"Os olhos falam pelo coração,
enquanto a boca mente pela consciência"
POV ARIA
Eu fiquei vendo em camera lenta o corredor se esvaziando,como uma ampulheta,cada grãozinho de areia se esvaindo. Eu via os alunos sumindo pouco a pouco,outros acabavam caindo mas logo levantando cambaleantes,teve outros que tinham manhas vermelhas pela roupa,eram poucos,mas que conseguia distinguir por conta de estarem mais lentos do que os outros.
Eu ainda não havia conseguido regular a minha respiração,podia sentir a dor na minha garganta e em meus pulmões,meus olhos queimavam e vez ou outra ficavam embaçados. Meu coração quebrava a caixa torácica com as batidas fortes e rápidas.
Era como se meus músculos tivessem atrofiado,não os sentia,não os mexia. Tinha travado. Eu tremia podia sentir porém não ver,meus olhos estavam fixados em uma linha reta.
Medo. Pânico. Desepero. Eu podia sentir tudo isso.
Após um tempo o corredor se tornou vazio,queria gritar,queria sair correndo,mas eu não conseguia,não tinha voz,não tinha força. Senti algo tocando meu ombro,um calor,algo quente,olhei para trás me deparando com ela. Eu deveria estar delirando. Como Spencer estava ali?. Eu estava confusa,fora de mim,mas quando ouvi sua melódica e calma voz,pareci despertar:
--Preciso que faça silêncio,o.k.- assenti -Venha comigo,irei te ajudar.
Segurei sua mão,estava mais quente que o normal:
--Você está gelada de mais…- segurou meu rosto com a outra mão -Aria…Aria,olha pra mim,olhe nos meus olhos.
Sua voz soava baixa de mais,eu entendia mas era dificil,como se eu quisse mas não tivesse autonomia o suficiente para fazer isso:
--Aria,consegue focar em mim?.- percebi que ela havia se abaixado.
Agora eu enxergava seu rosto,seus olhos…Seus magníficos e maravilhosos olhos:
--S-Sim…- saiu mais baixo do que eu imaginava.
Ela esboçou um leve sorriso aliviado,acariciou minha bochecha e segurou em minha mão:
--Preciso que se acalme,vou nos levar para um lugar seguro o.k?.- me limitei a assentir novamente.
Ela começou a me puxar,tentou,minhas pernas estavam cravadas no chão,eu tremia,lugar seguro? Nós não estavamos em um lugar seguro ainda? Minha respiração voltou a ser acelerada e eu começei a suar frio:
--Droga.- a escutei ralhar voltando a ficar em minha frente -Vamos nos sentar aqui tudo bem? Estamos bem aqui,seguras,não se preocupe.
Me sento lentamente ao seu lado voltando a encostar no armario,em nenhum momento ela deixou de segurar minha mão:
--Feche os olhos.- fiz o pedido meio relutante -Consegue me ouvir?.
Assenti:
--Quero que foque em apenas o que eu digo.- suspirei ao senti-la acariciar minha mão -Você está em um campo verde,de grama brilhante e viva. Há flores de diversas cores,pinheiros altos e arvores centenárias. O cheiro exalado das flores è tão cativante que o seu coração se acalma e o ar è tão puro que os seus pulmões não vêm necessidade de desespero. O sol brilha intensamente,porem suas retinas não queimam,ao contrario,elas estão perfeitamente bem fitando o mesmo...
Eu podia ver,podia sentir. Eu via tudo o que se era pronunciado por ela,sua voz me acalmava. Meus batimentos estavam calmos igualmente a minha respiração,minhas mãos não tremiam mais e eu conseguia me mexer normalmente.
Abri os olhos sem que ela pedisse,olhei para o lado e a encontrei com os olhos fechados tambem e um sorriso singelo nos lábios,foi a visão mais linda que eu já presenciei. Spencer deve ter notado o meu olhar sobre si e abriu seus olhos tambem,me
fitou:
--Obrigada…- sussurrei.
--Não há de que Aria. Vem,precisamos ir.
Nos levantamos e Spencer me guiava para algum lugar,que ainda não sabia qual era. De repente ela parou de supetão e nos empurrou na parede. Escutei vozes,a maior abriu uma porta atrás de nós e entramos.
Era uma sala,possuia algumas latas de tinta encostadas na parede e jornais espalhados pelo chão,parecia estar em reforma,por sorte o cheiro da tinta estava suportável.
Spencer trancou a porta,pegou alguns jornais e os colocou nas frestas da porta para logo após ligar a luz:
--Estamos bem aqui,não se preocupe.- disse antes de soltar um gemido de dor.
Foi aí que reparei em seu ombro,sua blusa estava manchada de vermelho,enxarcada de sangue. Ela havia se machucado:
--Spencer…Seu ombro.- aponto para o mesmo.
--Ah,isso…Não foi nada.- ela sorri amarelo
A olhei repreensora e me aproximei:
--Tire a blusa.
--O que?.
--Vamos Spencer.
Ela me olha ainda relutante mas logo a tira,que Deus me de sanidade de sobra porque Spencer Hastings è a minha perdição. Sua pele era clara e seu corpo modelado,na medida certa,tinha algumas pintinhas espalhadas ligeiramente pelo corpo. Me foquei em seu machucado:
--Uou…Isso está feio.- mordo o lábio -Deve ter agua na minha mochila,não se mexa se não vai sangrar mais ainda.
Fui atè a bolsa que em nenhum minuto parei de carregar,tirando dela uma garrafa vermelha cheia de agua. Voltei para perto de Spencer e tirei o casaco que eu usava,rasguei uma tira longa e a guardei no bolso:
--Vai arder um pouco.
--Não precisa mentir.
--Eu não vou dizer que vai doer a ponto de te fazer chorar,è antiètico.- ela solta uma risada baixa.
Abro a garrafa e começo a despejar lentamente a água pelo ferimento,Spencer fecha os olhos com força,pego meu casaco e o deixo meio húmido e diminuo o excesso de água ali presente,pego o pedaço que rasguei e envolvo o machucado com o mesmo afim de estancar o sangue:
--Pronto.- falo e a vejo suspirar -Vai,nem doeu tanto assim.
Ela me olhou incrédula:
--Exprimenta levar um tiro de raspão no braço e depois limpar sem anestesia.- solto uma risadinha.
--O.k,vou ficar quieta.- me sentei ao seu lado.
Ficamos um tempo em silêncio,a situação era desesperadora,mas de algum modo eu estava calma,era atè estranho:
--Como soube fazer isso?.-apontou para o machucado agora cuidado.
--Minha amiga cursa medicina,tive que acompanha-la em algumas palestras e ajuda-la a estudar para avaliações.- dei de ombros e ela sorriu.
--Hm…
Spencer colocou sua blusa de volta e fechou os olhos,respirou fundo e podia ver uma lágrima solitária escorrer por sua bochecha,fiz questão de enxuga-la:
--Será que eles estão bem?.- olha nos meus olhos.
Meu coração errou algumas batidas:
--Arquitetos tem quatro vidas,nunca ouviu falar?.- ela parecia confusa,sorri -Uma pra cada parede que cair.
--Eu não acredito que fez essa piada…
Gargalhei tentando não fazer barulho e a mesma me acompanhou:
--Desculpe...Mas falando sério agora,eles estão bem,confie em mim como eu confiei em você,o.k?.- ela assentiu.
--Você è incrivel,Montgomery.
--Posso dizer o mesmo de você Hastings.
(…)
Já haviam se passado algumas horas,os tiros continuavam,de meia em meia hora um era dado. Eu estava com medo,ainda não havia escutado sirenes ou algo do tipo e isso me preocupava:
--Um dia,meu pai me disse que eu precisava seguir mais vezes o que meu coração dizia e dar um gelo na consciência…- divago -Um dia fomos acampar,ele seguiu seu coração e nos levou a um lugar desconhecido,estavamos perdidos,mas ele não queria admitir…Foi a semana mais incrível que eu poderia ter.
Percebi que a mais velha me olhava com atenção e curiosidade:
--O coração è tão idiota a ponto de nos fazer achar lindo algo que deveria ser horrivel.- fito as esferas castanhas a minha frente -E aí,o que tem de interessante na vida de Spencer Hastings?.
POV SPENCER
Fitei a baixinha,ela conseguiu me surpreender mais de uma vez hoje. Aria tinha nos olhos verdes algo que eu nunca vi em ninguém,um brilho forte,mesmo no momento mais escuro,bem no fundo podia ser enxergado uma pequena luz.
Estava admirada por ela:
--Nada.- ri.
--Vamos,algo deve ter.- ela fala divertida.
--Aria,è sério,não tem.- começamos a rir.
A baixinha ficou olhando para frente de forma vaga,parecia pensar. Não posso negar,ela è linda,os traços do seu rosto,do contorno do maxilar a cor dos olhos,tudo nela me chama a atenção:
--Spencer…Você è noiva…?.- Aria pergunta de repente.
Penso antes de responder,se eu falasse que sim,havia mais chances dela parar de insistir em algo que não existe,e era isso que eu queria…ou não:
--Sim…
Agora seus olhos foram de encontro aos meus,ela leu minha alma com a intensidade que usou:
--Está mentindo.
Suspirei:
--Terminei um relacionamento de cinco anos quando resolvi vir morar aqui.- falo com pesar,sentia saudade de Toby,isso era inegavel.
--È dificil não è?.- assenti -Eu me sinto uma idiota por sentir falta do Noel de vez em quando,foram três anos.
--È normal,nos tornamos dependentes deles…
Podia sentir o seu perfume,era suave,suave e doce,perfeito. Estavamos proximas,nossos ombros roçavam-se em alguns momentos.
A porcentagem de arrependimento è grande,mas eu não estou ligando para numeros agora.
Segurei em seu queixo fazendo seus rosto ficar frente a frente com o meu,fui nos aproximando lentamente,já dividiamos o ar de forma rápida,olhei uma ultima vez para o mar colirido de seus olhos e fechei os meus ao sentir o toque macio e suave do lábios de Aria.
Era uma dádiva beija-la,eu poderia pensar no caso,podemos dar um jeito. Eu preciso desses lábios mais vezes grudados aos meus.
Nossas linguas se moviam lentamente,descobrindo cada canto,se conhecendo e saboreando. Era dança mais bela e envolvente que eu ja experimentei. Era intenso mas ao mesmo tempo calmo…Cativante e totalmente viciante.
Separamos nossas bocas por falta do maldito ar,mordi seu lábio inferior e o puxei atè o mesmo se soltar,finalizando assim o beijo.
Quando iria abrir a boca para falar varios disparos foram ouvidos e sirenes tambem,eu e Aria nos separamos bruscamente,me levantei de modo lento olhei para cima assim que escutei passos apressados,pessoas correndo,era um barulho infernal. Senti algo segurar minha mão,Aria entrelaçou nossos dedos,estava assustada e eu tambem.
Mais e mais disparos,os gritos eram estridentes,continuavamos uma do lado da outra e mãos coladas,logo o barulho se cessou,uma voz maculina fala alto o suficiente para escutarmos:
--Ele fugiu pela porta leste!.
Dei uma leve apertada na mão de Aria,a mesma direcionou sua atenção pra mim:
--Precisamos sair daqui Spencer…!.- ela fala agoniada.
--Não sabemos o que está acontecendo lá fora Aria.
Ela suspira:
--O.k…- a puxo para um abraço.
Aria encaixa sua cabeça em meu pescoço e me aperta em seus braços,dei um leve sorriso ao perceber que a mesma fez questão de inalar o perfume que eu usava,me arrepiei com tal ato e espero que tenha passado despercebido por ela.
Beijei o topo de sua cabeça:
--Vamos ficar bem…
(…)
Tinham se passado alguns minutos,eu estava sentada com Aria dormindo em meu colo,a porta foi aberta abruptamente fazendo a baixinha acordar no susto:
--Senhoritas? Vocês estão bem?.- um policial pergunta.
Solto um suspiro de alivio junto a Montgomery:
--Sim,nós estamos.
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Platão dizia que a alma do homem foi divida em dois apòs uma briga divina entre deuses e humanos;desde então,há a busca por sua outra metade,a sua alma gemea o que te completa.
È inconfundível,Sparia è a junção dos nomes para representar a unificação das almas.
Só que nem sempre se percebe isso…
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