História ELE: Os claustrofóbicos nunca devem confiar - Ele

De forma alguma eu devia ter confiado nele. Mas não parecia perigoso, pelo contrário. Todos falavam dele com segurança, portanto decidi arriscar. Hesitei um instante em ir com ele. Porém o tempo era demasiado curto para pensar.

No começo tudo corria bem, apesar de estar sozinho em sua presença. Senti-me um pouco azarado pela falta de pessoas ao meu lado, mas procurei afastar os maus agouros. Nada podia dar errado, era só se acalmar.

De repente um barulho meio desagradável. O silêncio me obrigou a entrar em estado de pânico. Instintivamente comecei a arfar de desespero. Não, ele só pode estar brincando comigo. Uma brincadeira muito sem graça, por sinal. O tempo pareceu parar pra minha aflição. Pobre de mim... Mal sabia que era apenas o começo.

Tentei abrir a porta de todas as maneiras, a maldita parecia colada. A fraca luz piscava vez ou outra falhava, piorando meu sofrimento. Gritei suplicando para ele abrir, por que estava fazendo isso logo comigo? Os segundos se tornavam eternos naquele cativeiro. Tudo parecia encolher. A lâmpada me dava agonia ao invés de me confortar.

Pus a mão no peito tentando respirar. Me perguntei se o oxigênio daquele minúsculo local não tinha um gás venenoso, pois me senti nauseante, tonto. Eu cambaleava entre as quatro paredes e a consciência queria me abandonar.

Não podia morrer, não ali naquele lugar tenebroso.

Minhas mãos estavam atadas e só tinha a mim mesmo para ajudar a manter a esperança. Nada a minha volta era suficiente pra fazer sentido. Eu pensava e dizia coisa com coisa, tudo por culpa dele.

A amargura me veio, arrependimento. Devia ter escolhido ela, com certeza. Eu sabia disso e fui teimoso demais, além de confiar em pessoas que não raciocinavam além do básico. A probabilidade disso acontecer é baixa, mas acontece. O infeliz da vez era eu. Maldito! Você não vai me levar.

As horas tortuosas me maltratavam sem dó no recinto. Eu quase sucumbi naquela prisão tecnológica...

Até que finalmente... A luz. Não aquela branca fluorescente. A verdadeira luz no fim do túnel. Meu estado era lamentável. Estirado no chão gelado e sujo de poeira de calçados, encolhido e quase sem ar. Me puxaram com força pra fora, os meus salvadores. Milagrosamente eu sobrevivi ao atentado.

E hoje estou aqui contando meu relato a todos os que me entenderão, e tomem nota meus companheiros.

NUNCA, em hipótese alguma vão com o ELEvador. Se você é claustrofóbico sempre pegue a fiel escada.