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História É Errado Te Amar? (em revisão) - Encontro ou Reecontro?


Escrita por: Akisa-sann

Capítulo 2 - Encontro ou Reecontro?


O barulho de água ecoava pelas paredes do banheiro, o espelho já havia ficado embaçado, Willian já estava no banho fazia bastante tempo e não queria precisar sair tão cedo. Ele, assim como todas as pessoas normais do mundo, odiava segundas-feiras; nunca conseguia dormir bem à noite, mas no domingo era pior ainda. Aquela noite era um desses exemplos, uma noite a qual ele tinha virado de um lado para o outro na cama, com seu corpo clamando por descanso, mas sem conseguir pregar os olhos. Sua mente simplesmente se enchia de coisas desnecessárias e ele sentia que estava ficando louco.

Agora era segunda-feira, dia de ir para a escola e ele, ao invés de ainda estar tentando dormir mais um pouco antes de ter que sair, estava de pé desde as 05:00 AM. Já que não conseguira mesmo dormir, havia saído para correr, tomado café e agora estava no banho, um longo e demorado banho já que só precisava estar no colégio às 08:00 AM.

A pressão na escola estava começando a voltar, já que um novo semestre estava começando e as provas logo estariam às portas, então a rotina de estudo recomeçaria. Como se tudo isso não fosse o suficiente suas segundas-feiras ainda tinham uma peculiaridade só delas, que era o fato de não só a ressaca do final de semana ou o colégio lhe atormentarem, mas Willian nunca pegava seu pai em casa e, acredite ou não, para ele aquilo era um problema. Quando saía para a escola seu velho já havia saído o que lhe deixava sozinho com sua madrasta, que tinha idade pra ser sua irmã mais velha.

Will acabara de completar seus tão desejados dezoito anos, no dia três de Agosto, e estava no terceiro ano do ensino médio, o que significava que ele tinha que começar a se preocupar com o seu futuro. Sempre fora um exemplo de pessoa, até seus amigos o chamavam de chato, mas não era como se ele realmente pudesse escolher, era só que já estava fadado a ser assim no momento em que nasceu como membro de sua família.

Era líder de sala e do conselho estudantil desde que havia entrado para o ensino médio, ajudava na empresa da família quando seu pai estava ocupado com o trabalho e não podia resolver algum problema de menor importância, nada muito sério. Passava a semana na escola, participava do aconselhamento para calouros problemáticos, era o capitão do clube de basquete, participava veemente do clube de matemática.

Willian ainda participava e era um dos líderes do clube de judô, era também do clube de redação e literatura ganhando por três vezes consecutivas o prêmio de melhor escrita, e ainda tinha que ter tempo para estudar para as provas se mantendo como o número um das turmas dos terceiros anos, pois suas notas estavam entre as melhores. Tinha que manter um relacionamento aparentemente perfeito com sua "namorada", manter o corpo de capitão do time de basquete... ou seja, ser praticamente um deus. Aquilo era pressão demais, pressão a qual ele não queria para si.

Willian saiu do banho passando as mãos por seus cabelos molhados, talvez como uma forma de aliviar o estresse. Atravessou o quarto e foi até seu closet entrando e encarando suas roupas, suspirou e pegou uma blusa de algodão branca vestindo-a, em seguida pegou sua farda e pôs por cima; esta consistia em uma calça de tecido mole, azul escuro, estilo social, tênis, uma blusa social branca simples e um blazer por cima, também azul, com botões dourados, mangas longas e gola alta. Foi até o espelho mais próximo e penteou os cabelos como sempre, os colocando para trás e deixando seu topete perfeito, sem fios fora do lugar; pôs seus óculos e pegou a mochila descendo as escadas cautelosamente.

Sua madrasta, como toda segunda, já estava na cozinha e tinha preparado seu lanche para a viagem; Will particularmente não gostava de ficar a sós com ela, ela tinha uma maneira muito suspeita de lhe demonstrar afeto. Certa vez tinha entrado no banheiro enquanto ele tomava banho e lhe perguntara se não queria que ela esfregasse suas costas ou se precisava de toalhas, Willian lhe dissera que não olhando-a em choque, mas ela não pareceu se importar muito e quando saiu ainda fez um comentário um tanto constrangedor: "Você cresceu mesmo em, Willian?!"

Ele não soubera o que responder diante daquilo, então desde aquele dia era extremamente cauteloso perto dela, não queria que seu pai pensasse que ele estava dando em cima de sua esposa e muito menos queria se envolver com uma garota como aquela, era problema em dobro e ele já tinha uma para se preocupar.

— Bom dia, Willian, eu fiz seu lanche.

— Bom dia, Isabel, obrigado.

— Hum, seu pai pediu pra eu te avisar que não vai dar pra ele aparecer no jantar de hoje. — ela falava como se realmente sentisse muito e mordeu o lábio como se estivesse se desculpando — Vai ter que ficar pra outro dia, okay?!

— Por quê? Ele vai pra algum lugar especial hoje?

— Sim, nós dois vamos a um jantar de negócios, uma sociedade que seu pai quer fazer com uma pessoa. — ela falou se animando, mas ao olhá-lo voltou a ficar séria.

— Huum... Boa sorte, então. — falou o garoto desinteressado, afinal já sabia que, novamente, seu pai inventaria algo.

— Não fique chateado, amanhã eu estarei de volta às oito da noite, quem sabe a gente não sai pra jantar, hum?!

— Ah... não, não precisa, além do mais, estarei na escola. É só que ele já adiou por dois meses, mas tudo bem, já me acostumei com as desculpas dele. O que se pode fazer se ele é ocupado demais, não é mesmo?!

— Eu sinto muito por isso, Willian. Você não pode nem mesmo ficar chateado, não é?! Se quiser xingar tudo bem, eu não conto pra ele, e se quiser que eu prepare seu jantar pra levar, eu...

— Obrigado, mas não precisa Isa... — a interrompeu — eles servem o jantar lá... E você sabe que não precisa fazer isso, não é?! A Sr. Brown faz com muito prazer e é o trabalho dela, de qualquer forma.

— Eu sei, mas você não prefere uma comida caseira, feita com amor por mim?!

De novo ela estava agindo estranho o fazendo se sentir desconfortável, seus olhos brilhavam como sempre que ela olhava pra ele; seus amigos sempre diziam que ela era afim dele, que só tinha casado com seu pai para ficar mais próxima de Will; claro que ele achou que fosse besteira no início, mas agora tinha suas dúvidas.

"Se eu tivesse uma madrasta dessa, eu não sairia de casa nunca".

Seus amigos sempre diziam, mas ele nunca se sentira bem em ficar sozinho com ela, talvez por ser bonita demais. Tinha que admitir que ela era uma moça muito bonita; era modelo profissional, alta, tinha uma bela pele moreno-dourada e longos cabelos negros, ondulados e brilhantes, que lhe caíam em cascata por ombros e costas magros; lábios muito bem desenhados, olhos negros e brilhantes como duas obsidianas, corpo esbelto e perfeitamente proporcional, sorriso e olhar maliciosos. Enfim, ela era o que os homens consideravam "um pecado", e agora mais do que nunca, Will sentia a sensação de que ela estava dando em cima dele. O garoto estava sentado na mesa despercebido bebendo seu suco de todos os dias, então ela veio e o surpreendeu falando ao seu ouvido:

— Você precisa mesmo ir para a escola agora? Afinal você vai hoje e só volta no final de semana.

— Hã... É por isso que é chamado de colégio interno e sim, eu preciso ir hoje. Vai chegar um aluno novo e eu tenho que dar as boas-vindas a ele.

— Bom, que pena, eu adoraria a sua ajuda pra escolher a minha roupa para o jantar de hoje à noite.

— Ah, q-que pena.

Ela lhe olhava com os olhos brilhando de forma divertida, talvez soubesse que o deixava nervoso, por isso fazia tudo àquilo de propósito; ela estava com o meio sorriso que sempre dava quando falava coisas com duplo sentido; Will levantou-se tão rápido da mesa que quase deixou sua mochila cair, levou o copo até a pia e seguiu em direção a porta.

— Will, espera. — Ela correu até ele e lhe entregou o lanche que tinha preparado para ele levar — Você esqueceu seu lanche.

— Ah, obrigado, Isabel. — falou ele apressado olhando para a rua.

— E Will...

— Sim?!

Ela se aproximou do garoto pegou em seu pescoço e puxou sua cabeça levemente para baixo, em seguida deu-lhe um beijo e puxou seu lábio inferior mordiscando-o, Will estava tão aturdido que não fez nada a não ser ficar parado, vendo sem reação alguma ela lhe beijar, bem em frente à porta da casa; o que fariam se alguém visse?!

— Tenha um bom dia. — ela falava como se fosse totalmente normal que uma madrasta beijasse seu afilhado na boca, de língua, como um beijo de "bom-dia".

Will ficou ali parado olhando para Isabel por uns bons quinze segundos até ela começar a rir dele e o empurrar gentilmente fechando a porta em seguida o deixando ainda mais perturbado; tudo que ele pôde fazer depois foi seguir para o seu carro e tentar não pensar no fato de ter acabado de beijar a esposa de seu pai.

Quando chegou ao colégio sua mente estava funcionando a todo vapor, ele tinha que falar com Isabel sobre aquilo, isso tinha que parar antes que se transformasse em um problema maior do que já era. Ele não queria entristecer seu pai dizendo que sua esposa estava lhe paquerando, mas se as coisas piorassem, era isso o que teria que fazer.

Assim que estacionou e desceu de seu carro, sua namorada, Érika, veio correndo ao seu encontro, como sempre. Ele não conseguia entender como ela sabia que ele havia chegado, acabara de entrar no estacionamento do colégio e ela já estava ali ao seu lado. Será que ela tinha implantado um GPS em seu carro sem que ele soubesse? Érika era sempre agitada, mas dessa vez ela estava mais que o normal.

— Qual o problema, Érika? — perguntou mesmo sem querer saber a resposta.

Will sabia exatamente o porquê de terem começado aquele namoro ridículo, mas era realmente irritante ter que estar sempre atuando quando estava com ela em público, afinal eles nunca haviam se considerado realmente namorados; talvez amigos com benefícios? Não sabia exatamente o quê, mas sabia que eles só agiam como namorados na escola, e às vezes, na cama. E nem aquilo podia dizer que era bom, já que não sentia atração por garotas. Na verdade só transavam quando acontecia dos dois estarem no clima, o que quase nunca acontecia já que ambos eram amigos de infância e passavam a maior parte do tempo brigando e implicando um com o outro, mas ninguém precisava saber daquilo, então eles mantinham a atuação.

William também sabia que ela gostava de seu irmão e não dele. Na verdade, ela também não gostava tanto assim de garotos, o único que tinha conseguido lhe atrair e cativar seu coração era seu irmão, mas ele não parecia sentir o mesmo e ela havia desistido ou fora o que ela lhe dissera. Érika sabia que ele gostava de homens, porém aquilo lhe causaria problemas se revelado de uma forma errada e no momento errado, na mesma época seus pais queriam lhe apresentar a alguém que ela não queria de maneira alguma, então era o momento perfeito para começar um namoro de mentira e ambos aceitaram aquele relacionamento estranho onde eram mais que amigos, mas menos que namorados, porque era conveniente para os dois.

Ruim ou não, ela era sua amiga desde os cinco anos, havia lhe ajudado a passar por momentos péssimos, aceitado aquele namoro de faz de conta quando outra garota teria simplesmente escolhido lhe deixar com seus problemas e procurar alguém que realmente a amasse. Sabia que ela havia feito aquilo pensando nele e na sua reputação, ela conhecia a sua família e sabia como as coisas funcionavam em sua casa; estava mais do que grato por isso, mas às vezes era realmente difícil continuar fingindo, pois era apenas aparência, e às vezes se tornava um fardo pesado demais para carregar.

— Você não sabe?! Vai chegar um aluno novo hoje. — falou ela entre gritinhos e a sua euforia lhe arrancou um meio sorriso; de certa forma, era até bem divertido conviver com ela, já que ela nunca mudava.

— É, eu estou sabendo. — falou desinteressado — Mas o que tem de tão importante nisso? Todos os anos chegam vários alunos novos e eu nunca te vi assim antes.

— É que aparentemente será uma garota de uma família realmente famosa e os meninos estão dizendo que ela é linda.

— E isso é um problema, por quê...?

— Não é que seja um problema, realmente. Se ela for tudo isso que estão dizendo, com certeza iremos nos dar bem, mas e se ela não gostar de mim, o que eu vou fazer?

— Meu Deus, você está mesmo preocupada com isso?

— É claro que sim, é algo muito importante ter contatos nos dias de hoje; você, mais do que ninguém, devia saber disso. — ela lhe encarou com olhos faiscando e ele sabia exatamente do que ela estava falando.

Will suspirou cansado, era sempre a mesma coisa conversar com ela e não queria continuar falando sobre aquilo, tinha que chegar à sala o mais rápido possível e avisar aos professores que haveria um aluno novo se juntando ao colégio naquele dia, para que os alunos pelo menos tentassem se comportar; essas coisas ridículas e sem lógica que nunca funcionavam.

Ele entrou no pátio pensando em como era estranho um aluno entrar naquela época do ano, já estavam no início do terceiro bimestre. Caminhou acompanhado por Érika, que não lhe soltava nunca, e não podia reclamar, pois havia sido pela forma grudenta dela agir que aqueles boatos ridículos sobre ele haviam parado de correr pela escola. Entraram juntos no prédio do colégio e caminharam lado a lado pelos corredores que estavam estranhamente vagos e sem os barulhos tradicionais de adolescentes com os hormônios a todo vapor, correndo e conversando entre si, mas quando adentraram o corredor da sala da diretora, ele se deparou com um enorme aglomerado de alunos que cochichavam apreensivos, todos agrupados ao lado das paredes olhando com expectativa para a entrada do corredor, até que Suzy, uma das amigas de Érika, entrou correndo e gritando no corredor.

— É um garoto, não uma garota e nossa, como é lindo. Como é possível? Você nem sabe para qual dos dois olhar.

Ninguém entendeu muito bem o que ela quis dizer com "Você nem sabe para qual dos dois olhar". Significava que eram dois? Que eram gêmeos ou o quê? Ninguém deu muita bola, afinal Suzy não batia muito bem da cabeça. Quem pareceu não gostar da notícia foram os meninos que estavam ansiosos para verem a linda garota que iria estudar com eles. Will sentiu vontade de rir da cara que seus colegas faziam, como se fosse uma situação extremamente injusta aquela.

Mesmo sendo alto, ele ainda estava muito atrás de todo mundo para ver o que acontecia no meio, Érika já não estava mais com ele, nem havia percebido quando ela tinha saído do seu lado, também não conseguiu ver quando que as pessoas em questão adentraram o corredor, mas o suspiro coletivo de todas as meninas — e até de alguns meninos — e as reclamações e xingamentos por parte da maioria dos garotos lhe fez chegar à conclusão de que realmente era um menino e que, de fato, era muito bonito.

Willian se esticou e abriu espaço entre a multidão de corpos até chegar ao lado de Érika, que estava bem na frente com os olhos brilhando e quase babando; não entendia o porquê de tanto alvoroço e ia perguntá-la já que não via nada, mas parou no ato de falar quando olhou para o lado e viu: era Edmund Fitzgerald, mas isso não foi o que lhe paralisou e sim o garoto que saíra de trás dele, lhe acompanhando a passos lentos e preguiçosos, quase entediados. Ele era uma versão mais jovem do homem imponente no corredor.

Edmund Fitzgerald, o novo sócio de seu pai com o qual ele jantaria naquele dia. Só havia visto aquele homem uma vez, há anos, em uma festa e ainda sentia a mesma sensação de pequenez que sentira daquela vez quando ele se aproximou. Sua aura era ridiculamente esmagadora, tê-lo tão próximo lhe trazia lembranças e estas não eram exatamente agradáveis, não podia dizer que eram as piores de sua vida, mas os sentimentos que tinha quanto àquele dia eram conflitantes e nem um deles eram de fato bons, a não ser talvez um que não lhe dizia respeito e sim a alguém que estava naquela festa no dia em questão.

De qualquer forma, Edmundo Fitzgerald sempre fora conhecido como um ícone da beleza masculina, sempre saía em capas de revistas de negócios como empresário modelo, bem sucedido e bonito; era o tipo que todos os homens queriam ser e que todas as mulheres queriam ter. Caminhava muito confiante, sua postura era inegavelmente perfeita, mas o garoto caminhando ao seu lado era uma coisa intrigante, não tinha nada de muito especial, não era alto como seu pai ou tinha o seu porte físico, mas ainda assim Will achava que ele era uma versão melhorada do Sr. Fitzgerald, se é que aquilo era possível.

Se existiam seres divinos, era exatamente assim que deviam se parecer, ou talvez "Anjo caído" seria a palavra certa para descrevê-lo, porque ele um pecado em carne e osso, exatamente o seu tipo ideal de homem. O garoto era bem mais baixo que o pai, 1,70 m no máximo, mas tinha a pele tão pálida quanto à deste, os cabelos também eram ruivos, mas os tons dos fios eram bem mais escuros, um tom de vinho bem fechado que Willian desconfiava ser pintado já que a raiz estava começando a aparecer.

O formato de seus corpos se pareciam bastante, ombros largos e quadril mais estreito, mas o garoto era bem menor e mais magro, na verdade era um corpo muito delicado e esbelto, quase feminino para um garoto e ainda assim, másculo ao seu próprio jeito. Willian podia ver no rosto de seus colegas que não era só ele quem estava impressionado, aquela pessoa realmente transcendia e passava por cima do conceito de gênero. Sua beleza podia ser apreciada por todos sem precisar se preocupar com seu gênero, era bonito demais para ser homem e másculo demais para ser mulher, e realmente era desnecessário pensar sobre aquilo, bastava apenas apreciar. Willian continuou observando vendo que as bocas eram as mesmas, finas e perfeitamente esculpidas, as sobrancelhas levemente arqueadas e o olhar altivo também eram iguais entre pai e filho, frios e entediados, como se aquele lugar não os merecesse e a aura de ambos era quase esmagadora. Onde quer que estivessem, Willian tinha certeza que aqueles dois chamariam atenção.

As semelhanças com o pai acabavam aí e algumas características de sua mãe entravam e talvez fosse aquilo que o tornasse tão mais belo que seu pai, porque era a junção de duas pessoas realmente lindas que haviam criado aquela obra de arte caminhando desinteressadamente por aqueles corredores, sem ter nem uma ideia do que estava causando na cabeça e corpo de um certo alguém entre a multidão; ele não fazia ideia do quanto aquele desinteresse tão plausível era provocante?

Os olhos eram grandes e redondos, de um cinza-tempestade bem profundo, com cílios fartos e longos. O nariz pequeno e arrebitado com um piercing de argola posso a narina direita. Seu rosto era meio arredondado e em formato de V, o que, juntando com os brilhantes olhos grandes e redondos que pareciam feitos de prata líquida, o deixava com uma aparência quase infantil que fez Willian ponderar quantos anos ele teria, talvez estivesse entrando no primeiro ano, por que o máximo que ele devia ter era dezesseis.

Os cabelos eram ondulados e compridos, caindo por cima dos olhos e chegando quase até os ombros, usava uma calça preta colada nas pernas com o fundo ligeiramente folgado e as pernas tinham músculos até bem firmes para alguém tão magro e estes eram visíveis mesmo sob o grosso tecido da calça enquanto ele andava. Uma blusa branca com gola em V e um casaco preto com capuz por cima, All Star e mochila nas costas finalizava seu look, simples na medida certa; sua beleza era perfeita, simples e natural. Ele não fazia nem um esforço para parecer lindo, era só ele mesmo e nem parecia notar o quanto era bonito, na verdade parecia até querer, de certa forma, esconder sua beleza.

Willian achava que pessoas assim não existiam de fato, pois apenas ouvira falar destas, mas aquele garoto caminhando pelo corredor acabara de provar o contrário. Ao passar ao seu lado ele lhe olhou e seus olhares se cruzaram por um nanosegundo fazendo Willian perder o fôlego. O cinza dos olhos do garoto lhe lembrava um rio profundo o qual guardava milhares de segredos, mas que ninguém nunca se atrevera a mergulhar; um rio inexplorado o qual as pessoas tinham medo de mergulhar por ser perigosamente selvagem. Eles quase haviam lhe sugado a alma.

Apesar de toda a beleza, porém, ele parecia mais real que seu pai, parecia mais alcançável que o Sr. Fitzgerald por conta de pequenas coisas que o tornavam menos perfeito, mas não menos bonito, porém muito mais real. Exemplo disso era uma pequena cicatriz em seu lábio superior direito, ela era mais branca que o tom de sua pele, se é que aquilo era possível, e ele também usava um pequeno brinco preto na orelha direita.

Willian ficou incomodado de ter percebido detalhes tão pequenos, não sabia o porquê, mas se sentia constrangido e quente, e quando o garoto passou ao seu lado percebeu que ele tinha seu próprio campo gravitacional, sua aura era muito forte, uma aura rebelde que só ele conseguia fazer ser interessante e não problemática.

Aquele curto espaço de tempo foi suficiente para fazer Willian decidir-se. Decidir que queria conhecê-lo melhor, que queria ser aquele a desvendar os mistérios daqueles enormes olhos cinza, queria ser aquele que seria conhecido como "o melhor amigo" daquele garoto; não entendia o fato de querer tanto se aproximar e da necessidade que sentia de conhecê-lo, pelo menos não mais do que o porquê de estar corando ou estar tão excitado por aquele pequeno contato visual que eles haviam trocado, de seu coração ter dado um salto em seu peito ou de sua garganta ter secado tanto.

Aquilo era quase um dejavu e meio que lhe assustava, pois não se lembrava, de todo, de onde era aquele sentimento, se fora de um sonho ou se, de fato, já o havia visto pessoalmente, mas se sim, com certeza se lembraria, porém não vinha ninguém à sua cabeça e aquilo estava lhe levando a loucura; seria uma pessoa parecida? Talvez uma foto ou entrevista que ele vira da Sra. Fitzgerald, já que eram os mesmos olhos cinzas? Mas os olhos dela nunca haviam lhe causado aquela sensação e ele se lembrava de já ter visto aquele cinza tão profundo e aquela intensidade ridiculamente plausível de um simples olhar em alguém, só não sabia em quem.

Willian não sabia e se sentia bastante confuso no momento, mas de uma coisa tinha certeza, ir a escola não seria mais a mesma coisa, não teria mais o mesmo significado e não seria mais igual. O que ele não sabia era que, não só a escola mudaria depois da chegada do novo aluno, mas também a sua vida.

~ C O N T I N U A ~




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