História Efeito Cinderela - Ivre

Narrador - Paris, França - 15:22 pm

"Só porque você deseja algo, não significa que isso vá acontecer." - Tiana

3 semanas depois...

Louis estava em seu escritório ainda inconformado com a notícia de que Mylla foi embora, como assim? Ela tinha esse direito? Ela não tem nada, pra onde ela foi? Não fazia nenhum sentido assim ela ir embora, quem iria cuidar da casa agora?  Louis estava indignado com tudo isso, ela não poderia fazer! Era inaceitável! Louis jogou todas seus papéis, documentos, canetas, tudo que estava na mesa no chão, ele estava inconformado com tudo isso.

- Merda! -gritou Louis jogando um pequeno vaso de flor na parede, fazendo-o se quebrar, formando pequenos caquinhos.

No andar debaixo, Clarisse estava terminando se enxugar a louça, pois agora era ela que iria fazer tudo, sem Mylla aqui não tinha ninguém para preparar o almoço, nem lanche, e nem nada. Ela bufou quando ouviu mais um vaso ser quebrado, já era o terceiro só essa semana, e pra quem teria que sobrar para limpar? Exatamente! Clarisse.

- Papai está cada vez mais descontrolado. -comentou Pierre aparecendo do nada na cozinha, fazendo Clarisse levar um pequeno susto.

- Sim... -disse Clarisse o olhando de relance- Mylla fez bem em ir embora...

- Como assim? -perguntou Pierre sentando na pequena bancada.

- Ninguém aguenta fazer tudo o que ela fazia dentro dessa casa, ninguém aguentaria tudo o que ela aguentava aqui dentro. Não sei como ela ficou esse tempo todo com a gente, sempre a humilhando, sempre abusando dela. -respondeu Clarisse sem olhar para o irmão.

- Pensava que a odiava. -comentou ele.

- Não... não tenho motivos para odiá-la, ela nunca fez nada para mim. -disse Clarisse guardando o último prato no armário- Ela era uma menina muito doce, sempre humilde e simples, ela não merecia tudo isso. 

- Eu fiz uma merda com ela... tenho certeza que foi por isso que ela foi embora. -comentou Pierre fazendo Clarisse franzir as sobrancelhas.

- O que você fez? -perguntou Clarisse curiosa.

- Uma grande merda... -ele olhou para Clarisse- Eu meio que... forcei ela. -Clarisse novamente franziu o cenho, não entendendo o que ele estava querendo dizer.

- Como assim? -perguntou Clarisse.

- Eu... forcei ela a fazer uma coisa que ela não queria. -disse Pierre implorando para Clarisse entender o que ele estava querendo dizer.

- Você... -ela arregalou os olhos colocando a mão na boca- Você não fez isso, Pierre!

- Eu fiz... eu estava chapado demais, não estava raciocinando direito. -disse Pierre colando suas mãos em suas têmporas.

- Isso não motivo pra você estuprá-la! -gritou Clarisse- Meu Deus! Eu não estou acreditando. -colocou a mão na cabeça totalmente chocada.

- Eu sei que não, eu não sabia o que estava fazendo! Eu não pensei em nada na hora! -tentou se explicar Pierre, tentativa falha.

- Você é um completo idiota!! Olha o que você fez com essa pobre garota!!! -berrou mais uma vez Clarisse inconformada com a atitude do irmão- Meu Deus!! Você destruiu a inocência daquela menina! Nossa! Ela não merecia nada disso! Ela fez muito bem em ir embora, nem eu estou aguentando ficar junto com você e o papai! São dois doentes!

A partir disso ela saiu pela porta, com lágrimas nos olhos, ela pegou o celular e ligou para Evan. Ela precisava dele, não estava acreditando com tudo o que estava acontecendo, se sentia tão culpada por tudo, por ter deixado Mylla ir, por não ter visto que sua única amiga estava sofrendo, ela deveria ter feito alguma coisa quando seu pai bateu nela! Por que ela não fez nada?!

- Evan? -disse assim que ele atendeu.

- Amor? -perguntou ele no outro lado da linha. Dava ouvir os soluços de Clarisse, ela estava muito triste- Você está chorando? O que aconteceu?

- Pode vir me buscar? Eu preciso sair dessa casa... por favor, vem me buscar! -implorou ela.

- Está bem, estarei ai em 20 minutos. -respondeu e encerrou a ligação.

Clarisse entrou dentro de casa novamente não encontrando mais seu irmão na cozinha, foi até seu quarto, pegou uma mala em cima do guarda-roupa e começou a faze-la, colocando todas suas roupas e pertences, ela iria sair dali, e nem seu pai poderia impedi-la. Enquanto arrumava as malas, chorava por tudo, pelo seu pai, por Pierre e até mesmo por Justin, e principalmente por Mylla, era tudo tão injusto.

- Clarisse? -chamou Louis entrando no quarto da filha- Onde você está indo?

- Embora! Não fico mais nenhum minuto aqui dentro! -respondeu ela fechando uma mala para abrir outra. Louis riu de deboche.

- E pra onde você vai? -perguntou Louis a olhando.

- Não te interessa! -quase gritou Clarisse, fazendo seu pai a olhar furioso- Pra qualquer lugar longe daqui!

- Você vai voltar! -disse ele.

- Veremos! -respondeu ríspida. Ela fechou a última mala, trazendo as duas para fora do quarto, mas foi interrompida de dar mais um passo, com a mão de Louis segurando fortemente seu braço.

- Você não vai a lugar nenhum. -disse Louis sério.

- E você vai fazer o que? Vai me escravizar assim como Mylla? Vai me bater assim como fez com Mylla? -ela o olhou séria- Saiba que eu não sou ela, eu sou a sua filha maior de idade, e eu perdi todo o pingo de respeito que eu tive de você... eu tenho nojo de você e de Pierre. -ela se soltou de Louis, o deixando com olhar incrédulo- E outra coisa... Mylla fez o certo em ir embora, agora é a minha vez de ir... Adeus, pai.

Dito isso, Clarisse pegou suas malas e saiu pela porta sem deixar seu pai ou seu irmão falar alguma coisa, viu que o carro de Evan estava estacionado em frente a sua casa. Ele logo saiu do carro quando viu a namorada chorando, ele a abraçou fortemente, não se importando qual foi o motivo de ela estar chorando.

- Por favor, me tira daqui. -sussurrou Clarisse para o namorado, Evan apenas assentiu.

Ele pegou as malas de Clarisse e as colocou no porta malas, entrando no carro em seguida. A viagem foi silenciosa, Clarisse chorava baixinho encostada no vidro, logo sentiu a mão do namorado na sua, apertando forte, isso a fez sorrir por breves segundos retribuindo o carinho. Quando eles chegaram ao pequeno condomínio de prédios, ajudou Evan a subir suas malas até o apartamento, quando chegaram, Clarisse desabou no sofá, chorando descontroladamente. Evan, se sentou ao seu lado a abraçando de lado.

- Ei, calma, está tudo bem... eu estou aqui agora, se acalme. -disse baixinho Evan, sentindo Clarisse molhar sua camisa. Ela soluçava constantemente, era como se ela perdesse o ar por alguns segundos.

- Eu... -soluçou- Eu tive que ir embora... eu sinto tanta a falta dela. -dizia Clarisse entre soluços.

- Calma, minha princesa... vai ficar tudo bem. -dizia Evan tentando acalmá-la. Clarisse se afastou do namorado, limpando suas lágrimas para olhá-lo- Você está melhor? -perguntou colocando seus cabelos ruivos atrás da orelha. Clarisse assentiu limpando as lágrimas que insistiam cair.

- Meu pai a espancou... -disse Clarisse de uma vez fazendo Evan arregalar os olhos- A noite que Mylla foi embora... ela foi espancada pelo meu pai.

- O quê? Como assim? Por que? -perguntou Evan indignado.

- Meu pai descobriu que era ela dançando com o Bieber naquela noite do baile, a noite que nos conhecemos. -soluçou Clarisse- Nós não fazíamos ideia que era ela, meu pai não gostou nenhum um pouco, e quando descobriu a espancou. Ele bateu tanto nela, Evan... e eu me sinto tão culpada... -voltou a chorar- Eu não fiz nada pra ajudá-la, não impedi meu pai de bate-la, e eu não sei o porquê.

- Ei, calma. -disse Evan a abraçando novamente- Você não tem culpa de seu pai ser um idiota.

- Meu irmão a estuprou. -soltou de novo, deixando Evan mais chocado ainda- Eu não sei como foi ou quando... eu descobri isso hoje, e foi a gota d'água para mim! -chorou descontroladamente- Onde ela tá, Evan?! Ela não tem nada, está sem dinheiro, sem nada... por que ela foi embora? -Evan a apertou em seus braços, querendo amenizar toda a dor que ela estava sentindo, tentando ser forte para ela.

Mas até mesmo ele não conseguia ser forte diante dessa situação, ele não conseguia acreditar que ela garotinha sofria em sua própria casa, ele teve que se conter para não derramar nenhuma lágrima, era horrível ver a namorada e o melhor amigo sofrendo desse jeito. Ele precisava fazer alguma coisa, não poderia deixar as coisas como estão.

Depois de um tempo, Clarisse adormeceu no sofá, de tanto ter chorado para Evan, ela precisava descansar. Ele pegou seu celular em cima da bancada observando a namorada dormir suavemente no sofá. Discou o número do amigo, que atendeu no terceiro toque.

- Justin? -chamou Evan.

- Evan? -disse Justin do outro lado da linha.

- Pode vir aqui? -perguntou, Justin fungou o nariz, Evan fechou os olhos imaginando ele chorando novamente.

Ele não estava mais aguentando mais nenhum segundo todo esse choro, já faziam três semanas que ele aguentava as lágrimas de Justin. O mesmo não saia de casa, não comia e não dormia, Evan até pensou que o amigo estava começando a entrar em depressão, e não poderia ignorar aquilo, logo o levou para um psicólogo, contra a vontade dele, claro, mas o arrastou até, o obrigando a ir.

- Eu não sei se é uma boa ideia, Evan, eu quero ficar em casa. -respondeu Justin fungando o nariz novamente.

- Por favor, Clarisse está aqui. Ela... não para de chorar, não para de falar sobre Mylla. -Evan sabia que isso ia chamar a atenção de Justin.

- E você quer minha ajuda? Justo eu? -disse Justin derramando algumas lágrimas- Eu sou a última pessoa que pode ajudar ela, Evan.

- Justin... por favor, você acha também que eu não estou triste? Você não sabe como é ver meu melhor amigo e a minha namorada chorando pelo mesmo motivo e não poder fazer nada! Eu não a conhecia como vocês dois, mas eu fico totalmente decepcionado com tudo isso! -quase gritou Evan pelo telefone- Se eu pudesse traria Mylla de volta para você, só pra acabar com todo esse sofrimento, já vai fazer 1 mês que ela se foi, Justin! E eu espero que ela volte o quanto antes, pra todo esse inferno acabar.

Evan desligou o telefone com raiva, querendo o atacar na parede. Justin, pelo contrário, descontou a raiva toda no celular, o jogando pela parede, fazendo-o estraçalhar no chão.

- POR QUE VOCÊ FOI EMBORA? -gritou para as paredes, na esperança de que alguém o ouvisse- VOCÊ ACHA QUE EU TO BEM? EU TE FALEI MILHÕES DE VEZES QUE EU NÃO VIVO MAIS SEM VOCÊ! VOCÊ PROMETEU QUE NÃO IA EMBORA!

Ela caiu no chão, colocando a sua cabeça no piso frio, batendo-a devagar. Ele bateu os punhos com força no piso do quarto, derrotado. Justin estava fraco, ele não comia, não dormia, não fazia absolutamente nada, só ficava no quarto chorando, sentindo a falta dela.

- Aonde você tá? -perguntou Justin contra o chão, deixando as lágrimas molharem o mesmo- Aonde você tá? Me dá uma pista, eu só quero saber se você tá bem... por favor, eu não estou mais aguentando... eu prometi te encontrar, mas eu não consigo, nem sei por onde começar... você faz parte de mim, Mylla... e sem minha outra parte eu não posso viver. Por favor, volta pra mim... eu te amo.

Justin levantou seu tronco ficando de joelhos no chão, olhou para a garrafa de vodca que tinha perto de si, com lágrimas nos olhos ele a pegou, colocou seus lábios no bico e deu uma golada forte, fez uma careta quando a tirou de sua boca e tossiu, mas bebeu de novo não parando até ver que tinha acabado com tudo.

Quando tentou levantar do chão, foi impedido pela tontura, e voltou a cair no chão, começou a rir de si mesmo, pegou outra garrafa de vodca a bebendo em seguida. Justin ria e chorava ao mesmo tempo, estava completamente bêbada, nem conseguia levantar do chão. Bebeu mais uma vez a garrafa rindo em seguida.

- Justin? -seu sorriso se desfez.