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História Ego - Id


Escrita por: Nipatsu

Capítulo 2 - Id


O clima estava chuvoso. Zero e eu estávamos abrigados dentro de uma espécie de caverna, esperando a chuva passar. Tínhamos um objetivo, mas ainda estávamos longe de completá-lo. O mofo da caverna aparentemente tinha um cheiro estranho, já que o garoto espirrava de tempos em tempos. Eu, Magnum Grandark, não conseguia senti-lo, já que uma espada não tem "sentidos". Já é estranho eu conseguir enxergar, pensar, ouvir e falar, mas outras coisas já estavam longe demais do meu alcance.

Se ao menos eu ainda fosse um asmodiano vivo, eu conseguiria ter o prazer de saber quais são essas pequenas sensações da vida. Mas não sou. Morri há muito tempo e o velho Oz resgatou minha alma para acabar sendo essa espada. Que fim de carreira.

De qualquer modo, o menino Zero teve sorte ao menos nisso. É ele quem está "herdando" meus poderes, e posso dizer que ele é bom nisso. Depois do breve treinamento que tivemos no Covil do velho Oz, em Altímia, ele conseguiu se tornar um bom espadachim. Não tão bom quanto eu era quando vivo, mas com o tempo ele irá melhorar nisso. Se seguir minhas ordens, especialmente, conseguirá isso em um ritmo mais intenso.

— Gran, está sentindo algo?

Virei meu único olho na direção do garoto.

— Não.

— Estou com a sensação de que tem algo aqui perto...

— Não há nada aqui, Zero. Se tivesse eu sentiria.

Não é minha especialidade, mas às vezes consigo sentir a presença de alguns seres vivos.

Zero voltou a olhar para o chão, aguardando a chuva passar. Sei que respondi que não havia nada por perto, mas tive uma sensação um tanto estranha. Tentando ignorar isso, continuei encarando a escuridão.

Achei que eu estava delirando um pouco, pois, ao fundo, no meio de toda aquela chuva, vi uma luz brilhando. Era roxa, alternava com rosa. Estávamos a tanto tempo aguardando dentro daquela caverna idiota que não duvidei que podia ser algo de minha cabeça.

Porém, aquela luz estava se tornando mais intensa. Ela oscilava entre "luz forte" e "ponto afastado".

— Zero, está vendo aquilo?

O menino se moveu um pouco.

— Uma luz... Algo errado, Gran?

— É estranho. Eu não consigo identificar exatamente o que é aquilo. Sinto uma energia, acredito que é da presença que você sentiu aquela hora.

— Mas você disse que não havia nada aqui...

Solto um grunhido. Odeio estar errado, mas erros acontecem.

— Eu errei. - disse, desviando o meu único olho para algum lugar onde não podia ver o andarilho. - Acontece, certo? Na maioria das vezes eu tenho a razão, você sabe, mas simplesmente aconteceu.

Zero soltou um risinho abafado.

— Qual é a graça-

Drasticamente, a energia que essa coisa emanava aumentou absurdamente. A luz se tornou extremamente forte, tanto que iluminou até mesmo dentro da caverna onde estávamos. Por uma fração de segundos, ela se apagou. Em seguida ouvimos uma forte explosão, que iluminou tudo novamente e depois sumiu, deixando apenas a poeira que foi levantada do chão, que caía lentamente.

Instintivamente, Zero se levantou em um salto e rapidamente se pôs em posição de combate. Senti a energia que era provida pelo meu núcleo correr pelo corpo metálico da espada, irrigando-a.

Havia algo caído no chão. Seja lá o que fosse aquilo, não seria um problema tão grande para nós. Meu poder era maior do que aquilo aparentava ter, e a energia detectada anteriormente, que tinha aumentado do nada, estava diminuindo conforme os segundos se passavam. Zero não tinha controle pleno de minhas habilidades, mas isso não seria um empecilho.

— Deve estar morrendo. - disse. Zero não precisava saber daquele aumento repentino de energia que era emanado. - Não parece mais uma ameaça, fique tranquilo.

Zero saiu de sua instância de ataque. Ambos ficamos observando aquilo que estava no chão. Não estava se movendo, a primeira vista.

— A energia que aquilo libera parece estar diminuindo... Provavelmente tentou fazer um último esforço em vão. - pensei comigo mesmo.

Embora eu consiga sentir essa tal energia, o rastreamento não costuma funcionar muito bem com seres vivos de fato. Acontece que seres vivos não conseguem armazenar tanta energia assim em seu corpo. Essa minha habilidade funciona melhor com armas como eu mesmo, ou seja, com Eclipse e Crescente. Por isso consigo seguir o rastro que ambas deixam e seguir Duel. Tendo isto em face, posso dizer que é estranho eu estar conseguindo sentir tamanha energia provindo de seja lá o que está caído próximo a nós.

Além de que, até onde sei, só existem essas três armas sapientes.

Observando, vi uma pequena luz rosada emanando de algo que flutuava.

— Espera aí... - disse. - Parece estar se mexendo.

A coisa levantou. A escuridão não nos ajudava a enxergar o que era exatamente, mas estava se aproximando devagar. A luz rosa parecia dançar longe do chão, a medida em que proferia movimentos circulares em volta do negócio que havia levantado.

— Escaneamento do perímetro efetuado com sucesso.

Eu não conhecia a voz que disse aquilo. Aparentava ser calma e suave, além de possuir um fundo metálico. Percebi que Zero me encarou nessa hora.

— Fique quieto. - sussurrei.

— Existe uma caverna nas proximidades. A distância até ela é de cerca de 50 pés.

— C-como você espera que eu ande até lá?! – respondeu uma segunda voz. Esta era mais infantil. – Gastei toda a minha energia vindo pra cá-! – A fala foi interrompida por uma tosse forte, seguida de um grunhido de desprezo.

A luz rosada continuava se aproximando vagarosamente. Estavam vindo exatamente para o local em que eu e Zero estávamos abrigados. Vi que o espadachim parecia um pouco inquieto.

— Zero, já mandei ficar quieto.

O garoto olhou para mim e sussurrou um pedido de desculpas. Era sempre a mesma coisa, ele tem essa mania irritante de pedir desculpas por tudo.

Ouvi um tipo de estalo. Olhando para a entrada da caverna, vi que, de algum modo, aquele que estávamos observando há menos de um minuto havia se teletransportado para dentro de onde estávamos.

Uma das vozes realmente era infantil. Não apenas a voz, mas o dono era bem pequeno. Se não fosse uma criança, tinha a aparência de uma. Tinha cabelos arroxeados, com algo que parecia dois chifres curvados para trás no topo de sua cabeça.

Zero e eu ficamos quietos em nosso canto observando. Lentamente o garoto se deitava no chão, se cobrindo com a enorme capa que usava. Ao seu redor, voava um... Cubo?

Era desse cubo que tinha a luz rosada que vimos anteriormente. Desse cubo também emanava uma energia suave, que, de algum modo só eu era capaz de sentir.

— Não parece querer atacar. Ele está muito ferido. - pensei comigo. Havia uma pequena poça de sangue aonde ele se deitava. - Se ficarmos quietos, essa coisa não irá nos notar no meio dessa escuridão e podemos sair sem qualquer conflito desnecessário. - Tudo bem, eu adoro uma briga mas não acho que devia gastar o meu AP ou o AP do Zero com isso.

O cubo meio que parou no ar e ficou inerte. Zero se levantou devagar.

— Zero, não-

— Escaneamento do perímetro efetuado com sucesso. Apresentem-se.

Merda.

— .... O meu nome é Magnum Grandark, e este é Zero Zephyrum. - Apresentar Zero nessa escuridão não devia ser muito efetivo. Provavelmente essa coisa nem iria notar que existem dois de nós ali.

— Dois asmodianos em Ernas. O que fazem por aqui?

Esse dia está sendo uma droga. Nunca errei tantas coisas seguidas. Estão subestimando minha inteligência.

— Eu não acho que te interesse. - Respondi.

O cubo pairou um pouco no ar. Em seguida, se aproximou de mim.

— Espada de aço, medindo cerca de 1 metro e 70 centímetros apenas de lâmina, ignorando o cabo. Material de alta qualidade, capaz de suportar altas temperaturas. Núcleo de alma medindo 20,7 centímetros de circunferência e 6,6 centímetros de diâmetro, sendo fonte de uma quantidade de energia considerável.

Não entendi, por que ele estava me escaneando assim? De quê importa se eu sou uma espada ou não?

— Prazer, Magnum Grandark. Meu nome é Deus Ex Machina.



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