— Eu trabalho aqui. — Falou a latina quando entramos no hospital. — A recepcionista o nome dela é Amanita, eu estou me lembrando de tudo agora. — Falou enquanto olhava pra todos os lados. — Aquele ali é o Bill, a Karen e o Jhon.
— Vem vamos perguntar sobre você. — No aproximamos da recepcionista sorridente. — Oi eu sou Lauren Jauregui e eu gostaria de saber sobre a Camila.
— Camila? Camila Cabello? — Perguntou a mulher.
— É esse é o meu nome. — Falou como se acabasse de ter descoberto.
— Isso Camila Cabello. — Respondi pra recepcionista.
— Certo... Espera só um momento, vou comunicar outra pessoa. — Saiu e a vi conversando com um médico.
— A não ela tá com aquele tom. — Falou a latina preocupada.
— Que tom? — Perguntei. — Aquele quando você vai comunicar a morte de alguém. — Explicou Camila e a recepcionista se aproximou.
— Preciso que vá ao posto de enfermagem no terceiro andar. — Assenti e pegamos o elevador até o terceiro andar do hospital.
—A não é a Fran minha mentora, não mandariam a gente pra cá se não fosse grave. — Camila falou apontando pra mulher com traços orientais que estava se aproximando.
—Senhorita Jauregui. — Estendeu a mão pra mim. — Sim sou eu... — Andou perguntando sobre Camila Cabello? — Colocou as mãos no bolso do jaleco.
— Sim eu perguntei... Você pode me dizer o que aconteceu? — Eu ja estava tão aflita quanto a latina.
— Primeiro eu preciso saber sua relação com ela. — Perguntou com um sorriso desconfiado.
— Diz que é minha namorada. — A latina falou inocente, olhei espantada pra ela e a médica percebeu meu incômodo. — Ela não vai poder dizer nada se nós não formos íntimas e ela nunca te viu.
— Éramos românticas... Uma com a outra... — Falei vendo a médica confusa franzindo o cenho.
— O que? Como assim? — Sabe namorada e namorada. — Falei como se fosse óbvio.
— Eu entendi o que você quis dizer... Mas é difícil de acreditar.
— Porque? — Eu e a latina perguntamos ao mesmo tempo.
— Porque a vida dela era esse hospital...
— Ela disse era? — Camila questionou.
— Eu nunca ouvi falar de nenhum encontro que ela tenha tido.
— É que... Era muito recente... Bem eu moro no apartamento dela.
— Lauren... — Camila chamou minha atenção.
— Quer dizer moro no mesmo prédio...
— Então não sabe do acidente? —A médica falou com uma tristeza aparente.
— Acidente? — Perguntei.
— A não... Lauren eu me lembrei... Foi horrível. — A expressão triste de Camila cortou meu coração.
— Eu estava fora... — Justifiquei pra Fran.
— Foi à três meses.
— Três meses? Eu estava em uma viagem de negócios. — Me assustei ao ver Camila se afastando. — Posso vê-la agora?
— Acho que não tem problema. — Me guiou até a porta em que Camila tinha desaparecido. Antes de abrir a porta encarei a médica com olhar pidão. — Será que eu posso entrar sozinha? — Ela apareceu pensar mas assentiu. Abri a porta e vi Camila parada em frente à um leito. — O que aconteceu? Você estava voando. — Fechei a porta e segui o olhar de Camila, me assustei com o que vi. — Minha nossa é você. — Me aproximei da cama e vi Camila em um sono profundo, pálida e com um tubo na boca. — Olha Camila é você. Não está morta, você está viva. — Analisei cada detalhe do rosto angelical que dormia, senti meu coração disparar ao sentir a morena tão perto.
— É Lauren, mas eu estou em coma e isso não é bom. — Falou sem ânimo.
— Mas é bem melhor do que estar morta... Olha pra você o seu corpo está se curando e não tem cicatrizes. Você é... Linda. — Olhamos sem graça uma pra outra.
— Isso não quer dizer nada, três meses é um coma persistente.
— Mas estamos aqui agora e podemos fazer alguma coisa. — Ela me olhou esperançosa.
— Tipo o que?
— Tipo... Sei lá você que é a médica.
— Claro eu sou a médica, hum deixa eu pensar. Talvez se... Não deixa pra lá.
— Talvez o que? Fala?
— Eu ia dizer que tenho que achar um jeito de recuperar meu corpo. — Balancei a cabeça freneticamente, eu queria que a bela mulher a minha frente de recuperasse.
— Ótimo e como fazemos isso? —Perguntei e ela fez cara de quem estava pensando.
— Deixa eu tentar isso. — Sentou na cama e deitou de costas sobre o corpo imóvel.
— É está acontecendo alguma coisa, acho que está funcionando. — Falei animada ao olhar pro monitor cardíaco e ver os batimentos aumentando.
— Sério? — Ela levantou a metade do corpo, mas sua alma ainda estava separada. —Vou tentar de novo. — Voltou a deitar.
— Isso vai se concentra bastante. — Ela levantou os braços três vezes mas não adiantou.
— Não está funcionando, eu não consigo ficar aqui dentro.— Falou se levantando e voltando a ficar em pé. — Parece que eu não estou mais conectada a esse corpo.
— Se vira eu quero tentar uma coisa.
— O que?
— Anda se vira. — Ela virou de costas, olhei pra ter certeza de que ela não estava vendo nada. Peguei sua mão e fiquei fazendo carinho com o polegar, aquele toque me tirou um sorriso involuntário. Olhei pra ela que ainda estava de costas e a vi olhando pra mão. — Sentiu isso? — Ela se virou me olhando com um sorriso enorme no rosto, mesmo contra minha vontade soltei a mão dela e me aproximei.
— Senti a sua mão Lauren.
— Viu ainda está conectada ao seu corpo.
— O monitor não concorda. — Apontou pro monitor que estava atrás de mim.
— Máquinas não sabem de nada. — Revirei os olhos.
— Mas a minha experiência diz que sim.
— Então como estamos tendo essa conversa?
— Eu não sei... — Sua fala foi interrompida pelo barulho da porta sendo aberta.
— Senhorita Jauregui eu sinto muito, mas eu tenho um compromisso e não posso deixá-la aqui sozinha. — Falou Fran da porta.
— Eu posso ficar sozinha só mais alguns minutos? Só quero me despedir.
— É claro. — Me lançou um sorriso e saiu fechando a porta.
— Minha irmã deve ter feito isso. — Falou Camila vendo alguns desenhos que estava em uma prateleira perto da janela. — Me aproximei e peguei uma foto em que ela estava do lado de uma loira. — É a foto que estava no criado mudo.
— Você está linda. — Ficamos nos olhando por alguns segundos e ela desviou o olhar pra trás para ver seu corpo em cima da cama.
— Olha pra mim agora... Esses níveis não estão mudando Lauren, pelo contrário estão diminuindo. — Voltou a se aproximar da cama e apontou pro monitor cardíaco. — Me deixa sozinha. — Esse olhar triste é de cortar o coração.
— Quer que eu te espere lá embaixo na recepção?
— Não tudo bem, pode ir pra casa e obrigada por me ajudar. — Senti um aperto no peito com essas palavras, eu não quero ir embora sem ela, eu quero ela perto de mim.
— Não precisa agradecer... Tem certeza de que não quer voltar comigo? Afinal é o seu apartamento e por mim tudo bem ter você por lá. — Minhas palavras saiu mais como uma suplica.
— Desde que eu cheguei aqui não me imagino abandonando meu corpo.
— Eu entendo só não quero te deixar aqui sozinha. — Eu estava tentando disfarçar meus olhos marejados, estava me sentindo estranha.
— Eu não sei qual é o meu lugar... — Novamente a fala da latina foi interrompida pela porta abrindo.
— Senhorita Jauregui desculpa mas agora a senhorita tem que ir. — Eu e Camila ficamos nos olhando, coloquei a foto novamente no lugar em que estava, deu uma última olhada pra Camila.
— Adeus Camila. — Antes de sair completamente do quarto pude ouvi- lá quase sussurrando um " Adeus Lauren".
POV de Camila
Depois que Lauren saiu, decidi ir atrás dela eu estava sentindo meu coração pesada por ter que deixá-la ir embora. A vi parada esperando o elevador, mas meu corpo ficou imóvel quando ouvi Fran e Ally conversando e olhando pra Lauren.
— Eu odeio isso, quando ela finalmente começa a viver acontece isso. — Ally falou secando algumas lágrimas. — Até que ela é bem bonita.
— É mesmo... Teria sido péssimo se ela tivesse passado a vida sem ter tido alguém. — Falou Fran, franzi o cenho, atravessei uma parede qualquer e vi que tinha entrado em uma escritório e me deparei com Austin sentado com as pernas na mesa rodando um lápis no dedo enquanto falava ao celular.
— Ficou com meu cargo. — Falei debochada ao ver Austin ocupando meu cargo.
— Vou passar na concessionária hoje. — O telefone da mesa tocou. — Espera só um minuto. — Colocou o celular na mesa e atendeu o telefone. — Reunião? Sim... Eu posso. — Desligou e pegou o celular novamente. — Então eu estava pensando em trocar meu iPhone.
— Oi? Tem gente morrendo aqui e eu tô em coma sabia? — Esbravejei indignada e saí daquela sala e vi uma criança linda e uma loira alta correndo. — Sofia? Dinah? — Elas riam enquanto corria, sem pensar fui correndo atrás delas que entraram no meu quarto.
— Eu ganhei. — Sofia falou e segurou minha mão direita.
— Eu que deixei você ganhar. — Dinah rebateu e segurou a minha mão esquerda. — Olhei pra minhas mãos e franzi o cenho confusa.
— Como eu senti o toque dela e o de vocês não?
— Acho que eu fui muito clara quando eu falei que não era pra ninguém correr e nem gritar aqui dentro. — Falou minha mãe entrando na sala e colocando um vaso de flores brancas em cima da bancada.
— MAMA mama pode me sentir. — Ela passou por mim ficou olhando Dinah e Sofia fazendo carinho em meu cabelo. — Acho que não.
— Senhora Cabello. — Austin entrou na sala e estendeu a mão pra minha mãe que a apertou. — Podemos conversar? — Minha mãe assentiu e foram até o corredor.
— O que você quer com a minha mãe? — Perguntei irritada.
— Primeiro quero que saiba que eu sinto muita falta da Camila. — Cruzei os braços e revirei os olhos.
—Ele está é comemorando por ter ficado no meu lugar.
— Bom, quando viemos trabalhar aqui assinamos termos de libertação. Sabia a opinião da sua filha sobre prolongar a vida artificialmente? — Minha mãe olhou confusa e negou com a cabeça. — Ela era contra. — Minha mãe arregalou os olhos.
— Mas isso foi antes, eu sou totalmente a favor agora. — Falei já entrando em desespero.
— Na verdade muitos médicos tem a mesma opinião que Camila.
— Essa não é mais a minha opinião, cala a boca Austin. Mama por favor você tem que me sentir eu sou sua filha.
— Mas ainda há alguma atividade cerebral né? Muitas pessoas já acordaram desse coma antes. — Minha mãe falou entre lágrimas.
— Sim muitas vezes. — Incentivei minha mãe.
— Não... Não que eu saiba. — Falou Austin e eu o olhei furiosa.
— É claro que sabe seu idiota.
— Por causa da situação delicada decidimos não falar sobre isso antes, mas Camila já assinou esse termo e eu vou deixar com a senhora esse termo aqui. — Estendeu os papéis pra minha mãe.
— Mama por favor não assina isso eu tô aqui...
— Se a senhora decidir assinar é só me procurar, é mais fácil se despedir agora do que prolongar o sofrimento da paciente.
— Eu vou pensar... — Minha mãe falou ainda chorando.
— Só não se esqueça de que ela assinou o termo de não prolongar a vida artificial, peço que a senhora pense no melhor pra sua filha e autorize a equipe desligar os aparelhos. — Minha mãe apertou os dentes e voltou pro quarto deixando Austin falando sozinho.
— Por favor mama não assina...
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