História Ela Tem Olhos De Céu - The Wolf

Eu e Kan estávamos correndo muito rápido e às vezes quase caiamos por conta da neve.

-Você é louco!- Disse em meio a risos na correria.

-Eu sei, obrigado- Ele respondeu, com uma cara sarcástica.

O primeiro ponto que iríamos passar é a minha casa, olhei pela janela do lado de fora para ver se tinha alguém lá dentro... ninguém. Me virei para Kan.

-Não tem ninguém aqui dentro, acho que estão na sua casa. -Disse a Kan, que me olhava.

-O que foi? -Perguntei.

-Não... é que...ainda estamos de mãos dadas. -Ele olhou para mim com um sorriso, ele estava muito vermelho, e não duvido que não estava também.

-O que tem?-Perguntei, fazendo uma cara irônica.

-Nada não- Ele riu- Vamos logo.

Chegamos a casa de Kan e soltamos nossas mãos, ele entrou na frente acompanho por mim, Rose estava sentada no sofá, e minha mãe ao lado dela, a consolando.

-Calma mulher!Ele tá vivo!- Minha mãe dizia a Rose.

-Eu sei... Mas...eu não sei.-Rose respondeu colocando a mão no rosto, Kan chegou perto dela e segurou nas suas mãos.

-A senhora não acha que deveríamos arrumar a casa para receber o pai? -Kan disse com um sorriso a Rose que sorriu de volta, foi então que eu percebi que eles dois tinham o mesmo sorriso.

-Você tem razão filho, só vocês para me fazerem sorrir em uma hora dessas.-Disse Rose entendendo os braços para um abraço coletivo que foi correspondido por mim, Kan, minha mãe, Gustav e Gerda.

-Vão precisar de ajuda com a arrumação?-Perguntei sorrindo.

-Acho que eu e o Kan damos conta,obrigada.-Rose disse sorrindo.

-Se precisarem de alguma coisa é só falar.-Disse minha mãe, com um sorriso de orelha a orelha.

-Obrigado por tudo, sei que sempre podemos contar com vocês.-Kan disse e deu uma piscadela para mim, para minha mãe... Sei lá, só tenho certeza de que fiquei vermelha.

Kan nos acompanhou até a porta, minha mãe e Gerda tinham ido um pouco mais a frente e depois de se despedir Rose e Gustav entraram, estava indo quando levei um cutucão nas costas, não foi forte, o suficiente para eu olhar para trás.

- Queria te agradecer Mia por me animar. -Kan disse a mim, com as mãos no bolso.

-Não gosto de ver você triste Kan, não gosto mesmo. -Respondi.- Se precisar de mim, pode falar, pararei tudo que estiver fazendo.

-Acordaria na madrugada se eu te chamasse pela janela??- Ele me perguntou com um sorriso.

-Idiota. -Respondi sorrindo dando um leve soco no seu ombro. -Preciso ir agora, te vejo depois...Tchau. -Disse e depois senti uma adrenalina muito forte no meu corpo, eu fiquei sem saber o que fazer, então fiz uma coisa que veio em minha mente, dei um beijinho na bochecha dele, e aquele frio que eu estava sentindo, não existia mais, o calor que minhas bochechas estavam, descia pelo meu corpo todo, e depois fiz uma coisa sem pensar, sai correndo, estava com tanta vergonha que nem olhei para trás, só continuei correndo. Cheguei em minha casa, eu não estava afim de ficar lá, então disse para minha mãe se podia andar um pouco, ela deixou,queria tomar ar, o que estava acontecendo comigo?quer dizer, o que eu estava pensando sobre o Kan?aaaa, só de pensar isso já ficava desesperada, já gostei de um menino chamado Charlie, bom... não tive tanta sorte, quando eu era apaixonada por ele, foi o tempo que mais choveu, quer dizer...que eu chorei, mas isso não vem ao caso. Estava andando naquela mesma floresta, onde havia me perdido, mas agora, eu sabia o caminho, ouvi latidos e grunidos, barulhos de espadas e gemidos de dor, foi quando vi um lobo, ele tinha pelagem branca e cinza, eu fiquei com medo, era um lobo!, Ele podia me matar!, Mas ele chegou bem perto de mim, choramingando, decidi me aproximar, me ajoelhei e comecei a acaricia lo, ele era muito fofo.

-Como você é fofo! -Disse enquanto passava a mão nos pelos dele, tirando um pouco de neve, ele continuava choramingando, então ele se afastou, e por mais louco que pareça ele fez tipo um "vem" com a cabeça, eu fiquei com muito medo, então ele fez de novo aquele movimento e eu o segui. Estava seguindo ele, e chegou um momento que os gemidos de dor e barulho de espada ficaram mais fortes, havia uma parede de árvores que me impedia de ver o que estava acontecendo, foi então que o lobo entrou em meio as árvores e mecheu a cabeça novamente, eu o segui e me deparei com uma coisa horrível, ali era um dos pontos da guerra, vários homens lutando, alguns caídos no chão, e várias armas espalhadas pelo chão, vi cinco espadas, que estavam ao meu alcance, eu realmente não sei porque, mas peguei duas daquelas em um movimento brusco para que ninguém me visse. Os homens estavam ali, lutando, sangrando e até morrendo pelo país, em uma guerra ridícula, sem lógica alguma.