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História Dystopia EM REVISÃO - | BÔNUS | Her Serendipity


Escrita por: taexxxxxie

Notas do Autor


E hoje eu me despeço oficialmente e de uma vez de Dystopia. Foi incrível poder desenvolver e poder acompanhar vocês nesse enredo depois de tantos meses.

Esse vai ser apenas um pequeno bônus, então boa leitura!

Capítulo 16 - | BÔNUS | Her Serendipity


Fanfic / Fanfiction Dystopia EM REVISÃO - | BÔNUS | Her Serendipity

Serendipity;

Palavra em inglês a qual retém o significado de uma feliz descoberta ao acaso, ou a sorte de encontrar algo precioso onde não estávamos procurando. O termo serendipity foi criado no século XVI pelo escritor inglês Horace Walpole.

Deixei um pequeno sorriso escapar em meio às palavras emolduradas, dispersas sobre as várias linhas do papel já enrugado pela umidade do ar. Deslizei suavemente as pontas de meus dedos pela folha e fechei o livro em um suspiro baixo.

De súbito, um feixe de luz do Sol cortou a sala e se fez presente em linha reta por todo o carpete, traçando em meu corpo uma listra de luz clara e intensa, a qual incomodou minha retina e fez minhas pálpebras pesarem instintivamente.

E assim se foi. A luz se foi. Por um momento, tudo se apagou. Tudo se fez escuro, silencioso. Contrai meus lábios em um gesto apreensivo, talvez espectante.

Isso. Eu era um espectador, e o mundo agora guiava um verdadeiro espetáculo.

Deixei o livro sobre o estofado do sofá e fiz questão de me levantar, pondo as mãos por dentro dos bolsos de minha calça do pijama e caminhando em direção da janela em que, há poucos segundos, brilhavam finos raios solares por entre suas brechas.

Me aproximei do vidro transparente e afastei um pouco a cortina para o lado, observando a lua cobrir o Sol. Talvez por estar cansado demais, quem sabe por estar exausto demais deste planeta, outrora por estar triste demais em viver num constante medo de estar sozinho. Mas, mesmo menor, ela o cobriu. Como uma pequena estrela envolvendo num abraço uma enorme galáxia, a lua o envolveu. Como se ela fosse dele, e ele fosse dela.

Dei um riso abafado, abaixando o olhar com um pequeno sorriso nos lábios ao notar quão bobo eu estava sendo ali, naquele momento.

Suspirando, concentrei as orbes na miúda bola amarela disposta sobre o parapeito da janela. Ergui o dedo indicador um tanto curioso. Nem mesmo lembrava de como ela havia parado ali. Toquei de leve sobre a mesma e a empurrei fracamente, fazendo-a rolar pela beirada da janela até se esconder atrás da cortina.

Inspirei fundo e olhei mais uma vez para o céu escurecido, fitando através da janela os tons alaranjados e pretos, abrindo um sorriso mínimo e mordendo o cantinho do lábio inferior.

Olhei de relance para o relógio que decorava a vasta parede branca, acompanhando com os olhos os finos ponteiros contarem os últimos minutos até que ela chegasse. Ainda daria tempo. 

Tomei fôlego, corri apressado até o quarto ainda vagamente mobiliado por causa da recente mudança e me joguei de joelhos sobre o estreito colchão que beirava o canto do cômodo, revirando as poucas caixas até finalmente encontrar o que procurava. Segurei na ponta do cobertor fino e sai em uma nova corrida, levando o tecido amarelo comigo juntamente do colchão, o qual arrastei com o pé até a entrada da varanda e logo puxei um pouco mais as mangas de lã escondendo meus dedos da brisa fria que soprara no quarto, assim que afastei as duas portas, uma para cada lado.

As cortinas balançaram em movimentos suaves junto do vento. Alguns fios de meus cabelos, agora desbotados em um loiro claro, dançaram conforme a harmonia do gélido vento que entrara por ali. Coloquei as mãos sobre o quadril e perambulei o olhar pelos cantos do quarto, avistando o telescópio que eu havia feito questão de não entrar no caminhão de mudança e trazê-lo comigo. 

Deixei o colchão em linha horizontal, exatamente de frente para o infinito céu que agora se despedia de vez do Sol dando seu lugar para a lua e as suas milhares de estrelas.

Nem mesmo pisquei. Ajeitando o objeto com muito cuidado pelo piso amadeirado, o coloquei na beirada da sacada e me acomodei sobre o macio colchão sem desgrudar os olhos da privilegiada vista do céu da noite.

Estiquei os dedos curtos fazendo-os encontrar-se com o fino lençol e o puxei para mim, me cobrindo por inteiro com exceção de meu rosto, mantendo o olhar sobre os minúsculos pontinhos brilhantes que começavam a surgir pelo céu.

Por um breve momento, meus olhos se espaireceram por entre as estrelas. Me distrai na imensidão de tons azuis escuros; me peguei quase esquecido do frio que fazia e apenas mantive toda a atenção sobre as nuvens enegrecidas. Me lembrei daquele dia.

O dia em que eu ainda sentia medo. Em que eu estava assustado com a vida, assustado comigo mesmo, assustado com o destino. O dia em que, mesmo com toda a aflição, a angústia e o medo que sentia em meu coração, ainda assim, eu a desejei. Naquele dia em que fechei os olhos e, em segredo, fiz o meu pedido mais louco. O pedido do qual eu não tinha esperança alguma que se realizasse.

Mas, quem diria que hoje o destino sentiria inveja de nós

Quem diria que o mundo inteiro hoje seria tão diferente do de ontem. O meu mundo. O nosso.

" Eu desejo ficar sempre ao lado dela. Eu desejo... amar. "

Talvez nem fosse um desejo. Estava mais para uma prece. Uma oração silenciosa que eu desesperadamente clamei para que alguém ouvisse.

Será que foi ali que os céus resolveram cooperar comigo? 

Pendi a cabeça para frente escondendo-a num ato involuntário ao deixar um breve sorriso escapar de meus lábios. Só então notei um cheiro doce se fazer presente; o perfume que eu conhecia muito bem agora exalava por toda a extensa e ainda vazia casa. Apertei o lençol de algodão mais contra meus dedos e direcionei o olhar para a porta aberta do cômodo, escutando os passos alheios tomarem sintonia pelo corredor.

— Jiminnie? — sua voz ecoou afavelmente por toda a casa enquanto ela cantarolava alguma canção qualquer, e eu me mantinha na mesma posição, apoiando o queixo sobre os joelhos e encarando a luz do corredor acender. — Jimin-ah, onde você tá? Cadê você, Park Jimin? Aigoo.

— Oi, amorzinho. — tombei a cabeça para o lado fazendo com que minhas bochechas ficassem mais cheinhas de ar contendo meu risinho bobo quando ela apareceu na porta, o que foi uma missão impossível já que meus lábios insistiam em contornar um sorriso abobado. — Senti sua falta.

Ela desviou as orbes escuras para o chão com um pequeno sorriso doce esboçado no rosto. Seus cabelos foram soprados levemente pela brisa gelada que outrora invadiu o quarto - o nosso quarto -, bagunçando os fios loiros e deixando perceptível a pontinha de seu nariz avermelhada por culpa do frio que chegava com o início de mais um inverno que eu passaria ao seu lado.

— O que é isso? Observando as estrelas de novo? — os olhos negros se voltaram para mim novamente, seus dedos seguravam firme na maçaneta prateada enquanto sua outra mão carregava o livro que eu lia mais cedo. — Por que você sempre faz isso quando lê o Pequeno Príncipe?

— Por que eu sempre sinto tanta vontade de te abraçar quando te vejo? — a fitei intensamente com o rosto agora sério, vasculhando cada detalhe seu com os olhos e acompanhando com o olhar os seus passos para dentro do lugar, a observando se livrar das pantufas e ficar apenas de meias, pendurando a bolsa em qualquer canto ao deixar o livro sobre uma das caixas ao chão.

— Por que sempre parece que eu amo você cada vez mais quando te vejo? — ela sorriu quando nossos olhares se cruzaram outra vez, a medida em que se aproximava de onde eu estava.

Estiquei o braço e deixei um espaço vago entre a coberta e meus braços, onde a de cabelos loiros prontamente se aconchegou, e eu fiz questão de nos empacotar com o amarelado tecido de novo.

— Eu... tive um sonho essa noite. — ditei, tendo os seus olhos cheios de curiosidade sobre mim.

— Uh? Sonho? — Jiwon colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e me fitou atenta, encolhendo ainda mais o corpo em meus braços. — Que tipo de sonho?

Continuei a mirar as várias estrelas, suspirando baixinho ao lembrar do sonho que tive noite passada.

— Sonhei com Eun Shin.

— Hã?! Eun Shin?! O quê?! Por quê? Como? — ela arregalou os olhos e encostou a palma da mão sobre minha testa. — Tá tudo bem?! Não me diz que vo...

— Foi só um sonho, eles não voltaram, Jiwon-ah. Eu tô bem, não se preocupa. — dei um riso baixinho pela sua terna preocupação e olhei em seus olhos quando a mesma abaixou a mão dando um suspiro de alívio, mas ainda mantendo o corpo tenso. — Tá tudo bem, ok? Hm?

Ergui as mãos e segurei seu rosto entre elas, deslizando suavemente o polegar por suas bochechas.

— Tem certeza? — indagou formando um beicinho com os lábios, e eu assenti. — Então o que foi esse sonho? Por que isso agora?

— Eu... não sei. Estranho, né? Ele estava diferente. Era eu, mas diferente. — pendi a cabeça para o lado, e Jiwon se aproximou mais, envolvendo minha cintura com os braços e apoiando o queixo em meu ombro, me fitando daquele jeito ainda com o bico em seus lábios avermelhados.

— O que ele disse?

— Ele apenas sorriu pra mim. — divaguei, esboçando um sorriso e pondo meus braços em sua cintura ao fechar os olhos e encostar as pontinhas geladas de nossos narizes. — E então teve um eclipse solar como o de agora a pouco. Eu comecei a cair de um tipo de prancha no meio do espaço sideral e aí eu pensei ter acordado na sala com um terremoto esquisito, mas depois eu acordei de verdade. 

— Que estranho

— Muito. 

— Será que tem a ver com a prisão de Hoseok ontem? Por que não me disse isso hoje de manhã? 

— Não sei. Você agora não é mais minha médica, esqueceu? — sorri de canto, descontraído.

— Mas agora sou sua noiva, Jimin. E não de mentirinha. Você pode me contar qualquer coisa, sabe disso. 

Desviei o olhar do seu e suspirei, fechando os olhos e mais uma vez encostando as pontas de nossos narizes. 

— Acho que... devo me encontrar com eles. Meus pais biológicos.

Disse num sussurro, tendo o calor da menor mais próximo de mim, me apertando mais em um abraço carinhoso.

— Também acho. Sei que você superou seus traumas e o seu passado, mas, agora que sabe de tudo, você ainda tem que lidar com esse detalhe. Você precisa conversar com eles e, quem sabe, perdoar. — as palavras sussurradas de Jiwon soaram docemente.

Entreabri os olhos e fiquei alguns segundos apenas observando os seus mínimos e mais perfeitos detalhes enquanto suas pálpebras se mantinham fechadas. Me afastei por alguns centímetros e percorri o olhar pelos traços de seu rosto com todo o cuidado, contornando seu nariz delicado até chegar nos lábios rosados e voltar a olhar em seus olhos agora já abertos em minha direção.

— Quer que eu te leve no memorial amanhã?

— Não precisa, Jiwonnie. — sorri fraco e fui retribuído. — Preciso fazer isso sozinho, você já fez demais por mim.

— Eu sei. — ela suspirou e novamente pôs um bico fofo nos lábios. — Acho uma injustiça você ter que continuar o resto do tratamento sem a minha majestosa presença. Nem sei quem inventou essa lei de que psiquiatras e psicólogos não podem tratar parentes ou conhecidos.

— Eu prefiro consideravelmente você do que o enfermeiro Yoongi e o Dr. Suho. — ri baixo. — Mas prefiro mil vezes mais você como minha noiva. E aliás, você já fez o mais importante de tudo. Foi você quem segurou minha mão e me salvou quando eu pedi socorro e ninguém conseguiu escutar. Você que me fez querer viver, me deu oportunidade de poder amar, me mostrou que eu posso amar. Só preciso de mais um tempinho e...

— Eu não fiz quase nada, você que fez, Jimin. — ela me interrompeu, levando os dedos até a maçã de meu rosto e a acariciando lentamente. — Foi você quem quis ter esperança, você quem quis amar e se permitiu. Não fiz nada, você fez tudo. Você conseguiu ultrapassar o seu passado e, mesmo sentindo medo, ainda assim tentou.

— Mas se não fosse por você, eu nunca tentaria. Eu teria desistido na primeira oportunidade, eu quis, na verdade. Nada foi coincidência. Ter você comigo, não foi coincidência. O universo conspirou.

— Quando foi que você começou a falar coisas assim sem ficar com as bochechas vermelhas? — Jiwon pendeu a cabeça para o lado e eu sorri largamente, encolhendo os ombros.

— Nem eu sei.

— De qualquer jeito, eu ainda vou te fazer um tratamento caseiro especial com um bom café, amor, e muitos, muitos beijinhos. — a garota se inclinou me roubando um selinho estalado e abrindo aquele sorriso pelo qual já me via perdido desde muito tempo atrás.

— Isso é uma afronta, srta. Han Jiwon? — apertei minhas mãos em sua cintura e a puxei para mais perto, sorrindo ladino e selando nossos lábios demoradamente, sentindo primeiro o sabor dos lábios alheios aos meus e logo depois sentindo o gosto doce de sua boca na minha.

Nossas línguas se entrelaçaram em harmonia, numa dança lenta e intensa, num beijo quente e sedento. Levei uma das mãos até sua nuca; nossas bocas se encaixavam em perfeição uma na outra, e uma de minhas mãos trilhava apertos em cada curva sua.

Jiwon abraçou meu pescoço e se impulsionou do colchão direto para o meu colo sem interromper o beijo por sequer um segundo, arqueando as costas e me causando um espasmo involuntário ao movimentar a intimidade sobre meu membro coberto somente pelo pano fino de minha calça moletom.

Tomamos um tempo para recuperar o fôlego. Minha respiração já se encontrava irregular, meu coração disparado à mil quilômetros por hora, e fiz a absoluta questão de abrir os olhos e fitar os seus lábios molhados e completamente avermelhados por minha causa.

— Eu... — sua respiração quente soprou contra meu rosto, seus dedos vieram de encontro com minha bochecha e sua testa se apoiou na minha, pressionando novamente os lábios contra os meus. - ... te amo tanto, tanto, Park Jimin.

— Obrigado por não ter desistido de mim. — ditei num sussurro.

— Obrigada por ter ficado.

E eu fechei meus olhos mais uma vez.

Tentei resgatar no mais fundo de meu subconsciente todas aquelas memórias compartilhadas, aqueles momentos juntos. Tentei voltar ao dia em que me encontrei naquela cama de hospital, quando vi o seu sorriso pela primeira vez.

Tentei voltar para o dia no qual eu a esperei chegar no plantão, espreitando pela fresta da porta. Em como eu fiquei ansioso e nervoso ao ter seus lábios nos meus pela primeira vez mesmo usando uma fantasia boba em uma festa na qual entrei de penetra. Também lembrei de quando ficamos presos naquele porão, do quanto senti medo e do quanto fiquei assustado sempre que pensava na possibilidade de desaparecer para sempre, de nunca mais acordar, de nunca mais poder ver o seu sorriso.

Lembrei principalmente de quando chorei. Do dia em que comecei a sentir sua falta e de quando finalmente me dei conta de que estava apaixonado. Perdidamente apaixonado.

Foi quando você me chamou, Han Jiwon, que eu me tornei a sua flor. Como se estivéssemos esperando, nós florescemos tanto que sofremos no meio do caminho.

Talvez seja a providência do universo. É, só pode ser isso. Você sabe, eu sei. Você sou eu, e eu sou você.

Quanto mais o meu coração voa, mais eu fico preocupado, talvez por medo de que tudo não tenha passado de um sonho, de que tudo possa sumir quando eu abrir os olhos. Porém é real. Eu sou real. Nós somos reais.

E o destino está com inveja de nós dois. Mas assim como você, eu ainda estou com medo.

Quando você me vê, quando você me toca.

O universo se moveu para nós e não houve nem mesmo uma pequena falha. Nossa felicidade foi planejada, sabe o porquê?  Porque eu te amo, e você me ama. 

Você é meu penicilium, meu molde azul. Você, unicamente você, me salvou da escuridão, mudou a minha vida e não, não foi por acaso. 


Notas Finais


Queria muito que todos vocês comentassem, independente do que seja, sem se importar em ser um textão ou não, queria que todos os leitores fantasminhas aparecessem para que EU pudesse agradecer, a opinião de cada um de vocês vale muito a pena pra mim e eu queria muito poder saber o que cada um achou, já que nunca mais teremos atualização de capítulo novo de Dystopia. :c

Mas de todo jeito, sintam-se a vontade para demonstrarem ou não se gostaram da história ♡

Espero muito que tenham gostado e matado a saudade pela última vez. Foi pequeno, só para dar um agradinho à vocês como despedida. Quem conseguiu captar as referências? Quem, quem?

Na parte final eu inseri parte da tradução da música, porque simplesmente vi Dystopia inscrita naquele vídeo. E vocês?
aaaaaaaaa
Desculpa à todos que eu ainda não respondi no capítulo anterior, meu tempo anda reduzido ultimamente, mas vou responder todo mundo! Muito obrigada por tudo. ♡

Não, não citei os casais secundários porque não vi onde se encaixaria, mas quem sabe numa segunda temporada, se muitos de vocês quiserem, é claro.


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