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História E Se...? - Capítulo XXV


Escrita por: LiviaMDias

Notas do Autor


Heeey! Tudo bem? :3

Mais 5 capítulos nesta noite de domingo para vocês! Yes õ/ Obrigada galera, por serem leitores que estão tão amarrados nessa história, por vezes migrando para o meu canal e me deixando mensagens tão positivas em vários vídeos! Muito obrigada mesmo por me fazerem tão feliz :D

Espero sinceramente que a leitura de vocês hoje seja maravilhosa com essa fic! Não se esqueçam de falar comigo nos comentários e dizer o que acham que precisa melhorar, ou suas expectativas para os próximos capítulos. Até mais :3

Boa Leitura!

Capítulo 29 - Capítulo XXV


Capítulo XXV

Esconder

*

Sakura
 

 

Konoha, 25 de abril de 2015
 

 

Espreguicei-me na cama antes de finalmente tirar a coberta do rosto. Eram oito horas da manhã segundo o relógio em cima da mesinha de cabeceira. Fechei os olhos novamente. Eu tinha sonhado, mas naquele momento não conseguia retornar ao cenário da minha mente.

Tudo parecia tão calmo desde a formação oficial do time. Tivemos algumas sessões de conversa com Kakashi e treinamentos básicos durante os últimos dias.

Não havia qualquer aviso de missão para nós, enquanto as outras equipes possuíam suas primeiras tarefas fora da vila e se gabavam disso livremente.

Peguei uma calça jeans e uma camiseta branca com babadinhos. Sai do quarto e segui até o banheiro abrindo a porta ainda sonolenta. Deixei escapar um grito.

Kaya praticamente pulou em mim tapando minha boca e fechando a porta com o pé. A banheira estava cheia e sangue impregnava todos os lados. Podia ver claramente o reflexo de Itachi dentro dela.

— Que merda você está fazendo? — empurro-a e sigo até a banheira.

— Um feitiço. É o primeiro que estou colocando em prática! — Kaya sorri alegremente. — Eu estava treinando e Itachi se ofereceu para me ajudar.

— Você enlouqueceu? E se os meninos vissem isso? — questionei furiosamente, tentando manter minha voz o mais baixa possível. — A propósito... De quem é esse sangue? E o que você estava tentando fazer?

— É o meu sangue misturado com sangue de galinha. Eu estava tentando prever alguma morte com um feitiço simples que as bruxas da ceita dos Corvos utilizavam. — Kaya demonstrou frustração em seguida. — Mas não consegui nada. Itachi estava tentando me fazer sentir alguma vibração.

— E sentiu?

Kaya meneou a cabeça negativamente. Suspirei escoando a água da banheira.

— Você não está pronta para isso ainda. Feitiços são muito avançados para nós. Contente-se em ver espíritos por enquanto — coloquei a mão em seu ombro na tentativa de reconfortá-la. — E não sabia que você e Itachi tinham virado amigos.

A loira bufou se dirigindo para a porta do banheiro.

— Tenho que acabar me acostumando com esse encosto! Ele não para de me perseguir!

Assim que Kaya saiu, limpei a banheira para retirar qualquer rastro de sangue que pudesse nos comprometer. Tomei um bom banho em seguida, acalmando-me o suficiente. Fechei os olhos.
 

Uivos contínuos. Alguém atravessava uma floresta fechada e vinha ao meu encontro. Esperei pacientemente no meio da clareira. Retirei o capuz que cobria minha cabeça. A longa capa negra me protegia do frio.

— Você precisa fugir — a figura masculina se aproximou. A escuridão protegeu completamente seu rosto. — Eles estão vindo atrás de você.

— Eu não vou sem você! — gritei, sentindo as lágrimas virem furiosamente.

O homem agarrou meus braços e me sacudiu.

— Precisa ir! Eu não posso esconder você para sempre!

Baixei o rosto, ocultando minhas lágrimas.

— Eu te amo...

Ele respirou fundo antes de envolver meu rosto com suas mãos e aproximá-lo do seu. Nossos lábios se tocaram, e eu pude sentir uma paz interior antes de finalmente ter de partir para longe.
 

— Sakura! Sai logo desse banheiro! Preciso mijar!

Abri os olhos assustada. Peguei a toalha e deixei a banheira. Sequei-me rapidamente e vesti a roupa que havia escolhido. Que sonho... Estranho. Teria a ver com as bruxas? Teria a ver com o passado de alguma em especial?

Escancarei a porta alguns minutos depois e Naruto praticamente me empurrou antes de se trancar lá dentro.

— SEJA MAIS EDUCADO, UZUMAKI! — berrei, seguindo para meu quarto novamente.

Arrumei meus cabelos róseos que já batiam na cintura e os prendi em um coque frouxo. Amarrei a bandana no topo da cabeça e me fitei por alguns instantes tentando lembrar detalhes maiores do sonho, como o rosto do homem que havia “me” beijado. Nada.

Rumei para a cozinha onde Kaya devorava uma maçã e fazia um desenho, enquanto Sasuke... Cozinhava?

— Está cozinhando? — perguntei com o cenho franzido, observando ele quebrar os ovos na frigideira.

Ele bufou e não respondeu minha pergunta.

— Você demorou.

— Ah, que bom. Eu não sou sua empregada mesmo — debochei pegando uma garrafa de suco na geladeira. — Doure bem os ovos Uchiha! — dei risada, recebendo um olhar frio em resposta.

A campainha tocou e Naruto passou como um raio gritando:

— Eu atendo!

Meus olhos cruzaram com os de Kaya, e ela deu de ombros. Naruto animado para atender a porta?

— Você é pontual — ouvi o loiro falar do hall de entrada. Espichei o pescoço assim como Kaya, mas a figura estava de costas para nós.

Ela falou alguma coisa, e soube na hora que era uma menina. O tom de voz era baixo, mas fino o suficiente para ser o contrário.

— Ei pessoal! A Hinata veio tomar café com a gente!

A morena acenou timidamente. Eu já tinha visto-a algumas vezes, mas ela parecia desaparecer por tempo indeterminado e depois reaparecer como se nada tivesse acontecido.

— Olá Hinata! Pode sentar! O Sasuke vai fazer mais ovos. Não é, Sasuke? — debochei ouvindo o bufar do moreno às minhas costas.

— Eu não quero incomodar... — Hinata lançou um olhar suplicante à Naruto, que apertou seu ombro.

— Está tudo bem, Hinata. Sakura... Irmã... Posso falar com vocês um instante?

Kaya fechou seu livro e se levantou da mesa. Lancei um olhar de “não seja uma tábua calada com a Hinata” a Sasuke antes de ir atrás de Naruto.

— Você parece bem preocupado... — comentou Kaya assim que alcançamos o final do corredor em frente à porta do banheiro onde não poderíamos ser escutados.

— Hinata fugiu de casa. Ela vai ficar aqui por um tempo até... Tudo normalizar.

Escancarei a boca em surpresa. Kaya tentou falar alguma coisa, mas estava tão abismada como eu.

— Você enlouqueceu? — questionei com o fio de voz que ainda sobrara do choque. — Os Hyuuga são o clã mais poderoso no momento! Estão controlando tudo junto do Hokage! Se encontrarem Hinata aqui vai cair nas nossas costas...

Naruto passou a mão nos cabelos loiros, respirando fundo antes de falar.

— Eu estou pensando em tudo, tá legal?

— Pensando em tudo? — ironizei com um tom levemente maldoso. — Está pensando em tudo? Você nem ao menos falou com a gente!

— Eu estava tentando ajudar! — gritou Naruto, socando a parede e criando um rombo ali. Cerrei os punhos.

— Você está colocando um monte de gente atrás de nós! Estamos conseguindo sermos pessoas normais e você está estragando tudo!

— Parem de gritar... Por favor... — Kaya começou a chorar descontroladamente e percebi que ela tapava as próprias orelhas a fim de cessar o barulho.

Fechei os olhos e suspirei. Naruto retirou o punho da parede, com um olhar arrependido em minha direção.

— Desculpe. Não falar com vocês antes — Ele murmurou. — Eu só queria ajudar a Hinata.

— Eu sei. Você é bom, Naruto — afirmei colocando a mão em seu ombro. — Mas precisa acabar com isso. Agora.

— Eu não posso... O pai dela está espancando ela, Sakura. Ela vai ser mandada para o mesmo treinamento que vocês e... Eu não quero isso para ela. Hinata não merece.

As palavras de Naruto soaram mais catastróficas para mim do que antes.

— Oh! Você acha que Hinata não merece? Mas Kaya e eu merecemos?

— Não foi isso que eu quis dizer...

— Mas disse! — gritei, sem me importar se a Hyuuga já estivesse ouvindo. — Ou você manda Hinata embora agora, ou eu conto tudo ao sr.Hyuuga!

Minha ameaça era completamente infrutífera. Eu jamais iria atrás do pai de Hinata e prejudicaria Naruto e a garota. Apenas fiquei irritada demais com o modo como ele pareceu se preocupar mais com os problemas de fora do que com os de dentro. Não estava consciente de que mal tínhamos nos instalado?

— Você não teria coragem — Naruto semicerrou os olhos de maneira astuta.

— Então faça do jeito que você quiser — ameacei dando as costas para ele.

Passei a mão no rosto antes de seguir de volta para a cozinha. Hinata se encontrava sentada à mesa com o rosto baixo, e Sasuke estava sentado na poltrona da sala lendo o jornal e não disse uma palavra quando me acomodei no sofá à sua frente.

Naruto se aproximou de Hinata, completamente saudoso e alegre. No final do corredor, vi Kaya me fitar com uma expressão completamente vazia.
 

 

♠ ♠ ♠
 

 

 

Por volta da uma da tarde, Kaya e eu estávamos nas ruas de Konoha, a passos rápidos em direção à Boutique da Yoko.

Bati três vezes à porta de mármore e aguardei. Um instante depois, Fumiko atendeu. Trajava um kimono e tinha um leque preso à mão direita.

— Estava me perguntando onde vocês estavam. Não vieram para a aula da manhã.

— Tivemos um imprevisto — falei colocando as sandálias ao lado da porta. Kaya retirou as dela e fez o mesmo. — Sua mãe está?

Gemidos podiam ser ouvidos logo na entrada seguidos de urros. A aula mais terrível estava acontecendo. Homens faziam fila na frente das camas nos quartos vermelhos, supostamente sendo “voluntários” quando na verdade estavam provando as garotas como se elas fossem algum tipo de alimento insubstituível.

Reconheci os longos cabelos loiros enquanto caminhava pelo corredor. A garota estava no colo de um homem qualquer, forçando gemidos que nem ao menos pareciam reais. Um tapa atingiu sua face. Cobri a boca com uma das mãos.

— Mais forte vagabunda! — o homem grunhiu e Ino balançou o corpo com mais intensidade.

— Dê mais um tapa na minha garota que eu arranco sua mão, Haguy! — a voz de Yoko ecoou pelo quarto com intensidade. — Yamanaka, saia de cima dele. Está livre por hoje.

— Mas eu ainda não liberei o que queria! — o homem fechou a cara enquanto Ino deixava a cama e vestia-se. Seus olhos encontraram os meus e pude perceber a vermelhidão em sua bochecha e o sangue começando a despontar do lábio cortado.

Ela vestiu-se rapidamente e passou por mim como um raio.

— Vá liberar sozinho então! Saia daqui! — gritou Yoko vindo até a porta e seus olhos semicerraram-se quando atingiram Kaya e eu. — As duas. Comigo. Agora.

Entreolhamo-nos antes de seguir Yoko, enquanto Fumiko conduzia o tenebroso homem para fora da Boutique.

Chegamos ao escritório dela, que aguardou pacientemente até que estivéssemos acomodadas nas poltronas para dizer:

— Vocês não estão seguras! — cruzou os braços e apoiou o corpo em sua escrivaninha.

— Eu sei... Eu avisei Naruto para não levar Hinata para lá! — desembuchei sem pensar. Yoko franziu o cenho para mim, uma mistura de emoções atingindo seu rosto. — Merda — sussurrei.

— O quê? Hinata Hyuuga está na casa de vocês?

— Meu irmão estava tentando ajudá-la — Kaya tentou ajudar, suspirando. — Eu tive uma visão. A primeira visão!

Yoko prendeu seus olhos na Uzumaki, repentinamente interessada. Agradeci aos céus por isso.

— Sabe que o primeiro sinal evidente de magia em uma bruxa é quando o poder de sua ceita se manifesta de verdade? — indagou, os olhos brilhando para Kaya. — O que você viu?

— Sangue. Uma forca e uma fogueira. Sakura e eu estávamos sendo mortas por sermos bruxas.

Arregalei os olhos para ela. Okay. Não poderia ter existido algo mais divertido? Como a perspectiva de uma vida alegre e feliz?

— Entendo — Yoko retornou ao ponto de preocupação. — Hinata está na casa de vocês. Os Hyuuga emitiram um alerta ao Hokage de busca. Essa noite vai acontecer uma varredura em todas as casas da vila. Se encontrarem Hinata debaixo do teto de vocês, uma forca e uma fogueira serão o menor de seus problemas.

— Por que disse que não estávamos seguras? — questionei com perspicácia, franzindo a testa. — Você não sabia sobre Hinata...

— O poder de vocês está se tornando mais forte. Está se instalando verdadeiramente. Kaya teve a primeira visão de morte de muitas que virão instaurando-a na Ceita dos Corvos. Você ainda é uma incógnita de qual poder vai se instalar primeiro. Meu marido está avaliando todas as garotas de Konoha por algum motivo que não quis me dizer. E ele notou que vocês duas ainda não sangraram.

Levantei-me da cadeira bruscamente.

— Você disse que estávamos seguras! Garantiu!

— Eu acreditei que estivessem! Danzou não olha relatórios tão minuciosamente assim. Ele não liga para as garotas — sua voz exalava uma irritação repentina. — Apenas quer que todas estejam em seu devido lugar!

— E agora? Ele vai nos matar por que somos inválidas!

— Não! Nunca! — exclamou Yoko bruscamente, diluindo meu nervosismo. Ela levou a mão à ponte do nariz, pensativa. — Tirar o útero de vocês duas garante que não reproduzam filhos que serão jogados às ruas como está acontecendo. Quando estiverem prontas para seus maridos de verdade, podemos realizar um feitiço e vocês serão mães... — Seus olhos atingiram os nossos e uma tristeza avassaladora os permeou. — Meu plano era mantê-las puras até sua vontade. Livrá-las deste tormento. Mesmo que Kaya já tenha conhecido da maldade dos homens — Ela acariciou o rosto da Uzumaki. — Mas não tem outra escolha... Daqui um mês vocês terão o mesmo treinamento das outras garotas.

O choque me atingiu pela segunda vez hoje, mais forte, mais intenso. Um frio avassalador consumiu minhas entranhas. Não. Não!

— Eu sinto muito... — Yoko deu a volta em sua escrivaninha, respirando fundo. — Vou salvar a pele de vocês quanto à Hinata Hyuuga. Não se preocupem.
 

 

♠ ♠ ♠


 

Senti falta dos sais durante o restante da tarde.

Tivemos uma aula sobre culinária avançada e o modo como servir os homens condiz com nosso sentimento. Demorei a compreender que uma mulher sempre deve sorrir enquanto acaricia seu marido e volta ao seu lugar à mesa como uma verdadeira submissa.

Talvez seja mais difícil do que pensei lidar com os homens, principalmente quando se é obrigada a ser gentil o tempo todo. Pelo menos duas ou três vezes recebi um olhar de advertência de Yoko ao gritar com o voluntário por apertar minha bunda sempre que estava perto. Que ridículo!

Kaya surpreendentemente teve o desempenho mais avançado da turma naquela tarde. Venceu até mesmo Tenten, a garota mais empenhada do grupo, que pareceu não gostar nem um pouco daquilo.

Em seguida, tive uma aula teórica sobre posições sexuais que foi terrivelmente nojenta. Como uma mulher consegue sentir prazer estando em uma posição tão inferior ao homem? É nojento!

E por último conheci a arte da dança. A desenvoltura das mulheres e como devem ser delicadas ao atrair os homens. Minha desenvoltura significou trombar com todas as meninas do grupo e quase quebrar meu pé.

— Vão dormir cedo — instruiu Yoko ao final da tarde. — Amanhã muitas de vocês vão acompanhar seu time em missões. Devem estar prontas para servirem-nos. Coloquem em prática a culinária e a desenvoltura na batalha. Boa sorte.

— Você acha que temos chance de recebermos nossa primeira missão amanhã? — Kaya questionou com uma expressão sonhadora.

— Espero que sim — falei após um suspiro. — O que acha que vai acontecer com Hinata? Acha que Yoko vai fazer...

Minha fala foi interrompida assim que avistei nossa casa, e foi possível reconhecer um grupo de ninjas prostrado à frente enquanto os gritos da figura podiam ser ouvidos por toda a rua.

— NÃO! POR FAVOR! NÃO! — Hinata Hyuuga berrava com lágrimas banhando sua face.

Naruto foi contido por Sasuke antes de avançar contra os homens, completamente transtornado. Vi Hinata me encarar completamente perdida... Eu me vi naqueles olhos. Os olhos de dentro do Manicômio Hachiro que eu levei por anos até chegar aqui.

Olhos de quem buscava acolhimento. Olhos de quem buscava paz. Olho que não conseguia nenhum dos dois.

Uma lágrima rolou por minha bochecha logo que o sr.Hyuuga pegou Hinata pelo cotovelo e a jogou na lama. Alguns homens riram, e aquilo cortou completamente meu coração.

O que aconteceu a seguir foi um ato animalesco: os homens que antes fizeram fila na Boutique de Yoko para saborear as meninas, arrancavam as roupas de Hinata enquanto a mesma gritava por piedade. O pai acompanhou a cena com os olhos frios e a boca rígida.

— Papai... Não... Por favor! — soluçava Hinata em meio à multidão de homens.

— Comam ela de todas as formas possíveis e impossíveis. Depois levem-na de volta para minha casa — ordenou o sr.Hyuuga, e os homens obedeceram com prudência. Ele lançou um olhar frio à Kaya e eu, e pude sentir a maldade impregnada nele.

Sasuke arrastou Naruto para dentro de casa, e mais pessoas se aproximavam para ver a cena que se desenrolava na sarjeta. Os gritos de Hinata haviam cessado depois de dois ou três murros em sua face delicada: homens se revezavam enquanto a penetravam furiosamente, inclusive aquele que ferira Ino na Boutique Yoko mais cedo naquele dia.

Corri para casa arrastando uma Kaya soluçante.

— Temos que fazer alguma coisa! — exclamou Kaya enquanto eu a puxava pelos degraus até a porta de entrada da casa.

O que eu fiz? O que eu fiz?

— EU TENHO QUE IR AJUDÁ-LA! EU TENHO QUE IR! — berrava Naruto a plenos pulmões na cozinha, e pude ver o momento que Sasuke o desacordou com um golpe bem articulado em sua nuca.

Naruto caiu no chão. Kaya correu para ajudá-lo, soluçando continuamente. A tontura me atingiu, e a náusea veio em seguida.

— Droga... — Sasuke me impediu de cair.

— Eu tenho que vomitar — choraminguei.

Sasuke praticamente me arrastou para o banheiro, onde me debrucei diante do vaso sanitário e soltei todo meu café da manhã e almoço em uma mistura que me deu mais náusea.

Em seguida comecei a chorar. Lágrimas tão contínuas que me faziam sufocar.

— Eu não... Eu não pensei... Eu não...

— Você fez o que era certo — Sasuke afirmou de braços cruzados diante da porta do banheiro. — Fez o que tinha que ser feito.

O encarei com os olhos semicerrados, uma mistura de emoções cada vez pior dentro de mim.

— COMO CONSEGUE SER TÃO FRIO, DROGA? SAI DAQUI!

Sasuke continuou me fitando enquanto eu me destruía aos poucos naquele piso frio. Ainda podia ver o rosto de Hinata em meio àqueles animais. Droga! Por que? Por que o mundo tinha de ser tão injusto? Por que as pessoas tinham de ser tão... Tão...

Entendi naquele momento que não havia ascensão às mulheres ou uma chance às bruxas. Nós éramos lixo. Se Hinata Hyuuga pode ser tratada daquela maneira, o que aconteceria com nós?

— Uma hora iriam encontrá-la. E quando a encontrassem, aconteceria o mesmo com Kaya e você — Ele desviou o olhar. — Naruto foi o culpado disso.

Ele desapareceu no corredor, deixando-me completamente só. Naruto nunca iria me perdoar. Nunca.

A noite caiu densa e vi pela janela do quarto o momento que Hinata foi arrastada pela rua por dois homens. Estava nua e suja, cheia de hematomas, com sua face sendo irreconhecível. Passava da uma da manhã.

Não consegui dormir. Quando o relógio bateu três da madrugada, minhas mãos se apertaram e uma onda de medo preencheu meu íntimo. Eu não suportaria o ódio de Naruto. Além de que ele poderia cometer uma loucura em nome de Hinata. Não. Não. Eu tinha que desfazer aquilo.

Levantei-me da cama, e caminhei até o corredor. Parei diante da porta do quarto de Naruto. Hesitei antes de abri-la lentamente.

O Uzumaki estava deitado, estremecendo provavelmente com os pesadelos que tinha com a Hyuuga. Algo em meu interior ordenou que eu estendesse as mãos, quase que por instinto.

Fechei os olhos. Meus lábios se partiram e quase como uma canção proferi o feitiço:

— Predi tova se sluchi, zapovyadam na zloto, za da otmenite. Tova krŭv ne napŭn i unizhenie ne mine. Zapovyadaĭ na slŭntse se vrŭshta, chasovete padnat obratno . Tova iztrie spomenite. (Antes que aconteça, ordeno que o mal se desfaça. Que o sangue não jorre e que a humilhação não se passe. Ordeno que o sol retorne, que as horas retrocedam. Que as lembranças enfim se apaguem). 

Abri os olhos. Ofeguei ao ver o calendário preso no alto da cama de Naruto. O dia 25 não tinha sido circulado, mantendo o contorno ao redor do número 24.

Naruto por si só já era uma mudança evidente. O sono cheio de espasmos deu lugar aos seus típicos roncos.  Fui até a janela. A poça de lama não existia na rua. Ou seja... Hinata não tinha sido lançada ali.

Nada tinha acontecido. 

Eu havia conseguido voltar no tempo e evitar o pior.   


Notas Finais




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