— Lauren você está bem? — Normani perguntou colocando a mão no meu ombro.
— É... acho que sim. — Falei sem nenhuma certeza. — Mani por acaso você veio com alguém?
— Não que eu saiba. — Normani deu risada. — você tem certeza que está bem? — Balancei a cabeça de forma positiva. — Cadê as compras que eu pedi pra você pegar?
— Esqueci.. Já volto. — Voltei pra pegar as compras e aproveitei pra olhar até debaixo da cama, só pra ter certeza que aquela mulher não estava mais dentro da minha casa. — Acho que eu bebi demais. — Sussurrei pra mim mesma confusa.
— Desse jeito a comida não vai ficar pronta nunca. — Normani pegou as sacolas da minha mão e voltou pra cozinha e eu fui atrás dela.
— Mani você ouviu ou viu uma mulher aqui dentro? — Normani arqueou as sobrancelhas e me olhou confusa.
— Não eu não ouvi e nem vi ninguém nenhuma mulher além de nós duas. — Fiquei pensativa e Normani percebeu. — Lolo eu sinto muito sua falta. — Falou com os olhos marejados. — Eu sei que foi horrível o que aconteceu, mas Diana não ficaria feliz de te ver assim, já está na hora de recomeçar sua vida. Não precisa falar nada, só pensa nisso tá bom? — Assenti. — Bom, agora me ajuda a preparar o almoço.
O resto da tarde seguiu de forma confortável, eu já tinha esquecido de como é bom ter a Normani por perto, nos tornamos amigas quando ela e sua família saíram de Atlanta e se mudaram pro meu bairro.
Enfim a noite chegou Normani se convidou pra dormir na minha casa e estranhou quando eu chamei o chaveiro pra trocar todas as fechaduras.
— Boa noite Mani — Falei da porta do quarto de hóspedes onde Normani iria passar a noite. — Se precisar de alguma coisa é chamar.
— Boa noite Laur. — Desejou Normani com voz de sono. — E digo o mesmo pra você, se precisar é só chamar.
Voltei pro meu quarto e fui pro banheiro, tirei o pijama preto e joguei no chão. Tomei um banho demorado, enrolei a toalha no corpo antes de sair do box, fui na pia pra escovar os dentes. Abri uma lata de cerveja e passei a mão no espelho que estava embaçado por causa da água quente do chuveiro.
— Eu já mandei você ir embora. — Dei um pulo ao ouvir a voz da invasora, vi seu reflexo no espelho, mas quando olhei pra trás ela não estava lá, decidi esquecer o assunto e fui dormir.
Acordei com o Normani fazendo barulho na cozinha.
— Que escândalo todo é esse? — Perguntei quando entrei na cozinha, Normani deu de ombros, abri a geladeira e peguei uma cerveja.
— Mani vamos até o Jack's Bar?
— Agora? — Perguntou incrédula.
— Quero conversar com você e não quero que seja aqui em casa. — Normani não perguntou mais nada. Em menos de 15 minutos chegamos no bar, sentamos em uma mesa perto da janela e pedimos uma cerveja pra garçonete com o decote propositalmente exagerado.
— E então... sobre o que você quer conversar. — Passei a mão na nuca, eu estava sem jeito pra falar isso.
— Não é nada demais é só que... Eu tenho visto uma garota. — Ela abriu um sorriso enorme e apertou minha mão.
— Mas isso é perfeito. — Era visível a felicidade estampa no seu rosto.
— Você acha isso bom? — Perguntei confusa.
— Mais é claro Laur, quem é ela?
— Eu acho que você não entendeu. — Ela franziu a testa. — Normani eu quero dizer que eu estou vendo uma pessoa que não está lá.
— Ela é comprometida? — Bufei e fiquei olhando pra ela. — Ah você tá falando que é uma alucinação?
— Duas vezes no meu apartamento.
— E quando viu essa mulher você estava bêbada?
— Você sabe que eu bebi só um pouquinho.
— Lauren não minta pra mim, você sabe que isso não ajuda. — Bufei.
— Tá legal eu estava bêbada, mas nem por isso eu deveria estar vendo uma latina controladora andando pelo meu apartamento. — A garçonete trouxe as bebidas e ficou olhando pra minha cara.
— Esqueci ela e presta atenção em mim. — Falou quando me viu olhando com cara feia pra garçonete. — Então você estava bêbada e viu uma latina controladora, andando pelo seu apartamento?
— Você tem razão eu preciso parar de beber, eu preciso.
— NÃO... — Normani gritou. — Você só precisa parar de beber trancada em casa. Olha à sua volta, existe um mundo junte-se e pare de nadar na própria mente que e uma área perigosa que vocês não deve andar sozinha. Lauren já isso já tem dois anos, chega de se esconder.
Alguns dias após a minha conversa com Normani, eu andava pela casa procurando pela latina eu estava atenta a qualquer barulho, mas ela não apareceu.
Passei o dia entre cerveja, televisão e procurar a latina eu estava exausta e só queria a minha cama. Abandonei meu amado sofá e me joguei na cama, meu corpo se sentiu aliviado por sentir a superfície macia do colchão, coloquei as mãos atrás da cabeça fechei os olhos pesados de sono.
— Você ficou doida? Tá fazendo o que? — Dei um grito e sentei na cama, olhei pro lado e vi a latina nervosa com as mãos na cintura. — Eu não queria fazer isso, mas vou chamar a polícia. — Deixei meu corpo cair na cama.
— Eu tô dormindo. — Peguei o travesseiro e coloquei no rosto. — Isso é um sonho, daqueles que você sabe que esta dormindo e tá sonhando. — Falei pra mim mesma.
— Porque você ainda esta aqui. — Esbravejou.
— É você que ainda está aqui. — Tirei o travesseiro do rosto pra falar e coloquei de novo.
— Oh céus é mais sério do que eu imaginei. — Falou com ar de preocupação.
— Vai embora você não existe. — Minha voz saiu abafado pelo trave ainda estar no meu rosto.
— Olha eu vou fazer uma série de perguntas e quero que me responda com sinceridade. — Ouvi ela respirando fundo. — O seu consumo de álcool aumentou?
— Aumentou e daí?
— Está vendo coisas e ouvindo vozes que não são reais pra você? — Tirei travesseiro do rosto pra olhar pra ela que andava de um lado pro outro com uma mão na cintura e a outra no queixo.
— Pra ser bem sincera eu estou. — Respondi com ironia.
— Então procurou recentemente a ajuda de uma melhor amiga? — Me sentei apoiando as costas na cabeceira da cama e abracei o travesseiro.
— O QUE? Como você sabe disso? Fica longe de mim.
— Você se sente paranoica como se estivesse sendo perseguida?
— Porque está fazendo tantas perguntas? — Me encolhi ainda mais.
— Vou encarar isso como um sim. — Falou compreensiva se sentando na ponta da cama. — Você tem fantasiado de modo convincente de que você alugou um apartamento que de fato pertence a outra pessoa... Pega aquele travesseiro. — Apontou pro travesseiro que estava do meu lado direito. — Vai pega. — Peguei sem desviar os olhos dela. — Tem uma manchinha vermelha atrás onde eu derrubei xarope sabor cereja. — Virei o travesseiro e apontei pra mancha. — É essa mesmo. — Falou vendo a mancha. — E esses lençóis que você está sujando são da Strong, ainda tenho a nota que está bem naquela gaveta ali. — Apontou pra primeiro gaveta do criado mudo do lado esquerdo. — Pode abrir e olhar. — Olhei pra gaveta e depois voltei o olhar pra ela. — Eu acho que você tem que aceitar que está mentalmente doendo. — Apertei os lábios e ela me olhou com pena.
— Você acha mesmo? — Perguntei confusa.
— Acho... Esse é o meu apartamento, os meus lençóis, meu criado mudo e é a minha foto. — Levantou de forma brusca como se tivesse assustado. — Cadê a minha foto?
— Qual... Qual... Qual foto? —Perguntei olhando na mesma direção que ela.
— Tinha uma foto ali. — Apontou pro outro criado mudo. — Era do meu... — Deu a volta na cama e se aproximou do móvel... Tinha uma foto bem aqui nesse criado mudo. — Falou desesperada.
— Não tinha nada aí quando eu me mudei pra cá.
— Mas ela estava bem aqui. —Gritou. — Quer saber de uma coisa, já chega dessa história, vou chamar a polícia.
— O que? Não... Não faz isso.
— Tarde mais. — Tentou pegar o telefone mas sua mão passou direto. Franzi o cenho e ela alternativa entre olhar pra mim e pra sua mão passando pelo telefone sem conseguir pegar.
— O que fez com o meu telefone? — Perguntou irritada.
— Éééé... — Balancei a cabeça de forma negativa vendo o objetivo passando no meio da sua mão.
— Porque eu não... — Tentou pegar com as duas mãos. — Não sai daí eu vou usar o da cozinha. — Meus olhos quase saltaram quando ela atravessou a parede, depois disso ela não apareceu mais nessa noite.
— Oi Chris é a Lauren Jauregui. — Estava apoiando o celular no ombro enquanto eu trancava a porta. — As pessoas que colocaram o apartamento pra alugar, você sabe o telefone delas? — Segurei o celular e desci as escadas.
— Porque algum problema? — Perguntou curiosa.
— Não é que eu sou tô querendo saber do inquilino anterior é só isso.
— Olha a mulher com quem eu tratei ela não quis falar, parece que foi alguma tragédia na família. — Parei no meio da escada de boca aberta. — E eu não perguntei detalhes porque eu não preciso de mais um drama na minha vida.
— E você acha que a moça morreu? — Ouvi um riso da corretora.
— É melhor torcer pra que isso tenha acontecido, porque é o único jeito de deixarem você foca com esse apartamento de vez. — Respirei fundo e passei a mão no rosto de no cabelo.
— Não foi bem por isso que eu liguei. — Falei inocente.
— Ah Lauren vê se cresce, o lugar tem uma vista incrível, tem lareira, as pessoas matariam a avó por muito menos nessa cidade. — Revirei os olhos ao ouvir seu risinho sarcástico e desliguei sem falar mais nada.
Andei na rua como se fosse uma criminosa tentando não ser reconhecida, andava rápido e olhando pra todos os lados, avistei meu objetivo, entrei na loja Planeta Secreto e achei alguns livros sobre como fazer uma alma seguir seu caminho depois da morte.
— Posso ajudar em alguma coisa. — Fechei o livro rapidamente quando ouvi uma voz feminina atrás de mim.
— Não... Quer dizer acredita nisso? — Levantei o livro “Guia para outra vida.”
— Não se acredita até acreditar. — Olhei pra ela com cara de “Hã” — Esse aí está ultrapassado, pegou o livro da minha mão o guardou no lugar e puxou um livro grosso da prateleira. —Eu recomendo Rose Fritz ela é incrível. — Me entregou o livro. — E aí que tipo de encontro você teve. — Perguntou curiosa.
— Encontro? — Perguntei com a mesma curiosidade.
— Ectoplasma? Etersonífero? — Correu os olhos nos livros da prateleira. — Eu tenho um ótimo livro sobre contatos se o interesse for comunicação.
— Comunicação não é problema pra ela.
—Hum então eu sei exatamente o que você precisa. — Jogou dez livros nos meus braços. — Pronto.
Voltei correndo pra casa, sentei no chão e comecei a ler em voz alta o que um dos livros dizia.
— Criatura desperte
— Criatura aparece
— Criatura sem medo. — Olhei em volta. — É... você está aqui? Porque eu acho que está. —Afirmei, continuei olhando em volta e nada. — Tá legal então vai ser do jeito difícil. — Peguei minha caneca e levantei. — Eu estou com uma caneca de café quente e úmida na minha mão, não tem descanso de copo na mesa e eu estou colocando ela nesse lindo móvel.
— Por favor não faz isso. — Ela apareceu desesperada.
— Nós precisamos conversar.
— Sobre o que?
— Por acaso já passou pela sua cabeça que pode ter algo esquisito no jeito em que você tem passado esses últimos dias?
— Esquisito? Sabe o que eu acho esquisito? É ter uma invasora na minha sala. — Falou cruzando os braços.
— Eu não sou nem invasora... Ok vamos recomeçar. — Levantei me aproximando dela. — Oi eu sou a Lauren Jauregui e você é? — Estendi minha mão e ela se afastou.
—Eu... Eu sou... — Olhou pra mesinha de centro e esboçou um sorriso. — Camila eu sou Camila — Olhei pra mesinha e franzi o cenho.
— Você não sabia disso, você teve que ler. — Falei apontando pra revista que chegou hoje à tarde.
— Eu acho que eu sei o meu nome. — Falou brava. Me aproximei e ela foi se afastando.
— Quando foi a última vez que você se lembra de ter falado com alguém que não seja eu?
— Um outro dia desses. — Respondeu insegura.
— Quando não está aqui, o que faz o resto do dia.
— Eu aposto que mais do que você. — Respondeu sarcástica.
— Não vamos perder o rumo da conversa Camz.
— Não me chama de Camz eu nem te conheço, meu nome é Camila.
— Deixa eu te perguntar, por acaso aconteceu alguma coisa dramática com você recentemente?
— Tipo o que?
— Sei lá tipo MORRER.
— O que está insinuando sua idiota?
— Ei calma Camz. — De forma automática minhas mãos tentaram segurar seus braços, mas minhas mãos passou direto pelo seu corpo.
— Tira as mãos de mim sua tarada.
— Calma eu não quero machucar você, eu só estou querendo te ajudar a encarar o fato de que vo...
— Eu não estou morta. — Gritou.
— Vamos encarar os fatos... Olha em volta deve ter alguma luz brilhante.
— Que luz?
— Vá para a luz Camila...
— Não tem luz nenhuma aqui. Eu não estou MORTA, acho que saberia se estivesse. — Paramos e olhou fiquei com o olhar fixo eu suas pernas. — O que está acontecendo comigo. — Ela Perguntou quando viu que estava parada no meio do sofá.
— VOCÊ ESTÁ MORTA. — Ela me fuzilou com o olhar e veio pra cima de mim.
— Quer parar de dizer que eu estou morta. — Tentou dar um tapa na minha cara mas sua mão passou direto.
— Acho que você errou. — Falei rindo e ela se irritou e tentou me bater mais algumas vezes. — Ri e ela pegou impulso e veio correndo, passou por mim e ouvi seus gritos quando caiu pela janela fechada. Olhei pra baixo e fechei a cortina.
— Descanse em paz Camila.
— Eu não vou à lugar nenhum. — Me virei e ela estava bem na minha frente com os braços cruzados, Revirei os olhos e saí.
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