História Efeito Cinderela - L'invitation

Narrador - Paris, França - 15:20 pm

"Que importa o mal que te atormenta, se o sonho te contenta e pode realizar-se?" - Cinderela

Mylla estava lavando a cozinha, sua coluna já estava começando a doer, mas não parou, precisava terminar isso logo para fazer o lanche da tarde, pois era bem provável que seu padrasto e seus irmãos postiços irão chegar com fome. Quando Mylla acabou de limpar a cozinha toda, saiu pela porta de casa e foi até a caixinha para pegar as correspondências. Louis odiava não ter todas em sua mesa do escritório. Limpou as mãos no avental e abriu a pequena caixinha, tendo a visão de várias cartas. Eram contas, e mais contas, no final tinha um lindo cartão dourado com letras grandes escrito "120 anos da torre Eiffel", Mylla franziu as sobrancelhas e abriu a pequena carta, tendo um pequeno papel escrito com letras perfeitas, a caligrafia era impecável.

"Caro cidadão(ã) de Paris, você está convidado para o grande baile de máscaras em comemoração aos 120 anos da torre Eiffel. Será no Palais de Chaillot ás 19:00, em frente a torre. Sua presença será muito especial, obrigado pela atenção e te espero lá.

Atenciosamente, Jeremy Bieber"

Seu coração estava pulando de alegria dentro do peito, estava ansiosa para ir ao baile e ver, claro, Justin, o menino da tulipa branca, que não saia de sua cabeça de jeito nenhum. Ela sorriu e entrou dentro de casa, indo até o escritório de seu padrasto deixando todas as cartas em cima da mesa, incluindo o convite. Voltou a cozinha começando fazer o lanche da tarde para sua "família". Começou a pensar no baile, será que Justin estaria lá? E se estiver, será que ele a reconheceria? Eram tantas perguntas, e Mylla esperava que em breve serão respondidas. Vozes fizeram com que Mylla despertar-se de seus pensamentos, eram sua "família".

- Pensei que o lanche já estivesse na mesa. -disse Louis sentando-se na mesa junto com seus filhos.

- E está, senhor, só estou terminando de fazer o suco. -respondeu Mylla.

- Na próxima, não quero ver a mesa sem nada. -respondeu Louis grosso.

- Como quiser. -respondeu Mylla, servindo-os.

- Mylla, chegou alguma correspondência importante hoje? -perguntou Louis.

- Sim, senhor. -respondeu.

- Vá pegar, imediatamente. -mandou Louis fazendo com que Mylla subisse as escadas rapidamente. Mylla entrou em seu escritório e pegou as cartas em cima da mesma, junto com o convite dourado.

- Aqui está, senhor. -disse colocando em cima da mesa. Mylla começou a servir Pierre, colocando suco em eu copo, Pierre não tirava os olhos de Mylla, o que a deixou constrangida e com medo, se estivesse passando na cabeça de Pierre o que acontecera a dois atrás, Mylla não terá mais como se defender.

Pierre sabia que foi errado ter feito isso com ela, mas não se arrependeu em nenhum momento, pois amou a sensação, Pierre também sabia que tirou a virgindade de Mylla, pois sentiu seu hímen ser rompido. Pierre gostava de ver Mylla dentro de casa, assim só ele poderia tocá-la mesmo ela não querendo.

- O que é isto? -perguntou Clarisse pegando o cartão dourado em cima da mesa, ela abriu-o e leu, arregalou os olhos e começou a gritar.

- Meu Deus! -disse Louis.

- Pai, pai, pai, pai! Essa é minha chance! -Louis rapidamente arregalou os olhos.

- Calma, filha. -Louis levantou e foi ao encontro da filha que estava totalmente ofegante, Louis colocou s mãos em seu ombros acalmando-a- Conquiste o coração do Bieber e ficaremos totalmente ricos.

Clarisse já podia se imaginar no altar com o Bieber, ela seria extremamente rica e não mediria esforços para conquistar seu coração. Mylla sempre achou Clarisse uma mulher muito bonita, com cabelos ruivos a altura do ombro, olhos verdes e pele clarinha. Clarisse teria o coração dele na palmas das mãos, pelo menos era isso que se passava na cabeça de Mylla. Ela não queria conhecer o tão famoso Bieber, ela só queria ver Justin, o menino da tulipa branca, que conquistou seu coração tão rápido.

- Mylla! -chamou Louis o que fez ela olhá-lo imediatamente- Irá ir ao shopping com Clarisse comprar um lindo vestido para ir ao baile. Mylla sorriu. O baile irá acontecer daqui duas semanas, precisava ver seu vestido também, estava ansiosa para ir, precisava ver tudo agora.

- Claro, senhor. -Mylla desceu as pequenas escadas e foi até o porão, onde ficava seu quarto, abriu a pequena caixinha que tinha em cima da penteadeira, uma caixinha pequena que sua mão lhe deu quando era pequena. Lá tinha 2.500 euros, economizou esse tempo todo para comprar alguma coisa importante, e bem, isso era uma emergência. Ela colocou um vestido simples, e vestiu uma sapatilha, prendendo seu cabelo numa trança embutida, pegou sua bolsa e colocou o dinheiro lá, com certeza iria precisar. Sorriu pro espelho e subiu as escadas de novo encontrando Clarisse sentada no sofá assistindo TV. Ela o olhou brevemente.

- Pensei que não fosse aparecer nunca. -disse Clarisse rude- Não sei o porquê de meu pai querer que você vá comigo, sendo que eu posso muito bem me virar sozinha. -Mylla não disse nada, era melhor não. Clarisse levantou do sofá desligando a TV e foi em direção a Mylla- Preste bem atenção no que irei te falar, loirinha, fique longe do meu caminho.- Mylla estremeceu quando Clarisse chegou perto demais, Mylla tinha medo das pessoas que conviviam com ela. Outra vez, não disse nada, apenas seguiu Clarisse até o carro de seu pai entrando no mesmo.

Chegando ao shopping, Mylla nunca viu a "irmã" tão animada, ela entrava em cada loja que via, e isso deixava Mylla animada também, apesar de suas diferenças, Mylla nunca desejou mal a ninguém. Enquanto Clarisse estava do outro lado da loja, Mylla estava vendo os vestidos mais simples da loja, não gostava de muito exagero, igual Clarisse, que amava chamar atenção. Mylla olhou um por um, até que achou um longo de florzinha bem simples, com um cinto iria ficar lindo. Ela amou o vestido, era de alcinha e com um lindo decote, não esperou Clarisse para entrar no provador, serviu direitinho e o preço estava muito bom. No fim, ela comprou esse, tinha se apaixonado e parecia muito com sua mãe.

- Mylla!! -chamou Clarisse por ela- Vem aqui, eu preciso de uma opinião, apesar da sua não ser importante eu preciso. -Mylla revirou os olhos.

Mylla foi até o provador e viu Clarisse com um vestido branco com muito brilho, e bem sexy, bem vulgar, muito decotado e mostrava boa parte das suas pernas. Não era bem o estilo de Mylla, mas ficou perfeito no corpo de Clarisse. Mylla sentiu-se um pouco de inveja em ver a "irmã" desse jeito, Mylla não se achava bonita o suficiente para usar um vestido desse, nunca se sentiu assim, e ver Clarisse vestida naquele vestido se sentiu envergonhada. Clarisse sentiu que Mylla estava incomodada em vê-la daquele jeito, e sorriu maldosamente conseguindo o que queria.

- Você nunca irá conseguir ficar bonita num vestido como esse. -disse Clarisse bruta, estava pouco se importando com os sentimentos de Mylla, ela não respondeu a "irmã", o que não era novidade, Mylla nunca gostou de retrucar- E o que você achou?

- É muito bonito. -respondeu Mylla com um sorriso, foi o que conseguiu falar. Clarisse sorriu mais um vez e fechou a cortina do provador na cara de Mylla que apenas revirou os olhos.

- Irei levar! Pode indo pagar. -disse Clarisse jogando o vestido por cima do provador, o que fez Mylla pegar antes que caísse no chão. Mylla sem responder foi até o caixa pagar o vestido de Clarisse, era extremamente caro mas não ligo, aliás, o dinheiro não era dela.

Quando saíram do shopping, depois de Clarisse comprar um monte coisa fazendo Mylla carregar tudo sozinha, elas voltaram para a casa. Depois de deixar as coisas e arrumar tudo no guarda-roupa de Clarisse, ela finalmente conseguiu arrumar as suas coisa. Depois subiu a cozinha, encontrou um bilhete em cima da mesa.

"Sai para trabalhar, faça suas obrigações e arrume meu quarto, meu escritório e limpe a bagunça de Pierre no quintal, quando chegar em casa não quero nada fora do lugar" -Louis.

Mylla estava cansada. Queria apenas deitar em sua cama e dormir, suas pernas estavam doendo mas não podia deixar de fazer suas obrigações, queria muito ir ao baile, e se não fizesse era capaz de seu padrasto impedi-la.

[...]

Quando estava tudo em perfeita ordem, Pierre chegou em casa, Clarisse estava dormindo, e Mylla estava na cozinha descansando depois de ter terminado tudo.

- Mylla, quero um sanduíche. -mandou Pierre sentando-se na mesa. Mylla rapidamente levantou-se da mesa e foi fazer seu sanduíche. Enquanto isso, Pierre ficava admirando Mylla, ele amava vê-la daquele jeito. Não conseguia aguentar, Mylla era demais para ele.

Mylla estremeceu quando sentiu uma respiração em sua nuca, pois estava de costas. Arrepiou-se quando sentiu mãos em sua cintura por trás. Ela fechou os olhos fortemente, como se fosse acordar de outro pesadelo.

- Meu Deus, Mylla, você me deixa louco. -sussurrou Pierre no ouvido de Mylla, o que fez ela se arrepiar. Ela começou a ficar com medo, ela sabia que Pierre faria de novo- Sabe, eu não me arrependo nenhum pouco de ter brincado com você aquele dia. -Pierre botou seu cabelo atrás dos ombros e começou a beijar seu pescoço, Mylla não estava gostando nenhum pouco, tudo o que ela conseguia sentir era nojo. Pierre começou a passear suas mãos pela cintura, coxas e bunda de Mylla fazendo-a estremecer, ela não conseguia se mover- Eu sei que você gosta disso. -sussurrou colocando sua mão por debaixo do vestido de Mylla em cima do pano fino que cobria sua intimidade, Mylla ficou tensa, ela queria gritar, o empurrar para longe e fugir.

- Por favor, não. -suplicou Mylla, com a esperança de que Pierre teria um pouco de piedade só dessa vez.

- Não consigo evitar. -disse Pierre virando-a com força para ele.

- Não! -Mylla o empurrou e que fez sair chamas nos olhos de Pierre. Pierre chegou perto de Mylla e deu-lhe um tapa em seu rosto fazendo ela virar com tudo para o outro lado. As lágrimas já estavam caindo em seu rostinho angelical. Seu rosto estava ardendo, Mylla começou a se perguntar como foi chegar a isto?

- Olha aqui, vagabunda. -a pegou pelo braço com muita força apertando- Você vai fazer o que eu mandar, está me entendendo? Senão eu... -Pierre foi interrompido por seu pai chamando por ele, ele tinha acabado de chegar em casa.

- Pierre! -chamou Louis mais uma vez.

- Já vou, pai. -gritou de novo, Pierre se virou para Mylla, com sua mão ainda apertando seu braço- Isso ainda não acabou, me escutou?! -Mylla assentiu chorando.

Mylla desceu as escadas do porão devagar, sem fazer barulho, tentava conter as lágrimas e os soluços para ninguém ouvi-la. Quando chegou ao seu quarto, fechou a porta atrás de si e caiu lentamente no chão frio do porão, chorando profundamente, chorou tudo o que tinha para chorar. Chorou pela sua mãe, pelo seu pai, por viver ainda dentro dessa casa junto com pessoas que nem ela ao menos conhece, chorou pelo seu corpo ser violado por Pierre, chorou pelo que seu padrasto a tornou: numa criada esfarrapada, numa pessoa que foi feita para trabalhos pesados, chorou por não encontrar a felicidade em si, chorou por viver nesse inferno, chorou por não existir fadas madrinhas, se existissem, com certeza não deixaria Mylla passar por isso.

Ela chorou. Chorou e chorou. Mylla não conseguia entender tanto sofrimento. Por que ninguém gostava dela? O que ela fez de mal para Pierre, Clarisse e Louis? Porque estavam fazendo isso com ela? Eram tanta mais tantas perguntas, Mylla se perdeu num mar de perguntas, e já estava perdendo as esperanças de um dia serem respondidas. Alguém irá salvá-la desse inferno? Será que um dia Mylla irá encontrar a felicidade de novo? Ela já não estava mais aguentando, e tudo o que ela sabia fazer era chorar, era seu único refúgio para um alívio temporário.