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História É Errado Te Amar? (em revisão) - O Peso de Um Erro


Escrita por: Akisa-sann

Capítulo 4 - O Peso de Um Erro


08:54 AM

A aula estava para começar e Willian tinha acabado de verificar se os alunos da aula de ciências humanas estavam todos na sala; aquela aula ele assistiria junto com o segundo ano, pois era o mesmo conteúdo que cairia nos testes do fim do semestre dos alunos do terceiro e o colégio tinha o sistema de escolha de matérias, então os alunos escolhiam as matérias; no mínimo cinco matérias deviam ser escolhidas, fora as obrigatórias.

O professor chegaria à sala as 09:05 AM para dar início à aula e ele tinha certeza que o calouro que atendia pelo nome de Ethan Fitzgerald estava naquela aula, mas por algum motivo que ele desconhecia, este ainda não estava na sala, um fato nada bom, já que ele já havia avisado ao professor que teria um novato e não queria que o garoto se atrasasse em seu primeiro dia e logo com o Prof. Tomas, que era bastante exigente sobre a questão do horário e não perdoava os atrasados.

Estava prestes a sair e ir procurá-lo quando ouviu sons do lado de fora da porta, eram vozes e, aparentemente, vinham de algum lugar próximo, as pessoas pareciam estar alteradas e por algum motivo algo lhe incomodou, talvez pelo fato de ter percebido que reconhecia uma das vozes. Quando tudo ficou repentinamente silencioso ele decidiu que realmente era à hora de ver o que estava acontecendo do lado de fora; ao sair da sala viu de onde as vozes vinham.

Will se aproximou cauteloso não querendo interromper uma briga de casal, mas a cena que encontrou foi um pouco diferente e ele demorou um pouco para processá-la. O novo aluno — Ethan, sim, era esse seu nome — Ethan estava meio sentado no parapeito da janela, com as costas coladas ao vidro, branco como papel — apenas suas bochechas estavam vermelhas por causa do frio, mas os lábios não tinham cor alguma —, ele olhava para algum lugar próximo ao chão, na parede oposta e suas pupilas estavam dilatadas; de repente Willian se sentiu nervoso, pois temia que fosse de medo.

Os cabelos estavam caindo por sua testa e pescoço, suas mãos estavam fechadas em punhos ao lado de seu corpo e ainda assim ele podia ver que tremiam, seus dentes também batiam levemente e Will não sabia dizer se de frio ou tensão; sua postura estava um tanto reta demais e era visível que cada músculo do seu corpo estava tenso, também não era para menos, Sebastian, um dos alunos veteranos, também do terceiro ano, estava inclinado sobre o garoto, entre suas pernas e com uma mão em cada lado da sua cabeça.

Ele falava muito baixo e estava muito próximo, Ethan sempre se esquivava quando ele se aproximava, mas o garoto ultrapassou os limites quando baixou uma das mãos e colocou um dos dedos no peito de Ethan, depois lhe agarrou o punho fazendo-lhe encará-lo a força.

Quando Willian não pôde mais suportar ver até onde ele iria com aquilo ou o porquê de eles parecerem tão próximos e ainda, tão desconfortáveis um com o outro ao ponto de chegarem àquela situação, resolveu interromper, pois mesmo Sebastian, que tinha sempre aquela expressão vazia, nunca se deixando abalar por nada nem ninguém, parecia irritado e seus olhos pareciam tingidos com... Mágoa mal contida. Era como se ambos os garotos estivessem prestes a chorar.

Will usou uma desculpa meio ridícula ao se aproximar dos dois, mas pelo menos interrompeu o garoto, que se sobressaltou por um instante, mas se recompôs rápido demais e seus olhos adotaram a frieza de sempre, assim como aquele sorriso sarcástico, que lhe tirava do sério, voltou aos seus lábios.

Ethan, porém era o que parecia mais aliviado, mas Will, por pura inocência talvez, fez a besteira de insinuar que Sebastian era seu amigo, o que aparentemente não agradou nada nenhum dos dois, pois anos mudaram de expressão tão rápido que ele quase não conseguiu acompanhar. As sobrancelhas de Ethan se elevaram e sua boca e mandíbula se apertaram; um sinal claro de desaprovação e raiva, mas que ele, pessoalmente, achou bastante fofo. Suas bochechas e suas orelhas tomaram um tom de rosa mais escuro, o que, particularmente, Will achou uma graça também, mas sua expressão era de pura raiva.

Naquele momento Ethan parecia exatamente como seu pai; seus olhos adotaram uma frieza avassaladora e sua expressão era como a de alguém que acabara de matar uma pessoa. O ar de superioridade que emanava dele era tão plausível que Will quase se curvou e pediu desculpas, talvez tivesse feito se ele não tivesse saído como um furacão e entrado na sala com raiva. Will foi tirado de seu devaneio quando percebeu que agora estava a sós com Sebastian e que este o encarava com um estranho brilho no olhar, ficou desconfortável, afinal o garoto já havia lhe visto inúmeras vezes no banho e tinha a impressão de que ele estava vendo além de suas roupas.

— Então, sozinhos novamente, só você e eu. Eu estava começando a sentir saudade, sabe? Aliás, estava mesmo pensando... Você anda malhando? — ele lhe olhou da cabeça aos pés — Está ficando cada vez melhor, em!? Você ainda tem aquela pinta no seu quadril?

— Isso não é da sua conta.

— Nossa, você é sempre nervosinho. — falou sarcástico — Enfim, o que você quer? Fala logo.

— O que eu quero? Quero que você comece a levar sua vida acadêmica a sério de novo, Sebastian. Eu não gosto do que você anda fazendo até agora, mas assediar os calouros já é demais.

— Perdão, mas me diga, o que exatamente eu ando fazendo?

— Não se faça de idiota, você sabe exatamente do que eu estou falando.

— Me magoa que você pense isso de mim...! Bom, pelo menos ele parecia estar gostando da conversa, não é?

— Sério?! Tenso como ele estava?! Sim, com certeza que ele estava amando.

— Você sabe como é, tem que se acostumar primeiro para depois ir perdendo as inibições.

— Não, eu não sei como é nada e você...

— Não é bem verdade que você não sabe, não é?! — ele lhe interrompeu sorrindo torto, o que tornava sua voz ainda mais sarcástica — Tudo bem, não precisa ter vergonha, afinal tenho certeza que você ainda se lembra do último banho que tomamos juntos...

— Não, eu não me lembro.

— Sério? — Sebastian se aproximou e segurou seu queixo erguendo levemente a cabeça, já que Willian era alguns centímetros mais alto, e falou próximo ao seu ouvido — Se você quiser eu posso te fazer lembrar, porque eu me lembro perfeitamente, sabe?! Eu até me lembro onde está aquele seu sinal de nascença e como você é bom usando os dedos...

— Okay, eu vou pra minha sala e você... — Will lhe olhou tentando esconder o nervosismo, se desvencilhando de suas mãos — eu acho melhor se comportar. Não é a primeira e sei que não vai ser a última vez que vou receber uma reclamação de você ou lhe pegar aprontando... — fez uma pausa e o encarou ficando sério, uma parte sua sentia falta da amizade que um dia tiveram — Isso nem se parece com você... Como pôde mudar tanto?! Afinal, o que você está tentando provar, e a quem?! Esse não é o Sebastian que eu conheço...

— VOCÊ NÃO ME CONHECE! — o garoto alterou a voz, lhe deixando em estado de choque, seus olhos brilhando de raiva — Hunf... você nunca me conheceu, Willian, esse é só um dos lados do Sebastian que você pensava que conhecia.

— De qualquer forma... — Will continuou, mas estava em choque pela mudança do garoto; ele estava completamente fora de si — Eu espero realmente que não se repita, especialmente com aquele garoto.

— E por quê aquele garoto é tão especial pra você?

— Isso não é da sua conta. Ele é um calouro e não preciso mencionar sua família, sei que não quer ter problemas com eles, mas se insistir, bom... Sei também que não quer rumores seus circulando pela escola, não é mesmo?

— Não era de mim que as pessoas costumavam falar por aqui. — ele estreitou os olhos e Will se sentiu nervoso, sabia muito bem que aquele garoto ali na sua frente significava perigo — Se me lembro bem, o único com rumores circulando por aqui era você.

— Bom, o mundo dá voltas.

— Eu espero que você não esteja planejando nada, Willian, espero mesmo que isso não seja uma ameaça, porque se você estiver tentando...

— O que você vai fazer? Inventar mais mentiras sobre mim, só porque eu te rejeitei?

— Me rejeitou? Daquele jeito? Não me faça rir. — debochou — O único que foi usado como substituto aqui foi você, e ainda não conseguiu ser melhor que o Matthew. — Willian tencionou só ouvir aquele nome maldito — Escuta aqui, eu, aquele imbecil e a família de merda dele temos assuntos inacabados. Nós nos conhecemos desde o fundamental, então não se meta no que não é da sua conta, e não precisa me ameaçar usando a família dele, eu sei exatamente quem o pai dele é e o que ele é capaz de fazer...! Por causa daquele puto eu tive que vir pra essa cidade de merda e meu pai quase não olha mais na minha cara. Ele não pode estragar minha vida mais do que já fez, então não perca seu tempo me ameaçando com isso. Se quer me parar, arrume argumentos melhores e uma outra forma de me chantagear ou ameaçar.

— Tsk, vai se foder! — falou já lhe dando as costas, mas sem entender realmente o que o garoto quisera dizer com aquilo.

— Mas você já não fez isso pra mim?! — riu triunfante — Está nervoso porque sua ameaçazinha não deu certo? Por isso está xingando? — falou ele fingindo choque.

— O que você sabe?!

— Sei que você só xinga quando está com raiva ou nervoso. Não se esqueça, eu já fui o seu melhor amigo, Willian, e até mais.

— Não se engane, Sebastian, como você disse, foi só uma foda... A pior delas, pra você saber.

— Se foi tão ruim assim e não significou nada, então porque você está sempre tão nervoso quando fala comigo?! Eu que fui comido não me importo tanto como você, que comeu.

Com esse feliz comentário, Sebastian saiu caminhando preguiçosamente pelo corredor com as mãos nos bolsos como se nada tivesse acontecido... Willian definitivamente não conseguia entendê-lo. Ele ainda se lembrava do tal banho, cerca de um ano e meio atrás.

Conhecera Sebastian na cerimônia de apresentação dos novos alunos, o garoto havia se mudado para a cidade com os pais por problemas na empresa da família e pessoais, e teve que mudar de escola, ia começar o primeiro ano e eles naturalmente se tornaram amigos, se davam muito bem e tinham muitas coisas em comum. Ambos jogavam basquete e assistiam as mesmas séries de TV, tinham os mesmos interesses ambos eram alunos exemplares, sempre se mantendo no topo da lista de notas, sempre competido amistosamente. No primeiro ano foram candidatos a presidente e vice e conseguiram, juntos. Até mesmo a mesma orientação sexual tinham, mas em algum momento o que eles tinham começou a se perder e ficar confuso, principalmente por parte de Sebastian.

Em algumas tardes, depois do treino, eles costumavam ficar até depois que os outros já tinham ido embora para treinar mais, por isso o banheiro ficava só para eles. Will entrou no banho e começou a se lavar, naquele ano estava extremamente sobrecarregado com toda a sua responsabilidade e problemas com sua família, principalmente com sua mãe e em um momento de fraqueza se deixou levar.

Sebastian entrou no mesmo boxe que ele, como sempre fazia, mas dessa vez fez algo que não fazia com frequência; o abraçou. De início, Will achou que fosse uma brincadeira, já que eram muito próximos, mas ele começou a lhe tocar e a beijar seu pescoço lhe fazendo perceber que, na verdade, o garoto estava muito sério. No fim, ele acabou simplesmente cedendo às carícias do amigo e o fodendo, sem romance, amor ou carinho, apenas luxúria na forma mais literal, apenas para aliviar o estresse.

Mais tarde, porém, se sentira como se carregasse o peso do mundo nas costas, nunca tinha se sentido tão culpado e quando procurou Sebastian e explicou que não pretendia ter aquele tipo de relação com ele, que gostava dele como um grande amigo, mas que jamais aquilo se tornaria mais do que isso, nada mais que amizade, que na verdade aquilo que eles tinham feito tinha sido um grande erro, Sebastian não gostou nada daquilo, disse que não se importava de ser tratado como um amigo colorido, mas não aceitava ser tratado como um erro. Eles acabaram brigando e discordando de muita coisa e no fim Sebastian disse que só havia apenas lhe usado como substituto de seu irmão, que até então Willian nem sabia que se conheciam. Aquilo foi a gota d'água, já que Willian e seu irmão se odiavam e no fim ambos os garotos sairam com o orgulho ferido e por uma bobagem e um erro idiota uma amizade tão incrível acabou.

Naquela época também uma pessoa muito especial para Willian, um garoto chamado Ciro, estava deixando o colégio; ele tinha se lesionado em um dos jogos e estava indo fazer um tratamento fora do país, era alguém muito querido, um ótimo companheiro de equipe e um veterano incrível, que ele admirava muito, então depois das aulas, Ciro pediu para lhe encontrar no jardim da escola e lhe contou sobre sua lesão e do tratamento e disse que havia lhe chamado ali para se despedir, pois aquele era seu último dia no colégio.

Ciro lhe disse que sua lesão era séria e que não poderiam voltar a jogar juntos nunca mais. Seu sonho fora arruinado, pois ele pretendia se tornar um profissional e treinara muito e por anos para que aquilo se tornasse realidade. Willian sabia disso e sabia também que mesmo o garoto parecendo estar bem, na verdade estava só tentando ser forte na sua frente. Nunca imaginara ter que ver Ciro dizer adeus a ele ou ao esporte que amava, ter que abandonar um sonho, e aquilo lhe deixava em pedaços.

Ele não conseguiu se segurar, só sentia tanto pelos dois, pelo garoto e por si mesmo, ele merecia muito mais que apenas alguns troféus de escola pelo belo jogo que fazia sempre que entrava em quadra e eles dois mereciam muito mais do que uma despedida cruel e ridícula como aquela. Naquele dia, mais uma vez, a vida lhe provara o quanto era injusta com aqueles que não mereciam e chorando recostou à cabeça no peito do mais velho que acariciou sua nuca e também chorou; eles ficaram assim por um tempo até que o garoto se afastou lhe dando um último beijo, ele precisou dizer adeus deixando para trás seus sentimentos, seus sonhos, agora destruídos, e uma lesão incurável.

Depois de uns dias, quando as aulas voltaram, após as férias do meio do ano, começou a circular um boato de que Ciro e Willian estavam tendo um caso escondido e que os pais de Ciro haviam descoberto, por isso ele tivera que ir embora, o que em parte era verdade, já que estavam mesmo em uma relação, embora não fosse ainda um namoro. Claro que haviam aumentado muito o boato para poder lhe atingir, mas lhe rendeu muita dor de cabeça, algumas advertências, suspensão das atividades dos clubes aos quais participava, reunião com os professores, com seus pais, muitos interrogatórios e muitas piadinhas de mau gosto.

A história ficou tão séria que começou a ameaçar sua imagem fora do colégio e por aquele motivo, Willian precisou usar Érika a seu favor, para que os boatos parassem. Estes ainda circularam por um tempo até que as pessoas foram esquecendo, e quanto a Sebastian, este mudou da água para o vinho, tornou-se um delinquente, pôs uma porção de piercings, fez tatuagens e começou a matar as aulas para dormir, era constantemente pego fumando pelos corredores e levando advertências para casa, isto quando não era suspenso por vandalismo ou atos obscenos nos arredores da escola.

Naturalmente suas notas caíram e ele perdeu sua posição como vice-presidente, o que era realmente uma pena, um talento incrível desperdiçado e um estudante brilhante jogado fora. Willian nunca perguntou o que havia acontecido, uma única vez que tentou se aproximar levou um empurrão que lhe fez cair. Ele nem sequer lhe olhava, mesmo estando na mesma sala e no treino de basquete, apenas ficava no celular e quando os veteranos lhe repreendiam ele saía com raiva, até que a distância ficou muito grande para voltar atrás e ficou por isso mesmo.

***

Willian entrou na sala rapidamente, tinha certeza que o professor já estaria lá e teria que inventar a desculpa do ano para não receber uma advertência que ele não podia se dar ao luxo de ter. Suspirou aliviado ao perceber que tinha escapado por um triz, mas por outro lado, o professor estava atrasado, o que não era algo normal. Ele deu de ombros e caminhou em direção a sua carteira tentando esquecer-se da conversa que acabara de ter com Sebastian, olhou para o canto direito apenas por olhar, mas ficou surpreso ao ver que Ethan estava ali, na última fileira e na última carteira, próximo a uma janela de vidro.

Por um momento ele esquecera que o garoto assistiria àquela aula com ele, o encarou e se impressionou mais uma vez em como aqueles olhos cinza pareciam com as nuvens da tempestade que caía lá fora; por um momento pensou ter visto Ethan abrir a boca, mas se ia falar algo resolveu deixar pra lá.

Will estreitou os olhos para ele, que baixou a cabeça rapidamente e encarou as próprias mãos, que estavam sobre as pernas, ele achou aquela atitude um tanto infantil e fofa da parte do garoto, o que lhe fez sorrir meio que para si mesmo; suspirou e balançou a cabeça, mas quando começou a caminhar em sua direção para pedir desculpas — o que, particularmente, era só uma desculpa esfarrapada para poder falar novamente com ele —, o professor adentrou a sala como um furacão e lhe encarou, ele o cumprimentou com um sorriso amarelo, mas ainda assim foi repreendido por ainda estar de pé e teve que se desculpar e sentar.

O pedido de desculpas ia ter que esperar mais um pouco, mas definitivamente iria acontecer e Willian mal podia esperar por aquele momento.

~ C O N T I N U A ~


Notas Finais


Beijinhos e apoiem o Will e o Ethan! 💙


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