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História E se? - Melissa


Escrita por: becausemalfoy

Notas do Autor


Uma seguidora do meu tumblr me veio com o seguinte questionamento: "você escreveu/escreve alguma fanfic Eric e Melissa?", o que me fez pensar: "por que não?". Eric e Melissa são personagens de minha autoria que surgiram aproximadamente em 2012. Resolvi enfim contar a história dos dois. Espero de verdade que vocês gostem, é muito importante pra mim.

Capítulo 1 - Melissa


Eu me lembro de ter te visto chegar. Me lembro da primeira impressão que você causou. Me lembro da sua camisa xadrez, vermelha e preta. Do seu jeans desbotado e do seu all star. Me lembro de ter gostado dos seus olhos azuis – não um azul comum, um azul cinzento. Você estava em meio a um monte de garotos e todos pareciam conhecer você. Também me lembro de ter te encarado por um longo tempo sem que você notasse. Sem que nenhum dos garotos notasse – pelo menos foi o que achei. Mas bom, você notou.

Aí você sorriu. “Esse cara só pode estar ficando maluco”, pensei. As pessoas não sorriem para mim. Mas você não era qualquer pessoa. E eu devia ter percebido. Você continuou me observando, me analisando, talvez. Com certeza não estava acostumado a não ter as garotas sorrindo de volta para você. E aposto que isso te intrigou. Me pergunto até hoje se foi por esse motivo que você fez a burrice de caminhar até onde eu estava e se sentar. Sem ser convidado.

Apertei o exemplar de “O nevoeiro” do Stephen King com toda a força que consegui reunir. Seus amigos (presumi que fossem) te encararam, mas não deram muita importância, como se fosse totalmente normal você abordar desconhecidas na biblioteca. Totalmente normal. Você observou o livro, arqueou as sobrancelhas e soltou:

– Você não tem cara de quem lê Stephen King.

Foram as suas primeiras palavras. Foi a primeira vez em que ouvi a sua voz. E nossa, que voz! Revirei os olhos. Foi a única coisa que consegui fazer.

– Tenho cara de quem lê o quê, então? – arrisquei.

– Promete que não vai se ofender se eu disser?

– Prometo.

– Tudo bem. Você... hm... você tem cara de quem lê aquelas revistas de moda, sabe? Tipo Vogue, essas coisas.

Minha primeira reação foi soltar uma gargalhada. Escandalosa. Demorada. A bibliotecária me olhou com cara feia, eu tentei me desculpar. Você me olhou, confuso e eu só conseguia imaginar COMO você poderia saber o nome de uma revista de moda. Tentei me recuperar do ataque de risos, respirei, te olhei, voltei a rir, respirei mais uma vez.

– Qual é a graça?

– Você foi a primeira pessoa na face da terra que se atreveu a me dizer isso.

– Mas foi o que pensei.

– Não sou fã de revistas de moda.

– Mas é fã de moda?

– Não.

– Do que você gosta?

– Quem diabos é você?

– Isso faz diferença?

– Talvez.

– Quem você acha que eu sou?

– Pelos meus cálculos, você pode ser um psicopata.

– Mas não sou.

– E como eu poderia ter certeza?

– Você é completamente maluca, sabia?

– Sim. Isso não é um segredo.

Você riu. Um riso baixo, doce.

– Tudo bem, você venceu. Podemos começar de novo?

– Nós tínhamos começado algo?

Risos novamente.

– Bom, meu nome é Eric.

– Interessante.

– Não vai me dizer o seu?

– Não.

– Por que não?

– Você ainda pode ser um psicopata, sabe? Prefiro não arriscar.

Você arqueou as sobrancelhas, como se já não tivesse arqueado antes, o que mais tarde, confirmei ser um hábito. Você ficava lindo quando fazia isso. Você encarou o meu livro e antes que eu percebesse, ele tinha passado das minhas mãos para as suas. Você o abriu, procurando por alguma coisa na capa. Droga.

– Ei! Isso é meu!

– Calma, não vou roubar.

– Devolve.

– Sem problemas, Mel.

Você era mais esperto do que eu pensava.

– Só meus amigos me chamam assim.

– Eu posso ser seu amigo.

– Ah, claro, um desconhecido que se senta ao meu lado na biblioteca, sem ser convidado e que pode muito bem tentar me matar.

Mas que raios você fazia na biblioteca?

– Não vou tentar te matar. Você é teimosa.

– Isso também não é novidade.

– É novidade pra mim. Então, do que você gosta?

– Definitivamente de você não.

– Todo mundo gosta de mim.

– Eu não sou “todo mundo”.

– Só me responde e eu prometo que te deixo em paz.

– Responder o quê?

– Do que você gosta.

– Livros.

– Isso é meio óbvio. A gente tá numa biblioteca, dãaa.

– Por que você está em uma biblioteca?

– Eu fiz uma pergunta primeiro.

Suspirei.

– Gosto de observar as nuvens no céu, gosto de suco de tamarindo, gosto de bala de café. Tá bom assim?

– Já é um começo.

– E claramente um fim. Eu tenho que ir.

– Espera.

– Esperar o quê?

– Gostei de você.

– Odiei você.

– Isso não é verdade.

– Você não faz ideia do quanto isso é verdade.

Era mentira, óbvio. Me levantei, sem te olhar. Ajeitei o livro entre os braços e assim que comecei a andar, senti sua mão no meu pulso. Antes mesmo que eu pudesse dizer algo, você sorriu e sussurrou:

– É o que veremos.

Seus amigos nos olharam como se nunca tivessem visto uma garota não cair na sua antes. Isso me fez querer rir. E ao mesmo tempo, me fez querer chorar.

Provavelmente eu cairia na sua.

Eu caí.

O que, provavelmente, me traria uma confusão imensa.

E trouxe.



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