História Eclipse - Capitulo Dez

 

Eclipse

 

Muitas garotas já passaram pela minha vida, mas nenhuma era igual a Sakura, nenhuma fazia meu coração bater mais rápido ou invadia meus pensamentos me deixando atordoado. 

Eu entendo agora que eu só não havia encontrado a garota certa, por isso agora eu quero fazer isso direito.

— Namora comigo? — a apertei contra mim não a querendo soltar nunca mais.

Quando ela estava perto tudo parecia estar bem.

— Está tentando me prender a você? 

— Garota esperta. 

Sakura sorriu entrelaçando nossos dedos me deixando explorar sua boca e o fiz po horas sem ter noção do tempo a nossa volta.

Sabe quando você sente que tudo irá ficar bem e que nada no mundo vai poder tirar sua felicidade? eu me sentia assim agora. Sakura me dava forças para lutar por ela, e me fazia ter a certeza que valia apena sentir aquele sentimento avassalador. 

Valia a pena lutar pelo nosso amor. 

Então por que parecia que eu estava lutando sozinho?

Talvez porque depois da nossa tarde juntos Sakura simplesmente desapareceu, ela não foi para a escola no dia seguinte, nem no outro, muito menos no outro. Fui até a casa dela mas tudo que encontrei foram portas fechadas e uma casa abandonada.

Não me desesperei no inicio pois era idiota o bastante para ainda ter esperanças, continuei a esperando aparecer nos dias seguintes até que Hinata resolveu abrir o jogo e contar o que lá no fundo eu já sabia, mas não queria acreditar.

Eu me recusava a acreditar.

— Ela se foi, eu sinto muito. 

Ela foi embora, Sakura me deixou sem nem ao menos se despedir. Ela era covarde o bastante para não conseguir olhar em minha cara ao menos para dizer adeus. Depois de tudo que passamos ela simplesmente fugiu de mim. 

Se eu chorei? não, eu não consegui. Meu ódio impedia qualquer sentimento de fraqueza me atingir.

Eu queria socar alguma coisa, eu queria vê-la ao menos mais uma vez para gritar com ela, queria colocar toda minha raiva para fora.

— Sasuke. — Mikoto me chamou pela quarta vez naquela tarde.

— Me deixa sozinho.

— Filho você não pode ficar nesse quarto para sempre.

Por que ela insista? por que não me deixa em paz?

— Eu quero ficar sozinho, será que você ainda não entendeu? — elevei o tom de voz lhe lançando meu pior olhar irritado.

Mas ela não se abalou e entrou no quarto fechando a porta.

— Eu entendo a sua dor, mas você precisa entender que ela não poderia ficar com você filho, não fique com raiva dela pois Sakura fez o que achou certo. — se aproximou com a feição séria.

Não respondi, tudo que eu queria agora era esquecer que um dia eu conheci Sakura Haruno. Mas por ora eu só conseguia sentir o vazio que ela deixou dentro de mim.

Era torturante.

— Quando eu larguei tudo para ficar com você e seu pai o conselho veio atrás de mim e me baniram do nosso mundo, tiraram a maior parte dos meus poderes e hoje eu não consigo fazer mais que feitiços simples, estou levando a marca de uma traidora e não sou mais imortal. — Mikoto murmurou se sentando ao meu lado.

Desviei o olhar da chuva que caia do lado de fora e a olhei de esguelha.

— Por que esta me contando isso?

— Faz parte da sua história, achei que quisesse saber.

— Eles te machucaram? — tentei não parecer muito desinteressado.

Ela soltou um suspiro assentindo lentamente.

— Era eu ou você e seu pai. Por isso eu mandei Fugaku ir embora com você, não era seguro você ficar comigo, nunca foi.

Apertei os punhos com forças me sentindo um inútil.

— Então todos esses anos...eu achei que você tinha nos abandonado.

— Eu nunca quis ficar longe de você meu filho, eu te amo. — sorriu fraco com os olhos negros brilhando.

A abracei forte tentando tirar aquele vazio de dentro de mim, quem eu queria enganar? Eu amava minha mãe e sempre senti falta dela. Só nunca entendi por que ela nos deixou, mas agora estava tudo explicado. 

Não foi proposital, minha mãe não me abandonou por que quis, ela só não tinha opções.

— Senti sua falta. — confessei depois de um tempo silencioso.

— Eu também senti meu amor. — respondeu passando as mãos pelos meus cabelos.

Aproveitei aquele momento que tanto senti falta, eu ainda tinha vagas lembranças dos seus abraços quando era muito pequeno.

— Você e meu pai têm alguma chance de voltarem? 

— Esse é um assunto delicado, não vamos pensar nisso agora. 

— Você ainda gosta dele?

— Foi Fugaku que lhe mandou perguntar isso? — perguntou erguendo uma sobrancelha.

— Não, mas ele também sente sua falta. — respondi dando de ombros.

Meu pai nunca mais ficou com outra mulher depois de minha mãe, ele tentava parecer forte mas eu sempre o pegava vendo uma foto dela.

— Quem sabe em tempos melhores nós não podemos voltar a ser uma família? — ela sorriu pensativa.

— Hn.

— O que acha de tomarmos um chocolate quente agora? — ela se levantou me olhando animada.

— Não gosto de doces.

— Eu sei por isso vou fazer o seu bem amargo. — caminhou até a porta com uma animação incomum.

— Mãe. — a chamei fazendo-a a parar.

— Sim?

— Valeu. — tentei lhe dar um sorriso.

Ela me lançou um olhar carinhoso.

— Eu sempre vou estar aqui meu filho.

— Eu sei.

❆

            — Ei Sasuke. — Naruto me cutucou com o lápis.

— Hum? — murmurei sem interesse fazendo rabiscos em meu caderno.

O professor falava algo sobre buracos de minhoca.

— O que você tá fazendo?

— Nada.

— Melhora esse humor vai.

— Me deixa em paz Naruto.

— Você esta tão chato. — ele bufou finalmente me deixando quieto.

Me concentrei em terminar meus rabiscos e bufei ao ver o que aquela pocaria estava se formando. 

— Para de ser idiota Sasuke. — grunhi arrancando aquela folha a amaçando.

Sakura seria passado, ela seria lembrada apenas como a garota que destruiu a porra do meu coração.

— Hoje a noite ocorrerá o encontro dos astros. A terra estará posicionada entre o sol e a lua, a sombra do nosso planeta se projetará sobre a lua ocorrendo um eclipse lunar. — a frase de Kakashi atraiu me atenção.

O Eclipse.

— É um fenômeno muito raro e durará poucos segundos então fiquem atentos.

Todos ficaram empolgados e dispostos a ver o Eclipse, mas isso só me deixou mais irritado. estou tentando esquece-la mas parece que ninguém esta disposto a ajudar.

Hoje é o aniversário dela, nem pude dar um presente, mas ela vai ganhar algo bem maior do que um mero presente meu. Um reino inteiro para governar, espero que ela se divirta.

O sinal tocou e eu me levantei pegando minhas coisas sem humor nenhum para conversas, acho que Naruto entendeu pois saiu de fininho atrás de Hinata.

— Como vai Sasuke? — a voz de Kakashi me parou quando cheguei  a porta.

O olhei por cima do ombro o vendo organizar suas coisas. Por que estava falando comigo agora? eu nunca troquei mais que quatro palavras com esse professor.

— E isso importa? — respirei fundo pronto para sair dali mas ele parou de novo.

— Perdas são muito difíceis, mas o tempo cura tudo acredite.

Me virei o olhando desconfiado, o que ele estava insinuando? kakashi se virou para mim com uma expressão preguiçosa e sorriu fraco.

— Creio que você não vai querer assistir o Eclipse, é uma pena não teremos outro tão breve.

— O que você sabe? — perguntei dando um passo a frente.

— Sei tudo que um professor de história deveria saber.

— Esta tentando me dizer algo? porque se estiver fala logo eu não tenho tempo para segredinhos.

— Você é muito impaciente garoto, só queria dizer para assistir o Show nos céus hoje, você vai gostar acredite.  — me lançou uma piscadela e passou por mim saindo da sala.

Fiquei parado e sozinho perdido em pensamentos.

— Maluco.

Não vou assistir porcaria nenhuma.

Segui para o refeitório e me sentei em uma mesa vazia longe de todos, estava pensando seriamente em voltar para Tóquio o lugar onde nunca devia ter saído, isso aqui já deu o que tinha que dar.

— E ai Sasuke, fiquei sabendo que sua namoradinha saiu da cidade. — Karin se sentou a minha frente começando a me irritar.

— Não enche.

— Nossa não precisa se estressar eu vim aqui para dizer que sinto muito, você deveria seguir em frente. — puxei a mão que ela tentou tocar.

— Já deu seu recado, agora será que pode sair?

— Quer ficar sozinho eu entendo, mas se quiser conversar eu estou aqui. — me olhou com falsa pena e saiu.

Passei as mãos pelos cabelos olhando a comida intocada em minha bandeja. Isso estava sendo mais difícil do que eu pensei.

Não vai ser tão fácil assim esquecer aquela garota.

Será que ela ao menos esta se lembrando de mim agora?

— Sasuke. 

Ouvi a voz de Hinata e ergui o olhar a encontrando sentada no mesmo lugar onde a ruiva estava.

— Eu tenho uma coisa para você. — disse me entregando um envelope preto.

— O que é isso? 

— Sakura me pediu para entregar para você hoje. — respondeu me dando um sorriso fraco.

Apertei o papel em minhas mãos olhando sério para a morena a minha frente.

— Você é uma bruxa também?

— Oh não, eu sou uma curandeira. — disse baixo olhando em volta.

— Curandeira? — repeti confuso.

— Isso não vem ao caso, Sakura queria que você lê-se a carta hoje quando chegasse em casa.

— Por que ela não fala o que esta escrito aqui na minha cara? ela acha que eu sou o quê? uma criança? ou um idiota qualquer que passou pela sua vida sem importância alguma? fala pra ela que se quiser me dizer algo que venha falar na minha cara. — me levantei irritado jogando o envelope na mesa.

— Sasuke não faça isso, eu sei que é difícil mas você precisa entender o lado dela. — ela se levantou vindo atrás de mim.

Entender? não eu não consigo entender. O que Sakura fez foi muita sacanagem com a minha cara.

— E ela entendeu o meu quando sumiu sem nem dizer adeus? — gritei perdendo todo meu auto controle.

Hinata ficou em silêncio assim como todo refeitório. Respirei fundo me recompondo, eu estava fazendo papel de idiota.

— Só da uma chance. — ela murmurou me estendendo a carta de volta.

— Não quero.

Me virei saindo dali seguindo de volta para sala de aula.

Não quero mais saber de nada relacionado a Sakura Haruno.

Eu devia saber desde o inicio que ela era demais para mim, algo que eu nunca vou poder alcançar.

❆

          Quando cheguei em casa fui direto para meu quarto me trancando no mesmo, joguei a mochila na cama começando a dar voltas em circulo impaciente.

Minha cabeça iria explodir se eu não fizesse alguma coisa.

Chega, eu vou embora desse lugar é o melhor que eu consigo fazer. Se Sakura foi covarde o bastante  para fugir eu também poderia ser.

Abri as portas do guarda-roupa tirando minhas roupas de dentro as jogando sobre a cama e peguei minha mochila me surpreendendo ao encontrar o envelope preto no meio dos meu livros junto com a bola de papel amaçada que tinha jogado fora.

O que essas coisas estão fazendo aqui?

Hinata. Ela deve ter colocado isso ali sem minha permissão.

Me sentei no colchão olhando o envelope em minhas mãos ansioso e irritado, eu deveria queima-lo. Suspirei o abrindo impaciente, ta legal eu vou ler e depois queima-lo.

Tirei a carta branca de dentro olhando a caligrafia bizarra de Sakura tentando criar forças para começar a ler.

 

Como eu pude fazer isso com você? deve estar se perguntando isso nesse exato momento enquanto me xinga mentalmente. Também deve estar furioso e me odiando profundamente, mas é melhor assim, a raiva e o ódio são mais fácil de esquecer do que o amor. Eu estou apenas tornando as coisas mais fáceis para nós, não vou pedir desculpas porque estou certa e não me arrependo do que fiz. Você sabia que isso aconteceria desde o inicio e parecia forte o suficiente para suportar minha partida, mas durante nossos últimos dias juntos eu percebi que isso estava te machucando por dentro. Sinto muito se eu parti seu coração mas se isso te deixa melhor você também partiu o meu. 
          Eu sinto sua falta e sei que essa saudade nunca irá morrer, sempre vou me lembrar de você como minha lembrança mais maravilhosa, obrigada por aparecer na minha vida e ser um garoto tão chato e grudento, você me fez sorrir Sasuke e o que vive ao seu lado foi lindo. Você me sonhar com um futuro feliz ao seu lado e chorar por não poder realiza-lo. Eu queria tanto, mais tanto ser normal, queria ter a chance de ficar com você, namorar e quem sabe não ter uma família?
        Mas querer não é poder não é mesmo? e tudo que nos resta e sofrer. Eu sou péssima como despedidas e não suportaria dizer adeus a você por isso fui covarde o bastante para ir embora e deixar apenas essa carta.
        Eu só quero que você siga em frente e viva sua vida, me guarde em suas lembranças e procure alguém que possa te fazer feliz, isso soou estranho, ta legal também não precisa procurar alguém por agora, mas você que sabe se quiser sair pegando qualquer piranha que aparecer em sua frente, o que eu tô falando?
       Enfim não faça loucuras esta bem? você consegue superar isso eu sei que você é forte, vou parar de te bajular porque eu sei que deve esta se achando agora. Você é tudo que eu sempre quis Sasuke e quem sabe não nos encontramos de novo algum dia? Afinal o destino pode tudo.

PS: Eu te amo.

 

 Cai para trás no colchão olhando para o teto, droga parece que a dor em meu peito aumentou. Isso é doença, o amor é uma doença das piores que existem. Não existe remédio pra fazer essa porcaria de dor passar.

O que eu faço droga?

— Inferno Sakura por que você fez isso? — esfreguei as mãos no rosto tentando me livrar daquele pesadelo.

Como eu sinto falta dessa garota.

Peguei o papel amaçado e o abri vendo o desenho de Sakura que fiz mais cedo. Ela era minha garota eu não poderia desistir assim, eu não conseguia.

— Não da pra viver sem você irritante, eu preciso te encontrar.

Me levantei disposto a fazer uma loucura, mas o barulho de algo se quebrando no andar debaixo me fez parar.

Ouvi vozes alteradas e mais coisas quebrando. 

Sai do quarto rapidamente correndo até o andar de baixo, parei no meio das escadas surpreso ao ver minha mãe caída sobre uma prateleira quebrada.

— Mãe. — gritei correndo em sua direção.

Mas antes que pudesse chegar perto dela meu corpo é arremessado no ar, vi tudo a minha volta girar e cai contra o sofá.

— Olha se não é o garoto que eu estava procurando. — uma risada feminina ecoo pela sala e eu resmunguei vendo a silhueta feminina aparecer a minha frente.

Ela se abaixou em minha direção segurando meu rosto passeando as unhas negras pela minha pele. Um sorriso sinistro repuxavam seus lábios vermelhos e ela não parecia ser uma mulher normal.

Tentei me afastar mas o aperto em meu rosto se intensificou e suas unhas perfuravam minha pele causando dor.

— Você é bem gatinho em garoto? é um desperdício. — fingiu falsa tristeza.

Aquela mulher estava me trazendo repulsa.

— Quem é você? — rosnei olhando de esguelha para minha mãe que se levantava com dificuldades.
 
          — Não interessa quem eu sou e sim o que eu vou fazer, sua namoradinha vai se arrepender de ter nascido. — soprou as palavras em deboche

Sakura.

Ergui os punhos para soca-las mas ela os segurou balançando a cabeça, deslizou as unhas pela minha garganta me fazendo engolir em seco e me puxou pela gola da camisa me colocando em pé.

— Solta meu filho. — ouvi o grito de minha mãe.

Olhei em sua direção e ela jogou uma faca em direção a mulher que me segurava, a desconhecida ergueu apenas um dedo parando o objeto cortante no ar. Arregale os olhos estático quando a mesma estralou os dedos e a faca voltou em direção a Mikoto em uma velocidade absurda perfurando seu braço.

Não.

Minha mãe caiu de joelhos no chão tentando conter o sangramento em seu braço, me desesperei sendo arrastado para longe sem ter forças para fazer nada.

— Não, tira as mãos de mim caralho. — gritei tentando me soltar daquela cretina que me empurrou para fora de casa.

— Shii calma gatinho temos um Show para apreciar.  — sussurrou me dando um beijo estralado na boca.

Mas o quê?

Ela sorriu e me empurrou para dentro de uma caminhonete que estava estacionada logo em frente, tentei fugi mas a porta estava trancada e quando eu iria pular pela janela ela me puxa de volta e pisa no acelerador ultrapassando os limites da velocidade.

Me segurei no banco de couro tentando manter a calma e pensar em alguma forma de me livrar dessa mulher sem ser morto.

Estou sendo sequestrado por uma psicopata, era só o que faltava.