História E Quanto Às Borboletas? - Capítulo 6

"Cause all I know is we said hello

And your eyes look like coming home

All I know is a simple name, everything has changed"

Everything Has Change- Taylor Swift


Acordei incomodado com a claridade que passava pela janela, o cômodo estava claro demais para ser de manhã.

Peguei meu celular que estava na mesa ao lado da cama e vi que já passava do meio dia, pelo visto meu pai deixou que eu faltasse na escola. Ótimo.

Hoje era dia de me encontrar com Abby, e eu não poderia estar mais feliz com aquilo.

Desci para para a cozinha do jeito que estava vestido, ou seja, só com uma calça de moletom, e comecei a procurar pelo almoço que eu tinha certeza que meu pai havia separado pra mim.

Almocei a salada Caesar que estava na geladeira e fui tomar um banho frio para espantar o início de ressaca que estava aparecendo.

Quando sentei na cadeira da minha mesa de estudo, peguei o celular e vi que faltava 20 minutos para o horário que havíamos marcado. Pelo visto, eu iria me atrasar .

***

Meia hora. 30 minutos. Era esse o tempo que eu estava sentado em um dos vários bancos bancos que havia na entrada do borboletário. Desde que cheguei aqui, já andei pelo prédio inteiro, pelo jardim inteiro e conversei com a maioria dos funcionários, e nada de Abigail Willians.

Já estava quase desistindo de esperar e indo embora, quando a vejo passar toda descabelada pela porta. Ela parecia meio perdida enquanto procurava por algo ao redor, que pareceu achar em mim, já que parou de girar a cabeça como a menina do exorcista e veio em minha direção.

- Me desculpe pelo atraso. - Ela falava com a voz arfante, como se tivesse corrido uma maratona. - Eu tive um compromisso que acabou tomando mais tempo do que eu esperava.

-Respira e senta aqui no banco Abby. Eu vou pegar água pra você antes que tenha uma parada respiratória.

Fui até o bebedouro e enchi um copo com água gelada, e quando voltei para o banco, Abby já havia prendido os cabelos em um rabo de cavalo e se abanava com um papel.

Entreguei o copo à ela, que bebeu rapidamente.

-Já tá normal agora?
- Você é o melhor James! E eu estava normal.
- Não, você parecia com um cachorro cansado.
- Retiro o que eu disse, você é o mais chato.
- Me ofendi agora gatinha. -abri um sorriso para mostrar que estava brincando, e a puxei para um abraço, enquanto ela tentava me afastar.
- Não Tim, eu tô toda suada. - revirei meus olhos antes de puxá-la mais uma vez.
- Grande coisa gatinha. - Ela finalmente cedeu, enquanto caia na risada. - Vamos lá, eu tenho que te mostrar uma coisa. Você vai ficar orgulhosa.

***

- Está ótimo Tim, sério. A introdução está bem feita, as informações sobre as borboletas estão bem distribuídas, até agora está bom.
- Você fala como se fosse uma especialista, é estranho.
-Não sou uma especialista, só tive que fazer vários seminários para terminar a escola.
- Você já se formou? - Como assim? Nós temos a mesma idade.
- Eu estudei em casa, e com isso consegui adiantar o colegial.
- E por que você estudou em casa?
- Digamos que, na época em que frequentava a escola, eu tinha compromissos como o de hoje todos os dias, e eu sempre acabava me atrasando ou perdendo aulas. Então meu pai resolveu me dar aulas em casa.
- Ele é professor?
- Aham, ele dá aula de biologia na faculdade. Acho que é daí que veio minha paixão pela natureza , em especial pelas borboletas.
- Falando em atrasos, você precisa me passar seu número de celular. Eu não consegui falar com você para saber se você estava bem, se tinha acontecido alguma coisa, tudo porque não tinha o seu número.
- Se estivéssemos em outra situação eu poderia dizer que você só está arrumando uma desculpa, mas, eu reconheço que a culpa foi minha. Me empresta o seu celular. - Eu entreguei o aparelho à ela, que digitou alguma coisa antes de seu próprio celular tocar. - Prontinho.

Salvei seu contato como "gatinha", levantei da cadeira em que estava sentado e estendi minha mão para ela.

- Hora do intervalo gatinha. - Ela sorriu e pegou a mão que eu havia estendido.

Nós estávamos andando por uma exposição que estava aberta no borboletário, nossas mãos ainda estavam juntas, já que Abby não fez nenhum movimento para soltá-las e eu não queria que aquela sensação boa acabasse, a mão fria dela se encaixa perfeitamente na minha, que estava suando de uma forma incomum.

- Você sempre quer saber sobre mim senhor James, me fale mais de você. Sua infância, coisas favoritas.
- Bom, minha infância não foi muito alegre, tirando o começo dela. Minha mãe morreu de câncer quando eu era bem novinho e meu pai fez de tudo para suprir essa ausência, ele fez o melhor que conseguiu e eu sempre vou ser grato por isso, mesmo que não pareça. Fui uma criança fechada, mas na adolescência os músculos cresceram, a voz engrossou, resumindo, me tornei gostoso e por mais que eu me escondesse as garotas sempre me achavam, então me rendi a elas e aqui estou, acompanhada de uma bela garota em uma bela exposição.
-Peraí, rebobina por favor. Sua mãe morreu? De câncer?
- Sim, foi um choque. Numa hora você está brincando de carrinhos e na outra está em um cemitério vendo um caixão ser enterrado.

O rosto de Abby pareceu ficar um pouco pálido, como se estivesse prestes a passar mal.

- Você tá bem? Quer sentar um pouco? - Ela estava alheia, parecia que nem tinha me escutado. - Abby!

Ela se assustou um pouco, mas pareceu finalmente despertar.

- Me desculpe Timoty, mas eu tenho que ir. - soltou sua mão da minha e mal me deu tempo de falar antes de sair praticamente correndo da exposição.

Eu não tive reação, e fiquei durante um bom tempo naquele lugar tentando entender em qual parte do dia eu havia errado para despertar aquele reação nela.