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História Egoist- Sua vida cabe em minhas mãos. - A flor da pele.


Escrita por: T0ki

Capítulo 15 - A flor da pele.


Eu estava cismado com o que o Yuri havia me falado sobre tomar cuidado com quem estou andando. É claro que ele se referia ao Egoist, mas como eles poderiam se conhecer? São criaturas de mundos diferentes, Egoist um playboy rico, Yuri um trabalhador assalariado. Como esses dois podem conhecer um ao outro? Outra pergunta que não sai da minha cabeça, é como o Yuri soube do baile, ele falou como se estivesse lá, mas pelo que percebi, a festa era para uma pequena classe dominante da cidade, uma classe que eu e ele não estamos incluídos. Será que ele era algum dos garçons mascarados? Essa é a única forma que me vem à mente dele ter participado e me visto lá. Apesar de que, lembro muito bem que ele saiu com a proprietária e a namorada mais cedo, será que largou as duas em algum lugar e foi trabalhar de garçom? Esses questionamentos estão me deixando maluco.

Eu mal tive tempo de me aprofundar na história porque a Jana veio bem cedo me visitar, queria saber se tudo ocorreu bem e se finalmente conhecia o perseguidor misterioso. Apesar de agora saber como é seu rosto, sua identidade ainda era um enigma. A única que poderia me dizer o nome da família daquela mansão, o endereço de lá e tudo mais que não lembro por ter sido algo de quando era muito pequeno, era minha mãe. Essa que não fala comigo há anos. Tentei pular algumas informações sobre minha noite com a Janaína, agora que paro para pensar, me sinto um pouco envergonhado de ter transado com o Egoist.  Eu passei todo o tempo me queixando dele, por acabar com a tranqüilidade da minha vida e acabo dormindo com ele no nosso primeiro encontro! Isso me tira toda credibilidade. Contei para ela tudo sobre a festa e os convidados finalizando dizendo que havia dormido sozinho no quarto de hospedes. Mesmo com os fatos esclarecidos, senti que ela esperava uma história romântica, o que é incrível, pois ela tentou evitar que eu fosse ao encontro temendo minha segurança. Vai entender essas garotas!

Uma semana depois desse encontro, eu nunca mais fui incomodado pelo Egoist, ele simplesmente desapareceu. Acredito que depois de ter conseguido o que queria de mim, tenha perdido o interesse. Fiquei com uma péssima sensação no coração, era como voltar aos tempos de escola, quando os meninos me rejeitavam para namorar garotas. Senti-me usado e descartado. Eu mereço, confesso, ele não me obrigou a nada, eu simplesmente me deixei levar por aqueles olhos penetrantes e corpo escultural. Tanto tempo sem sentir calor humano de verdade, sem ser tocado e levado à loucura, me deixou vulnerável para ser persuadido em transar com pessoas estranhas. Uma parte de mim o odiava suas atitudes, outra parte tentava achar beleza em suas ações. Nunca tive alguém nessa vida fazendo tanta coisa somente para estar do meu lado, mas é claro, isso não passou de conversa fiada, porque ele sumiu assim que obteve o que queria. Logo, nunca foi realmente interessado por mim.

Estava aproveitando minha pausa lanche do trabalho, lanchando  sentado na praça de alimentação. Apesar de ser dia de semana, o Shopping estava bem movimentado, isso por causa das festas de final de ano, e a proximidade com o verão, férias. As pessoas queriam renovar o guarda-roupa. O lanche estava no fim, e eu olhava distraído para  o movimento nos corredores, quando vi uma silhueta conhecida. Largou o restante da comida na bandeja e corri para segui-lo, toque seu ombro assim que o alcancei.

— Realmente era você! O que faz hoje no shopping, Yuri?

Ele me olhou surpreso, parando instantaneamente quando eu o toquei.

— Eu que pergunto o que você faz aqui.

Apontei para a logomarca da loja de sapatos que trabalhava no peito da minha camisa.

— Eu trabalho aqui. Se você está procurando algum presente de fim de ano para sua namorada, ou até mesmo sua avó, venha na minha loja de sapatos. Temos lindas coleções com preços de cair o queixo. — falei passado o meu braço no dele, e tentando conduzi-lo para a loja.

— Obrigado pelo convite — disse removendo meu braço — Mas não estou interessado. Volte para o seu serviço.

Ele voltou a caminhar olhando as vitrines comigo o seguindo.

— Eu estou em minha pausa nesse momento, posso te ajudar a escolher o que quer que seja. Tenho bom gosto.

— Obrigado, mas deveria aproveitar melhor seu tempo de descanso. Não preciso de sua ajuda. — respondeu sem me olhar.

Comecei a ficar bravo com aquela atitude. Estava sendo legal com ele, como um bom amigo, e ele evitava a todo custo agir normalmente comigo. Puxei-o pelo braço para me encarar e ouvir umas verdades.

— Você poderia me dizer, o motivo de me tratar tão mal? Eu estou sempre alegre tentando manter nossa amizade como antigamente, mas você sempre me responde friamente, distante, pouco interessado. Por acaso tem vergonha de mim depois que ficou sabendo que fui humilhado na escola? É isso? Não quer ser visto por nenhum conhecido andando com um ex-colega de escola mal falado? É homofóbico? Você sempre soube que eu só namorava garotos, e não parecia se importar com isso na época, agora que cresceu isso te incomoda? — fui direto, estava irritado. Queria uma explicação para seu comportamento, é difícil para mim ver o Yuri super maneiro e amigo da escola agindo como se eu fosse um peso morto. Apesar de está furioso, mantive minha voz baixa, mas a vontade mesmo era de gritar!

Ele ficou me olhando sem nada dizer por um tempo, cheguei a pensar que ele ignoraria minhas perguntas, mas daí, finalmente ele começou a falar.

— Se eu fosse homofóbico como diz, eu nunca teria conversado com você em minha vida. Mesmo depois de te reencontrar morando na casa de minha avó, poderia simplesmente te expulsar e evitar qualquer aborrecimento. O problema aqui, Gabriel, é você. Que insiste me fazer ser o garoto inocente do passado, sem perceber que não sou mais uma criança e sim um homem, e como homem penso e reajo como um. Se não gosta da minha personalidade, basta não falar comigo. — respondeu me dando as costas e voltando a andar.

— Você quer-me dizer que anda me tratando estranho somente por ter amadurecido? Conta outra! — respondi andando atrás dele.

— Se não quer acreditar é uma escolha sua. Só não fica enchendo meu saco com perguntas idiotas e questionamentos imbecis. Eu não tenho paciência para isso. Deveria cuidar mais da sua vida.

— Pra quê? Se fosse tem feito esse trabalho tão bem por mim? — perguntei zombando, ele virou-se me encarando intrigado.

— Eu tenho feito?

— Sim, como sabe que eu estava no baile naquele dia? Aquela festa era somente para convidados de alto escalão, como você sabe com quem eu ando? De onde conhece o Egoist para me mandar tomar cuidado com ele?

— Egoist? É assim que o chama?

— Não me importa como eu o chamo, eu quero saber como você sabe tanta coisa sobre minha vida se não tem tomado partido dela. Quero saber tudo que você sabe sobre ele, e o motivo do conselho.

— Eu não te devo satisfações. — respondeu voltando a andar.

— Quer dizer que eu tenho que segui seus conselhos, mas a sua maturidade não te permite explica o motivo deles? E diz que não me trata mal... — ironizei.

— Os conselhos são dados de graça, se vai escutá-lo ou não é problema seu. Minha parte como um amigo antigo seu, eu fiz, que foi te alertar. Se vai seguir o que digo, só você pode responder. Agora, volte para o seu trabalho e me deixe em paz. — finalizou.

Dessa vez, eu não o segui. Deixei ele se afastar como tem feito com suas ações. Ainda me faltavam vinte minutos e não tinha nada que quisesse fazer, estava com raiva, e indignado com a nossa conversa que no fim não deu em nada. Pura perca de tempo e de evolução. Comecei  andar desnorteado pelo shopping que acabei parando em uma parte sem nenhum movimento, onde ficava a escada de emergência em caso de problemas ocorrerem no shopping. Agachei-me e fiquei sentado ali pensando se deveria ou não escutá-lo e por quê. Ele nada me explicou não me disse como chegou à festa, muito menos qual o nome do Egoist. Continuo no escuro sem saber o que fazer, nem sei quantos minutos passei pensando de olhos fechados com a cabeça encostada na parede, tentando voltar a calma para trabalhar. Só senti algo gelado tocar minha testa, quando reparei, era ele com um copo de plástico de milkshake encostado em minha testa.

— Pegue. —ordenou.

Tomei o copo de sua mão e comecei a tomar, encarando ele com fúria. Ele notou minha cara zangada, e ficou em pé do meu lado de braços cruzados encostado na mesma parede, rindo de mim.

—  Você não muda nada, continua idiota.

— Olha quem fala...

— Pensei que fosse um trabalhador, porém, fica pelos cantos do shopping choramingando. Que vergonha... — disse ironicamente.

— Vá a merda. A pouco estava me mandando ficar longe, agora me segue trazendo um milk-shake para mim. Quem é o problemático agora?

— Quem disse que era para você? Eu estava tomando ele até avistar essa cena triste de você no chão. Não se subestime tanto.

Se ele era dele o MilkShake significa que seus lábios a pouco estavam no canudo, e que acabamos de dar um beijo indireto. Meu coração começou a disparar no peito.

— Você continua um cara infantil e fácil de ser enganado. Não conte comigo para te salvar sempre, você já é um homem agora. — disse ele olhando para o nada, parecia bem sério.

— Do que eu preciso ser salvo por você?

Ele me encarou e não respondeu a pergunta, se despediu dizendo que tinha compromissos marcados e foi embora. Eu fiquei mais um tempo ali até terminar a bebida me indagando o que ele queria insinuar. Pelo menos, mesmo que o fim não tenha entendido nada, eu estava feliz por ele ter vindo atrás de mim e que tenhamos compartilhado um beijo indireto. Sou realmente muito infantil.



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