Não existe nada mais honroso do que morrer pelo dever, morrer por aquilo que acredita. É isso que eu quero acreditar, me faz sentir menos a dor, me faz dormir um pouco mais tranquila a noite. Esse pensamento diminuiu meus pesadelos, é um processo lento mas começo a me acostumar com a falta dela, mas é uma espada de dois gumes, pois ao mesmo tempo que a dor vai indo embora eu esqueço dela sem perceber, esqueci de como seu ficava quando ela sofria, ah, aquele sorriso, foi a última vez que a vi.
- Está na hora - A voz dele me tira do transe. É fácil devanear quando se está sozinho e em silêncio, é é como estou na maior parte do meu tempo. Me ponho a caminhar atrás dele, muda como fui ensinada a ficar.
- Devaneando novamente? - Ele pergunta - Ainda sente falta dela… - Ele para - Que pergunta idiota, claro que sente,ela era sua irmã…
- A saudade diminui a cada dia, senhor - Respondi fria.
- Não precisa fingir ser forte, eu a conheço Ária, você é forte fisicamente, mas o coração é sensível.
- Não deveríamos estar falando de vida pessoal senhor - Rebato com frieza. Ele é seu rei sua idiota, não seu amigo - Vossa Graça tem assuntos mais importantes a tratar.
- Que seja então, só tentei ser educado …
- O senhor é meu rei, não meu amigo.
Ele para antes de abrir a porta da sala de reuniões.
- Espero que um dia você supere e isso, é volte a ser feliz.
- Eu também - Respondo baixinho, ele ouve e sorri para mim, um sorriso triste, por mim e por ele, por nós dois, jovens demais para o peso que carregamos nas costas.
A porta se abre e la estão eles, quatro homens reunidos em volta de uma mesa redonda, todos de pé, todos de olhos postos em nós.
O rei caminha em direção a eles, queixo para cima, postura perfeita, cumprimenta todos com um leve sorriso e se assenta em seu lugar, eu permaneço de pé esperando a permissão.
- Cavalheiros, por favor. - Ele aponta para as cadeiras. Todos se sentam.
- Senhor, está radiante hoje. - O chefe das relações elogia.
- Poupe- me de elogios e palavras inúteis. Hoje não é um dia radiante, então não há motivos para estar da mesma maneira…
- Fala sabiamente… - Ele emudece.
- O que vocês tem para mim? - O rei pergunta.
- Mais notícias de guerra e mortes, senhor, sinto em dizer. - O Mestre do tesouro tomou a frente - Dessa vez na parte sul, um jovem dobrador de metal, trabalhava em uma metalúrgica, na fábrica de armas.
- Nenhuma novidade - Falou o chefe da segurança - esses lunáticos insistem em continuar com sua loucura… Devo informar-lhe senhor que meus oficiais que estavam de serviço no momento do ocorrido serão punidos! É inadmissível ninguém ter visto nada!
- Faça como achar melhor! Confio no senhor, lorde Sandor. - O rei responde - Mas não acredito que irá descobrir nada, o reino e terra já tentou o mesmo, e falou.
- Senhor - Lorde Simons, o Mestre da comunicação, inicia - Se me permite, minhas fontes tem me informado coisas bem sérias com relação ao ataque.
- Então diga
- Tenho sido levado a acreditar que o próprio povo está se virando contra nós, os mesmos que apoiam os rebeldes parecem a apoiar essa nova organização criminosa.
- Não me surpreende… - O rei fala - Nossos inimigos tem achado maneiras novas de nos atacar a cada dia…
- Lorde Simons - chama lorde Sandor - devemos tomar cuidado com decisões precipitadas. Não podemos nos esquecer da última missão, e sobre o que aconteceu com senhorita Arison.
- Eu nunca esquecerei - O rei se irrita - Senhores, já faz mais de um mês, e vocês insistem em me lembrar do meu fracasso. Sou levado a acreditar que saboreiam isso, que gostaram de me ver fracassar.
- Senhor nós…
- Cale a boca lorde Simons! Os chamei aqui para encontrarmos maneiras de combater essa crise que assola o reino do ar, não para me lembrarem que tudo piora a cada dia!
- Senhor, seu pai sempre dizia…
- Meu pai está morto, e agora eu sou o rei, vocês gostando ou não!
- Rei Natanael - Lorde Ramos se levanta, ele estava calado até agora. - Ja que entramos nesse assunto sinto em ter de lhe falar a verdade mesmo que isso custe minha cabeça… Nunca esperamos que seu pai iria nos deixar tão cedo e muito menos em meio a crise que nos encontramos, mas aqui estamos nós. O Senhor ainda é jovem, uma criança eu diria, não tem experiência e muito menos o amor do povo, que é o que lhe restava ter… Quando dissemos que não estava preparado, dissemos com verdade, Vossa Graça.
- O que sugere então, lorde Ramos? Já que está com tanta verdade nos lábios, diga o que quer dizer.
- Sugiro que o senhor nos deixe tomar as decisões! Deixe seu conselho governar, já que não ouve nossos conselhos! E eu lhe garanto que em um ano acabamos com essa crise e destruiremos todos os inimigos do reino.
- Está sugerindo que o rei não governe? - O rei a levanta.
- Sim, se é o que quer ouvir… Sim, seu governo tem sido um desastre!
- Então que assim seja, você foi competente para meu pai, e também será para mim. Amanhã o reino estará sob o comando de vocês, irei mandar preparar os papéis da posse…
*
Faz duas semanas desde a execução pública dos quatro lordes. O reino continua um caos, houve um segundo ataque da organização, dessa vez no norte. E o povo culpa o rei, dizem pelas ruas que “ foi uma represália a morte desses quatro grandes homens que serviram tão fielmente o rei ”, pobres pessoas, não sabem de nada…
O rei em pessoa os executou, foi tudo rápido e limpo. A espada desceu rápido, não houve gritos nem lamúrias, só os sussurros do povo rejeitando a atitude do rei.
Lorde Ramons foi o mais corajoso, disse ao rei tudo o que queria dizer, e os outros três só concordaram. A expressão do lorde foi de surpresa quando o rei disse que ja lhe dar o que ele queria. Ele não recebeu o que queria recebeu o que merecia…
“ Este homem é acusado de traição contra o reimo “ foram as únicas palavras do rei diante do povo, antes da espada descer sobre o pescoço de cada um e ele se retirar de volta ao interior do Castelo Branco.
- Quem serão os novos membros do Conselho? - pergunto ao rei.
- Não haverá mais Conselho, não confio em ninguém além de você!
- Não deveria confiar em ninguém, além de si mesmo, Senhor.
- Mas confio em você, é o que basta. Não estou sozinho no ninho das cobras.
- E nunca estará…
- Você viu com seus próprios olhos, Ária. Eles confessaram diante de nós! Não é mais seguro…
- Sim, eu sei…
- Então sabe porque pedi a você que fizesse isso.
- Também, sei.
- Então, uma última vez irei perguntar. Você irá? Pelo bem do reino?
Ele está me pedindo muito, mas eu também pedi muito dele, a vida pediu muito de nós. Eu nunca quis ir, assim como minha irmã também não quis, mas ela foi cumprir seu dever para com o reino, ela fez o que foi preciso não o que ela quis. Talvez eu tenha o mesmo fim que ela teve, talvez não… Só os deuses sabem. “ Não vou falhar, Aris… ” .
- Sim, Senhor. Eu irei… - “ Deuses, eu vou me arrepender disso… ” - quando…?
- Amanhã - Ele me interrompe - na madrugada de amanhã. No primeiro trem, irei organizar tudo o mais rápido possível!
- Então é um adeus.
- Não, é um até logo. - Nossas mãos estavam próximas, ele tenta tocá-las e eu retiro a mão. “ Não vou fazer isso com você, nem comigo ”. Me viro e vou em direção a porta.
- Você sabe que eu nunca quis isso para nós, não sabe…
- Eu sei - paro, com os olhos fitos no chão - mas o destino quis!
- O destino foi cruel com nós dois…
- Sim…
- Já que pode ser a última vez que nos vemos…
“ Não se atreva a dizer novamente, não agora… ” Penso
- Eu te amo, sempre te amei…
- Sim, eu sei. - E me retiro, antes que as lágrimas caiam e eu diga que também o amo.
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