Eu deito na grama, respiro fundo e fecho os meus olhos, tentando fugir de minha própria mente, mas é só as pálpebras descerem que eu vejo seu rosto, perfeitamente desenhado em linhas suaves.
Todas as ações dela, por menores ou mais idiotas que sejam, acabam por me afetar de maneira massiva. E acredite, não me afetam de um jeito bom. Por mais distante que ela esteja, eu sinto tudo o que ela faz, e isso não me faz bem.
Uma leve brisa ali que desencadeia um furacão aqui, sim, ela é o meu efeito borboleta. Tudo isso passou a acontecer a partir do instante em que eu deixei de fazer parte de todos os seus planos, pensamentos e sonhos.
E a culpa, é claro, é minha.
Eu fingi o tempo todo que eu não me importava, que só me importava comigo mesmo – eu fingi ter desistido de nós. Tudo isso que eu fiz foi apenas para manter uma imagem de sem coração, do monstro egoísta que eu criei, o monstro que eu me forcei a ser. Mas a verdade era diferente. O frio coração de Min Yoongi sempre foi de Jessica.
Jessica nunca irá saber, não por mim, que nosso relacionamento nunca fora unilateral, e que eu a amava quase tanto quanto amo a própria Música. E não só por meu orgulho – ela realmente não quer mais olhar para o meu rosto, ou ao menos estar no mesmo local que eu.
Estou fadado, condenado, preso a este maldito efeito borboleta, e a culpa é completa e inteiramente minha. Maldito seja o dia em que eu a deixei partir.
Abro os meus olhos. Ainda estou deitado na grama, perdido em meus próprios pensamentos, sentindo-me iluminado pelo sol da culpa. O meu frio coração, o meu coração de gelo se derreteu. Não por ter me apaixonado, não por novamente estar amando. Ele derreteu pela culpa, pela dor e pela tristeza que eu sinto quando eu me lembro das lágrimas rolando pelo rosto de Jessica quando eu disse que ela podia ir.
Uma borboleta voa a minha volta, por alguns segundos, e eu a materializo como meu próprio problema, como se aquela pobre criatura fosse o Efeito Borboleta ao qual estou amarrado. Enquanto vejo a borboleta indo embora, lembro-me da voz de meu amor dizendo “não me deixe aqui sozinha”, e do jeito como eu não olhei para trás e simplesmente saí.
Isso me afeta. Meu passado me fere, e me fere para valer. Já faz anos, mas a dor ainda é a mesma, a culpa não sumiu.
Mas tudo o que está morto e que já se foi irá embora, e será essa noite.
Se me afogar num poço de licor, remédios e outras drogas é tudo o que eu preciso fazer para ver a mim mesmo livre deste Efeito Borboleta, para esquecer tudo isso, então eu farei.
Eu juro. E sinto muito.
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