-Você é a definição do universo em um rosto Mia... você é muito bonita -Eu fiquei sem reação, Kan já havia me elogiado antes varias vezes, mas nessa, a voz dele soava diferente, como se quisesse dizer algo a mais com aquilo. -Quer dizer... Quer dizer nada! Vc é linda e ponto! -Ele completou com uma risada, o que me fez rir.
-Acho isso um pouco de exagero, mas obrigada. -Respondi colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
-Não acho, nem um pouco. -Ele completou.
Gerda saiu correndo de dentro de casa como um avião.
-Mia!Kan! Gostaram? -Ela disse, girando o vestido branco que ela estava usando.
-Que lindo! - Disse ao ver os detalhes do vestido, ele ia até o joelho dela e tinha uma barra de renda que deixava ele ainda mais lindo.
-Lindo mesmo loirinha. - Kan completou.
-Obrigada!, Mia a mamãe tá chamando pra vc ver o seu. -Gerda disse, então parei para pensar... Porque vestidos novos? Natal!, Só podia ser para o natal, faltava pouquíssimo tempo, e minha mãe já devia ter feito nossos vestidos , naquela época do ano ela ficava inspirada, e quase todas garotas do vilarejo encomendavam vestidos.
-Já to indo. -Disse, já colocando o pé em um galho para descer.
-Cuidado. -Kan alertou.
Desci um pouco devagar, mas desci. Entrei em minha casa acompanhado de Kan, Gerda girava até ficar tonta e minha mãe estava no sofá, dando alguns ajustes em um vestido.
-Gostou Mia? -Minha mãe se levantou ao perceber nossa chegada, e levantou o vestido creme de tricô que estava ajustando. -É seu.
-É pro natal? -Perguntei pegando o vestido da mão de minha mãe, maravilhada com os detalhes, percebi que ele tinha vários buraquinhos na frente e nas costas, se eu fosse usar aquilo sem nada por baixo era a mesma coisa que estar nua.
-Vou por alguma coisa por baixo né?porque né...- Disse enquanto brincava com os dedos pelo vestido.
-Não... só o vestido mesmo- Minha mãe disse, Kan riu, estava prestes a retrucar quando ela me cortou. -Brincadeira, comprei um vestido para você colocar por baixo, está naquela sacola.-Minha mãe disse apontando a ponta do queixo para um saco de papel.
-Porque você não prova? - Kan disse.
-Vou provar.- Respondi pegando o saco de papel e tirando um vestido braco justo. Fui ao meu quarto e coloquei a roupa, me olhei no espelho e fiquei passando a mão na minha cintura, a roupa ficou boa no meu corpo, o vestido justo ia até a minha coxa e o vestido de tricô até o meu joelho, o vestido justo era de alcinha o que deixava as pintinhas do meu ombro a mostra, Kan tinha razão, eu tinha muitas estrelas. Fui até a sala e encontrei Kan e minha mãe rindo muito, de alguma coisa que minha mãe avia acabado de contar , mas não escutei.
-O que acharam?- Perguntei dando uma volta com a roupa.
-Está linda filha. -Minha mãe disse.
-Está perfeita ferrugem- Kan disse, sorrindo.
-Ta legal Kan, o que você quer? Esse já é o terceiro elogio hoje.- Disse com as mãos na cintura.
-Não quero nada não, não é minha culpa se você é bonita.- Ele disse com aquele sorriso torto que fazia qualquer menina cair aos pés dele, todas menos eu...menos eu.
-Aiai.- Fiquei muito corada quando ele disse isso então achei a melhor opção voltar ao meu quarto.
Já era a noite quando minha mãe mandou eu arrumar meu guarda roupa, Gerda estava dormindo na cama com ela, eu estava sozinha no meu quarto.Comecei pelas gavetas, comecei pela gaveta das meias e tinha esquecido completamente do que havia ali... Embaixo da meia roxa tinha uma fotografia, a fotografia do meu pai, eu entrei em estado de choque, era uma foto dele no dia em que me ensinou a nadar... Ele estava feliz...eu estava feliz, e felicidade não era nem um pouco que eu estava sentindo ao ver aquela foto. Aos poucos senti meus olhos manejarem.
-Se controle Amélia, agora não! - Disse a mim mesma, mas era inútil, a cada momento que via o rosto dele, o sorriso dele, sentia uma lágrima brotar aos meus olhos e escorrer a minha bochecha, não demorou muito e lá estava eu, chorando com a cara no travesseiro, Kan disse que reparou, que quando eu choro de raiva dá relâmpagos e trovões, quando meu choro é de alegria a chuva divide espaço com o sol, e quando meu choro é de tristeza chove descontroladamente, chovia descontroladamente aquela hora , e não demorou muito até minha mãe e Gerda aparecerem na porta do quarto.
- O que foi meu amor? -Minha mãe perguntou enquanto caminhava em minha direção, não disse nada, apenas levantei a foto do meu pai.
-Calma Mia, calma -Gerda me acalmava passando a mão nos meus cabelos, minha mãe fazia o mesmo...
Por que eu sou assim , a lágrima que brota no meu rosto, cai ao solo, não consigo controlar meus sentimentos, quando eu choro é pra valer, pra chover, pra molhar... Por que eu tenho olhos de céu.
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