História Ele disse - Avesso

P.D.V Isabella 

Despertei com o som do celular, ao invés de Edward com seu repentino romantismo barato.

Achei que fosse o despertador mas aquela canção, reprensentava um contato em especial. Atendi ansiosa pra poder ouvir sua voz novamente, já fazia dois meses que não via, e o celular dele sempre ia pra caixa postal.

— Alô! - Minha voz saiu esganiçada. 

— Oi Isabella. - Não sei definir minha reação exata naquele momento. Mas decepcionada era a campeã.

— Ah... Oi Jane! - Ouvi seu riso baixo do outro lado. Algo nela me incomodava e não era apenas o fato dela namorar com meu Jake.

— Sim, sou eu! - Desculpe ligar do celular do Jake, mas eu temi que você não atendesse se eu ligasse com o meu. - Foi a minha vez de rir. 

Jane e eu havíamos brigado feio uma vez a ponto rolarmos no chão. O motivo era uma ceninha ridícula que ela fez quando Edward teve que viajar a trabalho e Jake passou uns dias dormindo comigo.

— Provavelmente eu não atenderia mesmo. - Falei. Sinceridade havia se tornado o meu forte desde que descobri que estava grávida. Minha filha deve ser mesmo muito... Geniosa.

— Me desculpe por aquele dia Bells. - Estrangulei-a mentalmente. 

Nem Edward me chama assim, é exclusividade de Charlie e Jacob.

— Tudo bem. É Isabella pra você. - Falei deixando bem claro o nosso nível de intimidade e proximidade. 

— Ta bom Isabella. - Ela disse entre risos, dando ênfase ao meu nome.

Meu coração deu um pulo dentro do peito  quando ouvi a voz de Jacob. Ele estava ao lado dela e provavelmente rindo por sua namoradinha não ter minha permissão para me chamar pelo mesmo apelido que ele. Contudo a mágia daquele momento acabou quando Jane cortou aquele silêncio curto. - Mas voltando ao assunto Isabella, eu tenho algo pra te pedir, na verdade um convite. 

Senti um arrepio na espinha, que droga de convite seria este ? Vindo de Jane não podia ser nada bom. 

— Q-que convite ? - Perguntei meio trêmula. Enjoei-me ao ouvir ela rindo de mim, de novo. 

— Eu gostaria de convidar você e o seu marido para virem ao nosso noivado. 

Parei de respirar. Congelei em meu lugar, só voltei a realidade quando minha filha chutou a minha barriga. Soltei o ar que estava segurando, lentamente, tentando digerir aquilo. 

Jacob, o meu Jacob iria se casar. 

Na minha mente sôfrega passaram-se um resumo de todos os momentos maravilhosos que tivemos juntos. Não pude evitar as lágrimas, elas já estavam se tornando de casa, por isso aceitei. Afinal a culpa era mesmo toda minha. 

— Isabella ? Ei você está aí ? - Jane preocupada comigo, tive que rir. Que teatro ridículo era aquele ? 

— Bells está me ouvindo ? - Agora sim. As batidas do meu coração estavam aceleradas, pelo motivo certo. 

— Jake! - Não consegui conter a alegria. Estava estampada na minha voz. Não pelo casamento, era só por ouvi-lo novamente. 

— Único e exclusivo. - Brincou. Ele não parecia mais chateado. Só em pensar que o motivo era Jane, me embrulhou o estômago. 

— Felicidades! - Falei tentando não demonstrar a enorme tristeza que estava sentindo.  - Ele ficou em silêncio por um tempo, o que não era nada bom. 

— Obrigada. E então você vem ? 

— Quando será ? 

— Daqui à quatro meses. - Disse depois de um tempo. Bufei, eu precisava contar. 

— Eu não sei se vai dar.

— Por ? - Senti uma pitada de confusão em sua voz. Era agora ou nunca.

"Porque eu te amo e quero que fique comigo." - Pensei.

— Por que eu vou estar com nove meses de gestação Jake. - Falei. 

Ele hesitou por um momento. 

— Pensei que estivesse com quatro. - Dessa vez quem ficou surpresa fui eu.

— Como... Você... Sabe ? 

— Bom, eu vejo Charlie quase todos os dias. E as notícias correm. - Ele riu, também não parecia chateado com a minha gravidez.

"Mas um vez eu tinha feito a escolha errada, talvez se eu tivesse contado..."

— Quer ser o padrinho dela ? 

— É uma menina ? - Ri da empolgação em sua voz. Oh Jake.

— Sim eu sonhei. - Falei boba.

— Eu quero sim. - Ele suspirou, de repente parecia tão triste. Eu e minha desagradável arte de magoar quem eu amo.

— Então tudo bem. - De repente fiquei tímida feito uma adolescente.

— Mas preciso te alertar que você não vai poder faltar ao noivado. - Me retraí, aquele assunto de novo. 

— Por que ? 

— Porque vai acontecer algumas horas antes do casamento. Será uma reunião intíma só para os mais chegados. 

— Eu irei. - Respondi.

— Obrigado! - Parecia um velório ao invés de qualquer outra coisa, Jake não estava feliz, e para variar eu também não.

(...)

— Está tudo bem ? - Edward estava dirigindo e eu sentada ao seu lado. Era a segunda consulta do nosso bebê. - Sorri para tranquiliza-lo.

— Sim. Só estou um pouco cansada! - Seus olhos me inspecionaram um pouco antes dele ficar com um semblante triste.

— Me desculpe! - Eu sabia exatamente o porque dele estar se desculpando. Eu já até havia perdoado. Se o felizes para sempre não veio, era porque não era pra ser. 

— Tudo bem. - Beijei sua bochecha com carinho. Eu precisava tentar, eu precisava tentar esquecer.

*****

— Podemos chamá-la de Reneesme! - Edward ria, chorava, ria, chorava. - Sorri. Minha filha, minha filha.

— Podemos não. Nós vamos! 

— Está tudo bem com ela. Está grandinha e bem saudável. - A médica sorriu pra nós. - Parabéns, tenho certeza que seram ótimos pais. 

— Obrigada! - Dissemos em uníssono.

Edward me deu um selinho e eu corei. A muito tempo nossas bocas não se encontravam, e infelizmente eu não fazia mais nenhuma questão que isso acontece. 

Retirei o gel de minha barriga com a ajuda de um papel toalha. 

Pelos corredores do hospital fomos conversando sobre os dedinhos de Reneesme. Foi quando eu vi Jane e Jacob saindo de lá completamente empolgados. 

Ele passou a mão na barriga dela, ainda sem sinais de uma possível gestação, depois a girou no ar. 

Ela só podia estar grávida também, só que de um filho dele. 

Empaquei no meu lugar. Edward seguiu a direção permamente dos meus olhos com os seus, e percebeu o meu desagrado ao vê-los. 

— Vem! Eu conheço outra saída por ali. - Escada abaixo saímos como dois fugitivos pela saída dos funcionários. 

— Obrigada! - Falei quando já estávamos no carro. Incrível como meus sentimentos haviam invertido as funções. Edward agora era o meu amigo e Jacob era quem eu queria como homem. 

— Não precisa me agradecer, eu faço porque te amo. - Mesmo com um sorriso forçado, ele ainda era muito bonito.

— Nós também! - Falei apontando para a minha barriga.

(...)

Desci do carro com cautela, já havia batido com o mindinho na quina da cama mas cedo. Para o bem da minha gravidez eu precisava evitar meus desastres. 

— Até mais tarde! - Acenei para Edward. Ele estava indo trabalhar, e eu aproveitar a minha folga para ir matar uma saudade enorme. 

Usei minha cópia da chave e entrei. Estava vazia como imaginei. 

— Lar, doce lar! 

Os móveis exatamente no mesmo lugar, tudo devidamente limpo e orgazinado. Fui para a cozinha e vi o que tinha para cozinhar. Fiz arroz de forno, feijão e peixe grelhado. Para a sobremesa apenas uma salada de frutas.

Depois fui assistir televisão. Estava passando desenho animado e eu me diverti bastante. Reneesme chutava animada também. 

— Bells ? Ele abriu os braços prontamente, corri ao seu encontro. 

— Você não me visita, não me liga. Esqueceu-se da sua filha única ? - Fiz biquinho. Meu pai riu da minha manha. 

— Claro que não Bella. - Ele ficou tenso. - Eu só não queria ter que encontrar aquele lá. 

Eu sabia exatamente que ele estava se referindo a Edward. Ficamos em silêncio por algum tempo, com meu pai passando a mão em minha barriga quando o confirmei que era mesmo uma menina. 

— Vamos comer, eu fiz o almoço! - Falei levemente empolgada. Me lembrava demais os velhos tempos. 

— Não precisa filha, e além do mais você está grávida. Não pode se esforçar. - Ri de sua preocupação exagerada, todavia não contrariar chefe Swan.

— Eu tomei cuidado! - Respondi esforçando-me para permanecer séria. 

— Acho bom. 

(...)

— Filha... 

— Sim ? 

— Isso aqui está muito, muito bom. - Meu pai estava com a boca cheia e realmente se lambuzando com a comida. Fique feliz, esses momentos me faziam muito bem.

— Charlie eu já terminei o... - Nos viramos bruscamente em direção aquela voz. - Jacob nem ao menos terminou sua frase ao nos ver, ao me ver. 

Me levantei da cadeira, sem nenhuma gentileza ou calma. Não foi preciso dar muitos passos, logo eu estava nos seus braços. Nosso abraço só não foi mais apertado por causa da minha barriga, igualmente ao meu pai ele também a acariciou. 

— Você está linda. - Não respondi. Estava ocupada demais admirando o sorriso bobo que pairava em seus lábios.

Nem parecia que a algumas horas eu havia o visto todo encantado com a outra no hospital. 

Ali com ele eu me senti uma verdadeira princesa. Desejei mesmo sem ter a intenção que a minha filha fosse também de Jacob, e que ele estivesse comigo...

Pela primeira vez na minha vida eu tive vontade de ser outra pessoa. Eu quis ser a Jane, pois eu o queria de volta pra mim... 

Meu pai fez som interruptível com a boca rindo e nós nos separamos. Quase sem querer...