História Ele e Ela - Capítulo Único?

Mesmo contra a sua vontade ele começou a cair. Tudo em volta estava tão escuro quanto assustador. Era inevitável que esse dia chegaria! Porque ele parecia tão surpreso?! Qual era o problema com isso?! Ele realmente não sabia onde estava e porque estava ali.

Aos que o viam ao longe, ele parecia chorar, mas, nenhum líquido saia de seus impressionados olhos arregalados. Aos que o viam de longe, sabiam que aquilo era comum, era apenas mais uma alma indecisa, que precisava ser polida, que acabara de chegar ao, antes sem sua presença, monótono e silencioso "aquele lugar".

Balançar os braços, ele sabia que isso era tão inútil, mesmo assim fez. Está falando sério?! Agarrar o ar?! Ele não o puxara de volta!

Talvez fosse o desespero.

Ao contrario do que pensou antes, ele não caiu ao chão estranhamente cinza e se partiu em diversos pedaços, ele pousou suavemente. Ele estava nos braços dela, os quente braços dela o guardavam e lhe guiavam até o chão. A quanto tempo não sentia um abraço que lhe transmitisse tanta segurança.

Quando a viu, no mesmo instante, as cordas vocais se preparam para gritar, porém, por mais que tentasse, nada dali saia.

Sua face, claro, era isso que tanto lhe causava pavor, afinal, causava pavor a todos. A face escura, quase preta, de um lado, onde apenas era visível os olhos totalmente redondos e brancos,  "aquilo", como ele havia apelidado já que não sabia com o que estava lidando, também tinha os lábios brancos, os mesmo eram rachados e pequenos. Do outro lado da face era possível se ver apenas ossos, mas, não eram ossos comuns, eram ossos cor cobre, tão finos quando um cristal de gelo, pareciam poder se partir com a mais fina brisa. Um ser tão frágil. Um longo cabelo dourado cobria seu comprido corpo deixando apenas visível a face tão incomum.

Por um único momento ele observou ela se aproximar, ele não gritou como os outros fizeram, ele não se debateu como os outros fizeram. As mãos de dedos desproporcionais se aproximava, era uma mão humana, se não, era extremamente idêntica a uma. Ele sentiu a pele tão macia tocar a de seu rosto tão maltratado. Os olhos o encaravam com ternura, as marcas da briga foram sumindo pouco a pouco, os arranhões voltaram a ser apenas sua pele e seus hematomas adquiriram a coloração natural da mesma.

Quando se deu conta, já estava ao chão, os pés descalços foram os primeiros a sentir isso. Aquele chão era cinzento e estranhamente grudento.

Olhou para seu corpo, agora nu e em perfeito estado, e se abraçou com seus próprios braços afim de sentir aquilo novamente.

Olhou para cima e a viu subir novamente, com todo seu brilho provido de seus cabelos, não pensou em mais nada. Seu olhar caminhou em sua frente, lhe mostrando o caminho, havia névoa, não se via a um palmo de distância, a única coisa que se via eram pessoas que, assim como ele, estavam nus, perdidos e caminhavam sobre o fasto terreno após a névoa.

Nenhum falava, nem mesmo piscava. Assim como ela.

Foi só então que ele percebeu quem era ela e não se arrependeu de seu último abraço ter sido com ela, afinal, ela havia cuidado dele quando mais precisou.

Ele apenas sorriu e olhou para cima mais uma vez, ela o observava, afinal, ele era o único que não caminhava, mas, ela sentia que começaria em breve. Ela sorriu e ele seguiu rumo a neblina forte. 

Ele finalmente havia a descoberto.

Ela era a sua morte.