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História E nós? - Esconder


Escrita por: someonedead

Notas do Autor


Eu sei que eu tenho demorado pra atualizar a fic. Desculpem por isso. Tá tendo uns probleminhas aqui e eu, como disse antes, não tenho certeza sobre a qualidade do que ando escrevendo. Os problemas pessoais estão me atrapalhando um pouco, mas vou fazer o que eu posso.
Espero que gostem do cap.
Eu penso em umas coisas muito legais pro próximo cap. Novos personagens que apesar de rápidos, são importantes.
Espero não decepcionar vocês. Obrigado por acompanharem até aqui.
Estou um tanto atarefado então, respondo os comentários do cap anterior amanhã, mas já agradeço muito a todos que tiraram um tempinho pra escrever o que acharam. <3 Boa leitura e desculpem qualquer erro.

Capítulo 12 - Esconder


                Beijar Christina era como tentar nadar contra uma correnteza, por mais você nade e tente chegar a um objetivo, ou tente se manter no controle, acaba sucumbindo e sendo arrastado por ela. Estar com Christina era como tentar se manter de pé em um bote no meio de uma tempestade em alto mar. Não havia como se manter firme e seguro, era simplesmente torcer para ficar bem pois aquilo tudo era simplesmente insano e impensável.

                Meses de flerte e interesse pareceram se dispersar na frente de Thomas, pois ele não sabia o que achava daquilo tudo. Era meio complicado pensar a respeito daquilo. Não é que ele não gostasse dela, de ficar com ela, simplesmente não era aquilo que ele esperava. Mas pra Thomas, estava mais do que claro que o problema não era Christina e sim ele. A morena, como sempre, era incrível mas ele parecia estar procurando algo que ela não podia dar e isso não poderia deixa-lo mais confuso.

                A cama soltou um rangido incomum quando ele deitou-se por cima dela, os lábios colados, as respirações ofegantes e as mãos explorando cada centímetro do corpo. O quarto estava escuro e tinha cheiro de chuva, como toda aquela cidade.

                Christina soltou um suspiro alto e sorriu pra Thomas enquanto eles se ajeitavam.  Não podiam fazer aquilo novamente minutos antes de saírem de casa. Eram aproximadamente 18:35 da noite e a aula começaria ás 19:00, depois de gastarem mais tempo do que o necessário tomando banho, eles estavam se preparando para saírem.

                - Miguel está com o namorado? – Christina perguntou de frente para o espelho onde ajeitava seu cabelo hoje cacheado e vivo. Com ondas castanhas caindo por todos os lados.

                - Sim. – Respondeu. – Ele estava doente esses dias e eles se viram pouco. Precisavam de um tempo juntos. –

                - Ou talvez ele tenha saído de propósito. Sabe, minha colega de quarto têm um namorado e não é nada legal ficar lá quando eles estão... – Ela parou por um momento. – Você sabe o que quero dizer. – Completou.

                Certamente a última coisa que Miguel queria ouvir era os sons que Christina e ele fariam enquanto transavam, Thomas sabia muito bem disso. Mas o jeito como Miguel saíra quando Christina bateu na porta foi um pouco. Brusco.

                - Talvez seja isso. – Deu de ombros. Calçou os tênis a pegou sua mochila. – Pronta? –

                - Claro que sim, vamos. – Ela disse. Ela usava o mesmo tom de sempre imponente e imperativa, como se tivesse domínio sobre tudo e todos. Thomas ainda não se acostumara com isso. Vivia com Miguel desde sempre, e o clima entre elas era de companheirismo e parceria, sempre. Eles partilhavam de algo que impedia um de se sobressair sobre o outro. Como se ambos estivessem sempre a mesma altura e isso era bom. É claro que não havia como comparar o seu relacionamento com seu melhor amigo, com o de sua. Namorada?

                Sequer sabia se os dois tinham esse status.

                Trabalhos escolares, saídas ocasionais, beijos e sexo. Essas eram as atividades que Christina e ele faziam normalmente. Provavelmente nunca tiveram um “encontro” de verdade. Era como se não passasse de uma amizade colorida.

                Pensou em perguntar aquilo a Christina mas, sinceramente, tinha medo da resposta. Nem mesmo ele sabia o que queria.

                Do lado de fora da casa, depois de trancar o portão, Thomas segurou firme a mão da garota e ela correspondeu. A mão dela era quente e calorosa. Sorriu involuntariamente e os dois se puseram a andar.

                No intervalo da faculdade, encontrou Miguel em seu lugar de costuma, entre duas máquinas de refrigerante, sentado no piso frio e sujo da faculdade.

                - Espaço. – Murmurou e Miguel ajeitou-se dando lugar para que ele sentasse ao seu lado.

                - Então, como foi com o Garçom? – Perguntou.

                Miguel tinha uma marca vermelha aparecendo levemente perto da clavícula. Thomas pensou em comentar, em outros tempos ele com certeza teria comentado, mas agora não sabia o que dizer. Os cabelos de seu amigo estavam bagunçados como sempre, estava usando um de seus casacos com estampa de animes. Fullmetal Alchemist dessa vez. A estampa era de um braço mecânico quebrado prestes a tocar num pedra vermelha no centro de uma círculo com vários algoritmos. Ele se lembrava de seu amigo comentando sobre aquele anime. Um rapaz em busca da pedra filosofal para recuperar o corpo de seu irmão.

                Era um casaco bonito.

                - Normal. – Respondeu.

                Aquele clima estranho novamente. Eles pareciam mais colegas do que melhores amigos em alguns momentos. Sentia que Miguel se incomodava também, mas não fazia nada para melhorar a situação. Havia algo crescendo entre eles, uma parede invisível que aos poucos se tornava mais alta e mais larga.

                Era isso o que ele chamara de seguir em frente?

                Ele estava seguindo sozinho?

                Thomas não queria pensar daquela maneira infantil e ciumenta, mas estava mais do que claro que Julian havia modificado alguma coisa em seu amigo, havia mudado a essência dele, transformado ele em alguém mais distante e reservado. Sempre achou que Miguel se escondia de alguma coisa, mantinha algo preso dentro de si, deduziu depois de um tempo que era simplesmente o fato de ser gay. Pensou que depois de ter lhe confidenciado aquilo, ele se tornou mais leve e deixou de se trancar. Agora apesar de ser alguém “novo” ele conseguia notar aquele segredo novamente, podia notar a pressão e o esforço de Miguel para manter alguma coisa oculta dentro dele e isso fez com que Thomas tivesse vontade de abraçá-lo.

                - Está tudo bem, Lito? – Perguntou.

                Miguel fitava o chão havia alguns minutos com uma expressão vazia, então ele levantou o olhar o sorriu. Um sorriso tão forçado que Thomas teve vontade de dar um soco na cara do rapaz. Um abraço e depois um soco.

                -Claro. – Respondeu. – Estava pensando na minha irmã. Quero visitá-la quando tiver o bebê. – Agora um fagulha de verdade se acendeu em seu sorriso. A irmã de Miguel o atualizava com fotos de sua barriga crescendo a cada duas semanas e era impossível para seu amigo não se contagiar com aquilo, ele sempre fora louco por crianças. Thomas simplesmente as achava irritantes.

                - Christina está grávida? – Primeiro a voz se fez presente e então um segundo depois a sombra de Lilian apareceu em sua frente.

                - Deus ainda existe. – Retrucou Thomas. Ele sabia que a garota estava só brincando com ele, mas a ideia o fez se arrepiar com completo.

                               - Me deixem sentar nesse chão imundo também. – Disse ela fazendo um gesto com a mão. Então ela sentou-se no meio deles. O intervalo acabaria em 10 minutos, e nesse tempo as coisas ficaram um pouco mais normais. Os três espremidos no meio de duas máquinas de refrigerantes puseram-se a conversar sobre trivialidades e falar mal das roupas dos alunos que passavam.

                - Aquele parece um Christian Grey pobre. – Lilian disse quando James passou caminhando ao lado de duas alunas pelo campus. 

                Miguel olhou para Thomas de relance e por um instante aquela comunicação não verbal que sempre existiu entre eles pareceu funcionar, mas ele desviou o olhar um segundo depois e o estômago de Miguel se revirou um pouco.

                - E você parece uma Anastásia rejeitada. – Disse Thomas tentando não dar importância a sensação de estar perdendo algo importante.

                - Fala sério. – Lilian revirou os olhos.

                O sinal tocou e eles voltaram para suas classes.

                Na volta para casa, Christina deu um leve beijo nos lábios de Thomas sem notar o fato de ele estar distante e pensativo.

                Thomas ouviu Miguel rejeitar o convite de Julian para levá-lo para casa com seu carro dando a desculpa de que que iria a pé com Lilian e ele. A verdade era que muito provavelmente Julian se ofereceu para levar todos eles, mas depois de lançar um olhar pensativo para Thomas, Miguel rejeitou o convite.

                A presença de Lilian aliviava um pouco o clima tenso, ela soltava piadas e comentários sarcásticos esporadicamente e eles riam. A noite estava fria e havia algumas estrelas no céu. Não muito longe dali o som do circo que estava cidade pareciam ser o único som na noite calma. Um pássaro piou no galho de uma árvore qualquer e Lilian parou subitamente.

                 -Olha, eu vou por esse caminho aqui, é mais longe mas eu não aguento mais ficar no meio de vocês dois. – Ela lançou um olhar pesaroso pra Miguel e outro um tanto raivoso para Thomas. – Se acertem por favor. Nem parece aquele amigos apaixonados um pelo outro que eu conheci. – O tom dela agora era um pouco severo. Por fim, ela abraçou a ambos e disse. – Boa noite, espero que amanhã vocês já tenham se acertado. –

                Ela deu as costas e desapareceu a passos largos numa esquina.

                - Me desculpe. – Miguel pediu depois de mais uma sessão longa, incomoda e sufocante de muitas palavras não ditas.

                - Tudo bem, eu estou agindo estranho também. – Enfiou as mãos nos bolsos, não confiava nelas livres naquele momento. Aquilo seria no mínimo desconfortável. – Mas é difícil pra mim ter que ver você assim de novo. –

                Miguel parou para o observá-lo com um olhar um tanto confuso.

                -De novo? Sabe como me sinto? – Havia um tom de irritação em sua voz.

                -Está preso, Lito. Está escondendo alguma coisa novamente, sufocando alguma coisa dentro de você. –

                - Você não faz ideia do que é esconder alguma coisa dentro de você, Thomas. Esconder o que sente. Você é sempre tão espontâneo e decidido, não faz ideia. – Uma moto passou zumbindo por eles rapidamente na rua.

                - Não entendo, Lito. Simplesmente não entendo porque está fazendo isso. Sabe que pode confiar em mim. Sabe que nada que me confesse faria com que eu te ame menos. – Ele estava praticamente suplicando por alguma coisa e nem sabia o que era. Seu peito se apertava a cada palavra. Deu um passo em direção ao amigo.

                -Não. Não é assim. Eu confio em você, Tom. Mais do que em qualquer pessoa nesse mundo e é por isso mesmo que as coisas estão assim. – Os olhos de Miguel estavam um tanto marejados. Os óculos grandes levemente tortos no rosto. Ele parecia tão certo de alguma coisa dias atrás e agora estava tão perdido quanto o próprio Thomas.

                - Miguel, eu amo você. Mais do que qualquer pessoa nesse mundo. – Mais um passo. – Eu odeio pensar que eu poderia estar te deixando desse jeito. –

                Miguel limpou no rosto uma lágrima que sequer havia escorrido antes de olhar nos olhos de Thomas.

                - Por que está fazendo isso? –

                - Porque estou te perdendo e isso me assusta. – O laço entre eles parecia estar enfraquecendo com o passar dos dias. Eles estavam se distanciando gradativamente e aquilo deixava Thomas sem rumo. Era muito mais difícil do que ele pensou que poderia ser.

                Miguel inclinou o rosto para a direita levemente, os olhos carregados de uma tristeza indescritível. Abriu a boca para falar algo, mas seu celular tocou em seu bolso.

                Thomas achou que ele iria ignorar, mas o viu pegar o aparelho em seu bolso e depois de verificar o nome na tela, atendeu rapidamente.

                - Oi mãe. – Ele disse.

                Ficou um tempo em silêncio apenas escutando o que diziam no outro lado da linha. Seus olhos passeavam por toda a rua sem nunca chegarem até Thomas. Sua boca se abria e fechava o tempo todo. Thomas percebeu que havia algo errado quando surgiu o primeiro soluço.

                Alguma coisa ruim havia acontecido. 


Notas Finais


Comentem o que acharam por favor. Isso me estimula bastante. <3
Até o próximo.
\o/ Amo vcs gente.
PS: Um abraço muito especial pra ZusaChan que me mandou uma mensagem muito bonita porque estava preocupada comigo. Muito obrigado, isso significa muito pra mim.


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