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História Egoist- Sua vida cabe em minhas mãos. - Louco, mas consciente.


Escrita por: T0ki

Capítulo 26 - Louco, mas consciente.


Eu fugi para casa da Jana, mesmo temendo que o Egoist consiga me vigiar novamente como fazia, eu precisava me esconder do Yuri. Eu não queria encará-lo por agora. Completou duas semanas que eu vivia como se nada tivesse acontecido; ia de casa para o trabalho, do trabalho para faculdade, da faculdade para casa. O mais estranho nisso tudo era o fato do Yuri em nenhum momento tentar me contactar. Nem por mensagens no celular, nem tentando ir ao meu trabalho. Nada. Ele desapareceu. Claro que ele tem todos os motivos do mundo para não querer falar comigo, mas ele é meu namorado, ou era. Não é normal ele querer tirar satisfações sobre o que aconteceu? Gritar, xingar coisas do tipo que fazemos quando estamos irritados com alguém?

Confesso que no dia que tudo aconteceu, recebi uma ligação de um número desconhecido que eu acredito que tenha sido ele, mas por medo eu não atendi. Depois me arrependi e enviei uma mensagem pedindo um tempo para pensar na minha vida, não esperava que ele fosse realmente cumprir o pedido. Ele parecia tão decidido quando começamos a namorar que eu fiquei idiotamente esperando que ele surgisse a qualquer momento querendo conversar. Decidi que já estava na hora de encarar os meus problemas e voltei para o meu apartamento, mas não esperava que os problemas fossem aparecer tão rapidamente. Quando cheguei em casa encontrei o Ayato encostado na parede da escadaria que dava para a minha casa, ele estava vestido casualmente e ouvia música em seu celular. Seus olhos estavam fechados, parecia estar curtindo a música. O que me deu muita raiva, seu aspecto relaxado para quem destruiu o relacionamento de outra pessoa não era correto. Passei direto por ele, que segurou meu braço me forçando a parar no meio da escada.

Levantei da cama e me limpei com o short úmido que havia usado na piscina, sem nem olhar para o seu rosto, sai do quarto. Sentia nojo e raiva de mim. Estou sempre cometendo um erro atrás do outro, sinto-me intoxicado pelo Egoist, ele está acabando com todos os meus planos de futuro do lado do Yuri. Como poderei encará-lo depois do que aconteceu hoje? Minha cabeça doía, não sei se era pela raiva ou pelo peso da consciência. Eu precisava sair o mais rápido que podia dessa casa, acelerei o passo nas escadas ao invés de pegar o elevador, não queria correr o risco dele me alcançar, apesar que não vi sinal de sua pessoa tentar me seguir. 

— Calma, não tem necessidade de subir rapidamente por me ver. Você pode cai da escada.

— Eu cai da escada seria o menor dos meus problemas criados por você. — removi meu braço de sua mão, e continuei a subir. Abri a porta e, estava preste a fechá-la quando ele colocou sua mão me impedindo.

— Eu passei duas semanas vindo até aqui atrás de você. Gostaria de conversar.

— Não tenho nada para conversar com você! Eu só quero que me deixe em paz como venho te pedindo todo esse tempo. Você não cansa de fazer minha vida um inferno? Me esqueça! — gritei fechando a porta atrás de mim com violência. 

Eu ouvi ele dizer do lado de fora que não sairia de lá até que eu abrisse a porta e pudessemos conversar. Não me importei. Fechei as janelas e cortinas, tranquei a porta e coloquei por precaução uma cadeira atrás dela. Fui para o meu quarto e me tranquei. Não sei quanto tempo se passou, mas acabei pegando no sono profundo. Quando acordei já era tarde da noite e chovia muito forte do lado de fora. O clima caiu e um frio intenso percorria pela casa, puxei o edredom e liguei a TV. Foi nesse momento que me lembrei do Ayato, será que ele ainda estava do lado de fora? Levantei e sai do quarto, fui até a janela da sala verificar. Encontrei ele sentado nos degraus da escada com a chuva caindo fortemente sobre sua cabeça, ele não se movia, mas dava para perceber que estava com frio pelo jeito que tinha os braços enrolados entre os joelhos. Abri a janela.

— Vá para casa, estúpido! Eu sei que você veio de carro para cá.

O barulho da chuva era ensurdecedor, nem mesmo eu escutava minhas palavras, continuei a gritar, porém tudo em vão. Abri a porta e desci até onde ele estava, puxei ele para dentro de casa.

— Eu sei qual é seu plano! — gritei — Você quer pegar uma fraqueza de baixo dessa chuva para que eu me sinta culpado por você ter ficado doente. Mas isso não irá colar! Eu sei que tudo que você faz tem uma jogada por trás. Você é uma pessoa que não vale nada! — fui até o banheiro e peguei uma das toalhas extras que deixo pendurada, joguei em cima dele. — Seca-se, depois que que a chuva diminuir vá embora.

— Entendo. Sei que está com raiva de mim, mas juro para você que não estava nos meus planos fica na chuva. Simplesmente aconteceu assim, não queria que fugisse quando eu não estivesse vendo de novo. 

Os lábios dele estavam roxos, sua pele bem palída e tremia até quando falava. Voltei ao quarto e procurei alguma roupa para emprestá-lo, como ele e eu tínhamos quase o mesmo tamanho e corpo, era fácil. Peguei um moletom e uma calça do mesmo tipo. 

— Tome. Está me dando nervoso ver você tremer no chão da minha sala. Vista logo. 

Ele agradeceu e começou a se despir na sala mesmo. 

— Faça isso no banheiro!

— Não é preciso, além do mais, não quero molhar mais a sua casa do que já estou molhando. — dizendo isso, continuou a se despir. 

Eu fui para minha copa cozinha e fingi ignorar sua troca de roupa, mas meus olhos iam e vinham em seu abdômen. Ele retirou até a cueca box que usava, ficou totalmente pelado. Céus, como é possível aquilo se manter daquele tamanho depois de tomar chuva e senti frio? Ele é realmente muito bem dotado. Seu corpo é espetacularmente lindo. Sinto até um pouco de inveja. Tenho perdido peso com os problemas, e não malho há muito tempo. Ele vestiu a calça sem nada por baixo, depois o moletom. Pôs a  roupa num canto da sala próximo a porta, e sentou-se no sofá para secar melhor seu cabelo. Fiz um chocolate quente, não que eu estivesse o agradando. Só estava sendo educado porque seria muito estranho eu preparar um chocolate para mim e deixá-lo babando.

— Obrigado. — respondeu pegando a caneca da minha mão. Mantive minha cara de bravo. — Eu pensei que você estivesse dormindo e que eu passaria à noite de baixo de chuva.

— Por mim, você passava mesmo. Mas seria muito estranho se alguém passasse e visse você do lado de fora da minha casa tomando chuva. Não quero que os meus vizinhos também me odeiem por sua causa.— respondi sentando na poltrona de frente para ele.

— Entendi. Na verdade o que eu vim dizer a você vai te deixar aliviado. Eu comecei a fazer uma terapia para tentar entender o motivo de te amar tanto e, percebi que quanto mais eu tento me aproximar mais faço com que me odeie. Não adianta fazer nada para impedi que você fique com outra pessoa, você nunca ficará interessado por mim. Depois de muito lutar contra esse pensamento, decidi desistir de você. Deixar de segui-lo, vigia-lo ou qualquer coisa que eu possa fazer para está um passo em sua frente e conquistá-lo. 

No inicio, achei que ele estava tirando uma com a minha cara. No entanto, ele se manteve bem sério em todo seu argumento. Uma parte de mim estava feliz por saber disso, mas a outra estava desconfiada ao extremo. O Egoist, quer dizer, o Ayato não é o tipo de pessoa que devemos confiar, mesmo quando fala seriamente. Será possível que essa seja mais uma de suas artimanhas? Mas, não vejo muito como isso iria funcionar. Se ele irá realmente me deixar livre e parar de me perseguir, como ele espera que eu me apaixone por ele? A primeira coisa que eu faria era tentar retomar meu namoro com o Yuri e ser feliz para sempre com ele. Nunca iria correr atrás do Ayato.

— Eu não acredito. — respondi — Acho que é mais uma de suas brincadeiras. 

— Eu sabia que você diria isso, mas mesmo assim é a verdade. Até conversei com o Yuri sobre essa decisão e sobre tudo que aconteceu. 

— Eu ouvi errado ou você acabou de chamá-lo de Yuri? Não é o bastardo como costuma dizer? — perguntei estranho seu comportamento.

— Para você perceber como estou falando sério. As mudanças já estão acontecendo.

— Se você está dizendo... Espero que seja a verdade. O que você falou para o Yuri?

— Bem, dei meu jeito. Contei a verdade e melhorei as outras.

— Como assim? — me inclinei na poltrona para prestar atenção melhor.

— Eu contei para ele que você não tinha culpa por nada que aconteceu naquele dia, eu te encontrei deitado no meu quarto em sono profundo e me aproveitei de você que achou que fosse ele. Depois quando percebeu o que havia acontecido, brigou comigo e saiu irritado de casa. 

— Você disse isso mesmo para ele?!— eu estava chocado.

— Sim, inclusive ele me socou e só não saímos na porrada por causa da Sayuri que se intrometeu entre nós. — ele contava tudo muito calmamente enquanto bebia o chocolate.

— Sayuri, sua cúmplice. Você sabia todo esse tempo que ela carregava sentimentos amorosos pelo meu irmão?

— Não. Foi uma surpresa para mim. Por sinal, não existia plano nenhum entre eu e ela para que dormisse no meu quarto. Na verdade, ela sabia que eu estava na quadra de tênis da mansão e pelo que entendi, ela não contou a nenhum de vocês. Ela planejou tudo sozinha, eu só não contava que você esperto do jeito que é, fosse cai nessa tão facílmente. 

— É, cada dia que passa eu tenho mais certeza que sou péssimo em perceber a malicia das pessoas. Como você  ficou sabendo sobre os sentimentos dela?

— Ela contou. Para falar a verdade ela contou pensando que você já havia contado para o Yuri. Ela acabou confessando na nossa frente. 

— Oh, Céus! Isso deve ter deixado o Yuri arrasado. — eu só conseguia pensar em como o Yuri deve ter se sentido sem chão no meio dessa família problemática. Ele é órfão de mãe, o pai tem outra família com dois irmãos doentes. Não deve ser fácil lidar com tudo isso sozinho. 

— Acredito que ele não está tão mal quanto imagina. Porém, ele saiu da mansão. 

— Coitado.

—Voltando a mim... Eu quero começar do zero com você Gabriel. Quero ser seu amigo somente, sem interesses amorosos. Meus sentimentos por você vai além do contato físico. — seus olhos azuis brilhavam enquanto ele falava.

— Desculpe, acho que isso é impossível. — respondi levantando da poltrona e voltando para a cozinha.

— Por que?

— Você ainda pergunta? Você não é confiável, eu nem sei dizer se tudo que diz é realmente verdade. Você mente e manipula as pessoas. Quem não garante que essa não é mais uma de suas balelas? — virei para ele e falei olhando em seus olhos — Ayato, você tem causado muitos estragos em minha vida com sua perseguição doentia. Se tem algum tipo de sentimentos verdadeiros por mim, suma da minha vista. Não tente ser meu amigo. Eu não quero sua amizade. A chuva já passou, você pode ir agora. Não precisa me devolver as roupas.

Ele não pestanejou, me devolveu a caneca abriu a porta e saiu. No fundo, eu queria dar uma chance para ele se redimir, mas o medo de está caindo em outra armadilha me impediu. 



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