Era o primeiro dia de mudança de Jeongguk para o bairro mais nobre da cidade. Se o perguntassem como estava se sentido há dias atrás, a resposta com toda certeza seria positiva. Tinha seu gato, seus móveis, tudo pronto, a primeira vez morando sozinho. Sem seus pais em seu encalço o tempo inteiro, poderia fazer o que gostaria, a hora que quisesse. Parecia o paraíso.
E continuava achando isso, até deitar-se em sua mais nova cama e fechar os olhos. Não demorou nem ao menos um segundo até ajeitar-se e quase cair no sono, um sorriso verdadeiro sobre seus lábios. Quase dormindo.
Tum.
Jeon se revirou na cama, puxando o lençol branco para cima. O sorriso já não estampava seu rosto, um cenho franzido dando lugar ao mesmo.
Tum, tum.
Coçou os braços, se revirando novamente.
Tum, tum. Tum tum tum tum.
O som abafado de música começara a preencher seus ouvidos. Eram três e meia da manhã, estava trovejando — como o usual de sua cidade — e mesmo com o barulho intenso da chuva, conseguia identificar os barulhos vindos do apartamento de cima, mais especificamente a cobertura de todo o prédio.
Os olhos já abertos e fixados no teto não passavam nem perto da ideia de voltar a dormir. O apartamento tinha um dos alugueis mais caros de todo o bairro. Não deveriam existir inquilinos tão desrespeitosos com a lei de horário de silêncio, pensou Jeongguk.
Colocando seus cabelos no lugar, ele levantou de sua cama em um pulo, arrastando-se até sua sala em direção ao interfone, apesar de duvidar que com o som naquela altura, o vizinho fosse capaz de escutá-lo tocando. Esperou durante diversos segundos com o objeto tocando em seus ouvidos, estava quase desligando quando ouviu uma voz fina se pronunciar abafadamente entre a música.
— Alô?!
— Ah, alô? Aqui é do apartamento 807.
— Aham, está bem, o que tem? — se pronunciava despreocupadamente. Parecia estar comendo algo.
— Eu moro exatamente embaixo de você, estava tentando dormir mas o barulho está realmente muito alto...
— Entendi.
— Então...
— Então o quê? — o garoto indaga confuso. Jeongguk massageia suas têmporas enquanto respira fundo.
— Você poderia diminuir o barulho? Talvez abaixar o volume do som e parar de se mover tanto pelo apartamento. Seria ótimo, eu tenho faculdade amanhã cedo e realmente preciso descansar.
— Uhum. — diz com a boca aparentemente cheia. — Boa noite, aí. Prazer, vizinho.
— Sim, obrigado.
E sem mais nenhum segundo, a linha se encerra pela parte de seu vizinho. Jeongguk suspira,desligando o interfone e caminhando novamente para sua cama enquanto espera que o silêncio atual continue para que possa dormir. No momento em que se cobre e se vira em direção a parede, ouve um vaso se quebrando, e um xingamento alto.
Ele puxa o travesseiro sobre a cabeça sufocando um grunhido.
Seria uma longa noite.
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