Elevo a espada no ar, ela está brilhante, suas cores dançam em uma mistura de vermelho bronze e amarelo Ouro, visivelmente bela, mas a beleza não é o objetivo, espadas não são a nova moda verão, são feitas para matar. Quando se passa tanto tempo dentro de uma fábrica de espadas você aprende certos truques, como por exemplo saber se a espada está afiada o bastante sem nem mesmo tocar nela, só observando sua cor e as dobras que o metal tem em torno de si mesmo.
Abaixo a espada de volta a mesa de metal, aplico pressão de novo e o metal range, se contorcendo de dor, não só ele mas todas as suas irmãs ao redor, uma a uma as espadas vão sendo forjadas, sem fogo, somente com pressão que o próprio metal faz sobre si.
A sirene soa, anunciando " seus idiotas, hora de irem para casa " e todos obedecem sua voz. O barulho de metal batendo em metal cessa aos poucos e tudo vai ficando silencioso, saio, como todos os outros.
- Hey Mark! Que dia heim - ouço Silas gritar enquanto se aproxima de mim - até parece que a produção triplicou, ou pior quadruplicou! - Uma gota de suor escorre da sua testa. Paro para observar seu rosto , quando foi que ele envelheceu tanto? Talvez não tenha envelhecido, é só esse trabalho ingrato que está nos matando aos poucos...
- Na verdade, acho que a produção aumentou sim, só não sei porque... - minto, com um sorriso no rosto.
- Cara, que barra é isso aqui - Ele se junta a mim na caminhada rumo a saída da fábrica - os aéreos que devem ter trabalho melhor, com aquele ventinho deles - Ele revira os olhos em sinal de protesto.
- Fazer o que, cada um nasce com um dom, o governo só nos coloca no lugar certo... E não é como se não houvesse outra opção, Silas. - continuo - Você tem jeito para mecânico, ou engenheiro...
- Tá maluco? - Ele rebate com cara de espanto - Isso é trabalho pra gente inteligente! Quem não gosta de estudar igual a gente tem que ficar na força bruta mesmo... Mas tem uma coisa que eu sempre quis ser - Ele fecha os olhos por um instante parecendo aquelas crianças quando saboreiam um doce - Eu sempre quis ser conselheiro, imagina só. Dois anos no serviço militar e depois você está pronto para uma vida de aventuras!
- Você sonha demais...
- Anota aí cara - Ele bate de leve em meu ombro - Eu dia você vai me ver do lado do governador, igual aqueles caras que se vê nos jornais! - Ele vai se afastando, indo por outro corredor. - A gente se vê amanhã.
*
O sol está quase se pondo, do outro lado do céu a lua se ergue. Após alguns minutos a locomotiva para novamente, desço e faço novamente o mesmo caminho, " em frente, vire na quinta rua, vá em frente novamente, na casa amarela vire a direita e lá está sua casa, Mark ". Faço um movimento de mãos e a porta de metal vai se abrindo, cada engrenagem se encaixando e se movendo, para por fim revelar o que tem dentro da casa, não há ninguém para me receber...
*
A melhor coisa que fiz foi comprar quase todos os utensílios da casa feitos de metal " sei q não fica muito bonito de se ver, mas o que importa é a utilidade não a beleza ", novo o que eu quero só com alguns movimentos de mãos " isso é sedentarismo eu sei ", mas para quê ser dominador de metal e não usar isso para o próprio conforto? Na maior parte do tempo minha dominação é aplicada somente na fábrica, fazendo armas para o exército do reino, ajudando em uma guerra imaginária que eles pregam todos os dias, "a guerra pela paz" alguns dizem.
Os jornais trazem todos os dias notícias e mais notícias tendenciosas: "Ameaça de Guerra Civil no Reino do Ar " , " A Guerra acabou? NÃO "... mas nada de fatos, só achismos de pessoas velhas que falam dos "horrores da última guerra ". Alguns cidadãos acreditam e temem uma nova guerra, outros dizem q o mundo caminha para a paz, eu acredito que não existe e nem nunca haverá paz, mas também sei que nosso rei é um ex soldado obcecado por guerra, e é inevitável que ele não veja perigo em tudo...
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Essa manhã o jornal chegou cedo, não há nenhuma novidade, o título é " Outro ataque ao Reino das Águas " ... É o terceiro só esse mês, e ninguém sabe quem são os responsáveis, eles simplesmente vem a noite e matam as pessoas, não deixam marcas, só o corpo imóvel e gelado no chão, sem vida e do lado dos corpos e um lenço branco com as letras DEUG escritas nele. O governo acha que são um grupo de criminosos insatisfeitos com o novo e de governo, os ou outros reinos dizem que são só assassinos como iguais aos outros de sua laia, seja o que forem eles estão ganhando espaço na mídia e a atenção dos 12 reinos.
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A noite está fria, mais do que o normal. Devido a localização do Reino Forte ser nas montanhas do Oeste do continente é normal as temperaturas serem baixas, mas esse noite está pior do que as outras. Levanto da poltrona e deixo o livro na mesa, busco um cobertor no quarto e volto a ler “ As aventuras de Breno ”, sem perceber acabo dormindo.
Acordo assustado, pego meu relógio de prata e vejo que horas são, o relógio aponta 3:45 da Manhã, mas a movimentação na rua contradiz isso, vejo pela janela muitas pessoas nas rua conversando, falando apressadamente e apontando para o mesmo lugar, a minha casa, saio para ver o que é, talvez se trate de algum animal morto no teto e estão tentando ver, não seria a primeira vez que isso acontece.
Saio para a rua e Me viro para ver o que é… não era um gato morto, mas sim, alguém morreu… Escrito na minha parede com sangue estão quatro letras, DEUG, e embaixo uma pequena frase em letras minúsculas “ A Guerra Começou ”, me viro para para o lado e vejo mais pessoas ainda, muitas mais, também muitos militares e carros de combate, corro para ver o que aconteceu, sem entender nada, quando me aproximo consigo ver, não consegui contar quantos eram, só me lembro de cair no chão e tudo ficar escuro quando eu vi ele no chão, sem vida. Meu último pensamento antes de minha mente apagar foi “ Você sonha demais Silas ” ...
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