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História Ele vai voltar? - Akai Ito


Escrita por: yAnja

Notas do Autor


Eu ouvi um aleluia irmãos? \o/
Sim, eu tô viva, sim, não desisti da fic. E SIM, desculpe a demora :c
To empacada com minha vida imagine com a fanfic. Enfimm... Hey oh, let's go!

Capítulo 30 - Akai Ito


Fanfic / Fanfiction Ele vai voltar? - Akai Ito

" “Akai Ito” é uma lenda que diz que quando a pessoa é destinada a outra, ambas têm um laço vermelho que as ligam, no dedo mindinho. O laço pode embaraçar, emaranhar, mas ele nunca quebra. O laço não é visível a olho nu, mas está lá desde o momento do nascimento. Quanto mais longo estiver o fio, mas longe as pessoas estão e mais tristes estarão. Sequer a Morte o rompe, apenas o alarga para se encontrarem em outra vida". 

Coloquei ambas mãos contra a cabeça, olhando para o chão aonde o celular tinha caído. Sabia muito bem tudo o que aquilo queria dizer, seria difícil para qualquer pessoa de fora entender, mas pra mim? Não, nem um pouco difícil compreender.

Aquilo basicamente queria dizer: “Castiel me contou tudo. Me encontre à noite na ponte com as árvores de cerejeiras aonde nos despedimos. Ainda não acabou.”

Minhas pernas tremiam, peguei o celular e o larguei em cima da mesa central da sala e saí correndo andar acima, faltava pouco para o escurecer. Comecei a tirar minhas roupas loucamente de dentro do armário, tinha que trocar de roupa e ir correndo para a ponte encontrar Kentin.

Por algum motivo eu escolhi uma camisa cinza com algumas partes em estampa militar, escrita “Team Kentin” na frente. Desde quando eu tinha aquela camisa? Não sei e nem faço ideia, porém achei que aquela cairia muito bem hoje. Coloquei uma saia longa preta e um chinelo, e depois saí correndo minha casa à fora.

Em pouco tempo estava na ponte em que esperaria Kentin me encontrar. Eu mal acreditava. Sei que era arriscado mas e daí? Valeria o risco.

Esperei por lá alguns minutos, apoiando meus braços sobre a ponte, estava noite já, o céu estava limpo, completamente sem nuvens, mas haviam várias estrelas por lá.

Fiquei observando o céu, até que uma pequena luz começou a se mover na atmosfera e rapidamente foi aumentando de tamanho.

— Que inferno é isso? — perguntei olhando para cima. Parecia ser um enorme meteoro caindo.

Entrei em pânico no mesmo instante. Logo no dia em que finalmente achei que Kentin e eu íamos nos acertar de novo cai um meteoro gigante na cidade? Sei que sou azarada mas... Nossa, até um meteoro?

Meu braços apoiados na ponte se afrouxaram devido a surpresa e susto e acabei caindo direto no lago abaixo. Comecei a bater meu braços e pernas loucamente na água, fazia muito tempo que não nadava, mas não imaginava ter esquecido completamente de como nadar.

Com dificuldade, pude ver a ponte alguns metros acima enquanto ainda lutava contra a água, de relance enxerguei Kentin com as mãos sobre a ponte olhando pra mim, mas ele não parecia preocupado nem assustado, ele sorria de forma sádica na minha direção. Tentei gritar em um pedido de ajuda mas acabei por engasgar com uma grande quantidade de água que entrou fazendo minha garganta arder, não demorou muito pra eu tentar recuperar o ar pelo nariz acarretando por encher meus pulmões com aquela água suja e gelada, mas ao mesmo tempo que me queimava internamente. Depois do sorriso de Kentin, só consegui ver um clarão vindo de encontro ao local e a profundidade do lago que antes eu julgava ser raso me engoliu finalmente para o meu fim.

Acordei com um grito cerrado no fundo da garganta.

— Que sonho mais sem noção! — passei as mãos pelos cabelos — Até parece que Kentin tenha ficado com meu celular ou ainda mais ter me deixado uma mensagem. — murmurei descrente, soltando um suspiro pesado — Um meteoro... Era o que faltava. — ri amargurada olhando para meu próprio corpo sentado no sofá, logo focando minha visão ao lado das minhas pernas, o objeto estava ali, bem ao meu lado. Meu celular.

Eu não sonhei? Quer dizer, pelo menos não tudo, certo?

Peguei o aparelho e liguei-o, a mensagem estava ali, aberta. Não fora tudo apenas um sonho! Kentin tinha mesmo vindo me entregar o celular e tinha me deixado um recado oculto, que só eu entendesse. Mas em que momento eu caí no sono? E... Ainda mais importante, quanto tempo eu dormi?

— Ai... Meu Deus! — exclamei acordando por completo, me tocando da realidade.

Preciso encontrá-lo antes que seja tarde demais!

Dei um salto do sofá, pondo-me em pé.

— Mas... — afrouxei os joelhos quase caindo de volta aonde estava antes.

Eu não podia ir vê-lo, seria arriscado demais para ele e ainda pior para mim. Não posso por nossas vidas em risco. Se eu for, não tenho dúvidas de que posso acabar sendo morta, era uma possibilidade bem óbvia depois que tudo que passei.

O medo que sinto é maior do que todo amor que tenho por Kentin?

Não sei se sou capaz de responder nem a mim mesma, senão posso acabar fazendo loucuras na quais posso me arrepender tanto...

Voltei a realidade quando ouvi alguém batendo na porta de casa. Seria Kentin novamente? Talvez ele quisesse dizer que fosse tudo um mal entendido.

Em passos largos me direcionei a porta de entrada e espiei pelo olho mágico percebendo de primeira que não era Kentin, e sim Castiel. Abri a porta com veemência.

— Pois não? — perguntei confusa, ele não tinha avisado que viria hoje.

— Você ainda não se ajeitou? — olhou-me desacreditado escorando-se na porta — Achei que fosse entender o recado que o boboca te deixou. — sussurrou olhando em volta, como se evitasse ser escutado — Vim te buscar... Se troca logo e vamos.

— M-mas... — escancarei a boca com tudo o que ele dizia.

— Shhh... Não tente dizer que não, está tudo bem, eu e... Ele cuidamos de tudo. — voltou a diminuir o tom de voz — Depois você me agradece, mas agora se troque logo antes que a gente se atrase.

— Pra sua informação eu entendi o recado, apenas achei que seria burrice ir. — mostrei a língua.

— Parece que alguém andou usando mais o cérebro por aqui hein, agora vai logo sua lerda. — resmungou, cruzando os braços.

Apenas bufei e fui ao meu quarto. Castiel conseguia me irritar até quando eu estava transbordando em nervosismo. Algo me diz que não vai dar bom o que esses dois estão aprontando, mas mesmo assim... Essa intensidade é tão boa, me deixa nervosa de um jeito proibido que admito gostar.

Coloquei uma calça jeans escura, uma camisa básica vermelha de mangas compridas, um tênis cinza escuro e amarrei o cabelo lateralmente. Não demorei muito pra voltar correndo a porta de entrada onde Castiel ainda me esperava.

— Achei que só voltaria amanhã, tábua.

— Grr... — respirei fundo tentando ignorá-lo.

Tranquei a porta e começamos ambos andar lado a lado na rua.

— Por que está fazendo isso por mim? É loucura, você sabe o que aconteceu... Pode acontecer dez vezes pior! — mordi o lábio, inquieta — Você contou tudo pra ele, não foi?

— Contei.

— E você fala isso com esse sorriso grande no rosto por quê?

— Ah qual é, Lilith! Dá um tempo, só faltava vocês dois terem um desmaio ou sei lá o quê! Os dois não estão comendo nem dormindo direito. Eu sou o único que sabe de tudo, era minha obrigação fazer algo. — bufou alto, enfiando as mãos nos bolsos da jaqueta.

— Sua obrigação? Quem é você e o que fez com o Castiel antissocial que não está nem aí pra ninguém? — perguntei boquiaberta, interpretando.

— Pfff... Com você é diferente. — pronunciou com frieza, porém suas bochechas ficaram levemente rosadas enquanto ele tentava manter a testa franzida na sua costumeira carranca.

— Own... — deixei escapar um suspiro, emocionada — Quer um abraço?

— Não. — negou me olhando como se eu fosse louca.

Me aproximei de Castiel e o abracei, fazendo nós dois pararmos de caminhar por alguns segundos.

— Pensei ter dito não. — murmurou emburrado, estava ainda mais vermelho.

— Não tem de quê. — nos afastamos voltando a andar.

De certa forma isso foi bom, acabou me deixando mais relaxada, até o momento que avistei o local da mensagem deixada no meu celular, o mesmo local do meu pesadelo de uma hora atrás, o mesmo local em que eu e “Ken” saímos pela última vez antes do próprio partir. E lá estava ele, parado sobre a ponte me esperando com seriedade enquanto olhava para ambos eu e Castiel.

— Tá esperando o quê? — perguntou o ruivo na minha dianteira.

— Não é uma boa ideia. — virei-me para encará-lo.

— Não é hora para voltar atrás, agora você já veio até aqui. — pôs suas mãos nos meus ombros para me acalmar — Quem diria que um dia te levaria até as mãos desse otário. — riu — Ele a ama, então... Acho que vale a pena perder um pouco de tempo da minha vida ajudando os dois pombinhos. Irei ficar pelos arredores de “vigia” caso algo pareça estar fora do normal, ok?

Apenas balancei a cabeça, concordando. Me sentia mais tranquila com Castiel por perto caso algo de ruim viesse acontecer.

— Tá esperando o quê? Vai logo, garota. — virou-me pelos ombros e deu um leve empurrão para me dar iniciativa.

Assim que meus olhos esbarraram em Kentin, minhas pernas travaram instantaneamente como se tivessem enferrujado no lugar.

Péssima ideia, ideia terrível! 

Olhei para trás, mas Castiel já estava longe demais para chamá-lo de volta, não dava para recuar mais, já era tarde para quaisquer mudanças de planos.

Aproximei-me do moreno lentamente. Eu não precisaria mais fingir que o odiava, certo? Agora Kentin sabia de tudo, mas tudo o quê?

— Que bom que você veio. — disse o moreno assim que estava próxima o suficiente para escutá-lo sem que ele precisasse aumentar o tom de voz.

— Hmm.. Aham, eu vi sua mensagem. — desviei meu olhar para a ponte, indo me apoiar na mesma.

Há possibilidade de 0,00% do meu sonho virar realidade, correto?

Kentin suspirou e se posicionou ao meu lado, apoiando-se igualmente na ponte.

— Eu nem sei por onde começar...

— Não seria eu que devia dizer isso? — perguntei.

— Não. — riu nervoso — Eu te peço desculpas Lilith... Devia ter notado o que estava acontecendo desde o começo... Cometi um erro de deixar passar tudo tão despercebido, acabei me preocupando comigo mesmo e minha falta de segurança...

— Falta de segurança? — virei meu rosto finalmente o olhando com precisão. Era ótimo poder encará-lo de novo sem precisar sair correndo logo após.

— Ah! — deixou a boca entreaberta por pouco tempo, aparentemente não sabendo como me responder — Isso não vem ao caso, é bobagem minha. — engoliu em seco, fitando-me de volta — O fato é que você se machucou quando eu poderia ter evitado. — Kentin levantou a mão para tocar meu rosto mas hesitou antes de fazê-lo, acabando por desistir.

— Do que está falando? Pare de dizer bobagens. — cocei minha nuca desconfortavelmente.

— Mas não é bobagem, Lilith! Eu sinto tanto por tudo! — desta vez ele segurou meu rosto com segurança, me fazendo olhá-lo nos olhos.

Aquele tipo de ação me deixou completamente surpresa, senti como se meu cérebro tivesse parado de funcionar por alguns milésimos enquanto nos olhávamos.

— Eu sei de tudo agora, e eu vou cuidar de você agora, Lily... Eu estou aqui por você agora e eu não vou ir embora novamente. — sussurrou com certa firmeza acariciando meu rosto com as pontas dos dedos.

Meus neurônios voltaram a funcionar e foi como se uma bomba tivesse me atingido, ou melhor, um “meteoro”.

— Eles vão aparecer de novo, vão me pegar Kentin, eu não posso, a gente... Não devíamos estar aqui, é perigoso. — comecei a chorar copiosamente.

— Não, não, não, está tudo bem, eu estou aqui, Castiel está por perto, nada de mal vai te acontecer de novo. — sorriu suavemente, tentando me fazer relaxar.

— A garota e o... — murmurei baixo, segurando as lágrimas o tanto que podia, tudo aquilo era demais pra mim.

— Não faço ideia de quem sejam, e eu duvido muito que tenha a ver comigo, eu nunca deixei outra garota além de você entrar tão a fundo na minha vida, nem quando estive fora, além do que estive em um lugar exclusivo a garotos somente. — suspirou profundamente — Só pode ter sido engano, tem que ser...

Seria tudo isso verdade? Eu fui e sou a única para Kentin? Talvez essas perguntas sejam as menos preocupantes no momento, mas eu não pude evitar perguntar...

— Mas e a Priya? Eu vi vocês hoje mais cedo... — reprimi os lábios, me menosprezando por não conseguir disfarçar o ciúmes.

Era idiotice cogitar que Priya fosse a pessoa que tanto me persegue, logo ela que sempre foi legal comigo.

— A Priya? — franziu o cenho indiferente, tirando as mãos do meu rosto — Eu nunca tinha sequer falado com ela antes, nem mesmo antes de ir para escola militar... — parou de falar por um instante, analisando meu rosto — Oh... — sorriu — Entendi, você está com ciúmes.

— O quê?! Nada a ver! — neguei de imediato, desviando meu rosto em direção ao lado, agradecendo por estar escuro o suficiente para não ser vista enrubescer, desejando também me afogar naquele lago como em meu sonho, assim escapando desse momento ridículo.

— Então, o que me diz? — perguntou pondo as mãos aos lados de meus braços, chamando-me a atenção para si outra vez.

— O quê?

— Sobre tudo... Confie em mim e no Castiel, nós vamos cuidar de você, ficaremos de olho, e assim, te provarei que foi apenas um grande engano!

— Eu n-não sei não. — gaguejei, sem saber o que fazer.

Acima de tudo, ainda era arriscado. Mas... E se tudo não passasse de um engano realmente?

— Vamos, Lily, eu lhe garanto. — deslizou as mãos por meus braços para segurar as minhas — Por favor... — suplicou de mansinho.

Eu sabia de todo perigo, mas vê-lo ali, daquele jeito... Fez simplesmente deixar-me pelo momento, acabando por ser manipulada por aqueles malditos olhos verdes. Nada no mundo me faria sentir vontade de ficar longe daquele garoto que estava a minha frente.

— Eu... Sim. — assenti enquanto sentia um peso enorme sair de cima de mim.

Kentin me sorriu, apertando minhas mãos levemente. Cada contato com ele me fazia mergulhar em uma grande e satisfatória anestesia para todos meus problemas e medos.

— Fico contente por confiar em mim ainda. — dizia contente.

— Isso nunca mudou. — afirmei com segurança, não conseguindo evitar de me aproximar do tal.

Nos fitamos de forma firme, Kentin conseguia me passar uma certeza incrível de que nada ruim viria acontecer novamente.

— Eu não aguento mais ficar longe de você, Lily, nem mais um segundo. — falou repentinamente, enquanto mantínhamos o contato visual e as mãos unidas.

Não pude evitar arregalar os olhos, surpresa.

— Desculpe! Não quis te assustar com algo tão repentino! — arregalou os olhos igualmente, soltando suas mãos das minhas enquanto tentava se explicar rapidamente.

— Tudo bem! Eu gostei, na verdade. — sorri.

Kentin sorriu de volta, ainda sem jeito.

— O que foi? — arqueei a sobrancelha.

— Hm, nada não. — riu, coçando a nuca e olhando ao redor de todo local.

Ele nunca perderia tal mania? Sinceramente, espero que não, pois é uma das características dele que mais amo.

— Acho que preciso procurar Castiel e ir para casa antes que fique muito tarde... — passei os dedos entre meus cabelos, sem saber que clima estranho era aquele que pairava no ar — Até mais, Kentin. — acenei levemente antes de começar a me virar para ir embora.

Tantas coisas para serem ditas, mas entaladas no fundo da garganta.

— Lily! — chamou-me com certo desespero, fazendo uma carga elétrica de imediato passar por meu corpo.

Ouvir Kentin me chamando de tal forma me fazia recordar nossos velhos tempos na escola. Mal podia imaginar que eu gostaria de voltar no tempo e reviver tudo aquilo como se fosse a primeira vez. Ah, se eu soubesse que tudo isso aconteceria, teria evitado tanta catástrofe.

— Pois não? — me direcionei a ele outra vez.

Sei que já pensei nisso incontáveis vezes, mas ainda me pergunto como aquele moreno conseguia ser tão belo ao ponto de me desmontar em sentimentos só com a colisão de nossos olhos? Deus! Vê-lo ali parado a pouco espaço de distância de mim sabendo que nada seria mais como um dia foi ainda doía. Quando foi o exato momento em que tudo se desfez em pedaços?

— No dia em que nos acertamos no parque, você sabe, eu voltei a sua casa uma meia hora depois de nos despedirmos...

— Castiel... Ele me contou, foi nesse exato momento que vocês dois se encontraram e perceberam que minha ausência era fora do normal, não é? — abaixei a cabeça, engasgada por relembrar de todo inferno que passei naquela mesma noite.

— Não faça esta cara, Lily, tente evitar pensar “naquilo”, o que quero dizer não tem nada a ver com toda essa desgraça, prometo.

Kentin se aproximou mais de mim com uma forma intimidadora que nunca na vida tinha visto fazer antes, o suficiente para me deixar de boca calada.

— Naquele mesmo dia eu voltei até a sua casa pois tinha algo muito importante para te contar.

Eu nem sequer piscava, esperando que ele prosseguisse.

O moreno passou a mão pelos seus típicos cabelos bagunçados como se arranjasse tempo para pensar em algo racional.

— Quer saber? — olhou-me de forma quase que perfuradora. — A realidade é que eu sou apaixonado por você, sempre fui, isso é obvio, só nunca admiti diretamente para você. Sempre fui apaixonado, desde criança, desde que conversamos pela primeira vez no jardim de infância, soube desde então que você seria a menina, garota e mulher que eu sempre iria querer que fosse minha! — falava tremulo de forma rápida, quase gritando em nervosismo.

Foi como sentir algo me acertando bruscamente, como se eu pudesse sentir minha alma sair pra fora do corpo e voltar, minha mente rodopiou e quase entrou numa tela azul em erro. Meus olhos ainda estavam direcionados a ele, mas por alguns segundos mal consegui vê-lo ali a frente. Minha surpresa muda foi o suficiente para que ele continuasse falando descontroladamente.

— Eu não me importo se você tem outro, se sente algo por alguém, se você e o Castiel se gostam ou já se envolveram, porquê foi eu que cresci do seu lado, eu que conheço cada defeito, qualidade e mania sua, eu que te estudei por anos, que sai de uma escola para outra apenas para ficar do seu lado, e mesmo quando não pude evitar me distanciar, só pensei em você e me esforcei ao máximo para voltar o quanto antes! — suas palavras eram como enxurradas rápidas de água fria sobre todo meu corpo — Quero que você saiba todo esse sentimento que carrego comigo e que naquela noite eu voltei à sua casa para te dizer isso... E mais importante, para te entregar isso!

Antes que eu pudesse assimilar o que ele dizia, Kentin já tinha me puxado pela cintura com agilidade, tirando toda a distância que havia entre nós. Foi tão repentino que eu simplesmente prendi a respiração. Precisei no mínimo cinco segundos para entender o que acontecia e minha mente voltasse a funcionar, para enfim me deixar consciente dos lábios deles se pressionando contra os meus.

A saudade absurda que tanto senti dele por meses tomou conta de mim, como um choque de uma só vez, meu peito se reprimiu, não sabendo distinguir entre ansiedade, felicidade ou surpresa, mas foi o suficiente pra me fazer tomar coragem e puxá-lo sem hesitação para mais perto de mim e me aproveitar daquela situação.

Nossas bocas começaram a se abrir e fechar juntas em sincronia, abrindo espaço para que nossas línguas se encontrassem e brincassem entre si, era como se tivéssemos feito aquilo antes várias vezes, pois tudo estava se encaixando perfeitamente, mas mesmo assim a sensação e euforia era o que deixava avisado de que aquilo era o tão esperado primeiro beijo. Finalmente alguma parte do meu cérebro me lembrou de que queria aquilo à muito tempo, o que por sua vez só me animou mais para tomar atitude de segurar a gola da camisa dele com firmeza, o deixando mais alerta, mostrando que eu queria aquilo tanto quanto ele.

Infelizmente nossos pulmões começaram e pedir por oxigênio novamente, mas isso não evitou que descolássemos nossos lábios com dificuldade lentamente. Assim que abri meu olhos novamente e vi seu rosto ainda muito próximo do meu pude jurar que sonhei a coisa toda, mas não, minhas mãos ainda seguravam a camisa dele confirmando que tudo era bem real, não pude evitar abrir um sorriso cumplice que foi correspondido no mesmo instante.

— Eu... — murmurou.

— Eu... — repeti entorpecida.

— Mal posso acreditar. — Kentin terminou a frase por nós.

Sorri mais abertamente, em tempos não me sentindo tão aliviada, parecia que nada podia nos abalar. Com cuidado, Kentin passou os dedos pela mecha do meu cabelo que estava ao lado do rosto e o enrolou na ponta do dedo, como se apreciasse cada segundo.

— O que vai ser da gente daqui a pra frente? — perguntou prudentemente, desviando os olhos do meu cabelo e me encarando.

— Bom, eu... — mordi meu lábio, um tanto desorientada ainda com o beijo que havíamos acabado de dar.

— Você não quer? Sabe.. Nós dois? — interrogou um tanto preocupado afastando o rosto um pouco do meu.

— Não, não! Nada disso! — neguei com urgência, fazendo o mesmo relaxar os ombros. — Eu também sabe... Sinto o mesmo por você. Q-quer dizer... Também sou apaixonada por você Kentin! — pronto, falei. Nem acredito.

Era visível até mesmo no escuro quando ele arregalou os olhos em surpresa por tamanha sinceridade vindo da minha parte.

— Você...? — perguntou incerto.

— Sim, percebi no momento em que você tirou os pés da cidade. — admiti sem delongas com uma tranquilidade que até me assustou.

Kentin me olhou por alguns segundos, perplexo me analisando, parecia que ele estava vendo uma miragem.

— Maldita Ambre! — ele guinchou de repente, me espantando.

— Hã?

— Se ela não tivesse feito o que fez não teríamos passado por tanta coisa!

 — Nem me diga.. — revirei os olhos, logo lhe dando um sorriso — Mas agora tudo passou, está lá atrás, no passado, certo?

— Sim... — suspirou, voltando para a expressão neutra — Mas não me arrependo, cresci muito enquanto estive fora, me tornei alguém melhor e mais forte... Por você, Lilith. — sorriu voltando para perto de mim.

Congelei por um momento, ainda desacostumada com tantas revelações e proximidades na mesma noite. Sem se importar, Kentin me puxou carinhosamente para um abraço aconchegante, deitei minha bochecha sobre o peitoral do mesmo.

— Eu nunca deixei de te esperar, um dia sequer... — sussurrei, contente. Senti o mesmo afagando meus cabelos em resposta. — O que... O que nós faremos agora? Quero dizer...

— Shh, não se preocupe, teremos tempo de sobra de agora em diante para falarmos disso e de tudo mais o que quisermos. — murmurava baixinho, e mesmo sem eu abrir os olhos sabia que ele sorria ao falar — Agora, infelizmente tenho que te entregar para um certo ruivo falsificado, mas... Saiba que estarei cuidando de você a partir de hoje, não há o que temer.

Abri meu olhos, levantando meu rosto e percebi que ele realmente sorria, virei meu rosto para trás e vi Castiel à uma boa distância de nós, esperando-me impaciente para me levar de volta em casa.

Kentin me apertou mais um pouco em seus braços antes de dizer:

— Eu iria junto até sua casa, mas como sei que você ficaria paranoica pensando que a pessoa que te persegue nos veria juntos e vá fazer algo com você, então... Dessa vez te deixo ir sozinha com Castiel. —  terminou a frase sério, porém aproximou a boca do meu ouvido e continuou a falar: — Mas não se esqueça de que agora você é minha. — Kentin deu uma pequena risada antes de me roubar um selinho longo, me pegando desprevenida pela milésima vez.

Eu nem tive capacidade de responder quando o mesmo se afastou de mim, rindo contente.

— Até amanhã Lilith! — despediu-se.

Virei-me completamente muda em direção a Castiel, as últimas palavras de Kentin ainda adormecidas na minha audição, meu estômago revirava como se literalmente houvesse borboletas lá dentro.

— Vou fingir que nem vi essa ceninha! — comentou Castiel, escondendo um sorriso de canto.

Não disse nada, ainda meio tonta, apenas tentando dar um jeito de achar consciência suficiente para caminhar de volta para casa, e aí sim processar tudo o que tinha acontecido com lucidez.



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