História Efeito Borboleta 《HIATUS 》 - Namorada? - Nathan

Ano de 2012 - 3 anos depois

3 anos se passaram desde o acidente, eu nao tenho mais os pesadelos... mas eles ainda duraram por um ano inteiro.

Nossa avó sempre cuidou muito bem da gente, ela é aposentada e vive disso ... durante todo esse tempo nós estamos recebemos um tipo de pensão financeira pela morte do nosso pai, então andávamos ela com as despesas da casa (mesmo ela negando).  Ele era militar e por conta disso, nós temos direito a uma pensão, com o que seria a aposentadoria do papai.

Mas infelismente, nossa avó agora esta muito doente e estou um pouco desesperado. Já perdi meus pais e... minha avó tambem é uma peça importante na minha vida, so de imaginar perde-la... não quero nem pensar nessa possibilidade.

- Nath - ouço uma voz me chamar. Lucas! - estava distraído em meus próprios pensamentos, enquanto admirava o jardim no fundo da casa, quando Lucas me chamou. - Vem aqui, preciso te apresentar a uma pessoa.

Quem será que ele quer me apresentar? ... Me virei e vi Lucas, acompanhado de uma garota bonita, loira dos olhos azuis - não como os de Lucas - ela usava um vestido verde, solto, até os joelhos, ficava bom nela. Olhando para a gorota, notei que Lucas apoiava suas mãos nas costas dela, na altura da cintura. ...Logo muitos pensamentos tomaram minha mente, enquanto eu me mantinha ali, parado, sem reação.

...Por que ele quer me apresentar ela? ...Ela poderia... não, não poderia ser.

- Nath? Nath, tudo bem?

Por que eu me sentia assim? Tão mal? Um irmão não ficaria feliz? Não ficaria feliz se o seu irmão se apaixonasse e arrumasse uma namorada? Sim, mas eu não estava.

...Eu não queria saber quem ela era ...com os com os olhos marejados, os feixei fortemente e corri dali. Corri sem olhar para trás, direto para meu quarto, e logo ouvi a voz de Lucas me chamar novamente.

- Nath? O que houve? - ele tentou abrir a porto, mas eu havia trancado. - Nath isso nao tem graça, abra a porta e me diz o que esta acontecendo.

Ele reclamava e batia na porta, mas eu so me concentrava em não deixar ele ouvir meu choro. Eu não sei por qual motivo, mas eu sentia meu coração doer, sentia apertado, uma angústia, um nó na garganta.

Acho que foi por medo, medo de Lucas me deixar. Não como a mamãe e o papai. Não como logo seria com a vovó. Mas medo dele encontrar alguém, querer se casar e me deixar para trás. Sei que não é errado e que assim são as pessoas. Elas se apaixonam, casam e constroem uma familia. Mas eu não queria aquilo.

Corri para a minha cama, me "jogando" desesperadamente aos prantos. Ignorei qualquer chamado que Lucas fizera. Só queria ficar ali, perdido em meus pensamentos enquanto chorava. Não sei por que, mas ver ele com aquela menina me deixou assim...

Acabei dormindo, quando acordei, olhei no celular e eram 19:30. - Acho que vou tomar um banho - pensei alto

Entrei no banheiro, coloquei a banheira pra encher enquanto tirava minha roupa. Em frente ao espelho, notei que estava com o rosto e olhos avermelhados. - Por quanto tempo fiquei ali chorando mesmo? -  falei comigo mesmo - não pense mais nisso Nathan, não pense mais nisso - falo fechando os olhos apertados e batendo as mãos na cabeça  (como se fosse mudar alguma coisa)

Notei q a banheira ja tinha agua o suficiente, então entrei, quase deitado, na tentativa de esquecer.

A casa da vovó é grande, tem bastante cômodos. Ela teve apenas a mamãe e a tia Marta de filha. Como a mamãe faleceu, só tem a tia Marta... O vovô faleceu quando eu ainda era novo, entao nao me lembro muito dele, mas Lucas sempre diz que ele era muito legal com nós dois. Agora a vovó esta muito doente, internada no hospital, precisa ficar lá até terminar todos os exames. Espero que não demore muito e que ela fique bem logo...

(...)

Fico perdido em meus pensamentos quando noto que ja se passaram bastante tempo. Saio da banheira pego uma toalha e passo a mesma pela cintura, vou até o guarda roupa pego uma cueca e minha calça de moletom, então decido descer para comer alguma coisa. Afinal, não posso ficar aqui para sempre...

Abro a porta do quarto o mais silenciosamente possivel. Coloco apenas a cabeça para fora, para olhar se há algum sinal de Lucas. Não o vejo, então sigo em direção a escada, em passos lentos e silenciosos. Olho pela mesma e não vejo sinal de lucas, nem pela cozinha e nem pela sala. Entao desço as escadas tranquilamente rumo a geladeira.

- Nath? - ouço uma voz bem familiar atrás de mim. Lucas! Não, não, não! Como vou encarar ele depois do "show" que eu dei, na frente da sua possível namorada?

Ja sei! Vou fingir não me importar com nada.

- O que quer? - pergunto tentando demonstrar indiferença, enquanto pego algumas coisas na geladeira (sem ao menos olhar pra ele).

- O que aconteceu Nath? Por que ficou daquele jeito? E por que ta me tratando assim? - Lucas fala em um tom preocupado e triste, como tratar mal alguém assim? - Por que se trancou no quarto e me ignorou por horas? Eu fiz algo? Me fala por favor para que eu possa me corrigir - sinto suas mãos tocar meus ombros e em seguida, sinto em meu rosto algumas lagrimas que insistem teimosas em cair. Coloco sobre a mesa o que tinha em mãos e me viro para abraçar Lucas

- Desculpa Lucas, desculpa - falo arrependido entre soluço.

- Tudo bem Nath, eu não entendo...

Antes dele terminar de falar eu o corto - Eu sei que deveria estar feliz por você e sua namorada, mas eu não gosto nem de pensar na possibilidade de você me deixar - aperto mais ainda sua cintura, molhando sua camisa com minhas lagrimas.

Sinto a mão de Lucas em minha cabeça e ouço uma leve risada - Então era isso... Ela não é minha namorada Nath - Lucas afasta meu rosto, segurando-o com as mãos para poder me olhar. - Ela é apenas uma colega de classe, e veio para que pudéssemos concluir um trabalho em dupla. - Lucas me explicou enquanto secava minha lagrimas com os polegares e um sorriso sorrateiro no rosto.

E aquela foi a última vez que Lucas levou uma garota em casa (até agora).

(...)

Uma semana se passou e a vovó ainda esta internada no hospital... - sou cortado de meus pensamentos quando o telefone toca. Vou para aprender e sou surpreendido por Lucas que surge do nada e atende antes de mim colocando a mão na minha frente impedindo que eu avance .

- Alô? ... Sim, sou eu ... - Lucas se vira de costas para mim - Sim, eu sei ... Certo. - por fim ele desliga o telefone - Preciso sair - diz subindo as escadas com pressa.

- Onde você vai? - pergunto seguindo-o até o quarto.

- Nath. - Lucas segura em meu rosto com as duas mãos, me olhando fixamente, seu olhar parece preocupado e perdido. - Eu... Irei até o hospital onde a vovó está...

- Eu quero ir tambem Lucas! - eu o interrompo imediatamente. Falo fechando as mãos em punho colocando frente ao peito. Sei que nao é nada bom, sei que algo esta acontecendo. - O que aconteceu Lucas? Eu quero ir com você!

- Não Nathan! - ele me solta e vira de costas, rapidamente - Você não pode ir. - fala enquanto anda rumo ao guarda roupas.

- Lucas você não entende? - falo em meio as lagrimas que caem teimosas - É a vovó... - perco a força das pernas, levo novamente as mãos fechadas em punho até o peito, ando de costas até a parede, me apoiando na mesma, deixando-me arrastar por ela, até o chão.

Lucas ja estava em seu guarda roupa escolhendo alguma peça até que me falta o ar e ele ouve. Corre até onde estou, se abaixando em minha frente me abraçando e me confortando com palavras doceis.

Não sei o por que, mas naquele momento, me faltou tudo, o chão, o ar, toda minha força.

- Eu estou aqui, Nath. Eu estou aqui com você. - Lucas fala enquanto me abraça - Você sabe o quanto eu o amo, o quanto é importante para mim e para vovó. Nao sabe? - apenas confirmo com a cabeça me sentindo mais calmo - Sabe que nunca vamos te deixar não importa o que aconteça não é? - ele levanta meu rosto com suas mãos para que possa olhar em meus olhos - Confie em mim Nath. - então eu noto que seus olhos estão marejados. Eu estou fazendo-o chorar.

- Não Lucas, por favor não chore. Me perdoe, eu não queria... - sou interrompido com outro abraço, desta vez mais apertado, mais sentimental. Lucas sempre se mostra forte e eu não o ajudo, ele sempre enfrenta tudo sozinho e o que eu faço? Nada! Nada! ... Mais uma vez sinto lagrimas correrem em meu rosto, desta vez pelo sentimento de culpa. Eu não devo ser sempre protegido por ele. Também devo protege-lo.

- Não é sua culpa Nath, eu estou com medo também. Não quero perder a vovó, assim como você não quer. Então não chore, por favor. Confie em mim... - eu o abraço e confirmo com a cabeça e ficamos ali por alguns minutos. Minutos aqueles, que não sairão da minha mente jamais... A primeira vez que vi Lucas chorar...

Depois de mais calmo, Lucas afirma que já está atrasado, saindo para que possa ir até o hospital em que a vovó está.

"Eu confio em você Lucas. Eu sei que posso confiar."

Logo um sorriso se forma em meu rosto e assim, me sinto mais forte e tranquilo.