História Efeito Borboleta - Tchau, melhor amigo.

Era hoje.

Último dia que Jeongguk iria falar com Taehyung como uma garota. Era hoje que ele colocaria sua decisão em prática. Já havia pego o dinheiro em sua gaveta e estava indo até uma lojinha próxima, para assim comprar um chip novo e mandar mensagem para Taehyung.

Não havia falado com o mais velho durante o dia. Desde ontem não trocaram nenhuma mensagem. Obviamente, Jeongguk se sentia envergonhado por ter se tocado pensando no outro garoto.

Parecia que Taehyung conseguia sentir que o mesmo fez isso, fez indecência em seu quarto enquanto gemia “Taehyung” de maneira arrastada.

Ele até agradeceu por Kim não ter lhe procurado, ele também não havia enviado mensagem para o moreno.

Se Jeongguk dormiu pensando na declaração que havia feito ao mais velho? Dormiu.

Se ele se arrepende? Talvez.

Mas de qualquer forma não estava mentindo quando disse que realmente pensou em se afastar, mas notou que não poderia ficar sem o outro.

Ele realmente gostava das duas personalidades do Kim Taehyung.

Já fazia alguns minutos que havia deixado sua casa e estava caminhando pela rua pouco movimentada por ser fim de tarde.

Não pode sair mais cedo, pois teve que ajudar sua mãe em alguns afazeres em casa. Então decidiu sair por esse horário mesmo.

Não reclamaria, já que o mesmo gosta de sentir a brisa do fim de tarde se chocar com seu rosto, deixando tudo mais melancólico. Também gostava de observar as folhas das árvores caírem no chão com o vento que batia. Gostava de ruas pouco movimentadas. Nesse horário não havia quase ninguém na rua.

Ele dobrou a esquina com as mãos no bolso, enquanto apertava a cédula de dinheiro dentro do mesmo.

Não era longe a lojinha, então não se preocupava muito com o modo que estava andando - lê-se que estava andando bem devagar. -.

Assim que parou na ponta do meio fio e olhou ao redor para ver se não estava vindo nenhum carro, ele enxergou uma figura do outro lado da rua, andando de cabeça erguida com as mãos no bolso do moletom e com a toca do mesmo.

Ele era tão lindo andando, seu cabelo caindo sobre a testa, seus rosto bem desenhado, seu corpo alto, seus ombros largos, suas coxas sendo apertada pela calça skinny preta. O moletom cinza com uns desenhos na frente, mas Jeongguk nem fez questão de parar para observar aquela região já que se perdeu no rosto do garoto que nem havia lhe notado.

Quando se deu conta estava mais de segundos parado de um lado da rua enquanto observava um garoto do outro lado da rua.

Aish, como ele é tolo por fazer essas coisas no meio da rua!

Ele atravessou a rua pronto para seguir o caminho contrário do mais velho, assim daria a volta no parque e conseguiria chegar na lojinha, evitando seguir Taehyung.

Porém acontece que Jeongguk sentiu uma enorme vontade barra curiosidade de seguir o Kim e saber o que o mesmo iria fazer.

Mesmo que o moreno soubesse que é errado sair seguindo pessoas pela rua, principalmente pessoas como Taehyung. Ele simplesmente não resistiu e virou seu corpo indo na mesma direção que o outro.

Estava disposto de seguir ele até determinado ponto, depois iria seguir o caminho da lojinha que era em uma rua próxima dali.

Ele realmente estava disposto e faria isso.

— Nada de seguir ele até o fim como aquele dia, Jeongguk. — sussurrou pra si mesmo enquanto pisava firme no chão. Suspirou olhando para as costas um pouco distante de Taehyung e sorriu bobo.

Assim ele fez, seguiu o garoto que nem havia notado sua presença.

Jeongguk se perguntava como o outro ainda não havia notado alguém o seguindo ou algo do tipo. Taehyung deveria estar mesmo aéreo.

Mas mesmo assim Jeongguk estava tentando evitar constrangimentos, por isso mesmo ficou bem mais afastado para caso o Kim olhar pra trás, achar que Jeon era um cidadão comum e não um stalker.

Em um certo momento nada específico, Jeongguk se distraiu chutando uma pedra no chão por pura mania e viu a mesma parar no meio da rua, então deu de ombros e levantou o olhar novamente para assim encarar novamente Taehyung. Mas acontece que Taehyung não estava ali, ele não estava mais a sua frente e isso desesperou o mais novo que olhou ao redor procurando o Kim.

Eles não estavam perto da lojinha, faltava mais duas ruas para chegar ao seu destino, então como Taehyung sumiu?

Na verdade ele nem sabia para onde o outro estava indo, então como poderia achar que Taehyung ia naquela região?

— Droga! — resmungou baixo levando a mão até o cabelo, onde puxou com certa força.

Bufou frustrado ao notar que estava parado no meio da rua igual um idiota, então pisou com o pé direito, firmando-se no chão para voltar a andar.

Ele caminhou pouco para chegar a esquina e quando isso aconteceu acabou sendo surpreendido por uma pessoa, que o puxou com força para dentro de um beco e o prensou contra a parede.

Até pensou em gritar, porém o ser humano colocou a mão em sua boca enquanto o mesmo estava de olhos fechados completamente assustado.

— Por que está me seguindo? O que você quer? — e seu corpo tremeu. A voz. Ele conhece essa voz, esse timbre, a rouquidão.

Não é possível que o moreno seja tão azarado assim e tenha caído nas mãos do seu pior pesadelo. Não é possível que o mundo queira tanto lhe ferrar assim e simplesmente jogou ele de mãos beijadas na mão dele.

Abriu os olhos devagar com medo de suas suspeitas estarem certas, então quando seu olhar focou na pessoa a sua frente, pensou que poderia cair no chão de tão bamba que suas pernas estavam.

Encarou o ser completamente perplexo, assustado com o que havia acontecido.

Ele só queria sair correndo para os braços de sua mãe e pedir desculpas por todos os seus pecados, principalmente pelo pecado de estar atraído por um assassino.

— Hein, me responda! — Taehyung exclamou apertando a mão em sua boca.

Então foi aí que Jeongguk notou que o outro queria uma resposta, mas estava o impedindo de falar.

Revirou os olhos e tentou falar, porém nem ele mesmo entendeu o que disse.

Taehyung desceu o olhar para a boca tampada do garoto, então tirou a mão dali, mas continuou o segurando para impedir que o mesmo fugisse.

Como se ele quisesse fugir.

— Como você quer que eu responda se estava com a mão na minha boca… não fique estressado por algo que você mesmo fez. — Jeongguk resmungou baixo, então sentiu um aperto em sua cintura. Um aperto forte pra porra que fez o mesmo morder o lábio.

— O que você quer comigo? — Taehyung repetiu a pergunta.

Jeon engoliu o seco assustado notando onde o mesmo estava, qual era a gravidade da situação que se encontrava.

Taehyung o encarava como se fosse sua presa, como se Jeongguk fosse a coisa mais interessante do mundo. E o mais novo apenas queria sair correndo, não queria continuar ali. O mais velho o intimidava e se tem uma coisa que Jeongguk odeia é se sentir intimidado, porém nunca teria coragem de responder o acastanhado.

Antes mesmo que pudesse pensar em abrir sua boca pra tentar inventar algo, Taehyung tomou sua frente.

— Espera aí! Eu conheço essa boca… — levou o dedo indicador aos lábios do mais novo e rodeou aquela região de maneira singela.

Jeongguk levantou o olhar para encarar o rosto do outro e aí ele pode notar mais ainda como Taehyung era maravilhoso. Ainda mais de perto.

Cada detalhe dele era maravilhoso. Os olhos, o nariz com uma pintinha na ponta, a boca, os olhos. Tudo.

Ele já havia visto por foto, já tinha até comentado, porém pessoalmente tudo parecia menos real.

Taehyung de perto parecia um boneco de tão lindo.

— Me dê seu celular. — Taehyung quebrou o celular constrangedor que havia se formado enquanto os dois se encaravam de maneira intensa.

— O que?... Eu não vou dar meu celular pra você!

— Apenas ande logo e me dê a merda do celular. — Jeon negou. Então Taehyung não viu outra solução a não ser enfiar as mãos nos bolsos do garoto e procurar o celular, o encontrando no bolso de trás da calça. — A senha.

— Eu não vou di… — novamente sua cintura foi apertada. — eu amo cachorros.

— Que senha broxante, pelo amor! — Taehyung revirou os olhos e digitou a senha com uma mão só e foi até o aplicativo de mensagem.

Se Jeongguk podia pegar o celular e sair correndo? Poderia. Mas ele simplesmente não conseguia, parecia que o mesmo estava colado na parede e com as plantas dos pés afundando o chão. Não conseguia nem falar e nem impedir que Taehyung entrasse no aplicativo de mensagens.

Como de costume a conversa estava no topo da lista, o nome salvo como “Daddy” e era possível ver a última mensagem que fora enviada no dia anterior, com Taehyung mandando ele se tocar.

Jeon pode até sentir seu rosto esquentar quando lembrou.

Taehyung clicou na conversa e saiu lendo tudo que ele já sabia. Pois era ele ali, conversando com Jeongguk.

— Não acredito. Era você o tempo todo. A porra de um garoto que se fingia de garota! — exclamou. — Não estou crendo… — riu sarcástico tombando a cabeça para trás.

— Eu…

— Cale a boca! — continuou com a cabeça tombada para trás, deixando seu pescoço bem próximo ao rosto de Jeon que sentia uma puta vontade de enterrar o rosto ali para poder sentir o cheiro do mais velho. — Ou melhor, me conta o que porra você estava pensando quando resolveu me enganar.

— Ok, eu posso explicar. — suspirou e olhou para baixo tomando coragem para começar. Não tinha como mais mentir, as provas estavam ali, na cara do Taehyung. Era óbvio que era ele o tempo todo se fingindo de garota. — Há um mês atrás, um amigo meu e eu fizemos uma aposta, e eu perdi. Então eu tinha que fazer qualquer coisa que meu amigo mandasse… ele conseguiu seu número e disse que era para eu mandar mensagem pra você e passar um mês conversando com você, depois eu iria sumir.

Taehyung ficou o encarando. O encarando por muito tempo, ele sentia isso, mas não teve coragem de encarar de volta.

Acabou se assustando quando o outro bateu a mão na parede ao seu lado e xingou alto.

— Você é um filho da puta! — respirou fundo e fez Jeongguk o encarar, mesmo que a força. — Por que uma garota?!

— Ele disse que eu ia ter que me passar como uma garota. — Jeongguk tentou desviar o olhar, mas Taehyung não deixou.

— Ok. Agora me diz que não era você o garoto que me seguiu aquele dia e viu eu matar aquela garota no trailer. — Taehyung pediu, mas dessa vez a sua voz era baixa. Isso até assustou Jeongguk, que até então não conseguiu responder, pois era você aquele dia. O silêncio novamente se fez presente, de modo ensurdecedor. — Mas que caralho!

— Olha, eu não contei pra ninguém ok? Eu juro pra você! Eu esqueci tudo que vi naquele dia.  — falou rápido. Mas novamente se assustou quando Taehyung colocou a mão na cintura, parecendo que ia pegar algo. — Tudo bem, pode me matar. Mas me mata rápido, não estou afim de sofrer enquanto morro!

E isso foi o cúmulo.

Em poucos segundos Taehyung começou a rir, ele riu alto, riu com gosto, deixando um Jeongguk completamente confuso.

— O que é? — Jeon perguntou ainda confuso.

— Eu não irei matar você.

— Não? Você não mata pessoas?

— É… como é seu nome mesmo? — Taehyung perguntou, agora ele estava confuso.

— Jeongguk.

— Bom Jeongguk, você não pode simplesmente matar alguém assim.

Jeongguk cruzou o cenho, mas não retrucou, preferiu ficar quieto enquanto via Taehyung se afastar e lhe entregar seu celular agora já bloqueado pelo tempo que ficara ligado.

Os dois novamente se encararam, seus olhares encontraram causando algo completamente estranho em Jeongguk.

Jeon tentava encontrar alguma coisa no olhar de Taehyung, mas era indecifrável, não era possível ver nada. Não havia brilho, não havia carinho, nem nada. Era vazio, simplesmente vazio e frio.

Era algo que Jeongguk não conseguia entender.

O mesmo olhar de sempre, o mesmo olhar do colégio, só que mais perto ficava pior. Ficava mais triste.

Taehyung desviou o olhar, quebrando o contato visual e sorriu.

— Sua aposta acaba hoje. Faz um mês que nos falamos certo?

— Uhum. — concordou em um murmuro.

— Então ótimo. Você vai ser muito útil para mim!

— O que?

— Até amanhã, ggukie. — Taehyung se virou para ir embora.

— Ei, como assim? — Jeongguk finalmente se desencostou da parede e segurou o pulso do outro, impedindo que o mesmo fosse embora.

— Ue, ggukie, não era isso que vocês queriam? Se aproximar de mim? Conseguiu.

— Não era isso!

— Então por que caralhos você aceitou essa porra e apareceu na minha vida pra estragar tudo? Eu sou a porra de um garoto que nunca falei com você e nem com seu amigo. Eu fico na minha, de boa naquele colégio. Aí por causa de uma aposta idiota você simplesmente acaba com tudo que eu tinha em mente. — puxou seu pulso com força, fazendo o moreno soltar aquela região.

Jeongguk por um momento se sentiu um monstro de ter feito isso com o mais velho, de ter mentido, de ter aceitado essa aposta que realmente era idiota.

— Eu não mudei nada… Você não continua o mesmo que vive sozinho?

—  Não mais.

Olhou para ele com uma cara de “hãm?”

— Nos vemos na escola amanhã. Tchau, melhor amigo!

E assim o acastanhado saiu andando todo animado, do mesmo jeito que havia dito o “melhor amigo”. Jeongguk ficou parado no mesmo lugar, vendo Taehyung se afastar cada vez mais, deixando um aperto em seu coração, mostrando como ele estava totalmente ferrado.

— Melhor amigo? Mas que porra…

E o fim do mês havia chego.