História Ele vai voltar. - Pedido

*Sonho on*

 

Daiki: A Satsuki mandou chamar você para assistir filme aqui em casa.

                   Você vem?

 

Eu: Agora? x_x

 

Daiki: Se fosse para outra hora não estava chamando.

 

Eu: Grosso. Se continuar assim ninguém vai amar você!! Kkkkk

       Prepara a pipoca que já chego aí.

 

“Falo assim com ele, mas queria ter a coragem suficiente para me declarar para ele, ele já tem alguém que ama ele, porém como ele não demonstra sentir o mesmo, prefiro preservar minha dignidade. ”

 

 Mais ou menos 1h15min desde a última mensagem que troquei com Daiki antes de sair e ainda não cheguei na casa dele, o trânsito estava um caos por conta de um acidente no centro da cidade, que era justamente por onde o ônibus que eu estava precisava passar. Na metade do caminho sinto meu celular vibrar no bolço da calça.

 

Daiki: Está demorando demais, vamos começar o filme sem você.

 

Eu: A culpa não é minha se um acidente resolveu acontecer no meio do caminho entre mim e você. *_*

 

“Sente a indireta.  ”

 

Daiki: Acidente?

 

Eu: Sim, bem no centro, não sei direito o que aconteceu mais estava

       tudo parado até uns 20 minutos atrás, já estou quase chegando.

 

Não trocamos mais nenhuma mensagem até eu chegar na casa dele. Bati algumas vezes na porta e a mesma logo foi aberta por um Aomine Daiki emburrado e nervoso, provavelmente pela demora, que logo me deu passagem para o interior da casa. Deixei meus sapatos na entrada e segui para a sala esperando encontrar a Momoi-san por lá.

 

-Cadê a Momoi-san? Pergunto me virando para atrás encarrando o moreno.

-A mãe dela chamou ela para não sei o que. Disse que já voltava. A mesma preguiça de sempre presente na voz.

-Hummm, então tá. Balanço um pouco o corpo para frente e para trás enquanto surgia um silêncio um pouco constrangedor.

-Senta de uma vez ao invés de ficar balançando que nem boneco de posto aí parada. Diz já se jogando no maior sofá do ambiente.

 

Faço o que ele pediu e sento no sofá menor que fica ao lado. Ajeito-me e encaro o teto.

 

-Ela vai demorar muito?

-Não sei, mas pelo jeito não é para a gente assistir esse filme hoje, você já demorou para chegar aqui e agora ela demora para voltar. Fala enquanto mexe no celular.

-A culpa não foi minha pela demora. Inflo as bochechas e cruzo os braços. – E qual filme vamos ver? Tento mudar de assunto.

-Podia ter pego um táxi, enfim, o nome tem alguma coisa haver com a mor não sei o que, coisa da Satsuki.

 

“Impressão minha ou ele ficou meio vermelho? Aomine Daiki jamais fica vermelho.... Tem algo estranho aqui ou é só coisa da minha cabeça? ”

 

-Você assistindo filme romântico? Estou pagando para ver. Solto uma risada.

-Haha quer apostar que eu assisto um inteiro? A cara de convencido substitui a vermelhinha de antes.

-E o que vamos apostar? Inclino-me para a frente mostrando interesse.

-Não sei. O que você quer apostar?

 

“Essa seria a chance que tanto esperei? ”

 

-Hummm... Se você perder você vai ter que ir num encontro romântico comigo? Dou um sorriso de canto tentando controlar o rubor que começava a tomar conta das minhas bochechas.

 

“Sem chance de ele aceitar. ”

“Aceita por favor, aceita. Eu seria a pessoa mais feliz do mundo se pudesse ir em um encontro com você. ”

 

-Okay, fechou. Mas se eu assistir um inteiro você vai ter que me passar cola de todas as provas até o final do ano, combinado? Estende a mão para fecharmos o acordo.

 

“O QUEEEEEE???? ELE DISSE OKAY, FECHOU????

“Mas é claro que ele vai assistir um inteiro, as colas das provas são mais convenientes para ele. Minhas esperanças acabam de morrer. ”

 

-Fechou. Aperto a mão dele e olho fundo nos olhos dele, com o coração aumentando o ritmo a cada segundo de contato com a pele dele.

 

“A mão dele é tão quentinha e tão macia, como seria o toque dela na minha pele?”

“E ele está certo que vai ganhar. Estou ferrada se algum professor pegar eu passando cola para ele. ”

 

O celular dele vibra fazendo o contato entre a gente cessar.  Era uma mensagem, ele checa mais rápido do que eu gostaria.

-Era a Satsuki, ela disse que não vai poder assistir mais hoje, a mãe dela vai receber visitas do trabalho e é para ela ficar em casa para ajudar.  A feição dele muda para nervoso e fica meio vermelho de novo.

-Ah sério? E o filme? Vamos assistir? Tenho uma aposta para vencer! Provoco.

-Você quis dizer que eu tenho uma aposta para vencer. Retruca.

-Claro, claro. Veremos. Uso um tom sarcástico.

-Vamos assistir então. Ele anda em direção ao notebook na estante para dar play no filme.

Aproveito e me sento no sofá maior, já que fica de frente para a TV, ocupando um dos cantos. O filme se inicia, era de uma produtora que eu não conhecia, quase parecia mais um filme caseiro do que uma produção decente. Passados alguns minutos dar-se a entender que seria uma animação.

-Vou buscar a pipoca e o refrigerante na cozinha, já volto. Diz e some no mesmo instante.

A animação começa com um garoto alto, de uniforme e bocejando enquanto passava pelo portão do que aparentava ser uma escola.

 

“Ele é parecido com o Daiki ”

 

Ele anda pelos corredores evitando as outras pessoas até chegar na sala de aula, se sentando no fundo perto da janela, também se debruça sobre a carteira fazendo a mochila de travesseiro, fechando os olhos para um cochilo antes da aula começar.

O sinal que dá início a primeira aula toca. Ele levanta a cabeça e olha para a frente. Era aula de história. O restante dos alunos vai para seus devidos lugares enquanto o professor entra e se prepara para iniciar o conteúdo do dia. Mas antes de começar verdadeiramente ele anda até a porta pedindo para alguém entrar.

Quem entra é uma garota morena, com cabelos bem cacheados, de estatura baixa, vestida com o uniforme da escola, mas de um jeito mais despojado, que ficava muito bem nela, e a garota tinha olhos verdes. Era nitidamente estrangeira.

 

“Eu conheço essa cena. Acho que é o meu primeiro dia de aula na Tôô. ”

 

A menina chama imediatamente a atenção do garoto sentado ao fundo da sala, que se ajeita melhor no assento. O professor pede que ela se apresente brevemente. Ao falar era nítido que tinha um sotaque americano, porém possuía um japonês muito bom, que se confirmou quando disse que havia chegado a poucos dias de Los Angeles para iniciar os estudos no Japão junto com outro amigo.

 

Depois dessa cena, outras em aleatório se sucederam.

 

A garota conversando com algumas meninas durante o intervalo daquele mesmo dia.

Uma garota de cabelos rosas apresentando a aluna nova para o garoto ao qual a rosada dizia que era seu melhor amigo e que se conheciam desde a infância.

Ele observando a morena de canto de olho disfarçadamente enquanto treinava com o time de basquete.

As mãos dele tremendo e suando quando precisou fazer um trabalho em dupla com a garota.

Depois um coração batendo no peito do garoto todas as vezes que ele via a garota estrangeira, como se ele estivesse apaixonado por ela.

 

“Essas cenas... São todas reais??? Mais o que está acontecendo aqui? ”

 

Foi aí que me dei conta da demora do Daiki a voltar para a sala com a pipoca e as bebidas. Olho na direção da cozinha e o vejo parado no batente da porta com a cabeça baixa, mas ainda assim me olhando e com uma caixinha pequena nas mãos.

A única reação que consegui ter foi arregalar os olhos e voltar a atenção para a TV, onde não se tinha mais imagem nenhuma só dizia:

 

ELA É MAIS TEIMOSA QUE EU, JÁ ME DISSERAM QUE O ÚNICO RESULTADO DESSA COMBINAÇÃO SERIA UMA EXPLOSÃO. ACREDITO E ESPERO QUE ESSA EXPLOSÃO SEJA DE AMOR E DE RECIPROCIDADE, POR QUE O QUE EU COMECEI A SENTIR POR ESSA MORENA CHEIA DE MARRA E DE ORGULHO, ASSIM COMO EU, AINDA NÃO SENTI POR MAIS NINGUÉM.

 

“CARALHOOOO... ISSO É... NÃO... NÃO... NÃOOO!!!! ”

 

Volto a olhar para o Daiki e ele se aproxima de mim visivelmente nervoso, se posiciona na minha frente se agachando.

 

-Só não fico de joelho por que já é demais para mim. Ele faz uma pausa e respira fundo. –Mas não seria demais para mim se você aceitasse namorar comigo.

 

Eu só conseguia encara-lo de boca aberta, mãos tremendo e os olhos começando a encher de água.

 

-Aomine Daiki não ouse brincar comigo desse jeito. Minha voz sai tremula. Eu precisava ter certeza que aquilo não era nenhuma pegadinha.

-Eu não sou bom em brincar e você já devia saber disso. Coloca uma expressão séria no rosto.

-Por Kami. Isso não é brincadeira então? Coloco as mãos na frente da boca.

-Super sério. Então, você aceita namorar comigo? Ele estava bem ansioso por uma resposta.

-Eu.... Eu aceito... Claro que aceito... O sorriso que ele deu em seguida de alivio e felicidade por ter ouvido um sim, é insubstituível.

Não consigo acreditar que o cara que mais me chamou atenção desde que cheguei no Japão, que me fez sentir atração imediata e que depois já não conseguia mais me ver sem em tão pouco tempo, que passei a ter sentimentos mais profundos, mesmo que a nossa relação aparentemente não passaria de apenas amigos, e ainda era uma pessoa melhor do que demonstrava ser para outras pessoas estava me pedindo em namoro, era sem dúvida inacreditável.

Ele abre a caixinha que estava segurando antes e lá dentro tinha duas pulseirinhas de pano, uma num roxo escuro e outra num azul também mais escuro, que na verdade eram tornozeleiras.

 

-Bem... Aliança é cedo demais e cara demais também. E só serve para as outras pessoas ficarem colocando mau olhado na gente. Falava enquanto tirava a tornozeleira azul e puxava um pouco a barra da minha calça para conseguir coloca-la. –Com uma tornozeleira ninguém vai saber o que realmente é, provavelmente vão pensar que é só um acessório, daí fica tudo de boa.

-Nossa... Pensou em tudo isso foi? Quem diria que o grande Aomine Daiki seria tão romântico... Não consegui segurar a brincadeira.

-Olha que eu retiro o pedido que eu te fiz a pouco tempo atrás. Ele entra na brincadeira, sorrindo de novo.

-Okay, okay.. Parei... Não quero perder o que acabei de ganhar. Sorrio de volta.

 

Ele termina de amarrar e acaricia meu tornozelo. Direciona o olhar para mim se fixando no meu, se aproximando de vagar, levando a mão para minha nuca...

-Angie... Uma voz familiar chama ao fundo e aumenta gradativamente. – Angie!!

 

 

*Sonho off*

 

 

-Angie... Acorda.... Já são 20:30 e já pedi a pizza e o porteiro acabou de avisar que o entregador chegou, e você disse que ia pagar dessa vez. Anda levanta e vai buscar o dinheiro. Ele me descobre enquanto fala, para não ter nem chance de discussão.

  Levanto a contragosto, ignorando a presença dele enquanto me dirijo para aporta.

-Você já pediu para ele subir? Bocejo.

-Sim.... Então vai rápido... Segura meus ombros me fazendo andar mais rápido até a porta.

-Tha, Tha.... Já volto...

 

Subi até meu apartamento depois que dei de cara com o entregador no elevador, peguei o dinheiro e um refrigerante na geladeira para acompanhar e desci o mais rápido que pude.

Depois de pizza paga, com direito a uma gorjeta para o entregador pela espera, sentamos no sofá mesmo, e começamos o nosso jantar regado a pizza e refrigerante num sábado à noite. O único som presente era o da televisão e do tilintar dos copos com o vidro da mesinha de centro. Minha cabeça vagava pelo sonho de antes.

 

“Onde foi que erramos? Onde foi que eu errei? ”

 

Meus olhos voltaram a se encher de água novamente, dou uma fungada e logo os soluços se fazem presentes, logo iniciando mais uma sessão de consolo por parte do ruivo sentado do meu lado.

 

“ As lembranças vão ser constantes nos próximos dias, só espero conseguir me controlar quando eu o vir na escola. ”