História Ei Lucy, sabe que eu te amo né? - Capítulo Dez.

Conseguimos perceber que um dos corpos saiu da cama bruscamente, acendi a luz, revelando uma Angel sem blusa e um Gray surpreso na cama. Arregalei os olhos para a cena.

- O-O que é isso? – Juvia perguntou baixinho.

Gray praticamente pulou da cama e foi em direção a Juvia que se afastou com uma expressão enojada.

- Juvia, eu posso explicar.

- Explicar o que? – Vi as lágrimas se formando em seus olhos – Que você estava aproveitando a festa? – Ela começou a se exaltar.

- Teria aproveitado bem mais se você não tivesse atrapalhado. – Angel que ainda estava no quarto, mas agora com a blusa de volta no corpo, falou com descaso.

- Sua vadia.

Juvia deu um tapa estalado no rosto de Angel e começou a puxar seus cabelos com força, de modo que a cabeça balançasse rápido. Angel tentava se defender ou se desprender de Juvia. Estava acontecendo tudo rápido. Gray puxou a azulada, separando ela de Angel.

- Me solta. – Juvia gritou histérica. – Nunca mais toque em mim.

Ela apontou o dedo no rosto de Gray e respirava rápido, com as lágrimas molhando seu rosto pálido. Eu observava toda a cena, estava perplexa. Gray não tinha dito que estava com medo de perde-la? E ele não deveria estar lá em baixo dançando com ela? O que ele fazia aqui? Isso não é coisa que ele faria. Tem alguma coisa errada.

- Juvia, por favor. – Gray pediu com a voz baixa.

Juvia o olhou nos olhos uma última vez e saiu a passos pesados. Ele ia atrás dela, mas eu o impedi.

- Me deixa, Lucy. Eu tenho que explicar. – Ele gritou.

- Ela está nervosa Gray. Não vai querer te ouvir. – Olhei nos olhos deles – Não acredito que tudo que me disse agora a pouco era mentira. Eu vou conversar com ela e faze-la te dar uma chance de se explicar. Não acredito que você tenha feito isso com ela, e não fez, certo?

- Claro que não. Eu amo a Juvia e estava indo atrás dela, mas ..

- Não me explique nada agora. – Interrompi sua fala - Vou atrás dela. Amanhã vocês dois vão estar mais calmos e vão poder conversar melhor.

Ele concordou contrariado. Antes de sair do quarto, olhei para Angel que continuava ali com cara de tédio. Encarei bem fundo os seus olhos.

- Você é patética. – Falei expressando nojo na voz.

Fui atrás de Juvia. Tinha certeza que Gray não era tão culpado quanto ela pensava. Encontrei ela chorando dentro do carro, entrei e fiquei em silêncio ao seu lado.

- Eu me sinto tão idiota. – Ela falou depois de alguns minutos, ainda dando algumas fungadas.

- Não se sinta. – Respondi com calma.

- Eu confiei nele. – Ela voltou a chorar.

- Juvia. – Chamei – Eu sei que não é o que você quer ouvir, mas vocês precisam conversar.

- Não quero nunca mais olhar na cara dele.

- Eu não acho que ele é tão culpado quanto você pensa. Quando você olhou nos olhos deles, você viu algum traço de alguém que estava cometendo traição?

Ela pensou um pouco e negou com a cabeça.

- Quando ele estava comigo, estava com uns papos estranho de que tinha medo de te perder. Eu vi qual foi a intensidade de suas palavras. E não acredito que essa mesma pessoa te trairia minutos depois.

- Mas eu vi, Lucy. Você também viu.

- Vimos alguém em cima dele. Não vimos nenhuma ação. – Ela enxugou algumas lágrimas e baixou o olhar – Dê a ele uma chance de se explicar. Você realmente acha que o Gray que você conhece teria a coragem de te trair?

Ela ficou em silêncio por um tempo e quando falou de novo, foi em tom baixo.

- Eu amo ele e quero de verdade acreditar que tem uma explicação.

- Então acredite.

Ela não falou mais nada. Ficamos por quase 15 minutos em silêncios. Ela com o olhar baixo.

- Você sabe que Natsu só falou com você daquele jeito porque estava com ciúmes, né? – De cabeça baixa, ela esboçava um sorriso triste.

Me irritei ao lembrar da atitude dele.

- Natsu foi um idiota. – Revirei os olhos – Me resolvo com ele depois.

Mais silêncio.

- Você quer ir embora? – Perguntei depois de alguns minutos.

Ela afirmou com a cabeça.

- Eu te levo embora. Afinal você comigo né. – Ela esboçou mais um sorriso triste.

- Certo. Vou mandar mensagem para as Strauss virem e vamos embora.

Mandei a mensagem para as gêmeas e minutos depois elas apareceram alegres e sorridentes.

- Essa festa estava demais. – Lis gargalhava de felicidade.

As duas perceberam o clima pesado no carro e pararam de sorrir.

- O que aconteceu? – Mira perguntou preocupada.

- Nada. Está tudo bem. – Juvia forçou um sorriso e deu partida no carro.

O caminho até em casa foi silencioso. Quando chegamos, Juvia se despediu rapidamente de Lis e Mira. Demorei um pouco mais para sair do carro.

- Você vai conversar com ele? – Perguntei. Ela confirmou com a cabeça – Se precisar conversar ou de qualquer outra coisa, pode me ligar.

Ela me olhou e tentou sorrir.

- Obrigada Lucy.

Sorri de volta e apertei sua mão que estava próxima. Observei ela sair com o carro. Entrei em casa e subi para o quarto com as meninas. Tinha um colchão ao lado de minha cama para uma das gêmeas dormirem. Nos trocamos em silêncio e nos deitamos. Lis e eu na cama e Mira no colchão.

- O que aconteceu com a Juvia? – Mira perguntou.

- Problema no relacionamento. – Respondi baixo olhando para o teto – Como foi a festa para vocês? – Perguntei para mudar de assunto.

- Foi muito bom. – Lis falou abrindo um enorme sorriso.

Dei risada de sua reação.

- E me desculpe por te deixar Lucy. Eu tive uma distração. – Ela falou com um sorriso sapeca.

- Você deixou a Lucy? – Mira perguntou aparentemente brava.

- Não foi culpa dela, Mira. Tinha muita gente e nós nos separamos sem querer. – Expliquei – E como foi sua distração? – Perguntei à Lisanna.

- Foi muito boa. Dançamos o tempo todo, estava muito divertido. Mal posso esperar pela próxima. – Ela estava animada.

- Valeu a pena para mim também. Aproveitei muito com o Laxus. – Mira tinha um olhar apaixonado – Ele me deu algumas bebidas para experimentar, mas a maioria tinha gosto ruim. – Fez uma careta.

- Eu não bebi quase nada. – Lis pareceu decepcionada – Você bebe Lucy?

- Às vezes. – Dei de ombros.

- E como foi a festa para você? – Mira perguntou.

- Foi péssima. – Respondi direta.

As duas ficaram em silêncio, provavelmente esperando que eu explicasse o motivo de eu não ter gostado. Mas fiquei em silêncio como elas.

- Melhor dormirmos, está tarde. Boa noite. – Mira falou.

- Boa noite. – Lisanna respondeu e se ajeitou ao meu lado.

Continuei acordada. Pensava em como Gray foi parar naquele quarto com a Angel. Lembrei do sorriso que Jenny me mandou, será que tinha sido coisa dela? Eu não duvidava. Mas por que ela mexeria com a Juvia e o Gray? Que eu saiba, ela não tem motivos para fazer algo contra a Juvia e Gray é o melhor amigo do Natsu, ela não faria nada contra ele.

Natsu.

- Babaca. – Murmurei baixinho para não acordar as gêmeas.

Sua atitude me deixou com muita raiva. Por que ele fez aquilo?

Não vejo nenhuma razão para ele falar daquele jeito.

Revirei os olhos. Melhor dormir, Gray ou Juvia podem precisar de mim amanhã.

Como eu sentia, aconteceu alguma coisa e não foi boa.

 

[....]

 

Mira e Lisanna foram embora logo após o café da manhã. Me agradeceram várias vezes por ajuda-las. Apenas sorri e disse que ajudaria de novo na próxima. Ainda não recebi nenhuma notícia de Gray ou Juvia. Estou preocupada, tenho certeza de que isso foi uma armação.

- Filha? - Ouvi minha mãe me chamar.

A janela do meu quarto era toda de vidro e ia do teto até o chão, ela dava para uma pequena sacada e era lá que eu estava sentada, no chão e aproveitando o sol agradável que estava nessa manhã.

- O que está fazendo aí? – Ela perguntou se sentando de frente para mim.

- Só aproveitando o sol.

- Como foi a festa? - Ela perguntou, me olhava sorrindo.

- Boa para alguns, péssima para outros. – Respondi olhando o céu.

- E como foi para você?

- Péssima.

- Por quê? O que aconteceu? – Ela franziu o cenho.

- Eu não me senti bem naquela casa e Gray e Juvia brigaram. Me sinto mal por eles.

Ela arqueou a sobrancelha.

- Por que brigaram?

- Acredito que armaram para Juvia pensar que Gray estava traindo ela.

- Quem faria isso? – Ela perguntou fazendo uma expressão de raiva.

- Não sei. – Respondi baixo.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, até que ela falou:

- Eu vou passar o dia com seu pai na casa de campo de um sócio. Quer ir? – Ela perguntou esperançosa.

Fiz uma careta.

- Não.

- Seu pai queria te obrigar a ir, mas eu o convenci a te deixar ficar. Ele não gostou muito e falou que você precisa ser mais responsável. – Revirei os olhos – Mas está tudo bem. Você pode ficar.

- Obrigada mãe, você é a melhor. – Ela abriu um sorriso que mostrou todos os seus dentes brancos ao ouvir minhas palavras. – Estou preocupada com Gray e Juvia, eles podem precisar de mim.

- Você é uma boa amiga. – Sorri para ela. – Preciso me arrumar, não posso estragar o humor do seu pai.

Ela se levantou e saiu do quarto. Continuei ali.

 

...

 

Domingos são geralmente tediosos. Meus pais saíram cedo e só vão voltar de noite. Passei o dia com Virgo, mas agora ela quis ir ao supermercado comprar algumas coisas, e eu fiquei aqui jogada no sofá vendo um filme qualquer que está passando na Tv. A campainha tocou, me levantei para atender. Gray estava parado na minha porta, não tinha nenhuma expressão no rosto.

- Ahn acho que tem sorvete na cozinha, você quer? – Perguntei com um sorriso gentil.

- Seria ótimo.

Dei espaço para ele entrar. Eu não sei o que a visita dele significa, não tive notícias dele e nem da Juvia. Será que se resolveram?

Fomos até a cozinha, ele se sentou na mesa em silêncio enquanto eu fui pegar o sorvete.

- É sorvete de creme, serve? – Coloquei o pote na sua frente.

- Todos os sabores de sorvete são bons. – Ele sorriu abrindo o pote de sorvete.

- Afirmo que o de morango é o melhor. – Sorrindo, me sentei ao seu lado para pegar sorvete também.

- Por quê? Por que tem a mesma cor que o cabelo do Natsu? – Ele sorriu malicioso para mim.

Encarei seu sorriso com uma expressão surpresa e irritada.

- Não é por causa disso. – Revirei os olhos – E não quero falar sobre Natsu. – Enchi a boca de sorvete.

- Oh sim. Juvia me contou do ataque de ciúmes dele. – Soltou uma gargalhada – A impulsividade dele não presta.

Juvia contou isso para ele, sinal de que eles conversaram.

- Como você está? Se resolveu com ela? – Perguntei sem esconder a curiosidade.

- Sim. Estamos bem agora. Foi um pouco difícil, mas consegui faze-la acreditar em mim. – Deu um sorriso fraco.

- E o que foi que aconteceu? – Perguntei curiosa.

- Sabe a Karen? Namorada do Loki? – Confirmei – Quando fui procurar a Juvia, depois de conversar com você, Karen me falou que ela estava me esperando no último quarto do segundo andar. Fui até lá e entrei no quarto, estava tudo escuro e de repente senti alguém me agarrando e me jogando na cama. Mas estava estranho, Juvia não faz esse tipo de coisa, ela tem o jeito dela de seduzir. Enfim, a pessoa em cima de mim tirou a blusa e foi me beijar, desviei do beijo e quando ia tira-la de cima de mim, a porta abriu e você entrou com a Juvia. Senti um desespero no momento que ouvi a voz dela e empurrei Angel de cima de mim com toda força que eu tinha e bom, o resto você já sabe. – Ele pegou uma quantidade generosa do sorvete e colocou na boca – Depois que você saiu, fui procurar a Karen e nem olhei na cara de Angel, Karen me disse que só fez o que a Jenny pediu.

- Eu sabia que tinha dedo dessa lacraia. – Apertei a colher em minha mão com raiva.

- Mas só fui embora. Hoje depois do almoço fui até a casa dela, expliquei tudo e ela acreditou em mim. – Ele sorriu – Senti meu coração quebrar em pedaços quando ela começou a chorar. Prometi para ela e para mim mesmo que jamais vou faze-la chorar novamente.

- Fico feliz que tenham se resolvido. – Sorri para ele.

- Nós quase terminamos Lucy. Nunca mais vou deixar isso acontecer.

- Ótimo. Só gostaria de arrastar a cara da Jenny no asfalto pra tudo ficar melhor.

- Ela fez isso para ajudar sua amiga. – Me olhou – Faz alguns dias que Angel está me enchendo o saco, falando que gosta de mim e tentando me convencer a ficar com ela. Não contei isso para a Juvia e achei que ela pararia de me perturbar. Por isso falei tudo aquilo para você na festa, estava com medo dela aprontar alguma coisa e ela aprontou né.

Ele estava de cabeça baixa.

- Seja mais firme na próxima vez Gray. E não esconda nada da Juvia, isso só aumenta a desconfiança. Ela não merece passar por essas coisas. – Falei em tom sério.

- Não se preocupe, aprendi minha lição.

Sorrimos um para o outro e continuamos a devorar o sorvete.

- O que vai falar para Natsu?

- Já falei que não quero falar dele. – Respondi seca.

- Ok nervosinha, não falamos dele.

- Eu realmente não entendi a reação dele. Eu não estava fazendo nada demais.

Gray me encarou com uma sobrancelha arqueada.

- Você é realmente muito lerda Lucy. – Ele falou achando graça de alguma coisa.

Eu iria lhe dar uma boa resposta, mas Virgo entrou na cozinha cheia de sacolas nas mãos.

- Oi Gray, como está? – Ela deixou tudo na mesa e foi dar um beijo em sua bochecha.

- Estou bem Virgo. – Ele sorriu para ela.

- Vai ficar para jantar? Hoje é só eu e Lucy. – Ela falou guardando as coisas que comprou.

- Vou adorar. – Ele respondeu sorrindo.

Terminamos o sorvete e fomos para a sala a pedido de Virgo. Estava passando Truque de Mestre na Tv e decidimos assistir.

Então foi Jenny a causadora de tudo. Como Natsu não enxerga o tipo de namorada que tem?

- Você vai contar para ele? – Gray me olhou confuso – Para Natsu, o que a namorada simpática dele fez.

- Ele é meu melhor amigo, não escondo nada dele. – Respondeu concentrado no filme.

- Eu realmente não entendo porque ele namora com ela. – Falei cruzando os braços.

Isso chamou sua atenção e ele me olhou achando graça de alguma coisa que eu não sabia.

- Natsu é quase tão lerdo quanto você. – Olhei irritada para ele – Ele só não sabe o que fazer.

- Não sabe o que fazer sobre o que? – Perguntei confusa – Vocês tem esses tipos de conversas?

- Como eu disse Lucy, somos melhores amigos. Temos todo o tipo de conversa. – Ele cruzou os braços atrás da cabeça.

- E sobre o que ele não sabe o que fazer? – Perguntei curiosa.

- Isso eu não posso falar, mas tenho certeza que algum dia ele te explica.

- Como tem certeza? – Franzi o cenho.

- Tendo ué. Conheço ele tão bem quanto você, sei que em algum momento ele vai tomar atitude.

Do que ele está falando? Não estou entendendo nada dessa conversa. Ele percebeu minha confusão e deu risada.

- Realmente, você é a mais lerda.

Revirei os olhos.

- Você que não explica nada direito. – Respondi irritada. – Mas nada disso justifica o motivo dele ainda estar com ela.

- Ele já te contou como eles ficaram juntos? – Confirmei com a cabeça – Ele nunca gostou dela. Era só mais uma pra ele. Mas ela deu um jeito de se enfiar na vida dele e quando a besta se deu conta, estava namorando com ela. No começo ele ficou sem jeito de terminar com ela, dizia que não queria magoa-la e que ela era só uma garota que gostava do cara errado. – Ele revirou os olhos – Bem merda esse pensamento né, ela nunca foi flor que se cheire. Ele nunca me contou porque foi se preocupar justo com ela que sempre teve cara de psicopata. Então ele só foi empurrando com a barriga, dizia que chegaria o momento em que ele terminaria e ela não ficaria tão magoada.

- Falando desse jeito parece até que ela é uma garota legal. – Falei com ironia.

- Ele só estava levando esse namoro sabe? Se acostumou com isso e só foi aturando. Namorava por namorar.

- Isso é estranho. – Franzi o cenho. – Por que ele simplesmente não terminou? Tipo, tchau e passar bem.

- Ele parece enxergar alguma coisa nela que ninguém mais enxerga.

- Nossa. Isso foi profundo. – Respondi com um sorrisinho.

- Ele parecia bem desse jeito. Mas aí aconteceu uma coisa que fez ele repensar sobre esse namoro.

Me acomodei melhor no sofá e encarei seus olhos.

- O que aconteceu? – A curiosidade estava gritando dentro de mim.

Ele riu da minha cara antes de falar.

- Isso você vai ter que refletir sozinha. – Olhei indignada para ele – O que será que aconteceu hein Lucy? – Ele tinha um sorrido debochado nos lábios.

Não entendi nada dessa conversa de doido. É para eu saber o que aconteceu? Natsu está repensando no namoro? O que isso significa?  

Fiquei emburrada e me virei para assistir ao filme. Ouvi sua risada e fechei ainda mais a cara. Mais tarde, Virgo nos chamou para jantar. Durante a refeição, Virgo conversava animada com o Gray, eu só comia em silêncio ouvindo a conversa. Depois de comer, Gray se despediu de Virgo, dizendo que estava na hora de ir embora.

- Volte sempre que quiser. – Virgo deu um beijo em sua bochecha.

- Pode deixar. – Respondeu meio acanhado.

Acompanhei ele até a porta.

- Obrigado Lucy. – Ele deu um sorriso sincero – Juvia disse que só me deu a chance de explicar porque você a convenceu.

- Eu te conheço Gray. Vi o quão sincero foram suas palavras sobre ela, não podia deixar que acabassem por causa dos planos daqueles demônios.

- Tenho uma dívida muito grande com você.

- É só cuidar bem dela que a dívida vai estar paga. – Sorri para ele.

Ele me deu um abraço e foi embora.

- O que aconteceu com ele? – Virgo perguntou curiosa.

- Quase teve seu relacionamento rompido.

- Sério? – Ela me olhou surpresa.

- Está tudo bem. Eles já se resolveram. – Dei um beijo em sua bochecha – Vou dormir, boa noite Virgo.

Subi para meu quarto e me preparei para dormir. Fiquei feliz pelos dois terem se resolvido. Me sentia furiosa por Jenny e sua amiga tentarem separar os dois. E por último pensei em tudo que ele me contou sobre Natsu. Será que esse acontecimento que ele disse tem a ver comigo?

Óbvio que não.

De qualquer modo, ainda estou com raiva dele e amanhã nós vamos conversar.

 

[....]

 

Outra segunda se inicia. Pegava sem pressa meu material no meu armário.

- Bom dia Lucy. – Loki apareceu ao meu lado.

- Bom dia Loki. – Sorri para ele.

- Não vi você na festa no sábado.

- Eu estava afastada da multidão. – Respondi enquanto fechava o armário.

- Bom dia Lucy. – Reconheci a voz sedutora que apareceu atrás de mim.

- Bom dia Hibiki. – Me afastei dele, ficando ao lado de Loki.

- Ahn eu vou procurar minha namorada. Até mais Lucy. – Loki se despediu e saiu sem olhar para Hibiki.

Estranhei esse ato. Loki é o tipo de pessoa que fala com todos sem exceção. Tinha alguma intriga entre ele e Hibiki? Vou perguntar depois.

- Você conseguiu achar seu amigo? – Ele perguntou com aquele sorriso de dentes brancos.

- Consegui.

- Pena que isso nos atrapalhou. – Ele começou a se aproximar – O que acha de nós nos encontrarmos e continuar de onde paramos?

- Quem sabe né. – Dei um sorriso de escárnio para ele e sai.

 Caminhava calmamente até minha sala, encontrei Juvia sentada sozinha em sua mesa e fui até ela.

- Bom dia Juvia.

- Bom dia Lucy. – Ela me olhou sorrindo.

Me sentei na mesa que Gray sentava, atrás dela.

- Você está bem? – Perguntei.

- Estou. – Soltou um suspiro – Gray deve ter te contado que nos acertamos.

- Contou sim. Fiquei feliz por vocês. – Sorri para ela.

- Eu também fiquei. Decidi acreditar nele. Ele me explicou tudo e até mostrou as mensagens que a vadia da Angel mandava para ele. – Ela fez uma expressão assustadora ao terminar a frase.

- Deve ter aprendido a ser assim com a amiga. – Me referi a Jenny

- São todas do mesmo ninho. – Juvia revirou os olhos.

Sorrimos uma para outra.

- Obrigada Lucy. Se não fosse você, eu provavelmente estaria solteira agora. E não estaria feliz.

- Não precisa agradecer. E se acontecer de novo, eu mesmo quebro a cara dele. – Estralei os dedos de modo intimidador.

Juvia deu risada e vi Gray passar pela porta com Erza.

- Bom dia Lucy. – Ele cumprimentou e deu um beijo em Juvia.

- Bom dia Gray. – Me levantei de seu lugar – Vou deixar vocês, vejo que tem uma ruiva de mau humor ali.

- Cuidado. Ela tentou me matar três vezes. – Gray fez careta e se sentou em seu lugar.

Dei risada e fui me sentar no meu lugar atrás de Erza.

- Bom dia minha flor. – Desejei baixinho para ela.

- Dia. – Ela respondeu seca.

- Nossa, o que aconteceu? A ressaca não deveria ter passado ontem? – Perguntei sorrindo.

Ela se virou para me olhar e vi olheiras bem roxas abaixo de seus olhos.

- O que aconteceu Erza? – Me preocupei.

- Jellal me rejeitou.

Como é?

- O que? Conta isso direito.

- Nós meio que ficamos na festa. – Ela começou a falar em tom baixo – E quando a coisa começou a esquentar, ele me empurrou e disse que não podia fazer isso. Depois ele só saiu e me deixou sozinha lá.

- Nossa. Que babaca. Vou dar um tapa na cara dele depois. – Respondi indignada.

- Não Lucy. – Ela estava de cabeça baixa – Eu converso com ele depois. Não vou deixar isso acabar com a amizade que temos, só preciso de um tempo para colocar os pensamentos em ordem.

Observei Levy entrar toda sorridente com o Gajeel.

- Parece que essa festa só foi boa para um casal. – Sorri fraco.

Erza seguiu meu olhar e sorriu fraco também.

- Ah para Mira e Laxus também.

Os dois entraram com uma troca de olhar intensa e uma Lisanna entediada atrás.

O sinal bateu e o resto dos alunos entraram. Inclusive Natsu que fechou a cara assim que me viu e passou por mim sem nem me olhar. O que só me deixou mais irritada. Vi Erza arqueando a sobrancelha para mim.

- Não fala nada. – Ela sorriu e se virou para frente.

As aulas passavam devagar e eu estava impaciente. Natsu não falou comigo nenhuma vez. Erza se virava para conversar comigo e dizia que ele estava com uma expressão raivosa e irritada.

Finalmente o sinal do intervalo bateu. Todos foram saindo, pedi para Erza avisar que eu já estava indo. Na sala só sobrou eu e Natsu. Me levantei e fiquei de frente para ele que não me encarava.

- Você vai ficar com essa cara emburrada mesmo ou vai me falar o que aconteceu? – Falei demostrando toda minha irritação.

Ele levantou a cabeça e me encarou, franzindo o cenho. Ficou assim por alguns minutos, respirou fundo e desviou o olhar.

- Hibiki? Sério mesmo Lucy?

Ele falou irritado. Olhei incrédula para ele. Toda essa ceninha e drama é por causa do Hibiki?

Fala sério!

- Sério pergunto eu. – Aumentei o tom de voz – Qual o seu problema? Não acredito que todo esse drama é por causa disso. – Me irritei ainda mais - Quer saber Natsu? – Ele me encarou – Minha vida amorosa não interessa a você. E ao invés de se meter nela, deveria cuidar da cobra da sua namorada que não tem mais o que fazer além de tentar prejudicar os outros. Que por acaso o seu melhor amigo foi o escolhido da vez. – Terminei exaltada.

Ele se levantou, ficando de frente para mim.

- Do que está falando? – Ele perguntou meio confuso.

- Então ele não te contou. – Olhei com raiva para ele – Descobre sozinho.

Dei as costas e sai da sala sem olhar para trás. Não estava com cabeça para mais nada. Não estava com fome e não queria ficar na mesa com o pessoal. Mas não sabia onde ir, vi Erza vindo em minha direção, com expressão abatida.

- Não quero ficar na mesma mesa que ele. – Ela falou assim que se aproximou de mim.

- Não quero ficar no meio de muitas pessoas. – Respondi.

Ela me chamou e começou a me guiar para um canto menos movimentado. Entramos em uma porta e subimos a escada que tinha ali.

- O terraço. – Ela sentou no chão e se encostou em uma parede – Ninguém vem aqui.

Me sentei ao seu lado.

- Como foi com o Natsu? – Ela perguntou baixo.

- Não sei qual é o problema dele.

- Ele gosta de você e ficou com ciúmes. É simples de entender.

Encarei seu rosto. Ela estava de olhos fechados, sentindo o sol em seu rosto.

- Não é isso. Não tem mais nenhum sentimento entre nós e se algum dia teve, foi somente coisa de criança. – Respondi fazendo o mesmo que ela.

- Então por que você ficou toda pra baixo quando descobriu que ele namorava?

- Porque a última vez que tínhamos nos visto ele me beijou, eu estava confusa, mas agora sei que somos só amigos mesmo e está bom assim.

Ela soltou uma risada.

- Acredite no que quiser. Uma hora você vai cansar de mentir para si mesma.

Olhei para ela que não tinha se mexido. Decidi ignorar sua fala. Eu não estou mentindo para mim mesma.

- E o Jellal?

- Converso com ele amanhã.

Ficamos em silêncio pelo resto do intervalo. Depois voltamos para a sala e dessa vez fui eu que não olhei para Natsu. Ele me devia desculpas por me tratar assim sem nenhum motivo. Não sei o que deu nele para agir desse modo. Ele tem a namorada doente dele e eu posso ter quem eu quiser.

Mesmo que no momento eu não queira ninguém. Ele não pode se meter nisso.

As aulas terminaram e fui embora bem rápido. Almocei em silêncio com Virgo e disse que iria subir para descansar.

Sem nem trocar meu uniforme, deitei na cama e coloquei meus fones de ouvidos. Fechei os olhos, me concentrando somente na música. Um tempo depois, senti que não estava mais sozinha no quarto. Eu sabia que ele estava aqui, parado na porta me observando.

- Vai só ficar parado aí? – Perguntei ainda de olhos fechados.

Abri os olhos e pude ver ele suspirar antes de começar a andar e se deitar ao meu lado.

- Como sabia que era eu? – Natsu perguntou olhando para o teto.

- Só você entra no meu quarto em silêncio desse jeito.

Ele ficou um tempo sem falar nada. Ele estava bem próximo de mim e pude sentir quando ele respirou fundo.

- Me desculpe. Por ter sido idiota com você. – Eu sentia que ele respirava calmamente – Você tem razão, sua vida amorosa não é da minha conta.

- Por que ficou daquele jeito? – Perguntei logo que ele terminou de falar.

- Porque – ele hesitou e suspirou – Porque ele não é o cara certo para você. Acho que eu só ... queria te proteger.

Dei uma risada debochada.

- Para mim era só ciúmes mesmo.

Ele me olhou, agora com um sorriso divertido nos lábios.

- Está convencida demais, loira.

Me lembrei da vez que estávamos trocando mensagens e eu disse que ele estava muito convencido.

- Eu posso ser convencida e tenho certeza que você não me ama menos por isso. – Dei a mesma resposta que ele me deu aquele dia.

Ele me olhou curioso, provavelmente teve a mesma lembrança que eu. Sorriu e voltou a olhar para o teto.

- Você tem razão.

Falou sorrindo e depois ficou em silêncio. Passou alguns minutos e se virou para mim novamente.

- O que está ouvindo? – Perguntou tirando um dos fones do meu ouvido e colocando no seu.

- With Me – Sum 41.

- Vou ouvir com você.

Ficamos em silêncio só ouvindo a música. A irritação que eu estava sentindo passou, me sinto em paz agora. Fechei os olhos apreciando a música e acabei adormecendo.

Não sei se foi sonho, mas em certo momento senti como se alguém acariciasse meu rosto e depois senti algo em contato com a minha testa. Algo quente.

Quando acordei, já estava escuro. Eu estava sozinha na cama e tinha um cobertor me cobrindo. Natsu deve ter ido embora e provavelmente foi ele que me cobriu.

Sorri contente por ter a sensação de que ele se preocupava comigo e sentia que não importava quanto tempo se passasse ou o que acontecesse, ele sempre iria cuidar de mim.