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História Elementar - Capítulo 8 - The Blind Banker


Escrita por: dingcsbel

Capítulo 8 - Capítulo 8 - The Blind Banker


O caso do taxista, carinhosamente chamado de “Um estudo em rosa” por John em seu blog, fora contado com detalhes para a senhora Hudson assim que o quarteto adentrou no número 221B da Rua Baker. Desde o momento que Dominique havia sido sequestrada até o agradável jantar que tiveram no Dim Sum. Após ouvir toda a história com atenção, a senhoria não hesitou em dar uma bronca nos inquilinos por tê-la deixado preocupada, além de obrigar Dominique a visitar o hospital assim que a ruiva saiu do banho.

Poucas aventuras ocorreram no decorrer da semana que prosseguiu após a conclusão do caso. As garotas permaneceram de molho dentro do apartamento, estando aos doces cuidados da Sra. Hudson. Devido ao tornozelo fraturado, Dominique havia saído do apartamento apenas para prestar depoimento na delegacia junto com Sherlock Holmes e fazer o exame de corpo de delito. O que não a agradou em nada. Quando estava em casa, a ruiva permanecia em seu quarto com a companhia do notebook. Vez ou outra deixava o apartamento para uma partida amistosa de cartas com John, a qual era atrapalhada todas as vezes por Sherlock e seus comentários.

O caso havia funcionado como um gigantesco tsunami de inspiração para Beladonna Sherwood. A baixinha permaneceu trancada no quarto durante dias, saindo apenas para responder aos pedidos do corpo. Para ficar livre de qualquer tipo de distração causada pelo meio esterno, utilizava os fones de ouvido no último volume e ignorava qualquer chamado dos amigos. As vezes Sherlock a visitava para ler os primeiros rascunhos da história e dar palpites, pois de acordo com ele, a última coisa que queria era ser retratado feito um idiota.

Quando o dia primeiro de março fora circulado no calendário, a rotina do número 221B da rua Baker voltara ao normal. Sherlock regressou com seu trabalho de detetive consultor, Beladonna desentocou do quarto para a alegria do John Watson, e Dominique estava prestes a ingressar para a sua primeira semana de trabalho no serviço dos seus sonhos. A ruiva não poderia estar mais feliz. Havia alcançado a “promoção” mais cedo do que esperava, tudo graças à Sherlock Holmes.

Na manhã do seu segundo “primeiro” dia em Scotland Yard, Dominique foi a primeira moradora a levantar da cama. Estava deveras animada, sua imaginação fértil montava todos os tipos de histórias possíveis envolvendo o trabalho. Tomada pela emoção, ela resolveu ser o despertador de casa. Após vestir o uniforme e arrumar a mochila que levaria, Domi pulou sobre a melhor amiga ainda adormecida na cama.

― Bom dia, Tinker Bell! ― Comemorou Domi depositando todo o peso do corpo sobre Bela. ― Que manhã maravilhosa!

― Você atrapalhou o melhor dos meus sonhos. ― Resmungou Bela empurrando a amiga para o lado, fazendo com que a ruiva quase caísse no chão.

― Por favor, não me fale que estava sonhando com o John! ― Domi fez careta e ficou em pé.

― Ele é apenas meu amigo. ― Bela murmurou virando para o lado oposto que Dominique estava. ― Bom serviço, Domi. E por favor, não faça nenhuma asneira.

― Okay, mãe. ― Zombou Dominique deixando o quarto.

Mantendo o bom humor e a empolgação, Dominique foi até o quarto da tia avó. Ao abrir a porta do aposento, fora surpreendida pela Sra. Hudson que já encontrava acordada.

― Não ouse pular em cima de mim, Dominique Giofensa Hudson. ― Disse a senhora sem ao menos abrir os olhos. ― Durmo com uma faca embaixo do travesseiro.

― Hum, tudo bem. ― Assentiu Domi aproximando da cama com passos sutis. Delicadamente inclinou o corpo para frente e depositou um beijo carinhoso sobre a bochecha da tia, a qual alargou um sorriso. ― Bom dia, tia! Não se preocupe com o café, vou comer algo na rua.

― Bom serviço e não se meta em confusões. ― Desejou a senhora com ternura.

― Pode deixar, tia. ― Falou Domi franzindo o nariz e deixou o quarto.

Antes de deixar o apartamento para enfrentar o dia de trabalho, os pensamentos da Dominique foram tomados por uma ideia inusitada. Carregando na face um sorriso maroto, ela colocou a mochila sobre a poltrona localizada próxima a escadaria e subiu sorrateiramente para o andar superior.

Tentando fazer a menor quantidade de barulho possível. Ela ingressou na parte da casa que pertencia a Sherlock e John, o sorriso alargou quando percebeu que nenhum deles estavam acordados na sala. Pé ante pé, Domi caminhou silenciosamente até o quarto do detetive consultor e abriu a porta. Parou por alguns segundos ao perceber que Sherlock movimentou embaixo dos lençóis.

― Bom di... ― Antes que tivesse tempo de surpreende-lo com um susto, ela que fora pega de surpresa.

Quando estava prestes a pular sobre Sherlock com a intenção de assusta-lo, o detetive a agarrou pela cintura e com apenas um golpe a derrubou de costas sobre a cama. Suas mãos mantiveram ambos os braços dela sobre a cabeça, enquanto utilizava o peso do seu corpo para prensa-la contra o colchão.

― O que estava pensando? ― Perguntou Sherlock frustrado mantendo-a presa. ― Eu poderia tê-la matado.

― Só vim desejar bom dia. ― Respondeu Domi franzindo o cenho e ajeitando o corpo embaixo do detetive, tentando encontrar uma posição confortável. ― Pensei que estivesse dormindo.

― E eu estava. ― Retrucou Sherlock. ― Ninguém entra no meu quarto.

― Acabei de entrar no seu quarto. ― Sorriu sarcástica.

― E veja o aconteceu. ― Ele semicerrou os olhos e apertou com um pouco mais de força o punho dela, nada que a machucasse, apenas para demonstrar o risco que enfrentava ao fazer esse tipo de brincadeira. ― Por isso ninguém entra no meu quarto.

― Não sabia que possuía pegada, Sherlock. ― Zombou maliciosa, fazendo com que ele apenas sorrisse irônico e sem mostrar os dentes. Não estava nada contente com a visita surpresa dela.

― Escutei um grito, aconteceu alguma... ― John começou a perguntar na porta do quarto, porém calou-se de imediato ao ver a cena. Os olhos arregalados e a boca entreaberta demonstravam visível sinal de espanto. ― Desculpe, eu não queria atrapalhar. ― Murmurou sem jeito. ― É que eu pensei...

― Não é nada do que está pensando. ― Interrompeu Domi revirando os olhos. ― Só queria surpreende o nosso detetive.

― Mas ela quem foi surpreendida. ― Disse Sherlock saindo de cima da mulher. ― Nunca mais faça isso.

― Credo, Sher! Cadê o seu senso de humor? ― Perguntou Dominique ao levantar da cama e desamassar as vestes. ― A palavra nunca é tão tentadora, não acham? ― John riu pelo nariz ao perceber as expressões de desagrado do amigo e de desdém da amiga. ― Enfim, tenho de trabalhar. ― Ela deu com os ombros, caminhou até a porta e beijou o topo da cabeça do John ao passar por ele. ― Tenham um bom dia, rapazes.

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A manhã parecia sorrir para Dominique, dando a impressão de que todas as coisas dariam certo naquele dia. Após encontrar uma vaga livre próximo ao emprego para estacionar a vespa, Dominique parou alguns segundos em frente à delegacia para admirar a fachada com o letreiro escrito “New Scotland Yard”.

― Espero que não se atrase para o seu primeiro dia de promoção. ― Comentou D. I. Lestrade parado ao seu lado.  ― A propósito, obrigado por deixar minha vaga livre.

― Detetive Inspetor Lestrade. ― Dominique soltou um riso fraco pelo comentário relacionado a vaga, definitivamente aquilo ficaria marcado entre eles.

― Oficial Hudson. ― Ele sorriu gesticulando com o copo de café o que lembrava uma saudação. ― Como está o tornozelo?

― Funcionando perfeitamente. Pronto para distribuir chutes e pontapés. ― Zombou a ruiva.

― Que bom... Que bom. ― Assentiu Greg diminuindo o tom de voa gradativamente.

Ficaram em silêncio por alguns segundos. Dominique encarava a face do homem à espera de alguma informação sobre o serviço ou qualquer outro assunto, mas nada veio. Tornando o clima entre eles estranho e levemente desconfortável.

― Acho melhor entrarmos. ― Avisou a ruiva quebrando o silêncio entre eles.

― Claro. ― Concordou Greg afirmando com a cabeça.

― Olha, chefe! Não precisa tentar ser meu amigo só porque eu ando com o Sherlock, está bem? ― Disse Dominique enquanto era acompanhada pelo homem para dentro da delegacia. ― Sou uma funcionária, como qualquer outra. Se for para ficar assim, não hesitarei em voltar a aplicar multas.

O detetive estava prestes a responde-la quando aproximaram do balcão de entrada, porém acabou sendo cortado pelo oficial Johnson, o qual não hesitou em passar as informações aos recém-chegados.

― Bom dia Detetive Inspetor Lestrade! Bom dia oficial Hudson! ― Cumprimentou o policial cordialmente. ― Aqui estão os relatórios da balística, senhor. ― Johnson entregou uma pasta cor de carne para o detetive e em seguida virou-se para Domi. ― Enquanto a senhorita, oficial Hudson! O superintendente a espera em sua sala. Boa sorte.

Os olhos da policial ficaram arregalados ao ouvir que o superintendente a esperava, ele olhou do oficial no balcão para Lestrade em busca de alguma informação útil ou explicação que pudesse lhe ajudar. Pois em seu primeiro dia como policial havia sido atendida pela Sargento Donavan.

― Boa sorte, oficial! ― Greg sorriu cordial e apoiou a mão sobre o ombro dela por um curto período de tempo antes de sair.

― É melhor ir, o chefe não gosta de ficar esperando! ― Revelou Johnson sorrindo nervoso.

― Okay, não estou gostando disso. ― Resmungou Domi fechando a expressão e cruzando os braços sobre o peito.

― Vai dar tudo certo, eu acho. ― Disse Johnson tentando passar segurança a colega de serviço. ― Terceiro andar, segunda porta a esquerda.

Ela suspirou pesado e deixou a recepção. A porta do elevador estava prestas a ser fechada, obrigando Domi a correr para dentro dele.

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No momento Beladonna estava deitada em sua cama, aquela era a primeira vez que sentia os efeitos de como era ficar completamente sozinha no apartamento da Sra. Hudson. A melhor amiga havia saído para trabalhar logo pela manhã, estando toda animada com a ideia de finalmente ingressar na polícia com a função ansiada em anos. Já a senhoria, dona do apartamento e tia da melhor amiga, havia deixado o local antes do horário do almoço. Deixando a refeição pronta para Bela junto com um bilhete carinhoso avisando que possuía negócios para resolver fora de casa e possivelmente demoraria para voltar.

Durante as primeiras horas da tarde, ela não havia sentido os efeitos da solidão. Com os fones de ouvido ligados no último volume enquanto mantinha a mente ativa, ela stalkeou as publicações do blog do Dr. Watson e fez comentários em várias delas, até nas mais chatas. Tudo para ele perceber que alguém estava acompanhando seu trabalho, para dar motivação a ele. Editou as páginas do romance, dando sua visão da história e modificando vários aspectos, sendo um deles a época da narrativa, assim não ficaria igual as postagens do John e poderia atrair leitores quando fosse lançado. Por último fez a limpeza de toda a casa, começou pelo quarto que dividia com a Dominique e seguiu para os outros aposentos.

Estava terminando de limpar os armários da cozinha quando escutou um barulho alto vindo do apartamento de cima. O barulho ocorreu no mesmo tempo que uma das músicas da playlist parou, dando uma sequência curta de silêncio antes de prosseguir para a próxima faixa. Preocupada com o que poderia estar acontecendo, Bela agarrou a faca de desossar frango e correu para o apartamento dos rapazes. Subiu as escadas pulando dois degraus por vez.

― Sherlock! ― Chamou pelo detetive ao alcançar o último degrau, segurava a faca como se estivesse empunhando uma espada.

― Estou aqui. ― Avisou o detetive com a voz calma.

Ela entrou com tudo no apartamento, mas parou estupefata ao perceber que Sherlock estava sentado tranquilamente em sua poltrona na sala de estar. Nas mãos segurava um livro antigo, de capa dura e páginas levemente amareladas, estava absorto na leitura que demorou alguns segundos para olhar Bela.

― Para que a faca? ― Perguntou Sherlock após analisa-la por uma fração de segundos.

― Faca? ― Ela encarou a própria mão, permanecia segurando o objeto em riste como quem pretendia atacar Sherlock. Rapidamente abaixou a mão, colocando atrás das costas. ― Nada... ― Sherlock fez careta, como um pai faz quando pega a filha contando mentiras. ― É que ouvi um barulho, pensei que estivesse em perigo.

― E achou que uma faca cega era a melhor opção de arma? ― Ele riu divertido ao fazer a pergunta retórica.

― Bem, foi a primeira coisa que pensei em pegar. ― Assumiu coçando a nuca com a mão livre e olhando para baixo. Estava sem graça por ter agido como uma idiota preocupada, mas esse era o seu jeitinho.

― Da próxima vez pegue a arma da Dominique, ela esconde na gaveta de calcinhas. Logo abaixo das peças de lingeries sensuais. ― Revelou Sherlock.

― Como... Como você sabe? ― Perguntou Beladonna, nem mesmo ela mexia na gaveta de roupas íntimas da Domi. Pois, como o próprio nome diz, são íntimas.

― É o último lugar que qualquer pessoa pensaria em mexer. ― Ele deu com os ombros, como se a informação não fosse nada demais.

― Hum... ― Murmurou Bela entrando de vez no apartamento e sentando no sofá. Ela olhou ao redor, sentindo falta de alguma coisa. ― Onde está o John?

― Foi ao mercado. ― Respondeu o detetive.

Era uma pena John não estar ali, o ex médico militar estava sendo uma das melhores companhias da jovem professora. Eles costumavam passear pelos arredores da casa, vez ou outa comiam alguma coisa no restaurante italiano descendo a rua ou tomavam café na cafeteria vizinha. Tudo para aproveitarem a companhia agradável um do outro e distraírem a mente. No começo John estava preocupado com possíveis traumas que Bela poderia carregar depois de ter sido cumplice no assassinato do taxista. Mas ela era mais forte do que ele poderia imaginar. Conseguiam conversar sobre todas as coisas possíveis e impossíveis, não faltava assunto e mesmo que faltasse o clima não ficava estranho. Possuíam gostos em comum, praticavam quase os mesmos hobbies. Bela chegou a deixar Dominique surpresa ao contar sobre a conexão que possuía com John. Eles eram ótimos amigos.

― Você não é o tipo de pessoa que gosta de ficar sozinha por muito tempo. ― Falou o detetive trazendo Bela de volta a realidade.

Ela estava tão absorta em seus pensamentos, que demorou alguns minutos para notar que pela primeira vez estava sozinha com Sherlock Holmes. Aquele era o tipo de coisa que Dominique estava acostumava, ela quem possuía anos do que parecia ser uma amizade com o detetive. Para Bela, ele não passava de uma fonte exorbitante de inspiração. Um sorriso brotou no rosto da professora, aquela era a chance de obter as respostas que precisava do detetive sem ter que ouvi-lo discutindo com Dominique.

― Posso te fazer algumas perguntas? ― Beladonna colocou a faca sobre o colo e apoiou ambas as mãos sobre os joelhos.

― Claro. ― Respondeu o detetive dando com os ombros. ― Suas perguntas não devem ser tão estúpidas quanto as do John.

― O que quer dizer a função Detetive Consultor? ― Perguntou sem hesitar, aproveitaria cada momento como se estivesse entrevistado a rainha. Perguntaria tudo o que almejava saber. ― É que pelo o que percebi, você não chega a ser um detive particular, a polícia não contrataria um detetive particular.

― Quando a polícia não sabe como resolver um caso, eles me procuram. O que é, diga-se de passagem, sempre. Eles me apresentam o assunto, examino os dados e pronuncio um parecer especializado. Não exijo que os meus méritos sejam reconhecidos. Meu nome não aparece nos jornais. ― Explicou Sherlock parando de dar atenção para o livro e olhando diretamente para Bela.

― Por que não? ― Ela perguntou surpresa. Caso estivesse no lugar do Sherlock, com toda aquela inteligência, ela adoraria que o seu nome saísse estampado na capa dos jornais junto com o caso desvendado. Aceitaria todo o reconhecimento.

― O trabalho me encanta. O prazer em encontrar um campo de aplicação para as minhas faculdades peculiares é a maior recompensa. Sabe como eu trabalho, já obteve a oportunidade de conhecer os meus métodos por ocasião do caso de Jefferson Hope...

― Desculpe, quem? ― Ela interrompeu o detetive em seu discurso ao escutar aquele nome.

― O taxista, Bells. ― Sherlock franziu o cenho, estando surpreso por ela não saber o nome do homem que quase matou a melhor amiga. ― Está escrevendo sobre o caso e nem ao menos sabe o nome do culpado.

― Não me ative a esses detalhes. ― Murmurou coçando a nuca.

― Deveria ter dado atenção necessária a isso, não a todo aquele romance subentendido que jogou entre eu e Dominique. ― Reclamou Sherlock sem ao menos esconder o tom de desagrado na voz.

O romance subentendido já havia gerado diversas discussões entre os amigos, principalmente entre ela e Dominique. De alguma maneira, a ideia de retirar o caso romântico entre a policial e o detetive, era a única coisa que ambos concordavam. O que fazia Bela forçar a ideia do shipp, mesmo que impossível de acordo com ambas as partes, dentro da história.

― Mas... Sherlock! ― Sabia que os amigos ficariam irritadíssimos com ela, mas até o momento não pretende retirar o caso romântico do papel. ― É só faz de conta.

― Estou pedindo educadamente, Beladonna. ― Ele olhou profundamente dentro dos olhos da jovem professora. ― Não entendo esse fascínio que você e o John possuem em romantizar tudo. É por isso que se dão bem. Mas o trabalho de um detetive é, ou deve ser, uma ciência exata e assim deve ser tratado. Friamente, sem emoção. Mas você e John tentam atribuir alguns traços de romantismo, o que surte quase o mesmo efeito que introduzir uma história de amor na quinta proposição de Euclides.

― O que a matemática tem a ver com isso? ― Perguntou Bella confusa, mas ao notar as expressões de desgosto no rosto do Sherlock compreendeu a metáfora. ― Oh... Mas o romance já existe. ― Objetivou gesticulando. ― Não pode adulterar os fatos.

― Há fatos que deveriam ser suprimidos, ou, pelo menos, serem mantidos em suas proporções exatas e não exageradas. O único ponto digno de menção nesse caso era o curioso fato analítico, partindo dos efeitos para as causas, e como solucionei todo o mistério. ― Repreendeu Sherlock. Fazendo Bela revirar os olhos, não estava disposta a entrar outra vez naquela discussão.

― É só faz de conta, não é real, Sherlock. ― Falou Beladonna quase gritando.

― É claro que não é real. Sabe o que é real? A ampliação das minhas atividades. ― Disse Holmes mudando de assunto, assim como Bela, ele também não estava interessado em entrar em uma discussão. ― Na semana passada fui consultado por François le Villard, que, como você provavelmente deve saber, passou a dirigir a pouco tempo o serviço policial francês. Ele possui rápida capacidade de intuição, mas tem deficiência quanto aos conhecimentos essenciais ao desenvolvimento supremo da sua arte. O caso dizia respeito a um testamento e tinha algumas características interessantes. Mencionei dois casos semelhantes, um ocorrido em Riga, em 1997, e outro em Saint Louis, em 2011, que sugeriram a ele a verdadeira solução. No meu computador está o e-mail que recebi dele esta manhã, agradecendo o meu auxílio.

― Não vou colocar isso no livro, Sherlock. ― Retrucou Bela com desdém, era impressionante. Mas não estava escrevendo algo exclusivamente sobre Sherlock Holmes. ― Não é uma biografia, é um romance policial.

― Claro que não é uma biografia, se fosse metade do que escreveu teria de ser descartado e a metade que sobrou deveria ser reescrita. ― Falou o detetive com desdém.

― SHERLOCK... ― Beladonna estava prestes a iniciar uma discussão, mas foi interrompida pelo detetive.

― John, você demorou. ― Ele olhava na direção do colega de apartamento.

― E não comprei nada. ― John caminhou em direção a Bela, lhe dando um beijo sutil no rosto. ― Oi, como você está?

― Estou bem. ― Carinhosamente, ela colocou as mãos sobre os ombros do médico e massageou o local com ternura. ― Mas e você? Parece péssimo, o que houve?

― Bom, por que eu tive que brigar com uma máquina no mercado, uma briga envolvendo chips e senhas. ― Explicou John tentando esconder a irritação no tom de voz. Era visível que estava frustrado com o ocorrido.

― Você brigou com uma máquina? ― Sherlock olhava confuso para John, tentando compreender como ele poderia ter brigado com uma máquina.

― Quase isso. Ela gritou, eu revidei. ― John desvencilhou da Bela e olhou para Sherlock. ― Você tem dinheiro?

― Pega o meu cartão. ― Nos lábios do detetive havia um sorriso divertido. Ele apontou com a cabeça para o local onde sua carteira estava jogada.

Enquanto John caminhava em direção a cozinha para pegar o cartão de crédito do amigo, Beladonna sentou novamente no sofá. Seus olhos estavam sobre John, acompanhando todos os movimentos do doutor.

― Você mesmo poderia ir, sempre aí, sozinho. Mas resolve ficar o tempo inteiro sentado nessa poltrona. ― Resmungou John ao chegar na porta da cozinha, ele olhava frustrado para Sherlock. ― Nem se mexeu desde que eu saí. E o que aconteceu com aquele caso que te ofereceram?

― Que caso? ― Intrometeu Beladonna perguntando curiosa. Cada caso serviria como mais uma boa dose de inspiração.

― O diamante Jaria. ― Respondeu John mexendo na carteira do detetive consultor.

― Não estou interessado. ― Sherlock falou com desdém e fechou o livro que havia aberto poucos segundos antes da estrada do John no apartamento. ― Mandei um recado para ele.

― Você gostaria de vir junto, Bela? ― Perguntou John ao regressar para a sala com o cartão em mãos. ― Sair um pouco.

― Claro. ― Assentiu a professora ficando em pé. Ao fazer isso ela derrubou no chão a faca de desossar que ainda carregava no colo. ― Só preciso deixar isso no apartamento e trocar de roupa.

― Tudo bem. ― John concordou com a cabeça.

Em silêncio os dois desceram as escadas, vez ou outra trocavam olhares risonhos. Ao chegar no térreo, Beladonna foi direto ao apartamento para colocar uma roupa confortável que pudesse ir até o mercado, pentear os cabelos e, principalmente, guardar a faca para que não saísse como uma psicopata pelas ruas.

― Pronto, podemos ir. ― Falou aparecendo no saguão de entrada após vinte minutos.

― Não precisava se arrumar, estava linda daquele jeito. ― Elogiou John balançando o corpo sobre os calcanhares e com as mãos no bolso, Bela sorriu tímida. ― É, posso te fazer uma pergunta?

― Claro. ― Assentiu enquanto deixavam o apartamento e iam para a rua.

― Você ia discutir com o Sherlock quando entrei? ― Perguntou curioso e estendendo a mão para chamar a atenção do táxi.

― Sim, mas vamos deixar para lá. ― Ela deu com os ombros.

― Não pretendia enfiar a faca nele, certo? ― John perguntou brincalhão.

― Não, claro que não. ― Ela riu divertida e gesticulou com a mão para que ele esquecesse aquela ideia da facada.

― Pois saiba que seria totalmente compreensível. ― Brindou o médico abrindo a porta do táxi para que ela pudesse entrar primeiro.

― Não, eu não quero um herói morto. ― Ela falou entrando dentro do táxi. ― Obrigada por abrir a porta.

― Obrigada por aceitar me acompanhar no mercado. ― Agradeceu.

― Quero ver a briga entre homem e robô. ― Zombou cutucando John pela cintura.

Os dois trocaram olhares divertidos nos breves segundos de silêncio que acompanhou a troca de sorrisos. No fundo Beladonna estava feliz por John ter aparecido, por mais que não estivessem saindo para um passeio pelo bairro, estavam saindo para fazer alguma coisa. Caso contrário ela morreria de tédio ou então acabaria brigando com o detetive. Poderia não existir algo entre Sherlock e Dominique, mas entre ela e John, com certeza algo estava acontecendo.



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