História Ela é de aquário - Mudanças

         - Eu não vou embora!!

       - Minha filha, você sabe que minha vida é assim, nos mudamos várias vezes, New York, Kansas, Orlando, Texas, Washington, Califórnia e agora vamos para Natal (RN), no Brasil, você vai rever toda a sua família, desde 13 anos afastada, pensei que estivesse animada com a ideia e acostumada com mudanças.

        - Pai, a gente se muda dentro dos EUA, não para outro país! Não quero rever minha suposta família e muito menos largar minhas amigas e meu namor... quer dizer, meu EX- namorado, que graças ao senhor, tive que terminar.

       - Ele é só um namoradinho adolescente, você vai conhecer pessoas novas e bem mais interessantes, e pelo amor de Deus Sol, você só está há 1 ano com ele, não é o fim do mundo.

        - Se o senhor não lembra, a gente está morando aqui há 1 ano e meio, então 1 ano é muita coisa.

       - CHEGA SOL, PARA DE RECLAMAR E VÁ ARRUMAR SUAS COISAS, PORQUE O AVIÃO SAI DAQUI HÁ 2 HORAS!

Saí correndo para o meu quarto, chorando cada vez mais, ainda não caiu a ficha que vou embora da Califórnia

Minha mãe veio atrás de mim.

       - Sol, você sabe que nossa vida é assim, não adianta reclamar, eu vejo sua amiga Jéssica indo embora e ela nem deu trabalho, por favor minha filha, você já têm 16 anos, tá na hora de se comportar como adulta.

       - Primeiramente, a Jéssica não é minha amiga, apenas uma colega, E EU NUNCA VOU ME ACOSTUMAR COM ESSA VIDA!

Fechei a porta na cara da minha mãe, com toda força que eu tinha, em outras circunstâncias ela teria derrubado a porta e ,provavelmente, me batido, mas ela sabia que isso era normal, Califórnia foi a cidade que eu mais me apeguei e que construí laços verdadeiros com todos, até com os professores.

1h e 30 min depois...

Cheguei no aeroporto e estavam todos lá, inclusive Scott, meu namorado, ex, porra, nunca vou me acostumar com essa merda de ex. Inclusive, estavam todos chorando, com olheiras e com os rostos totalmente inchados, foi de cortar o coração, nunca vi Scott daquele jeito.

Eu fui me despedir do meu irmão, já que não ia ver ele nem tão cedo, depois das minhas amigas, elas me deram cartas e fotos para nunca esquecê-las, Scott ficou por último, pois sabia que não seria fácil deixá-lo, ele estava segurando os ingressos do show do John Legend, onde foi nosso primeiro encontro. Nunca mais vou conseguir escutar All of Me sem chorar, foi o momento que ele decidiu tomar uma atitude, me puxou pela cintura, com a mão firme no meu pescoço e depois só senti borboletas no estômago, quanto tempo eu esperei por aquele primeiro beijo e agora vai ser o último. Não conseguimos falar nada, ficamos abraçados até chamarem meu vôo, quando demos o último beijo ele falou baixinho, como  se fosse um segredo só nosso:

      - I love you Sol, I´ll never forget you. ( Eu te amo sol, eu nunca te esquecerei.)

      - I love you too. ( Eu também te amo.) 

Eu chorei como se tivessem cortado meu coração no meio, e fui andando para o avião sem olhar para trás, pois com certeza eu ia perder a minha "suposta coragem".

Viajamos na 2° classe, salário de tenente não é lá essas coisas. Sentei com dois desconhecidos, pois as poltronas eram de 3, então meus pais e minha irmã, ficaram lá pro final. O que estava do meu lado parecia ser um jovem da minha idade e o outro seria o pai dele, ambos dormindo. Fiquei à vontade pra chorar até soluçar.

No avião, eu só conseguia pensar em como conheci Scott até aquele momento, então as lágrimas não paravam de cair. Eu lembro que nos demos bem depois de uns 3 meses, pois eu tinha dificuldade de confiar nas pessoas, então eu era grossa com ele muitas vezes, viramos melhores amigos, saíamos o tempo todo, estudávamos juntos e tudo, só fui perceber que estava gostando dele quando minhas amigas abriram meus olhos. Ele é tão lindo; 1,80, olhos verdes, cabelo castanho, moreno, corpo totalmente proporcional, legal e inteligente, mas eu nunca imaginei que ele fosse gostar de alguém como eu,branca (até de mais,pois não gosto de pegar sol, apesar do meu nome ser Sol kkkk), 1,62, olhos castanhos (aliás,eu uso óculos), cabelo castanho com californiana nas pontas, marrenta, reclamava de tudo e vivia de cara fechada, porém por que não tentar?! E definitivamente, não me arrependo, porque quando eu coloco uma coisa na cabeça, rapaaaz... Viramos o casal mais popular do nosso ano, que naquele tempo era o 1° e ficamos juntos desde então. Mas por que não continuar com esse namoro? pelo simples fato que não rola um relacionamento a distância, temos que seguir nossas vidas , pois talvez nem nos encontremos mais.

Fiquei horas chorando até pegar no sono, e só acordei quando a aeromoça disse que havíamos chegado no Brasil, abrindo os olhos, percebi que o garoto do meu lado também tinha acordado e quando ele olhou pra mim teve um susto, acho que minha cara não deve ta uma das melhores agora. Fui totalmente grossa, como de costume:

     - O que é meu filho? quer tirar uma foto pra durar mais?

    - Opa moça, calma, só reparei que seus olhos estão muito inchados, você pode voltar nas próximas férias, Califórnia não vai sair do canto.

    - Que? Cara vou ser curta e grossa com você, CAGUEI.

    - A relaxa, viajar é sempre muito bom, mas uma hora acaba. ( falou colocando a mão no meu ombro.)

   - Eu não estou ou estava viajando, estou me mudando seu imbecil. ( falei tirando a mão dele do meu ombro e procurando o fone pra não estender a conversa.)

    - Você é sempre mal humorada assim? ou é só na TPM?

Eu nem respondi ele,coloquei meu fone e ignorei sua existência. Finalmente estávamos pousando. Meus pais foram atrás de mim para pegarmos o carro e chegarmos em "casa". Antes de me levantar, o imbecil do meu lado deu tchau, eu fiz que nem vi.

     -filha responde o menino, não seja mal educada.

    - TCHAU.

Finalmente o pai do garoto, que eu já estava achando que tinha morrido acordou, ele tirou uma bolsa com o símbolo de algum colégio, acho que era "Colégio Pólis". Meu pai começou a conversar com o homem até chegarmos na saída do aeroporto. Eu descobri que ele se chamava Augusto Coelho, era advogado, que seu filho tinha 17 anos e se chamava Lucca Coelho, mas repetiu por mal comportamento e o colocou nesse colégio, que segundo ele, era muito rigoroso e disciplinava qualquer um. Eles tinham ido de férias visitar a mãe do menino, que era médica, pois eram separados. Eles estavam voltando de viagem porque seu trabalho começava amanhã, mas que o menino ainda tinha 1 mês de férias e podia me apresentar a cidade e a seus amigos. Revirei os olhos na hora e ele também fez uma careta, acho que não deve ter gostado de mim, não sei por que rs.

    - Seria uma ótima ideia Augusto, mas minha filha ainda ta muito abalada com a mudança e tem muita coisa para ajeitar quando chegarmos na casa nova, mas me dê seu número, pois estou pensando em dar uma olhada nessa escola, minha filha ta precisando mesmo de um pouco de disciplina.

Meu pai ainda ofereceu ao homem um almoço, foi que finalmente minha mãe já estava cansada desse bate-papo de 1 hora e resolveu interromper.

     - Querido, acho melhor não, ainda nem tomamos banho, a Luna está cansada da viagem e pelo visto, a Sol vai desmoronar daqui a pouco.

    - Caralho, vocês ainda nem chegaram na porra dessa cidade e já estão me empurrando para uma escola de merda, com gente idiota, filhinhos de papai, vão se lascar!

eu saí andando para o carro que meu pai tinha alugado e escutei ele conversando com o Augusto

      - Sua filha realmente precisa de disciplina, toma o número do diretor e o meu, caso precise de alguma coisa, deve ser complicado mudar de um país para o outro e ainda ter que lidar com a adolescência de uma garota.

      - Muito obrigado, entrarei em contato com ele amanhã mesmo.

E fui recebendo broncas dos meus pais até chegarmos na casa que meu pai comprou para passarmos o resto das nossas vidas. (Dei um suspiro profundo). Entramos na casa e fui direto no meu novo quarto, desembrulhar os presentes, desfazer as malas e comer muito, assistiR séries, que era meu vício. Passei a noite toda chorando, lembrando e relembrando do Scott, morrendo de vontade de falar com minhas amigas, porém fizemos um pacto de só nos falarmos quando eu for pra lá nas férias, pois querendo ou não, ali é o meu lugar de agora em diante.

Tranquei a porta do meu quarto e tirei um "presentinho" que comprei e guardei no fundo da mala. Gritei pela janela " um brinde a minha vida de bosta, a minha família de merda e a porcaria de Natal". E mergulhei na bebida alcoólica, eu não era de beber, mas realmente precisava esquecer aquele dia.

CONTINUA...