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História E se for amor? - Diga algo


Escrita por: farosellaramone

Notas do Autor


Demorei, mas aqui está:

Capítulo 15 - Diga algo


     Foi anunciado que tudo estava pronto para a gravação e todo mundo deveria estar imediatamente em suas posições. A aglomeração a frente de Carosella teve seu clímax e logo cessou. Ela, tímida como sempre, saiu de seu camarim e caminhou em direção ao grande palco sem manter muito contato visual com ninguém. Pato ao avistá-la gesticulou com as mão para que ela juntasse-se à ele, os outros jurados e Ana Paula em uma mini-reunião de última hora, para definir os últimos detalhes sobre como funcionaria esse episódio-teste:

- Entonces, a Aninha vai començar  hablando algunas coisas sobre el programa, después seguiremos para las externas donde ella vá entrevistar los candidatos. Vocês três fican acá, aguardando. Seron très falsos candidatos, que sí, gostam de cozinhar. y usted solamente terán que provar y dar un voto... - Pato dissera. Todas as informações do restante de sua fala pareciam completamente repetidas e inúteis para a chef, o que dificultava um pouco sua total atenção no discurso do argentino.

     Eles estavam reunidos em uma roda: Jacquin em frente ao diretor, Ana Paula ao lado do francês e Paola em frente á Henrique. Ele estava tão diferente... tinha uma ar mais maduro e conversava com todos com muita seriedade. Vestia uma blusa vermelha xadrez que deixava a mostra algumas de suas muitas tatuagens no braço. O olhar de Paola fora hipnotizado pelos desenhos e ela não conseguia esconder que olhava, imaginando todos os seus significados e tentando decifrar algumas daquelas caveiras. De vez em quando seu olhar cruzava com o dele e ele sorria. Ela sorria de volta, mas logo desviava o rosto fingindo prestar atenção nas palavras que estavam sendo ditas naquela reunião. 

     O tempo parecia ter estacionado quando Pato dissera suas últimas palavras. Paola esperou todos estarem dispersos em seus lugares para sacar o celular do bolso e mandar uma mensagem de socorro, não estou aguentando mais para Benny, que já tinha ido embora do estúdio. Foi quando sentiu novamente um toque suave no braço, seguido por uma beijo no rosto:

- Nós não nos cumprimentamos formalmente. - Ele estava de novo sussurrando, mas que mania! - Como você está, chef Paola?

- Vou bem, Fogaça. Quanto tiempo, você está diferente. Não te vejo desde... desde que pediu demissão no Julia. - Ela tentou ser cautelosa com as palavras. 

- É, pois é. As coisas mudaram um pouco. Eu virei chef, quem diria, né?

Yo, yo diria, e muito! Tu é talentoso, Henrique. Merece. 

- Obrigada, Paola, isso foi tudo graças à você. 

- Claro que não! Quem te conhece via que você tinha jeito pra ser chef. 

- E pra TV? Você acha que eu tenho jeito? - Ele disse ajeitando a blusa e fazendo sua melhor pose de galã, fazendo Paola rir.

- Eu nunca he pensado, sabia? Mas tu vai fazer o maior sucesso... principalmente entre as menininhas.

- Fernanda que se cuide, hein? - Uma terceira voz entrara na conversa. Era a maquiadora que Paola tinha conhecido a pouco. Ela foi logo entrando no meio dos dois, com uma palheta na mão, a fim de retocar a maquiagem de Fogaça. 

     Cazzo, alguém tinha que trazer o fator Fernanda pra conversa? 

     Henrique tinha se casado alguns anos depois que deixou de trabalhar com a argentina. Fernanda e ela tinham se tornado muito próximas e ela foi sim chamada para a cerimônia, mas preferiu inventar uma viajem de última hora para o Japão à estar no casamento. Ela achou melhor não ir porque sua presença traria má sorte ao casal e á ela própria, afinal, ela temia pelos seus sentimentos reprimidos e não queria eles á tona: não é muito saudável ficar remoendo coisas do passado. Ela não sentia nenhum tipo de mágoa pela esposa de Fogaça, mas o pensamento de que ela poderia estar no lugar de Fernanda se não fossem as circunstâncias... ah, isso a intrigava:

Ella no precisa se cuidar. - Ela deu um sorriso amarelo. - Fernanda é muito inteligente e não vai deixar que as pessoas deem em cima dele. - Henrique sorriu em resposta. - Bom, eu vou deixar vocês dois sozinhos e vou pro meu lugar, com licença. 

     Paola sentou-se aonde fora-lhe intrucionado, no meio dos dois rapazes. Ajeitou-se no banco e cruzou as pernas e braços, esperando Fogaça chegar e a gravação começar. As luzes foram apagadas e a única iluminação existente era a dos holofotes apontando para Ana Paula, o grande símbolo da competição e a grande porta por onde os "candidatos" entrariam. Pato gritara 'accion' e avisara no ponto que seria a vez de Ana falar: 

- Bem vindos à maior competição de culinária do mundo! Bem vindos ao Masterchef. Aqui, somente os maiores e melhores cozinheiros amadores do Brasil serão selecionados e assim poderão competir aos prêmios finais de: cento e cinquenta mil reais em dinheiro, um Fiat Fiorino com bagageiro refrigerado, a publicação do livro com as suas próprias receitas, a uma bolsa de estudos na escola Le Cordon Bleu, de Paris e, é claro, ao troféu de primeiro Masterchef Brasil. E para avaliar os nosso candidatos temos: Henrique Fogaça, Paola Carosella e Erick Jacquin. - Os holofotes agora acenderam sob eles. 

- Corta! - Pato gritara - Muito bom, Ana, agora vamos para as externas. El primer prato ya está para entrar.

     De fato, o primeiro prato não demorou a sair. O primeiro candidato era um homem de pele morena, alto e musculoso. Deixara os músculos braçais á mostra em uma regata e não portava nenhum avental ou bandana na cabeça. Paola olhou-o de cima a baixo; não era uma vestimenta legal para cozinhar: 

- Olá, Qual é o seu nome? - Ela perguntou.

- Valter. 

- Qual a tua idade, de onde você é e o que está fazendo aqui, Valter? 

- Eu tenho 31 anos, moro atualmente em São Paulo mas nasci e cresci na Bahia. Vim aqui pra ser o primeiro Masterchef, chef. É o meu sonho.

- E você veio cozinar con essa ropa? - Jacquin agora tinha a palavra. 

- É, não é uma boa roupa pra cozinhar, com esses brações de fora e sem nenhuma proteção.- Fogaça dissera.

- Não só a comida tem que impressionar, né, chef? - Ele agora olhava para Paola. Fogaça franziu o cenho e conteve-se na cadeira. 

- Você vai me impressionar com a tua comida, não com o seu look. - Paola dissera. 

- Vamo, me diz o que você vai fazer e cozinha logo. Tem cinco minutos pra terminar a presentar o prato. - Fogaça disse seco.

- Vou fazer um risoto com carpaccio de laranja. 

- No vai ter carne? - Jacquin disse com seu sotaque enrolado.

- O que? - O candidato retrucara, estava totalmente concentrado em suas panelas.

- Vai ter carne ou não, mano? - O tom de voz de Fogaça era sério, quase assustador,

- Não, não. Só o risoto e o carpaccio, mesmo. 

- Então vâmo! Cozinha, porra, tá muito lento! - O chef gritara, fazendo Paola pular de susto.

- Fogaça! Tá deixando ele nervoso! - A chef se apoiou no ombro do tatuado - Não precisa falar assim com ele. 

     O chef bufou em resposta, ficando quieto até o moreno finalizar o prato. Jacquin, seguindo as ordens do diretor, foi o primeiro a prová-lo: 

- Escuta, minino, você acha que carpaccio de laranja combina com risoto? - Ele disse enquanto fazia uma bagunça no prato.

- SIm, chef, eu gosto.

- Não é você que tem que gostar, sou eu. - Ele disse após dar sua última garfada e voltar ao seu lugar. Ao fundo, Fogaça sorria com a resposta do chef. 

     Foi então a vez de Paola. Fogaça ficou quieto, apenas observando a interação do aspirante á cozinheiro com sua ex chef e atual colega de trabalho. Seus nervos a flor da pele: 

- Oi, querido. 

- Oi. - Ele picou para ela - Fiz especialmente pra você, espero que goste. 

     Ela apenas ergueu a sobrancelha, em um olhar de surpresa ao dar sua primeira e última garfada. Voltou ao seu lugar ao mesmo tempo que Fogaça caminhava em direção a bancada. Ele pode notar que os olhos do candidato seguiam o quadril da argentina:

- Eu te vi olhando pra Paola. - Ele disse baixinho, na esperança de que a câmera não o pegasse. Fitava o candidato com os olhos enquanto comia o prato. - E não é com charminho que você vai conseguir entrar aqui não, é com rango bom. 

     Chegou a hora do veredito, Fogaça anunciou que seria o primeiro a falar e não conteve papas na língua:

- O rango tá bom. Mas, sua postura não me agradou, não sei se você tem competência pra ficar nessa competição, não. Fica ai olhando pros outros, muito lerdo... é, meu voto é não. 

- Mas... - Paola olhou-o com olhos de filhotinho e fez uma cara triste, que logo se desfez. - Eu a-m-e-i! Tava muito bom. O meu voto é sim.

- O teu prato, - Jacquin dissera - tem osadia, e eu gosto de osadia. Essa laranja eu particularmente achava que não ia combinar. E combinou. Tava bom. O meu voto é sim. - Nessa hora, um membro da produção tinha entregado um avental para Fogaça e Pato avisou que ele teria de por o avental no candidato.

- Bem vindo ao Masterchef. - Paola dissera imitando o tom de voz de Ana Paula - Pode pegar o seu avental com o Henrique. - O chef praticamente jogou o avental para o candidato.

- Não merece, mas tá ai. Veste essa porra aí e vaza.

- Você não vai colocar nele? - Paola perguntou.

- Põe você, não foi você que "amou" e deu o sim pra ele? - Ele cruzou os braços. Ela revirou os olhos e assim fez, levantou-se e vestiu o amador com o que seria o famoso avental Masterchef. Ele agradeceu e foi embora.

Com os dois outros candidatos-modelo o comportamento dos três foi o mesmo: Jacquin brincalhão mas mal humorado quando tinha que ser, Paola delicada e rígida na hora de dar a avalição e Fogaça objetivo, ríspido e emburrado. Quando Pato anunciou o último corta e disse o quanto estava satisfeito com o resultado, Fogaça já estava em seu camarim. Ele não tinha trocado nem duas palavras com Paola desde o incidente do avental e isso deixou-a preocupada, então ela decidiu procurá-lo em seu camarim, que, coincidentemente ficava na sala em frente á sua:

- Henrique, - ela bateu na porta e foi entrando, dando de cara com o tatuado sem camisa, todos os seus músculos do braço, peitoral e costas cobertos - por que você tá assim, emburrado?

- Como você queria que eu estivesse, Paola? - Ele tentava cobrir seu corpo com a blusa vermelha. Como se yo nunca o tivera visto assí, ou pior...

Um poquito más alegre? 

- Alegra por que, Paola?

- Não sei, o diretor disse que nos demos muito bem com a câmera e que a gravação foi incrível. Isso não te deixa feliz? 

- Você se deu muito bem com as câmeras, né? Arrumou até um fã. 

- É isso que tá te incomodando, Henrique? O meu fã? Você acha que eu não sei me cuidar? 

- Você não viu como ele tava te olhando.

- Como? - sua voz era desafiadora, seu sangue fervia por dentro. - Como você me olha? - Ela fez uma pequena pausa, observando a reação de choque dele. - Ou pelo menos como costumava me olhar...

- Isso foi a muito tempo.

Sí. E é por isso que você não precisa ficar bravo se metendo na mia vida. Você tá agindo como se eu tivesse te traído, no sé. Henrique, ya no tenemos nada. Yo no soy tuya. 

     As palavras doeram mais nela do que nele. Aquela era a verdade por mais que qualquer um dos dois quisesse negar, tudo estava acabado entre eles. Paola esperou uma resposta que nunca veio. Ela apenas ficou encarando o brasileiro, os sentimentos vindo a tona como se tudo tivesse acontecido ontem, passou-se um filme com a história dos dois na cabeça dela - e o final não foi feliz. Seus olhos marejaram e sua vontade era de desabar na frente dele e acabar-se de tanto chorar. Ela odiava o jeito que ele estava fazendo-a se sentir: errada mesmo estando certa ou certa mesmo estando errada, ela não tinha certeza. Só sabia que seu corpo clamava por uma resposta: Diga algo, Henrique, por favor, diga algo:

- Já está tarde. - Sua voz era baixa - Eu tenho que voltar pra casa. Você já falou o que queria, agora, por favor... - ele apontou para a saída com a cabeça - por favor, me deixe sozinho.

Paola assim fez, deixou-o sozinho. Saiu do estúdio sem falar com ninguém, foi para casa, deitou-se em sua cama, digerindo todo o seu dia e a conversa que tivera com Fogaça.

 


Notas Finais


Admitam, vocês leram o discurso da Ana Paula com a voz dela, não leram?


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