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História Egoist- Sua vida cabe em minhas mãos. - Nada festivo- part 2


Escrita por: T0ki

Notas do Autor


Voyeur : palavra de origem francesa que descreve uma pessoa que obtém prazer ao observar atos sexuais ou práticas íntimas de outras pessoas.

Capítulo 13 - Nada festivo- part 2


Todos os meus planos foram cancelados por conta de uma foto de um ato que eu era a vítima, mas devido as circunstancias de minha má fama do passado, seria entendida como contrária.  Estava com raiva de ser chateado por algo que não fiz, por ser vigiado, por ter minha privacidade violada todo o tempo e nada poder fazer. Penso se não devo realmente tentar entrar em contato com à policia e tentar explicar toda a situação, vai que uma alma se convence que estou falando a verdade. Rasguei a foto, imaginando que não seria a única que ele teria. Já que sou obrigado a sair com ele, irei criar um escândalo  no local que ele for me levar, gritarei para todos que ele me chantageia, que usa fotos mentirosas contra minha pessoa. Irei envergonhá-lo a ponto de querer sair desse país!

Ele parece um Voyeur! Fica gravando escondido a vida privada do outro e expondo por aí. Quem me garante que essa foto já não esteja em algum site pornô gay? Não me importo se ele seja um ex-namorado da época de escola chateado pela vergonha que possivelmente passou por ser desmascarado por namorar comigo na frente de todos. Essa situação já passou dos limites!

Olhei o traje, era muito bonito, porém, não combinava com o clima do Natal. Quem faz baile de máscara em dezembro? Estou sendo otimista em pensar que uma festa me aguarda, pode ser somente um fetiche de um louco, uma piada sem graça, ou até a última roupa que vestirei para ser assassinado em um terreno baldio. Quando se trata desse ser que se intitular Egoist, deve se esperar por tudo! 

 Confesso que já tentei entender como funciona essa vingança dele, uma hora parece estar me cortejando, outra me ameaçando. Fico com sérias dúvidas sobre o tipo de ameaça que ele me representa. Se ele tem a intenção de se aproximar de mim por interesse romântico, por que não usa uma abordagem normal, como um encontro casual na rua, apresentações, trocas de números de telefone? Que necessidade sádica é essa de me ver sofrendo, ao mesmo tempo que me livra de situações ruins? Eu queria rejeitar muito esse convite, queria me livrar de uma vez desse louco, mas não poderia arriscar ser humilhado novamente, e ainda mais, levando outra pessoa comigo. Mesmo que o Caio seja culpado pelos seus atos, ser exposto para todos não é algo que eu desejo para ele. Como passei por isso uma vez, eu sei o quanto isso afeta a nossa auto estima. Tomei um banho demorado, olhando constantemente para o relógio, eram ainda dez horas da noite, eu tinha menos de uma hora para ficar pronto. Terminado o banho, passei meus cremes, se fosse para morrer que fosse cheiroso. Vesti a roupa que entrou perfeitamente em meu corpo, como se ele soubesse minhas medidas.

Próximo das onze horas da noite, eu já estava parado na frente da porta, usando a máscara e me sentindo ridículo. Estava aliviado por não ter ninguém na casa da proprietária, todos haviam saído. À noite estava fria, muitos carros enfileirados na rua, as casas cheias de pessoas comemorando o clima em família. Me senti solitário, fazia tantos anos que eu não sabia o que era sentar na mesa com o meu pai e minha mãe, abrir os presentes que escondiam e diziam que o papai noel havia trazido para mim. Eu era muito feliz antes deles descobrirem minha orientação sexual. Agora, me odeiam, só por não consegui amar da maneira deles. Uma lágrima tentou fugir dos meus olhos, e rapidamente tratei de limpar. Não iria chorar, não posso me deixar levar por sentimentos assim. Estava começando a ficar inquieto com a demora do tempo em passar, batia meu pé no chão freneticamente enquanto esperava.

— Gabriel? É você? — olhei para o lado, e Janaína se aproximava. Estava bem  arrumada em seu mini vestido, com os cachos soltos em seu lindo black power. 

— Sim, sou eu. Isso é uma longa história.

— Eu e meus pais pensamos que viria passar o Natal com a gente, ficamos te esperando e como estava se aproximando das onze horas, pensei que estivesse ainda chateado ou tímido para sair. Eu vim te buscar.

Aquelas palavras me fizeram tão feliz! Eu a abracei com força, segurando as lágrimas da emoção que sentia de saber que sempre terei uma família para voltar. Não importa o que aconteça. Ela retribuiu meu abraço, me apertando mais forte ainda. Ficamos um bom tempo assim, até que nos separamos, bem chorosos.

— Parecemos duas menininhas.— respondi, removendo a máscara para limpar os olhos.

— Sempre achei que eu era o homem da relação. Mas, então, explique o que é esse traje e essa máscara em pleno Natal.

— O EgoistBoy me obrigou a me vestir assim e esperá-lo aqui ás onze horas. Espero que não seja uma pegadinha dele para me perturbar.

—Ele continua te perseguindo? — perguntou ela abismada. 

— Sim, e está cada dia pior. Ah, amiga, são tantas coisas que eu tenho que te contar. A conversa é longa. 

— Imagino...O que fará se ele aparece aqui? Se ele pediu para se vestir assim, pode ser que te leve a algum lugar.

— Eu irei. É um risco que tenho que correr. Estou farto desses joguinho dele, não tenho mais saco! Juro para você, estou ficando louco! E se fosse para me matar, ele já teria feito. Ele continua tendo acesso a minha vida, a minha casa, de uma maneira que não entendo como consegue. Acho que é mais divertido para ele me fazer sofrer, do que me matar.

Não deu para ficarmos conversando por mais tempo, porque uma limousine preta estacionou em nossa frente, dentro dela um motorista vestido a carácter, também usando uma máscara no rosto, porém toda preta, abriu a última porta e me pediu educadamente para entrar. Jana achou a situação tão estranha que segurou meu braço forte impedindo que entrasse no carro.

— Gabriel, não vá! Não ver que tudo isso é bizarro?! — me alertou.

— Eu sei, mas não tenho opção! Além do mais, ele esta me chantageando com uma foto que tirou de uma situação que nem sou culpado, porém, pode me prejudicar e a outras pessoas. Quero evitar que se repita tudo do passado. Irei ver o que ele finalmente quer comigo, não se preocupe, tudo ficará bem. — respondi dando um beijo em sua testa, e soltando sua mão do meu braço.  Entrei no carro, o motorista fechou a porta e seguimos, sabe-se-lá para onde.

A parte de dentro do carro estava totalmente na penumbra, cortinas de veludo tampavam as janelas, e eu não conseguia ver nada, por isso não me mexi. Fiquei sentado ouvindo meu coração disparar com toda essa excentricidade. Apesar de dizer que tudo ficaria bem, eu não tinha nenhuma garantia sobre isso, não sei quem é o Egoist e o que quer comigo. Se tudo isso for uma vingança, é certeza que acabarei morto. Pior de tudo isso, é que se eu morrer hoje à noite, além de não encontrarem meu corpo, nunca prenderão o culpado por falta de provas. Comecei a respirar fundo para manter a calma, foi quando senti um aroma gostoso no ar de perfume masculino, e não era o meu. Será que tinha mais alguém no carro comigo, tirando o motorista, obvio? Como é um carro grande e espaçoso, eu não sabia confirmar com tanta escuridão. Minhas pernas tremiam de nervoso, me sentia em um filme de terror com espíritos em volta.

— Está sentindo frio? — uma voz masculina falou não muito distante de mim, percebi que estava logo a minha frente, provavelmente sentado na poltrona de frente à minha.

— Esse é seu jeito de resolver as coisas? No escuro? Todas suas vítimas passaram por isso? — queria parecer  durão, mas minha voz saiu tremida de medo.

— Vítimas? Nunca tive vítimas. — respondeu sem alterar a voz, o que era um bom sinal ao meu ver. Nos filmes e novelas, os psicopatas ficam nervosos quando você os acusa de algo, esperava que ele ficasse chateado.

— Qual o motivo de me perseguir, invadir minha privacidade, destruir minha paz? Me sinto sua vítima, até porquê estou aqui graças a uma ameaça sua.

Eu escutei o som de sua risada, ele estava rindo de mim? Maldito!

— Você é interessante em todos os sentidos. Confesso que um tanto corajoso também, entrando em um carro escuro com um estranho. Tudo isso para proteger sua moral? Ainda sobrou alguma coisa dela?

— Todo esse teatro é para isso? Falar sobre minha moral? Te fiz passar alguma vergonha e agora quer se vingar de mim? Você é mais idiota do que eu imaginava. Supere seja lá o que for que tenha contra mim, e gaste seu dinheiro vivendo sua vida! — disse contrariado, nessa hora, nem me passava pela cabeça que eu poderia estar correndo risco de vida.

— Eu até tinha um objetivo para você, mas acabei mudando de opinião. Confesso que estou decepcionado por ter esquecido de mim.

Meu Deus! Sobre o que esse louco está falando?

— Cara, seja direto! Quem é você? O que quer comigo?— Gritei com raiva.

— Não seja precipitado, logo você saberá. Farei recobrar sua memória.

Respirei fundo, para não sair tateando no escuro e meter minha mão na cara dele. Tentei mudar a conversar e tentar identificar para onde ele estava me levando.

— Para onde estamos indo? Por que eu sou obrigado a me vestir dessa maneira?

— Estamos indo para minha casa, está acontecendo um baile de máscaras, e você é meu convidado principal.

— Um baile... O que fará se eu começar a gritar para todos que nem um histérico que você me sequestrou e me chantageia?

— Além de fazer você parecer um maluco? Nada. Ninguém acreditará em você, e acredito que a essa hora, nem estejam lembrando muito o próprio nome de tão bêbados. Além do mais, eu te conheço melhor do que você mesmo. Não faria nada que pudesse prejudicar sua família de alguma maneira.

— Você está ameaçando a minha família?

—Eu não ameacei ninguém, Pequeno Egoísta. Apenas estou lembrando à você que não é bom fazer nada que envergonhe as pessoas que te criaram com tanto carinho. Afinal, nessa festa terá muitas celebridades, jornalistas, seria realmente triste se sua história de vida caísse na mídia e revistas. A vergonha que era compartilhada somente entre os estudantes da Santa Madre, ganhando notoriedade nacional. Acho que não iria querer isso não é? Ainda mais depois daquele adolescente mimado que nem completou dezoito anos está na cama com um cara de quase vinte... Não quero nem pensar em uma coisa dessas. — Não era preciso vê-lo para sentir a maldade que me cercava. 

Resolvi me calar, não valia à pena fica discutindo com ele, isso me deixava ainda mais furioso e inquieto. De repente, ele puxou minha mão, me fazendo levantar e ir sentar com ele no sofá onde ele estava, do outro lado da limousine. 

— Gosto de você por perto — disse perto do meu ouvido, eu sentia o ar quente saindo de sua boca — Você cheira bem.

— E você é nojento! — disse me afastando dele, claro que era mentira, ele cheirava muito bem.

— Essa sensação é passageira, logo você esquecerá. Entendo que esteja irritado, se sentindo violado, mas no fim, você entenderá que tudo é uma maneira de fazer você lembrar de mim. 

Ele bateu palmas e a luz de dentro do carro acendeu. Olhei ansioso para seu rosto, porém, ele também usava uma máscara, parecida com a minha, cobrindo metade do rosto, toda preta com detalhes em volta de brilhantes. Ele sorriu para mim quando percebeu minha decepção ao ver que ele estava mascarado, seus dentes eram perfeitamente alinhados e brancos, seu sorriso era muito bonito. Mesmo usando a máscara, era possível ver o quanto bonito ele era, seus cabelos escuros passados para trás, seus olhos eram de um azul da cor do mar, bem diferente dos meus quase esverdeados. Involuntariamente meu coração começou a disparar, ele me recordava alguém.

— Se estiver com sede, tem um frigobar na limousine, tem todas as bebidas que você gosta.

— Como sabe quais são as bebidas que gosto? — ele sorriu ao invés de me responder, logo me senti estúpido pela pergunta. Perguntar para um perseguidor sobre meus gostos pessoais, eram o mesmo que perguntar a minha mãe qual é meu nome. Sem sentido algum.

— Eu irei ri muito quando você perceber que provavelmente está descontando sua frustração na pessoa errada. 

— Não machuque meus sentimentos.— disse pegando minha mão e levando até sua boca selando com um beijo. — Será que lembra quantos homens já beijou? Qual foi seu primeiro beijo? Ou por quem se apaixonou primeiro? Sua vida amorosa foi tão agitada, será que contabiliza isso? 

Removi minha mão de sua boca, e me afastei ainda mais dele, ficando colado na porta.

— As únicas coisas que não lembro são as que não me interessam.

Ele nada me respondeu,  ficou calado todo o tempo, sentado com as pernas cruzadas muito seriamente.

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Finalmente saímos do carro, paramos dentro de mansão decorada de luzes por todos os cantos, um pequeno caminho de flores nos levava para a entrada da casa. Era uma mansão linda e uma festa acontecia nela. Assim que entramos , fomos recepcionados por garçons usando máscaras pretas como a do motorista, servindo Champanhe, peguei uma taça e fui conduzido por ele até o salão. Todos na festa estavam com roupas luxuosas usando das mais variadas máscaras. O chão era interativo, toda vez que eu dava um passo, uma luz se acendia em baixo dos meus pés. Havia um Dj exclusivo que tocava em cima de um palco, e um enorme bufê que saciaria a fome das crianças na África. 

Egoist me fez sentar em uma mesa afastado de todos, sozinho. Ficou sentado um pouco comigo, comendo o que era servido. A música e o clima estava empolgante, eu sentia vontade de ir para pista dançar com aquelas pessoas, mas obviamente não iria dar esse gostinho para ele. Então, me mantive sentado, comendo e bebendo tudo que me era servido. Ele pediu licença e disse que resolveria alguma coisa, fez questão de me alertar que qualquer coisa que eu fizesse só acarretaria problemas para mim mesmo. Levei aquilo como ameaça. Fiquem bastante tempo sozinho sentado na mesa, ninguém se aproximava de mim para conversar, era como se eu fosse invisível. Eram tantas pessoas, que já não via mais o Egoist entre elas. Eu fiquei em dúvidas se aproveitava para fugir ou ficava sentado esperando ele voltar.

Continuei bebendo, estava já começando a me senti atordoado até porque não havia me alimentado direito, estava com a barriga vazia. Resolvi passear pela pista, dançar um pouco para o álcool diminuir efeito. Aquelas máscaras estranhas combinadas com o escuro e jogos de luzes do salão, mais a música alta e vibrante, estava me fazendo ficar mais aturdido. Acabei quase caindo em cima de um casal que dançava na pista. 

— Você está bem? — me perguntou um homem com metade de uma máscara de raposa.

— Estou bem, pode deixar! — respondi tentando andar o mais reto possível. 

Ouvi a mulher de cabelos ruivos dizer algo sobre piscina e eu me afogar, não sei exatamente  o que rolava nessa festa, mas começo acreditar que seja um complô para me matar. Ela provavelmente queria me afogar na piscina enquanto o outro ainda estava decidindo uma morte mais terrível. Isso explica porque o Egoist me deixou sozinho e saiu tranquilamente, sem medo que eu fugisse.

— Você por acaso é o ...— o homem estava segurando meu braço e parecia que iria remover minha máscara quando o Egoist apareceu do nada. 

— Ele está comigo, não se preocupe. — disse, puxando-me para perto dele.

Fui arrastado para o jardim, e o cheiro forte das rosas e do perfurme dele  me embriagavam. Ele me deu algo para beber, veneno talvez, pelo gosto amargo. Mas depois de alguns minutos bebendo aquilo, percebi que era apenas café puro. Eu sentei no banco que havia no meio do jardim entre as rosas e tive a sensação de não ser a primeira vez que estive aqui.

— Você gosta de me dar trabalho. — disse ele, sentando ao meu lado.

— É sério que estou ouvindo isso de um voyeur? — ironizei, ele respondeu sorrindo.

Quando terminei o café, ele pegou minha mão e colocou uma rosa mais três moedas de dez centavos, eu fiquei olhando para elas sem entender o seu significado.

— Isso te lembra alguma coisa? — me perguntou olhando bem nos meus olhos atrás daquela máscara.

— Mais ou menos, não tenho certeza. — falei encarando os objetos em minha mão novamente.

— Deixe-me contar uma história. — ele se levantou e me obrigou a fazer o mesmo — Um dia, um garoto veio para o jardim como de costume ler seu livro, quando percebeu que um menino roubava suas rosas. Ao abordá-lo, o pequeno ladrão tentou suborná-lo com dinheiro, para que não contasse as autoridades que ele roubava flores de propriedade alheia. Porém, o menino não aceitou suas miseras moedas, que não faliam nem uma única flor de sua casa. Como não tinha mais nada para oferecer, o pequeno ladrão deu seu último golpe e roubou o primeiro beijo do garoto. Depois fugiu com suas  flores e nunca mais foi visto de novo nesse jardim, até hoje.

Eu olhei para ele assustado.

— Bem vindo de volta, pequeno ladrãozinho. 



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