Eclipse
Vagava meu olhar pelo pátio a procura dela, desde que o sinal do intervalo havia tocado e ela saíra apressada, eu tentava encontra-la.
Estou me sentindo ridículo.
— Então cara, como é Tóquio? — Naruto perguntou de boca cheia.
Ele havia me arrastado para uma mesa no fundo do refeitório, alegando que era a primeira vez que tinha um amigo para se sentar com ele.
— Legal. — Respondi sem interesse desviando o olhar para as pessoas.
Foi então que eu a vi, ela estava sentada debaixo de uma árvore ao lado da garota dos olhos estranhos.
Elas estavam conversando.
— Legal? cara estamos falando de Tóquio. — Ele exclamou e eu o ignorei.
Será que ele não para de falar nenhum minuto?
— Quem é ela? — Perguntei apontando com a cabeça em direção a árvore do outro lado do pátio.
Naruto me olhou e seguiu o olhar para onde eu apontava.
— Hum? esta falando da esquisitona? — Ele me olhou confuso mordendo mais um pedaço de seu sanduiche.
— Esquisitona?
— É como a chamamos, ela é sinistra. — Ele fez uma careta ao falar dela.
A encarei vendo a mesma olhando para um colar que tinha em seu pescoço, parecia perdida em pensamentos.
— Me fale sobre ela. — Voltei o olhar para Naruto pegando uma maça em meu prato a mordendo.
— Por que quer saber? — Ele perguntou confuso e desconfiado.
Nem eu sabia essa resposta, acho que deveria ser curiosidade.
— Curiosidade.
— O nome dela é Sakura Haruno, chegou na cidade a um ano atrás e mora com a tia assustadora em um sobrado mais assustador ainda. Cara só de falar nelas me da arrepios, podemos mudar de assunto? — Ele disse fazendo uma expressão medrosa.
Então o nome dela é Sakura?
— Continue. — Ordenei e ele resmungou.
— Ela é reservada, não conversa com ninguém a não ser Hinata. Outra estranha. Ela não gosta de mostrar o rosto e quando mostra é pra lhe lançar um olhar mortal e tenebroso. Ninguém chega perto dela ou da casa onde ela mora, é assustador parece coisa sobrenatural. — Ele sussurrou olhando para Sakura e a mesma olhou em nossa direção.
Naruto desviou o olhar rapidamente e eu continuei a encarando, sua cabeça ainda estava coberta pelo capuz mas eu conseguia ver seu rosto perfeitamente. Seus lábios eram pequenos e avermelhados, o nariz arrebitado e os intensos olhos verdes.
Ela era linda.
Sakura desviou o olhar para a garota ao lado e logo voltou a olhar para mim erguendo uma de suas finas sobrancelhas.
Deveria estar se perguntando o por que deu estar a encarando tanto.
— Sasuke pare de encarar quer ser morto? — Naruto me deu um chute por baixo da mesa e eu o olhei irritado.
— Qual o seu problema?
— Eu é que pergunto, você é primeira pessoa que vejo encarando a esquisita por mais de um segundo. — Ele disse me olhando indignado.
— Não enche. — Bufei cruzando os braços.
Que idiota.
— Olá meninos. — Ouvi uma voz feminina e olhei para a garota ruiva que se sentou ao meu lado com um enorme sorriso no rosto.
Será que esse lugar só têm gente intrometida?
— O que faz aqui Karin? — Naruto olhou para a garota confuso.
— Eu vim ver o meu priminho preferido e o amigo dele. — Ela sorriu tocando em meu ombro.
Era só o que faltava, mais uma pra encher meu saco.
— Você nunca fala comigo e quando fala é pra esnobar, não estou entendendo. — Naruto murmurou confuso.
— Você é tão engraçado. — Ela sorriu forçado.
Soltei um suspiro e peguei meu sanduíche o mordendo.
— Então Sasuke-kun, soube que você é de Tóquio. — Ela voltou a olhar para mim.
Sasuke-kun? será que ela sabe que a voz dela é irritante?
— Hn.
— Você não é de falar muito, não é? — Ela riu e eu a ignorei.
— Karin, será que pode dar licença? você atrapalhou nossa conversa.
— E o que conversavam de tão interessante? — A voz dela saiu desdenhosa.
— Sobre a Haruno.
— E o que têm de interessante falar daquela songa monga esquisita? — A voz dela saiu enjoada.
— Sasuke que estava curioso.
— Não têm o que falar daquela garota, ela é ridícula.
Olhei para Sakura e a mesma olhava fixamente em direção a nossa mesa, e sua expressão não era das melhores.
— Vocês já viram as roupas que ela usa? parece que foram tiradas de um brechó e aquele cabelo? kami aquele cabelo é horrível. — A ruiva começou a rir e eu a olhei.
Ela era patética.
— Cala a boca. — Mandei não suportando mais ouvir sua voz.
Ela parou de sorrir e seus olhos se arregalaram levemente.
— O que você disse? — Ela sorriu sem graça me olhando.
— Karin está pegando pesado. — Naruto murmurou incomodado.
— Pesado? só digo a verdade, ninguém quer chegar perto daquela idiota.
Chega, não sou obrigado a ouvir essa garota ridícula.
— Sai daqui.
— Como? — Ela me olhou incrédula.
— Cai fora. — Disse entre dentes e ela abriu a boca piscando os olhos.
Ela pegou sua bandeja de comida e empinou o nariz se levantando da mesa. Quando ela deu um passo para se afastar a mesma tropeça nos próprios pés e cai de cara no chão, sua bandeja voa e cai toda em sua cabeça.
Ela solta um grito e todos começam a rir da cena, inclusive Naruto.
Que povo barulhento.
O sinal tocou e eu me levantei, dei mais uma olhada em direção a Haruno e franzi o cenho ao vê-la olhando para a ruiva com um sorriso de lado.
Parecia até maldoso.
— Arg que ódio. — A ruiva gritou se levantando toda suja e sumiu apressada para algum lugar.
— Essa foi boa. — Naruto riu ao meu lado.
Não gosto de rir da desgraça alheia mas tenho que concordar que ela mereceu.
Todos começaram a ir para suas salas e eu fiz o mesmo com Naruto atrás de mim.
— Oi Sasuke. — Algumas garotas passaram por nós acenando.
Como esse povo sabe meu nome?
— Cara você mal chegou e as garotas estão de quatro por você. — Naruto gritou atrás de mim chamando atenção das pessoas no corredor.
Será que ele não sabia ser discreto?
— Será que dá pra você falar sem gritar?
— Você vai me ensinar o seu truque?
— Que truque? — Bufei voltando a andar.
Agora todos nos encaravam, que ótimo.
— O que faz para todas as garotas ficarem afim de você? — Tagarelou ao meu lado.
Como se eu soubesse.
— Fique de boca fechada que todas cairão aos seus pés.
— Jura?
— Claro.
E não é que deu certo?
Para minha alegria o idiota ficou calado pelo resto das aulas e não me perturbou mais, quando o sinal para o fim das aulas tocou eu me levantei apressado entrando no meio da multidão de alunos.
Consegui sair da escola e fugir daquele idiota com exito.
Depois de alguns segundos caminhando adentrei o caminho de pedra seguindo até a porta, girei a maçaneta a abrindo e entrei encostando a porta atrás de mim. Visualizei a sala vendo tudo silencioso, subi para o andar de cima e joguei a mochila em algum canto.
Voltei ao andar de baixo seguindo para cozinha encontrando tudo vazio, vi um papel em cima da mesa e o peguei.
"Filho estou no trabalho, esqueci de te dizer que tenho uma loja de artefatos.
A comida esta pronta, apenas esquente quando chegar.
Volto só a tarde, se cuida bebê.
Beijos da mamãe."
Minha mãe sabe como constranger uma pessoa.
Segui até o fogão esquentando a comida enquanto pensava enquanto minha mãe era descuidada, como ela têm coragem de sair e deixar a porta aberta? qualquer um poderia entrar e furtar suas coisas.
Coloquei o macarrão no prato e peguei uma jarra de suco na geladeira.
Comecei a comer e senti algo roscar em minha perna, abaixei o olhar encontrando um gato preto se esfregando em mim e o chutei para longe.
Odeio gatos.
Ele me olhou feio e deu as costas indo embora rebolando.
Quando terminei de comer lavei a louça suja e resolvi sair de casa, não ficarei o dia inteiro trancado naquela casa. Não estou afim de enlouquecer.
— Esse lugar têm que ter alguma coisa divertida.
Caminhei pela calçada olhando tudo em volta, tudo o que eu via eram casas e comércios e mato.
Como eu imaginei, nada que prestes ou chame minha atenção.
Soltei uma lufada de ar decidido a voltar para casa mas uma coisa me chamou atenção, vi cabelos rosa passarem pela porta de uma...biblioteca. Olhei para os lados e atravessei a rua, não tenho nada pra fazer mesmo.
Adentrei a porta de vidro encontrando várias estantes de livros e algumas mesas em um canto onde algumas pessoas estavam sentadas lendo algum livro. Fiquei parado me sentindo perdido naquele lugar e vi ela seguir em direção a uma mesa afastada com um livro em mãos.
Peguei o primeiro livro que vi e segui para a mesma mesa que ela, me sentando a sua frente. Abri o livro fingindo estar concentrado e senti seu olhar queimando em mim.
— O que você quer?
Ergui a cabeça e a peguei me encarando fixamente.
— Esta falando comigo? — Me fiz de desentendido.
— Têm mais algum ser inconveniente aqui além de você? — Retrucou erguendo uma sobrancelha.
Essa garota sabe como dar uma boa resposta. Mas eu também sei.
— Que eu saiba esse lugar é público e essa mesa não é sua. — Retruquei e por um momento vi surpresa em seu rosto.
— Muito menos sua então cai fora que eu quero ficar sozinha. — A voz dela saiu raivosa.
Me remexi na cadeira a analisando, ela parece querer afastar as pessoas de perto, parece se isolar de todos.
A pergunta era, por que?
— Você afasta as pessoas por que gosta ou têm medo delas?
Eu preciso entender essa garota.
— Por que eu teria medo? — Soltou uma risada irônica.
Será que ela sabe que seu sorriso é lindo?
— Não sei, me diz você.
Ela ficou em silêncio olhando me meus olhos.
— Qual o seu problema garoto?
— Nenhum, você têm algum?
— Por que esta me seguindo? — Perguntou os lábios cerrados.
— Seguindo? não viaja eu só quero ler meu livro em paz. — Revirei os olhos e ela me olhou erguendo uma sobrancelha.
— Como ser o pai perfeito? é você não têm cara de ser um pai exemplar. — Ela balançou a cabeça e se levantou da mesa.
Virei o livro olhando sua capa e me segurei para não me dar um soco.
— Burro.
Joguei o livro na mesa e me levantei a vendo sair pela porta.
Soltei uma lufada de ar e a segui, que merda eu estou tentando fazer?
— Eu não tenho filho. — Murmurei assim que consegui acompanha-la.
— Não te perguntei nada e pare de me seguir. — Ela retrucou colocando as mãos no bolso de seu casaco.
Estou vendo que ela não dá o braço a torcer.
— Por quê você é assim? — Ousei perguntar e ela parou de andar se virando para mim.
Me olhou nos olhos fazendo-me me perder outra vez naqueles olhos verdes.
— Escuta aqui, você não me conhece e não sabe nada sobre mim. Não sei o que você esta tentando fazer mas é melhor desistir e ficar longe. — Disse séria e se virou voltando a andar, mas dessa vez com passos mais apressados.
Essa garota sabe muito bem como deixar as pessoas longes.
— Chega de levar patadas por hoje. — Soltei uma lufada de ar voltando a andar mas parei assim que pisei em algo.
Olhei para o chão e me abaixei, era um colar. O cordão era preto e o pingente tinha uma lua e um sol, o peguei o analisando e me levantei.
Alguma coisa me diz que esse cordão era dela.
A vi virar uma esquina sumindo da minha visão e guardei o colar no bolso.
— Parece que teremos mais uma conversa agradável.
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