Na escola, eu fui chamado na hora do almoço por duas garotas. Uma delas, de cabelos curtos e franja em cima do olhos, me entregou uma carta.
- P-por favor... - Ela disse tremendo, enquanto a amiga passava a mão em seus ombros a encorajado - Você poderia entregar para o Draco?
Com as mãos nos bolsos da calça eu a encarei. Ela era muito mais baixa que eu e eu pude perceber que tinha olhos grandes, mesmo olhando para baixo. Suspirei.
- Claro. - Murmurei, e a vi olhando para mim com esperança no olhos.
Peguei o pedaço de papel e enfiei no bolso, onde estava com a mão e saí andando como se nada tivesse acontecido.
- Ei! - Escutei uma voz feminina atrás de mim e me virei, para descobrir que era a amiga da garota baixinha. - Obrigada! - Ela disse, me fazendo um sinal de positivo com a mão e me dando um sorriso confiante. Eu voltei a andar.
Encontrei Draco na saída da escola, com Pansy Parkinson. Eu não gostava daquela garota.
- Harry... Que bom te ver. - Ela me lançou um sorriso amarelado. - Bom, Draquinho, eu já vou indo. Me avise se precisar de algo. - Ela o olhou profundamente e saiu andando.
Draco me encarou por alguns instantes e, enfim, perguntou:
- Onde você quer almoçar hoje?
- A cafeteria de sempre e depois podemos ir para onde você quiser.
Era assim, eu passava na cafeteria, comprava um cappuccino grande e deixava Draco me levar para o restaurante que ele quisesse. Eu não costumava comer então eu só o via comendo saladas e seguia para sua casa. Minha rotina diária.
Enquanto bebericava meu café e via Draco comer silenciosamente, comecei a ponderar se devia entregar a carta ou não. Eu não ligava para o que a garota pensava sobre Draco, era só outra declaração boba de amor.
É claro que já tinha acontecido antes. Eu não conseguia contar a quantidade de vezes que as garotas faziam isso comigo, desde o oitavo ano. Era pra isso que eu servia, entregar cartas ao Draco, para algumas pessoas até era "Draco e a coruja". Mas eu não me importava. Ele nunca havia recebido alguma.
Na verdade, apenas uma. Não era a primeira, mas eu queria testar a sua reação. Ele leu ela para mim e disse.
"- Eu não acho que ela esteja sendo verdadeira. Ela realmente não sabe o que é amar."
Desde então eu nunca entreguei nenhuma outra para ele e tinha certeza que ele sabia disso. Haviam algumas garotas corajosas que entregavam coisas pessoalmente, como pequenos presentinhos. Ele me dava e dizia "faça o que quiser com isso" ou, se fosse algo comestível, ele sempre dividia comigo. Eu já não me importava mais.
Na saída do restaurante, eu peguei a folha de papel rosa do meu bolso e a depositei no lixo.
Fomos para a casa de Draco e ele simplesmente chegou, abriu a mochila, colocou os livros na mesa e começou a estudar.
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Algumas horas depois, Draco se levantou da cadeira e se espreguiçou, mostrando seu corpo esguio e magro. O quarto dele estava frio por causa do ar condicionado e a sua pele se tornava mais branca por causa do ar gelado. Não sei por quê, talvez fosse só impressão minha.
Tirei Átila de cima do meu abdômen e levantei cama.
Eu sabia que Narcisa não estava em casa e nem Lucius, mesmo sendo um sábado.
- Quer comer algo? - Draco perguntou.
- Claro. - Eu disse dando de ombros.
Descemos a escada até a sua cozinha. Draco também tinha um Doberman, carinhosamente e ironicamente chamado "Fofo". Ele normalmente ficava preso no quintal, fora de casa.
- Harry, tem uma festa hoje a noite. É aniversário da Megan, ela vai fazer dezoito. Me acompanha?
- Megan?
- Ela era do terceiro ano passado, não sei se você se lembra dela. Era loira e sempre andava de batom vermelho pela escola.
- Acho que me lembro.
Era mentira, eu não lembrava.
- Que bom, você vem?
- Tudo bem. - Pisquei algumas vezes para ele.
- O que foi? - Ele deu risada.
- Não é nada. - Ri também e a gente ficou se encarando por alguns instantes até ele quebrar o contato, me obrigando a olhar para baixo.
- Quer café? - Ele murmurou.
- Sim. - Respondi.
Nós tomamos a xícara de café em silêncio e depois eu fui para minha casa tomar banho e me trocar para a tal festa de aniversário da Megan. Por algum motivo, eu não conseguia me lembrar de quem ela era. De qualquer maneira, coloquei um suéter vermelho vinho e uma calça preta. Eu amava a cor vinho, por algum motivo que eu não sabia dizer.
Olhei no espelho e arrumei meu cabelo com a mão e um pouco de água, bagunçando ele.
Fui para a casa de Draco. Ele usava uma camiseta verde da cor de seus olhos com alguns detalhes em branco e uma calça jeans escura.
- Vamos?
- Uhum - Murmurei.
Ele chamou um táxi e seguimos para o lugar.
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