz aniversário. Provavelmente ele suspiraria desapontado consigo mesmo posteriormente revirando os olhos ao contemplar minha expressão vitoriosa.

    Então ouço o piso da escada amadeirada ser calcado, segundos depois podendo ouvir seu — previsto por mim — suspiro de derrota. Olho para trás com um sorriso sarcástico e repleto de sagacidade. O homem revira os olhos. Rio.

    — Eu desisto de tentar — diz, com as mãos levantadas em redenção. Rio nasal — Feliz aniversário, campeão! — enuncia ao passo que caminha em minha direção com os braços abertos, prontos para me apertarem

    Ele me abraça. Retribuo. Não trocamos falácias ou ao menos uma piada para como nos sentíamos desconfortáveis com tal momento. Porque não sentíamos. Há muito tempo — desde que meu câncer fora diagnosticado, para ser mais exato, não nos abraçávamos. Sussurro um valeu, pai.

    Nos separamos. Jeremy riu nasal enquanto eu sorria sagaz. Ponho os bacons no prato — no local onde Jeremy sempre, digo sempre mesmo, se sentava — em que já havia os ovos mexidos. O homem observa o café da manhã e vejo seus lábios tremularem. Suspiro deduzindo que a tristeza o tivesse tomado por meu mais um — e último — ano por aqui. Então Jeremy começou a chorar incontrolavelmente. 

    Corri até ele que choramingava como nunca antes e o abracei, logo recebendo o mesmo gesto em troca. 

    — Eu perdi sua mãe — disse entre soluços — E agora vou perder você — ele tossia após tentar engolir o choro, todavia tal ato só piorava sua situação — Eu não quero perder você. Eu não posso! — seu abraço me apertou contra seu corpo e a água que não parava de emanar de seus olhos vinham contra a manga de minha blusa branca, a encharcando 

     Ele se levantou ficando em minha altura e, agora, molhando não só minha manga, mas também meu pescoço, em que neste instante abrigava seu rosto molhado de lágrimas. 

     Eu o pus assentado na cadeira da mesa de jantar e, depois de várias fungadas, seu choro cessou. 

     — Me perdoa por não ter conseguido te salvar — ele segurou minha mão e pôs sua testa no dorso da mesma — Me perdoa! — suspirei 

     — Ei! — o chamei a atenção. Jeremy engoliu a própria saliva como se fosse o choro e, por incrível que pareça, funcionou — Você tentou! — sentei-me na cadeira à sua frente — Você tentou como ninguém, e ainda tenta! — suspiro e seguro em sua mão, ainda que me sentisse desconfortável com tal ação — E, mesmo que eu não esteja mais aqui daqui há alguns meses, não se esqueça que você tentou como ninguém — o olho nos olhos e sorrio com os lábios contraídos. O abracei forte enquanto ouvia seu suspiro pesado. — Eu sempre vou estar aqui com você — senti suas mãos acariciarem minhas costas enquanto sentia uma pequena dor no pulmão 
 

Stanford Hospital and Clinics — 10:00am 

     O cheiro metálico, e principalmente de luvas vinil, típico de hospitais, vieram de encontro às minhas narinas. Pus a mão em minha cânula, logo a ajeitando. O clima desértico voltara a tomar conta do hospital; junto com ele minha alegria visto que, quanto menos gente neste prédio hoje, menos gente comemorando meu aniversário. 

     Logo ouvi um grito afinado aumentando aos pouco e vi Sophie correr em minha direção, com seus braços abertos e o sorriso — superabundantemente grande — posto à mostra para mim. Não demorando muito, senti a colisão de seu corpo contra o meu e os gargalhos à nossa volta — inclusive os meus. Ela acariciava minhas costas enquanto suspirava incessantemente — em que deduzi ser por não encontrar palavras certas para como me parabenizar. Desejei que aquele momento nunca acabasse pelo fato de, com tal ação da mulher agarrada à mim, veio em minha mente a imagem de Malia no lugar de Sophie. Suspirei. 

     Ela se afastou e sorriu expirando fortemente. 

     — Dezenove aninhos! — elevou seu lábio inferior, que tremularam, fazendo-a ficar com uma expressão triste 

     Revirei os olhos. 

     — Diminutivo não, por favor! — a pedi manhoso e a ruiva ri — Será que dá pra ser a mais secreta possível? — lanço-lhe outro pedido na esperança de, ao ser meu aniversário, ela os conceder 

      — Como assim? Eu sou secreta! — põe a mão no peito e a expressão que toma seu rosto mostra a ofensa que ela sente com minha fala 

      — Sem gritar, ou dizer dezenove aninhos, — faço voz enjoativa levando todos, principalmente Sophie, rirem — ou parabéns, ou feliz aniversário — suspiro e a ruiva à minha frente rola os olhos 

      — Feliz aniversário, Justin! — ouço alguém gritar ao longe e levo meus olhos ao autor da fala logo vendo a morena dos olhos pretos vindo em minha direção com a roupa do hospital. 

     Eu sorri. Foi automático; como respirar. O sorriso esticando seus lábios carnudos me influenciaram. Os olhos direcionados aos meus brilhavam intensamente. 

     Ela estava maravilhosa. Não havia nada novo em seus trajes, ou um novo corte de cabelo ou um batom vermelho preenchendo a boca perfeitamente desenhada dela. Mas algo estava diferente. Ela, de alguma forma, estava diferente. Explicar o quê é que não havia respostas para mim. Mas ela, como nunca antes, estava perfeita. 

     Brian a guiava. Seu braço forte sustinha Selena, que se estribava no mesmo. O sorriso dele era sagaz, assim como o de Mandy, que se encontrava em sua retaguarda. 

     Ajeito minha cânula e mexo em meu cabelo o ajeitando. Eu estava nervoso; todos viam e isso me deixava com raiva por não saber esconder meus próprios sentimentos. 

     Fui de encontro à morena e a abracei — depois de ver seus braços se abrindo lentamente. 

     — Feliz aniversário bobão — profere posteriormente dando uma fraca risada, como eu. 

     Eu a apertei em meus braços e suspirei extasiado ao sentir meu gesto ser retribuído ligeiramente. Ela nos afastou me dando o prazer de ver seu lindo sorriso ser direcionado à mim. 

     — Feliz aniversário Justin — Brian e Mandy disseram em uníssono e Mandy me abraçou, posteriormente dando lugar ao aperto de mim de Brian à mim. Selena nos observava ainda sem tirar o sorriso do rosto e eu a acompanhava. Ela veio ao meu lado e passei meu braço por seus ombros posteriormente depositando um beijo em sua testa. 

     Andamos até o balcão de atendimento, ainda juntos, onde todos estavam, recebendo olhares desfrutando nossa pequena demonstração de afeto. E, me fazendo dar um pulo para trás, puxa um bolo de chocolate de baixo de seu balcão e me grita um feliz aniversário puxando todos à começarem a parabéns mim enquanto vi Sophie gravar a comemoração sendo realizada. Pus meu rosto nos ombros de Selena na tentativa de escondê-lo da câmera e dos olhares alheios. 

     — Feliz aniversário Justin! — todos gritaram em uníssono, fazendo o vermelho de minhas bochechas intensificarem 

     Eles riam e aplaudiam enquanto eu via Jeremy pegar o bolo e trazê-lo até mim; havia um sorriso acanhado em seu rosto, em que deduzi ser pelo fato de a metade das atenções estarem direcionadas a ele. 

     Ao chegar até mim, seu sorriso aumentou e ele me lançou uma piscadela posteriormente levando seus olhos para as velas azul-bebê sendo acesas por Sophie. Eu revirei os olhos rindo e logo soprando os objetos flamejantes. Todos aplaudiram causando mais alvoroço dentro do prédio. Em meu pensamento, clamei ao ser divino para que os impedissem de cantar com quem será. 

     — Para quem será o primeiro pedaço? — Anne indagou gritando, enquanto percebi que meu clamor fora atendido 

      Sophie corta um pedaço, tão especial para olhos alheios e cheio de meu mais sincero amor — segundo eles —, logo o entregando em minhas mãos. Suspiro após sorrir acanhado. 

     — Esse pedaço de bolo especial, de acordo com vocês, pois pra mim tanto faz — proferi dando de ombros e fui levemente vaiado por todos à minha volta. Inclusive Jeremy — Vai para uma pessoa especial — olhei para o loiro à minha frente e lhe lancei um sorriso com os lábios contraído acompanhado de uma levantada de ombros 

     Jeremy arqueou as sobrancelhas. A surpresa sentida ao ter seu nome pronunciado nesta ocasião fora tamanha quanto meu embaraço ao ter que dizer isso na frente de tantas pessoas — sem contar a cena ocorrida nesta mesma manhã. 

     Ele soltou a bandeja com o bolo deliciosamente feito por inteiro de chocolate — sabor que tenho tamanho apreço — nas mãos de Anne e praticamente correu para mim; já podia ver resquício de lágrimas em seus olhos escuros. A felicidade, tanto dele, quanto a minha, hoje, era tamanha. 

     Depois de o primeiro pedaço já possuir um dono, Sophie instaurou a cortar mais pedaços para que todos comessem e eu me prontifiquei de ficar ao lado de Selena, logo recebendo um sorriso acolhedor e humorístico me afastando do bolo visto que me encontrava sem fome. 

      — Podia ter me avisado — profiro sem pôr os olhos nela, o que foi uma tarefa bem difícil para mim 

      — Do que está falando, senhor Bieber? — seu tom burlesco e com um resíduo de deboche me fizeram rir nasal. Ajeito minha cânula 

      — Não sou o maior apreciador da comemoração do meu aniversário — digo observando todos os sorrisos das pessoas, até pacientes e parentes de pacientes, que recebiam o pedaço do bolo. Dou de ombros após ver uma revirada de olho de Selena 

     Rio de sua revolta com meu jeito depressivo costumeiro. Anne vem até nós e nos mostra a bandeja com os pedaços cortados milimetricamente iguais. Sophie era perfeita até em cortes de bolo. Selena passeia a língua pelos lábios ao ver o doce à sua frente logo o atacando enquanto eu gargalho de seu exagero. Anne direciona a bandeja para mim e, quando pego meu pedaço, o mais fino que encontrei — mesmo não sendo de espessura tão diferente das demais, vejo a morena me lançar uma piscadela acompanhada de um sorriso malicioso posteriormente levando seus olhos até Selena. A garota ao meu lado se vira ao ser chamada por Brian. 

     — Chame-a para sair —Anne sussurra rapidamente antes de Selena se virar novamente para frente 

     Confesso ter gostado da ideia, todavia faço minha expressão de discordância para não mostrá-la nenhum indício em meu interesse pela garota ao lado e recebo uma risada com fragmentos de decepção. 

     Ao ver a enfermeira se afastando, suspiro. 

     — Então, — pigarreio, tendo a atenção de Selena voltada para mim — estava pensando em sairmos juntos hoje, sei lá — dou de ombros enquanto soo frio 

     No que eu estava pensando? Jeremy não nos deixa ir nem ao terraço, quem diria sair do prédio. Fechei meus punhos ao ter levado o que Anne falou ao pé da letra. Revirei os olhos pensando em meu estúpido convite e me preparando para receber um Você é retardado? Não podemos! 

     — Não vejo isso como uma má ideia — ela responde, reacendendo minha dignidade e aumentando minha humilde paixão por ela 

     Apenas sorrio e olho para Jeremy tentando imaginar como será que teremos sua autorização para sairmos do prédio. 
 

(...) 
 

     Após a comemoração ter terminado — tendo durado bem pouco pelo fato de um paciente ter tido problemas — Selena me desejou boa sorte quando a comuniquei que queria falar com Jeremy sozinho. Eu a deixei em seu quarto, junto com Brian e Mandy, e voltei para o corredor do escritório de meu pai. Andei até o cômodo pertencente a ele e bati na porta, logo recebendo autorização para adentrar o local. 

     Abro a porta já pondo meu mais descarado sorriso afim de amolecer o coração de pedra do loiro assentado na cadeira de metal preta. 

     — Olá aniversariante! — ele ri fraco vendo meu revirar de olhos, o que, logo depois, o fez gargalhar — Me perdoe — mostra sua palma da mão esquerda enquanto, com a direita, está posta sobre sua barriga na tentativa de parar o dor causada pelo gargalho que deu. Tento segurar o riso causado pela forma engraçada como o homem ri, mas falho. Depois de se recuperar, suspira — O que houve? — indaga-me levando seus olhos para a papelada na mesa 

     Aconchego-me na cadeira azul-bebê, cruzando a perna de lado e o fitando. Puxo o cilindro para perto de meu pé e cruzo os dedos os apoiando em meu colo. 

     — Pode me dar um presente? — pergunto deixando o homem em sua total incompreensão 

     Jeremy semicerra os olhos e estica o tronco até a frente posteriormente apoiando seu queixo em sua mão esquerda; gesto que o dar um ar intimidador. Repito seus movimentos, porém, recebendo uma risada nasal em troca, vejo que não consigo ser tão atemorizador quanto ele. Bufo posteriormente puxando o fio que se apoiava por cima de minha orelha, para baixo, sendo assim, ajeitando a cânula em meu nariz. 

    — Qual presente você quer? — indaga-me ainda sem retirar sua expressão amedrontadora. Reviro os olhos por sua tentativa de me pôr medo 

     — Sair com a Selena — sou curto e direto 

     Jeremy arqueia as sobrancelhas; acho que devido à minha sinceridade. 

     — Já pediu a permissão dos pais dela? — pergunta voltando seu olhar para o monte de papel 

     — Quero sair com ela, não pedi-la em namoro — rio de minha própria resposta 

     — Será? — novamente ele semicerra os olhos e põe o sorriso malicioso nos lábios, me irritando. Bufo e ele ri — Sabe que, ainda sim, precisa da autorização deles para sair daqui. 

     Dessa vez, quem semicerra os olhos sou eu. 

     — Então quer dizer que... — deixo que ele complete a frase 

     — Que permito que saiam — e assim ele faz pondo um sorriso superabundante em meus lábios. 

     Suspiro ao jogar-me contra as costas da cadeira, sentindo-me vitorioso. Sorrio sendo o meu obrigado para ele e o mesmo assente posteriormente jogando-me uma piscadela. Puxo a alça do cilindro e me levanto da cadeira logo virando de costas para o loiro. 

      — Filho? — Jeremy chama e giro o calcanhar para a direção dele — Se divirta — pede-me quase como em uma súplica e assinto 

     Ao sair de seu escritório e fechar a porta de madeira pintada de branco, paro de costas para a mesma e observo o deserto em que o hospital se encontra. 

     Duas enfermeiras novatas passam e me desejam feliz aniversário. Rio as agradecendo logo voltando minha atenção para os colossais corredores escampados. Não havia nenhum indício de ataques de pacientes ou mortes cancerígenas neste dia. Tudo ocorria bem. Tudo tinha que ocorrer bem, pelo menos até o final deste dia. Esse era o meu desejo. 
 

(...)
 

Point Of View Selena Gomez 
Gomez’s House — 14:30pm 
 

    Havíamos chegado em minha casa após Justin ter pedido aos meus pais para que permitissem minha saída — que teria de ser breve e acompanhada por um responsável, a qual Brian, humildemente, se candidatou. Eu olhava tudo ao meu redor, devaneando e relembrando da fase de paz em minha vida que obtive nesta casa, neste bairro. Justin pegava os retratos espelhados pelo cômodo, mais especificamente os que eu me encontrava, e sorria ao analisá-los; nenhum detalhe aparentava fugir de seus olhos. 

     Mandy fora trabalhar e Brian nos trouxera para, logo após, nos levar ao nosso tão almejado passeio ao parque das tulipas. 

   Caminhei até o louro que observava minha foto tirada na praça de minha antiga cidade. Eu sorria, com três dentes em falta, enquanto segurava Bobby, meu antigo cachorro labrador. Sorri involuntariamente ao olhar para a fotografia. Justin percebeu minha presença o rodeando e olhou para trás, não precisando virar muito o rosto para conseguir me olhar. Seu sorriso se encontra com o meu. Volto minha atenção para a moldura e passeio meu dedo indicador por ela enquanto Justin a sustenta. 

     — Ele morreu quando eu tinha oito anos — disse sem retirar os olhos de Bobby e lanço um sorriso com fragmentos de tristeza em meus lábios. Justin suspira — Fiquei com ele apenas três anos até ser atropelado por um bêbado num carro desgovernado — dou de ombros enquanto faço uma linha reta com meus lábios contraídos — Chorei durante duas semanas — rio nasal ao lembrar, contagiando Justin 

     — Tive um hamster chamado Chris Morris — ele ri ao mesmo tempo em que põe seus dedos médio e polegar nos olhos os pressionando contra eles 

      — Chris Morris? — pergunto tentando ocultar a risada que clamava para ser solta e Justin ri nasal 

      — Era um nome bem descolado para mim na época — sua justificativa fora reprovada por mim e ele percebe — Eu tinha dez anos! — exclama fazendo minha missão de não rir acabar sendo sem sucesso. Justin se rende e gargalha junto comigo — Ele era velho e doente — dobra o lábio inferior para baixo fazendo cara de nojo — Lembro que um dia o levei para o parquinho e fui brincar com uns colegas que fiz. Depois, quando lembrei dele, voltei ao mesmo lugar não o achei — mostrei meus dentes de baixo para mostrá-lo que sentia muito — Depois o encontrei, levei pra casa e minha mãe jogou fora quando descobrimos que era apenas uma bola de pelos nojenta — eu gargalhei mais forte do que pretendi. Olho para Justin que não aguenta e me segue — Era muito parecido! — percebi que a indignação em sua voz por eu estar rindo de sua desgraça  fora simulado ao ver o o vestígio de humor na mesma 

     — Perdoe-me — peço enquanto o abraço, logo recebendo o mesmo gesto em troca, como um perdão recebido 

     — Meninos? — Brian nos chama e me separo de Justin para olhá-lo — Vou para o escritório. Quando você estiver pronta — se direciona à mim — me chamem e iremos — pede e assentimos logo o vendo partir em direção ao escritório 

     O observo andar até a porta do seu cômodo favorito na casa. Cabisbaixo e cansado, me fizera perceber o que eu estava fazendo com ele. Suspirei. 

      — Vou me arrumar. Quer subir? — indago a Justin e recebo um aceno negativo com a cabeça 

      — Muitas escadas — ele responde acanhado e dá de ombros

      — Tudo bem — rio — Vou ser rápida. Já desço — aviso e recebo um assentimento de cabeça. Rio nasal enquanto o vejo ajeitar sua cânula 

     Subo até o último degrau e percebo que era, mesmo, muita coisa para Justin. Suspiro pensando na frustração que, provável, ele sinta ao ver pessoas fazendo coisas tão simples como esta e ele não poder. 

     Vou até meu quarto e pego meu vestido branco de flores cor bordô favorito; queria estar o mais apresentável possível. O pus logo pegando minha sapatilha de veludo da mesma coloração que as flores do vestido. Me sentia uma bailarina. Uma bailarina doente. 

      Vou ao banheiro para escovar os dentes. Me olho no pequeno espelho que há no armário cinza-escuro e sorrio, me sentindo a garota mais feliz da face da terra. Abro a porta do armário e pego a pasta. Ao fechá-lo, olho novamente para o espelho e vejo um líquido vermelho escorrer de meu nariz. E logo mais outros e outros pingos.

     Puxo toalha cor rosê logo a pondo em meu nariz, o apertando. Vejo a tampa da privada abaixada e me sento ali mesmo, já me sentindo fraca. Levanto me apoiando com a mão esquerda na pia ensanguentada e, com a mão esquerda, seguro a toalha em minhas narinas. Minhas pernas tremulam incessantemente e eu puxo ar com força pela boca, já que meu nariz está impossibilitado de fazer qualquer ação, a não ser a de pôr todo aquele sangue para fora de meu corpo. 

      Ando — com demasiada dificuldade — até a escada. Não tento descê-la, pois sabia que seria uma péssima escolha, portanto, sentindo minhas pernas me deixando por conta própria, caio no chão amadeirado. 

      — Selena? — ouço Justin me chamar. Com sua tonicidade, percebi que ele já sabia que algo errado acontecia.

      Então ele pôs o rosto na escada. Os olhos se arregalaram e o boca se abriu em desespero e prantos. Eu me arrastei até a parede ainda sem tirar a toalha de meu nariz. Eu estava fragilizada. 

      Justin levantou a alça da mochila cinza e azul até o ombro e sua expressão demonstrava determinação. Em meus pensamentos, clamei para que o que eu estava pensando não fosse o que ele realmente queria fazer. Todavia, era exatamente o que ele queria fazer. Justin pôs os pés no primeiro degrau, no segundo e no terceiro. Respirou fundo e pisou no quarto. Baixou o tronco, novamente respirou fundo e olhou para mim. O peito subindo e descendo exageradamente. Ele subiu o quinto. Três degraus até me alcançar.

      — Chame Brian — proferi tão baixo, que até eu me perguntei se algum ser havia me ouvido

      O louro estava esparramado no sexto degrau da escada. Meus olhos clamavam para que este momento fosse apenas um pesadelo. Ver Justin neste estado era torturante. Eu chorava por minha situação e pela dele. Não sabia quem estava pior. Mas, no momento em que vi seus olhos revirarem e sua pele pálida,  percebi que a situação dele se agravava. 

     — Eu consigo — ele sussurrou 

     Involuntariamente eu sorri. Vê-lo se esforçar tanto por mim era algo que nunca imaginei vir de sua parte. Não como ele executava.

     Seus braços se esticaram enquanto minha visão se embaçava aos poucos. Engoli a saliva que estava prestes a cair de minha boca, todavia, com ela, veio também o gosto metálico do sangue. Eu odiava isso. 

     O louro finalmente chegara até mim e, com forças em que eu desconhecia de onde ele havia tirado, pôs seu braço por meus ombros. Neguei com a cabeça. 

      — Justin, não — ordenei-o, todavia fora o mesmo que um imenso e inútil nada

      — Você precisa conseguir — ele falava para si mesmo. O rosto determinado, com resíduos de extremo cansaço — Você não pode deixar ela na mão — disse pondo seu outro braço por debaixo de minhas pernas — Vamos lá pulmões, vamos lá — então ele puxou, quase como nada, minhas pernas para cima, porém o grito que dera fora maior

     O garoto deitou-se em meu peito ensaguentado e, por um momento, pensei que estivesse morto. Entretanto, movendo os braços na tentativa de se levantar, suspirei — fazendo jorrar mais sangue na toalha ensopada — aliviada. 

     — Me perdoa — ouço Justin sussurrar — Me perdoa por não conseguir te ajudar — uma lágrima cai de seus olhos e, com o máximo de forças que encontro, afasto seu cabelo de seu rosto, dando-me uma vista mais ampla de seus olhos mel direcionados à mim

      Então puxei seu queixo e aproximei meu rosto do seu. Retiro a toalha de minhas narinas e junto meus lábios ensaguentados aos de Justin. O beijo dura poucos segundos pelo fato de nós dois precisarmos severamente de nossas bocas para respirar. Então ele ajeitou sua cânula sorrindo fraco e guiou minha mão com a toalha até meu nariz.

     — Brian! — Justin grita. Jogo minha cabeça na parede azulejada e fecho os olhos já não tendo forças ao menos para piscar — Ei! — ele sussurra à mim, balançando meu braço em seu cabelo — Fique comigo — pede-me olhando em meus olhos, porém minha atenção não é chamada por sua petição, mas por sua contorção — Ah! — ele grita 

      — Justin — seguro seu rosto, porém o garoto o tira de minhas mãos ao, novamente, se contorcer 

      — Meu Deus! — ouço Brian e logo olho para o final da escada, o vendo nos observar inércio

      Brian corre pela escada com uma velocidade sobrenatural enquanto vejo, em seu rosto, o medo que sente. Ele vem direto em mim, enquanto olha para Justin que ainda se contorce. Eu chorava.

      — O leve para o carro primeiro — peço-o ao perceber que ele estava pronto para me levantar — Por favor — o clamo e Brian assente

      Ele tira a mochila com o cilindro dos ombros de Justin e põe nos dele. Levanta Justin com uma força desconhecida e rapidamente o vejo no final da escada logo desaparecendo. Aperto mais meus dedos contra meu nariz e levanto o rosto. Choro por Justin, por mim, por Brian. Choro amarguradamente. Não demorando muito, ouço Brian voltar. Ele rapidamente passa suas mãos por meus ombros e pernas, como Justin, e me levanta, posteriormente descendo as escadas ligeiramente. Ele corre até o carro que tem sua porta aberta e vejo Justin deitado no assento de trás encolhido, e ao ser posta ao seu lado, choro ainda mais ouvindo seus gritos agonizantes. 

      Brian fecha a porta e ponho minha mão na perna encolhida de Justin, ainda sem deixar de segurar minha toalha encharcada pelo líquido vermelho. 

       — Eu tô aqui — sussurro ao louro que gritava enquanto eu sentia minha visão escurecer.


Notas Finais


Lembro quando postei esse capítulo na primeira vez. Eu fiquei tão ansiosa. Lembro ainda mais quando pensei em como seria o rumo de capítulo. Eu chorei o imaginando e espero tê-los feito chorar também ao ver que isso não é apenas fictício, mas que acontece com muitos que possuem estas infelizes doenças.
Quero agradecer imensamente pelos faves desde a última att pois subiram de modo abundante! E pelos coments anteriores. Muito obrigada mesmo <3
Até a próxima meus anjos!

Beijão ❀


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