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História Egó kai eseís (Eu e Tu) - Damnatio memoriae - Danação da Memória


Escrita por: JuhhG18

Notas do Autor


Olá!!
Essa é minha primeira fic no Spirit, espero que gostem!!

Capítulo 2 - Damnatio memoriae - Danação da Memória


Fanfic / Fanfiction Egó kai eseís (Eu e Tu) - Damnatio memoriae - Danação da Memória

Ela acordou. Sua cabeça latejava, a visão estava turva, enxergava apenas um borrão esbranquiçado. E então reconheceu, um lugar tremendamente familiar. Estava no hospital. Quando se lembrou, foi como um soco na face. Ela batera o carro, por ter se descontrolado é claro. Às vezes pensava que não pertencia a esse mundo, e então as coisas não faziam mais sentido, e a loucura brutal era o único som a lhe perturbar. Levou uma das mãos à cabeça. Ouviu um zumbido por alguns segundos, que aumentou ainda mais quando lembrou de lindos olhos acinzentados, que beiravam o castanho. Olhos tão familiares, tão reconfortantes.

As pessoas andavam para lá e para cá, do outro lado da porta de vidro. Em seguida, um rosto familiar adentrou o cômodo: Félix. Trabalhavam juntos a dois anos. Ele tentara algo com ela, que rejeitou de imediato. Não que fosse pessoal, mas só não se sentia à vontade. E seria extremamente antiético. Ele não lidou muito bem com o fato. Sem olhar em seu rosto, ele disse:

-Você teve uma leve contusão, uma hemorragia cerebral mínima, que foi estancada rapidamente sem nenhum danos aparentes. O problema é que a hemorragia ocorreu no córtex central, onde se localiza sua consciência e memória. Você pode ter alucinações em prazo indeterminado.

Ele fez uma pausa, ela o encarava com os grandes olhos castanhos. Ele tornou-se extremamente cansado, então. Suspirou e esfregou os olhos negros com uma das mãos.

-Você deve consultar um psicólogo imediatamente, caso ocorra alguma alucinação, certo? -ela fez que sim, com um movimento da cabeça, que ainda doía- Agora escute bem: você deve voltar imediatamente caso sinta-se com depressão, confusão, perda memória recente ou de longo prazo, tonteira, demência... Bom, você é uma médica suficientemente competente para saber os sintomas.-disse seco. Olhou-a com um leve desprezo e declarou- Você deveria dirigir mais devagar sabia? -Sua expressão se suavizou, e antes de se retirar, finalizou- Melhoras...

Mais tarde, outra enfermeira, cujo ela não conhecia, lhe deu alta, e então Emma se vestiu, com sua blusa cheia de sangue por causa do corte em seu braço provocado pelo vidro estilhaçado da janela. Viu também que estava com um hematoma na perna esquerda e que havia torcido o pulso esquerdo.

Ela estava sem carro, e não podia de jeito nenhum caminhar até o prédio. Lembrou que tinha o número de Lance, mas não sabia se ele poderia buscá-la, pois ele era psicólogo, e poderia estar atendendo alguém. Discou o número dele, e para a sua surpresa ele atendeu na hora.

-Alô?

-Lance?- disse ela, com um grunhido- É Emma.

A voz dele pareceu um tanto mais alegre.

-Emma, tudo bem?

-Não sei como falar isso mas... Eu bati o carro.

-O QUÊ??

-Calma! Isso foi de manhã, quando eu estava indo para a Clínica. Acabaram de me darem alta, mas estou sem carro. Você poderia me buscar? Eu sei que é incoveniên....

-Eu posso. -disse ele, de imediato- Mas você vai ter que me contar... O que raios aconteceu.

-Certo.

Ele desligou, e ela sentou em um banco que havia na calçada. Encarava o outro lado da rua, tentando se lembrar o que, além do seu descontrole, a fez bater o carro. Mas o que lembrava era apenas um par de olhos acinzentados que a encaravam, olhos familiares. Encarava o outro lado da rua, quando os viu de novo. Mas agora, não só os olhos, mas como um todo: Peter.

  Risos altos, e um cheiro de livros. Era marcante, sensual. Ela estava completamente largada no sofá dele, a cabeça sobre seu colo, enquanto ele lia um livro e ao mesmo tempo alisava uma mecha do cabelo liso dela. Ela olhava pra ele. Admiração. Ela estava levemente corada. Olhava para o teto como quem via estrelas.

  -Sabe...

  -Hm?

  -Constelações são a mais pura coincidência.

  -Hmhm...

  Ela olhou para ele, levantando os olhos. Ele riu com o nariz, ao perceber o olhar dela encostando nele.

  -O que foi?

  -Nada...

  Ele olhou como quem esperava uma resposta.

  -Só estou te olhando, oras. Você cheira a almíscar. Não é ruim, mas faz meu nariz coçar.

  -Então é simplesmente suportável.

  -Não! Quer dizer, sim... Bom, eu meio que gosto.

  Ele riu baixinho.

  -Eu não entendo como você muda de assunto tão rápido. Primeiro fala de constelações....

  -Então você estava prestando atenção quando eu o disse...

  -Sim.

  Passou-se alguns momentos de silêncio entre eles. Ela adormeceu. Ele a beijou na testa. Guardou seu livro e pôs-se a observá-la. O fazia quando ela não estava vendo. Assim ela não saberia que ele fazia exatamente a mesma coisa.

   Peter.

O nome gritava dentro de sua cabeça. Com um salto, Emma se levantou. Era ele. Mas não parecia que era, também. Um ônibus passou à sua frente, e então, depois que passou, ele não estava mais lá. Ela abriu e fechou os olhos, uma, duas, três vezes. Estava perplexa. Era ele que ela havia supostamente atropelado. Lembrou-se então do lampejo de luz, dos olhos faiscantes, e de ter batido em algo. O que era mais curioso era que, quando ela perguntara a enfermeira se havia atropelado alguém, ela negara, dizendo que o carro simplesmente virou fora da pista, como se tivesse derrapado.

Estava ainda assustada, quando ouviu algo, ou melhor, alguém, buzinando. Viu um civic preto, e dentro dele, avistara Lance com seus olhos verdes. Entrou dentro do carro, murmurando um "Obrigada...", e esvaiescendo dentro de si mesma. Ele perguntou de imediato:

-Então... Pode me contar. O que houve?

-Não sei, eu... Simplesmente derrapei. -Não queria contar à ele sobre Peter, pois isso era pessoal de mais.- Pelo menos foi isso que me disseram.

-E você? O que acha?

Ela ficou em silêncio, com olhos voltados para as próprias pernas. Lembrou-se sobre o quê Félix dissera sobre ela ter de precisar conversar com um psicólogo. E havia um logo ao seu lado.

-Eu me descontrolei. -disse, quase inaudivelmente- Fui acelerando cada vez mais.

-Por que?

-Eu... Eu não sei. Eu não me lembro muito bem. Algo haver com... meus pais.

Lance sabia o que houvera. Estava lá e a ouvira chorar alto, e algumas horas depois fora reconfortá-la.

-Entendo.

Ele não estava reagindo de uma forma muito respectiva. Mas ele continuou:

-Pode ser TEPT. É muito cedo para falar, mas... Não sei, poderia ser. Eu teria que analisar mais a fundo.

-Você quer... ter uma consulta comigo?

-Não exatamente. Seria muito formal, sabe? Acho que você não se sentiria à vontade -ele acertara, não mesmo- A gente podia simplesmente conversar.... Se você quiser. Nada oficial, é claro. Não precisa marcar horários,nem nada. Se acontecer, aconteceu.

Ele sorriu para ela. Preocupado, mais sorriu.

-Obrigada.

Meio que sem pensar, recostou a cabeça no ombro dele por alguns segundos, o que fez com que ele se arrepiasse. Percebendo a reação dele, se retirou. Assim que chegaram, ela agradeceu e subiu pelo elevador, junto com ele, que estava fazendo ela rir com um comentário qualquer. Ela abriu a porta do próprio apartamento, a fechou atrás de si, e se despiu, indo tomar banho, para lavar todo o sangue seco. Sentiu-se enjoada por alguns minutos, o que cessou quando ela se deitou e foi-se dormir.

Ela sonhou. Com mãos quentes sobre as suas costas, cabelos entre seus dedos e um hálito quente.

E olhos, é claro.

Olhos acinzentados, que beiravam o castanho.

 


Notas Finais


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