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História E ele a viu - O último


Escrita por: JaneDi

Notas do Autor


Eu só precisava de uma rápida história que me fizesse esquecer o 1º episódio da quarta temporada, pois eu vou simplesmente ignorar que aquilo existe.

Assim....

Capítulo 2 - O último


John Watson tinha sido uma ótima aquisição, ele viu isso na ocasião em que foram apresentados.

Um médico que arruma seu apartamento, cuida da sua alimentação, limpeza, organização e ainda é capaz de matar um homem para salvar sua vida. De fato, uma excelente aquisição.

No entanto, ele percebeu que o Dr. Watson tinha suas fraquezas, como as pessoas em geral, e uma delas foi o fato dele ser tão suscetível ao romance barato e mundano. E Sherlock tinha essa capacidade tão boa de ler as pessoas e ele viu.

Na primeira reunião deles, no laboratório de informática de Barts, ele havia acabado de deduzi-lo e então Molly entra, tão prestativa, sem batom e o cabelo preso como pêndulo em suas costas. O café com dois açúcares foi entregue e ela sai e é só então que o detetive ver o olhar do ex-médico do exército em direção a sua patologista.

A linha era tão clara a partir dali. Ele iriam se conhecer, se apresentar, se apaixonar. Ambos solteiros, com uma vida isolada e com amigos em comum. Seriam perfeitos um para o outro: amantes, amigos, companheiros. Iriam morar juntos algum tempo depois e então casariam, teriam filhos, sairiam de Londres para algum lugar chato do interior....

Foi uma questão de segundos e ele decidiu que John e Molly deveriam ser mantidos longe um do outro por enquanto.

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É muito por pouco, uma linha divisória ínfima se ele for pensar nisso. Sherlock estava sentando em sua poltrona sentindo o calor envolvente de sua lareira da sala do apartamento 221b e tudo o que ele podia refletir naquele momento era que tinha sido por pouco.

Ele acabara de voltar de um encontro com o maior criminoso de todos os tempos: James Moriarty. E foi tudo o que ele sonhou: um caso (vários casos) de vida e morte, todos quase sem solução, houve a corrida contra o tempo, a perseguição, a adrenalina pulsando em suas veias e o encontro fatal na piscina com ele.

E John Watson estava amarrado a um colete de explosivos.

Ele sentiu medo e pânico pelo médico e só agora ele tomava as devidas proporções do que acabara de acontecer. O ex- Jim do TI tinha usado Molly para chegar até ele, mas quem tinha sido sequestrado fora John.

Mas ele tinha a usado. O ponto que lançava sua mente em um estado de alerta fora que Moriarty fazia tudo por uma razão e ele podia ter acesso ao hospital e a ele mesmo por várias e outras opções mais práticas e fáceis. Então por que usá-la? Por que fingir um relacionamento inteiro apenas para ferir uma mulher sem importância, com gostos questionáveis em roupas e extremamente tímida?

As proporções e ligações estão desconexas e Sherlock Holmes não acredita em Deus, ou melhor, apenas dúvida de Deus, mas naquele momento, enquanto aguarda seu companheiro de apartamento retornar do seu encontro com a Yeard, ele percebe a sorte que foi James Moriarty ter ignorado Molly Hooper.

Um medo tolo no seu coração pela garota de roupas horríveis. Foi tão por pouco. Ele decide que sua ligação com Molly deve sempre ficar no escuro. De alguma forma o consultor criminal tinha visto ela, um meio, assim como Sherlock também a viu e aquilo podia ser extremamente perigoso e a isso, bastava John.

Ele decidiu manter ela no escuro, para que ninguém mais a visse.

 

Cinco anos depois.

Ambos em pé no fim da escada. Perigosamente próximos. Aquilo que o cativava tanto gritando sobre ela. Sua beleza, sua áurea e sua bondade, mas ele viu o desconforto, o pesar e a tristeza naqueles olhos que agora o evitavam. Ela não poderia mais fazer isso.

“Você não pode mais fazer isso” ele repetiu e viu a luz de compreensão nela. Oh claro, Sherlock Holmes não deixava nada passar.

E se apressou a esclarecer. Tom, um bom homem, conheceu a sua família, possuem um cachorro. Tão mundano e normal.

E ele sabia que também não poderia mais fazer isso.

Na distância que ela se forçava a manter, ele se aproximou. Pupilas dilatadas, respiração acelerada.

Com um passo Sherlock estava sobre ela e conforme ia aproximando do seu rosto, seu perfume o encheu, rosas, lixivia, limão.

Sua bochecha era fria, mas macia e suave.

Quando ele saiu para o fim de tarde congelado de Londres ele não esperava que Molly o seguisse. Uma dor aguda no peito tomou conta dele. Sherlock não ousou olhar para traz, ele já tinha perdido muito...

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Um, dois, três tapas.

Ela era forte e seu rosto ardia mais do que imaginara.

“sinto pelo seu noivado, mas fico feliz pela ausência do anel” ele disse com rancor e com uma esperança cega sobre seu próprio coração.

Quando ele saiu do laboratório ele se sentiu um lixo. Queria se esconder no lugar mais escuro que encontrasse. Era um dos efeitos da droga que injetou no seu sistema sanguíneo.

Mais uma vez, ele se forçou a esquecer sobre ela. O caso era mais importante e Molly Hooper mais uma vez tinha que passar despercebida para todos. Inclusive para ele.

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O natal veio e passou e Sherlock Holmes agora era um assassino. Seu nome era Carlos Augustos Magnussem e era um tubarão. De aranhas para predadores marinhos, sua vida estava evoluindo.

Não que ele estivesse se arrependido. Ele fizera isso por Mary e por John. Por que a humanidade daquelas duas pessoas o haviam salvado uma vez quando ele tinha se convencido que não havia saída para ele.

Mas e aqueles que ficaram para traz? O que fazer sobre esse aperto no peito que dizia que ele havia traído alguém?

Traído não por matar, não por se envolver falsamente com uma mulher. Mas traído por deixa-la.

Ele fechou os olhos enquanto o zumbindo do avião decolando o isolava do mundo e o levava para sua provável morte e ele pode registrar tudo o que viu dela....

O pendulo de seu cabelo vibrando em suas costas enquanto ela caminhava naquela maneira inconsciente e não afetada e pouco feminino. A forma que seu sorriso era escondido, reservado, sempre sendo tão insegura sobre si mesma.

A cor que ele nunca conseguia uma definição particular para seu cabelo;

A forma que ela mantinha-se concentrada diante de um microscópio, aquele leve ponto entre suas sobrancelhas pressionadas;

Sua inteligência humilde, a ausência de arrogância e, sobretudo, a sua preocupação com os outros, Molly era sempre uma mulher que pensava nos outros em primeiro lugar.

E então seu celular tocou e era Mycroft, sempre ele avisando que o exílio terminou e ele olha para fora na janela e é capaz de pensar apenas em uma pessoa.

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E ele a ver novamente, já estava esperando e novamente ela tenta se movimentar entre a horda de pedestres em mais um dia chuvoso e cinza da metrópole.

Um vestido florido e um cardigã cor de rosa. E por todas as definições, o censo de estilo de Molly Hooper era terrível.

E totalmente adorável.

“Você está atrasada” ele disse, sem esconder a pontada de irritação na voz.

Ela sorriu de maneira mais brilhante que podia. Covinhas e tudo.

“Eu tenho essa prerrogativa” ela disse borbulhante e o segurando pela mão.

Ele revirou os olhos e suspirou fundo, aquilo era cansativo, chato. Apenas burocracia. Sherlock nunca tinha lidado bem com burocracia.

De quem tinha sido aquela ideia?

Sua própria ideia, irmãozinho... a voz de Mycroft cintilou em sua mente como um fantasma.

No entanto, naquela manhã de segunda-feira, naquele dia cinza e nublado. Ele sorriu quando terminou de recitar os votos e assinou os papeis.

Quando terminaram ele a olhou e sua mente foi inundado com tudo aquilo que mais amava naquela mulher.

Segurando seu rosto com ambas as mãos, a ponta dos dedos se tocando na nuca, ele teve que se curva para estar à altura de seus lábios. Seus narizes se tocando, seus olhos se fechando.

Um beijo.

E ela abriu aqueles olhos marrons, quentes que podiam expressar tudo e nada ao mesmo tempo ele viu amor, o mais perfeito e duradouro sentimento que sequer sonhara em receber.

“Você preferiria ter tivesse sido em uma capela? Com damas de honras, pajens, flores e um sem números de pessoas ao redor?” Perguntou enquanto segurava as suas mãos, admirando o brilho especial que ela tinha essa manhã, mas sem conseguir esconder o repúdio na voz enquanto imaginava passar por outro casamento que nem o de John e Mary.

Ela sorriu e balançou a cabeça enquanto olhava para as suas mãos reunidas, “a única coisa que eu preciso Sherlock, é você” ela disse com sinceridade.

As mãos continuaram reunidas enquanto eles desciam a escadaria do cartório e ele chamava um táxi em direção a Baker Street. E Sherlock Holmes, detetive consultor, agora se sentia feliz, pois agora, eram eles contra o mundo.


Notas Finais


Espero que tenham gostado.


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